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15/09/2020

Leitura espiritual Setembro 15


Cartas de São Paulo

Tessalonicenses - 3

III. VIVER SEGUNDO O EVANGELHO

Cristo é a nossa vida –
1 Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. 2 Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra. 3 Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4 Quando Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.

Novas criaturas –
5 Crucificai os vossos membros no que toca à prática de coisas da terra: fornicação, impureza, paixão, mau desejo e a ganância, que é uma idolatria. 6 Estas coisas provocam a ira de Deus sobre os que lhe resistem. 7 Entre eles também vós caminhastes outrora, quando vivíeis nessas coisas. 8 Mas agora rejeitai também vós tudo isso: ira, raiva, maldade, injúria, palavras grosseiras saídas da vossa boca. 9 Não mintais uns aos outros, já que vos despistes do homem velho, com as suas acções, 10 e vos revestistes do homem novo, aquele que, para chegar ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador. 11 Aí não há grego nem judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo, que é tudo e está em todos. 12 Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, 13 suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também. 14 E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. 15 Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos. 16 A palavra de Cristo habite em vós com toda a sua riqueza: ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria; cantai a Deus, nos vossos corações, o vosso reconhecimento, com salmos, hinos e cânticos inspirados. 17 E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele a Deus Pai.

Novas relações no Senhor –
18 Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. 19 Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas. 20 Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. 21 Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo. 22 Escravos, obedecei em tudo aos senhores terrenos, não para dar nas vistas, como se procurásseis agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, no temor do Senhor. 23 No que fizerdes, trabalhai de todo o coração, como quem o faz para o Senhor e não para os homens, 24 sabendo que é do Senhor que recebereis a herança como recompensa. O Senhor, a quem servis, é Cristo. 25 É que, quem cometer uma injustiça receberá em paga a injustiça que cometeu, e não há acepção de pessoas.



Amigos de Deus
 
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Aqui, na presença de Deus, que nos está a presidir do sacrário - como fortalece esta proximidade real de Jesus! - vamos meditar hoje esse suave dom de Deus, a esperança, que enche de alegria as nossas almas, spe gaudentes, jubilosos, porque - se formos fiéis - nos aguarda o Amor infinito.

Não esqueçamos jamais que para todos - para cada um de nós, portanto - só há dois modos de estar no mundo: Ou se vive vida divina, lutando para agradar a Deus, ou se vive vida animal, mais ou menos humanamente ilustrada, quando se prescinde dEle.
Nunca concedi demasiado peso aos santões que fazem alarde de não serem crentes: Quero-lhes realmente muito, como a todos os homens, meus irmãos; admiro a sua boa vontade, que em determinados aspectos pode mostrar-se heróica, mas tenho pena deles, porque têm a enorme desgraça de lhes faltar a luz e o calor de Deus e a inefável alegria da esperança teologal.

Um cristão sincero, coerente com a sua fé, não actua senão com os olhos em Deus, com visão sobrenatural; trabalha neste mundo, que ama apaixonadamente, metido nos afãs da terra, com o olhar no Céu.
É Sao Paulo quem o confirma: “quæ sursum sunt quærite; buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; saboreai as coisas do Céu, não as da terra. Porque estais mortos - para as coisas terrenas, pelo Baptismo - e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.

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Esperança terrena e esperança cristã

Com monótona cadência sai da boca de muitos o ritornello já tão vulgar, de que a esperança é a última coisa que se perde; como se a esperança fosse um apoio para continuarmos a deambular sem complicações, sem inquietações de consciência; ou como se fosse um expediente que permite adiar sine die a oportuna rectificação do procedimento, a luta para alcançar metas nobres e, sobretudo, o fim supremo de nos unirmos com Deus.

Eu diria que esse é o caminho para confundir a esperança com a comodidade.
No fundo, não há ânsias de conseguir um verdadeiro bem, nem espiritual, nem material legítimo; a mais alta pretensão de alguns reduz-se a evitar o que poderia alterar a tranquilidade - aparente - de uma existência medíocre.
Com uma alma tímida, acanhada, preguiçosa, a criatura enche-se de egoísmos subtis e conforma-se com o facto de os dias, os anos decorrerem sine spe nec metu, sem aspirações que exijam esforço, sem os perigos da peleja: O que importa é evitar o risco do desaire e das lágrimas.
Que longe se está de obter uma coisa, se se malogrou o desejo de a possuir, por temor das exigências que a sua conquista comporta!

