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23/08/2020

Leitura espiritual 23 Agosto

Cartas de São Paulo

1ª Coríntios - 16

EPÍLOGO


A colecta para Jerusalém
1 Quanto à colecta em favor dos santos, fazei vós também o que ordenei às igrejas da Galácia. 2 No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em sua casa, o que tiver conseguido poupar, para que, à minha chegada, não se tenha ainda de fazer a colecta. 3 Quando aí chegar, enviarei, munidos de cartas, aqueles que tiverdes escolhido para levar a vossa oferta a Jerusalém. 4 E, se convier que eu vá também, farão a viagem comigo.

Projectos e notícias –
5 Irei ter convosco depois de passar pela Macedónia, pois a Macedónia, só a pretendo atravessar. 6 É possível que me demore entre vós ou até passe aí o Inverno, para que me acompanheis aonde eu tenho de ir. 7 Não vos quero ver só de passagem, mas espero permanecer algum tempo convosco, se o Senhor o permitir. 8 Entretanto, ficarei em Éfeso até ao Pentecostes, 9 pois abriu-se ali uma porta larga e propícia, embora os adversários sejam muitos. 10 Se Timóteo aí chegar, velai para que esteja convosco sem receios, porque ele trabalha, como eu, na obra do Senhor. 11 Que ninguém o despreze. E preparai-lhe a viagem para voltar em paz para junto de mim, pois estou à sua espera, com os irmãos. 12 Quanto ao nosso irmão Apolo, pedi-lhe muito que fosse visitar-vos, com os irmãos, mas ele, de modo algum, quis ir agora; irá quando tiver oportunidade.

Últimas recomendações e saudações –
13 Estai vigilantes, permanecei firmes na fé, sede corajosos e fortes. 14 Que, entre vós, tudo se faça com amor. 15 Mais uma recomendação, irmãos: conheceis os da família de Estéfanes, que são as primícias da Acaia e todos se consagraram ao serviço dos santos. 16 Sede serviçais para pessoas como eles e para com todos os que trabalham e sofrem com eles. 17 Sinto-me feliz com a chegada de Estéfanes, Fortunato e Arcaico, pois eles supriram a vossa ausência. 18 Trouxeram a tranquilidade ao meu espírito e ao vosso. Tende, pois, apreço por tais pessoas. 19 Saúdam-vos as igrejas da Ásia. Áquila e Priscila, juntamente com a assembleia que se reúne em sua casa, enviam-vos muitas saudações no Senhor. 20 Saúdam-vos todos os irmãos. Saudai-vos uns aos outros com um ósculo santo. 21 A saudação é do meu próprio punho: Paulo. 22 Se alguém não ama o Senhor, seja anátema! «Vem, Senhor!» 23 A graça do Senhor Jesus esteja convosco! 24 Eu amo-vos a todos em Cristo Jesus.



Amigos de Deus

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Não sei se vos terão contado, na vossa infância, a fábula daquele camponês a quem ofereceram um faisão dourado. Após o primeiro momento de alegria e de surpresa por tal oferta, o novo dono começou a pensar onde poderia guardá-lo. Ao fim de várias horas, depois de muitas dúvidas e diversos planos, decidiu metê-lo no galinheiro. As galinhas, admiradas com a beleza do recém-chegado, giravam à sua volta com o assombro de quem descobre um semi-deus. No meio de tanto alvoroço, chegou a hora da comida e, mal o dono lançou os primeiros punhados de farelo, o faisão, esfomeado pela espera, lançou-se com avidez a tirar a barriga de misérias. Ante um espectáculo tão vulgar - aquele prodígio de formosura comia com o mesmo apetite que o animal mais corrente - as desencantadas companheiras de capoeira lançaram-se às bicadas contra o ídolo caído, até lhe arrancarem toda a plumagem. É assim triste a derrocada do ególatra; tanto mais desastrosa, quanto mais ele se elevou sobre as suas próprias forças, presunçosamente confiado na sua capacidade pessoal.

Tirai consequências práticas para a vossa vida diária, sentindo-vos depositários de alguns talentos - sobrenaturais e humanos - que deveis aproveitar rectamente. Afastai o ridículo engano de que algo vos pertence, como se fosse fruto só do vosso esforço. Lembrai-vos de que há uma parcela - Deus - de que ninguém pode prescindir.

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Com esta perspectiva, convencei-vos de que, se desejamos deveras seguir o Senhor de perto e prestar um serviço autêntico a Deus e a toda a humanidade, temos de estar seriamente desprendidos de nós próprios: dos dons da inteligência, da saúde, da honra, das ambições nobres, dos triunfos, dos êxitos.

Refiro-me também - porque até aí deve chegar a tua decisão - a esses afãs limpos com que procuramos exclusivamente dar toda a glória a Deus e louvá-lo, ajustando a nossa vontade a esta norma clara e precisa: Senhor, quero isto ou aquilo só se te agrada a Ti, porque se não, a mim, que me interessa? Assestamos assim um golpe mortal no egoísmo e na vaidade que serpenteiam em todas as consciências. E conseguimos também a verdadeira paz para as nossas almas com um desprendimento que nos leva a possuir Deus, de forma cada vez mais íntima e mais intensa.

Para imitar Jesus, o coração tem de estar inteiramente livre de apegos. Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, encontrá-la-á. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se depois perde a sua alma? E comenta S. Gregório: não nos bastaria viver desprendidos das coisas, se não renunciássemos também a nós próprios. Mas... aonde iremos fora de nós? Quem é o que renuncia, se a si mesmo se deixa?

Sabei que é diferente a nossa situação enquanto caídos pelo pecado e enquanto formados por Deus. Fomos criados de uma forma e encontramo-nos noutra diferente por causa de nós mesmos. Renunciemos a nós próprios, naquilo em que nos convertemos pelo pecado e mantenhamo-nos como fomos constituídos pela graça. Assim, se o que foi soberbo, convertendo-se a Cristo, se torna humilde, já renunciou a si mesmo; se um luxurioso se converte a uma vida continente, também renunciou a si próprio naquilo que era antes; se um avarento deixa de o ser e, em vez de se apoderar do alheio, começa a ser generoso com o que lhe pertence, certamente se negou a si próprio.

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Senhorio do cristão

Corações generosos, com desprendimento verdadeiro, pede o Senhor. Consegui-lo-emos, se soltarmos com valentia as amarras ou os fios subtis que nos prendem ao nosso eu. Não vos escondo que esta determinação exige uma luta constante, uma sobreposição ao entendimento e à