Também não falta a atitude superficial dos que - inclusive com aspectos de afectada cultura ou de ciência - compõem poesia fácil com a esperança.
Incapazes de se enfrentarem sinceramente com a sua intimidade e de se decidirem pelo bem, limitam a esperança a uma ilusão, a um sonho utópico, ao simples consolo ante as angústias de uma vida difícil.
A esperança - falsa esperança! - transforma-se para estes numa frívola veleidade que a nada conduz.

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Mas se abundam os temerosos e os frívolos, nesta nossa terra muitos homens rectos, impelidos por um nobre ideal - ainda que sem motivo sobrenatural, por filantropia - afrontam toda a espécie de privações e consomem-se generosamente a servir os outros, a ajudá-los nos seus sofrimentos ou nas suas dificuldades.
Sinto-me sempre levado a respeitar, e mesmo a admirar a tenacidade de quem trabalha decididamente por um ideal limpo.
No entanto, considero minha obrigação recordar que tudo o que iniciamos aqui, se é empresa exclusivamente nossa, nasce com o selo da caducidade.
Meditai as palavras da Escritura: “contemplei tudo o que as minhas mãos tinham feito e as canseiras que tive ao fazê-lo e vi que tudo era vaidade e vento que passa e que nada havia de proveitoso debaixo do sol.”

Esta precariedade não sufoca a esperança. Pelo contrário, quando reconhecemos a pequenez e a contingência das iniciativas terrenas, o trabalho abre-se à autêntica esperança que eleva toda a actividade humana e a converte em lugar de encontro com Deus.
Essa tarefa é assim iluminada com uma luz perene, que afasta as trevas das desilusões. Mas se transformarmos os projectos temporais em metas absolutas, suprimindo do horizonte a morada eterna e o fim para que fomos criados - amar e louvar o Senhor e possuí-lo depois no Céu - os intentos mais brilhantes transformam-se em traições e inclusive em instrumento para envilecer as criaturas.
Recordai a sincera e famosa exclamação de Santo Agostinho, que tinha experimentado tantas amarguras enquanto não conhecia Deus e procurava fora d'Ele a felicidade: “fizeste-nos, Senhor, para Ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Ti”!
Talvez não exista nada mais trágico na vida dos homens do que os enganos padecidos pela corrupção ou pela falsificação da esperança, apresentada com uma perspectiva que não tem como objecto o amor que sacia sem saciar.

A mim, e desejo que a vós suceda o mesmo, a segurança de me sentir - de me saber - filho de Deus enche-me de verdadeira esperança que, por ser virtude sobrenatural, ao ser infundida nas criaturas, se acomoda à nossa natureza e é também virtude muito humana.
Sou feliz com a certeza do Céu que alcançaremos, se permanecermos fiéis até ao fim; com a felicidade que nos chegará, quoniam bonus, porque o meu Deus é bom e é infinita a sua misericórdia. Esta convicção incita-me a compreender que só o que está marcado com o selo de Deus revela o sinal indelével da eternidade e tem um valor imperecível. Por isso, a esperança não me separa das coisas desta terra, antes me aproxima dessas realidades de um modo novo, cristão, que procura descobrir em tudo a relação da natureza, caída, com Deus Criador e com Deus Redentor.

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Em que esperar

Dado que o mundo oferece muitos bens, apetecíveis para este nosso coração, que reclama felicidade e busca ansiosamente o amor, talvez alguns perguntem: Nós, os cristãos, em que devemos esperar? Além disso, queremos semear a paz e a alegria às mãos cheias, não ficamos satisfeitos com a consecução da prosperidade pessoal e procuramos que estejam contentes todos os que nos rodeiam.

Por desgraça, alguns, com uma visão digna mas rasteira, com ideais exclusivamente caducos e fugazes, esquecem que os anelos do cristão se hão-de orientar para cumes mais elevados: infinitos.
O que nos interessa é o próprio Amor de Deus, é gozá-lo plenamente, com um júbilo sem fim.
Temos comprovado, de muitas maneiras, que as coisas da terra hão-de passar para todos, quando este mundo acabar; e já antes, para cada um, com a morte, porque nem as riquezas nem as honras acompanham ninguém ao sepulcro.
Por isso, com as asas da esperança, que anima os nossos corações a levantarem-se para Deus, aprendemos a rezar: in te Domine speravi, non confundar in æternum, espero em Ti, Senhor, para que me dirijas com as tuas mãos agora e em todos os momentos pelos séculos dos séculos.





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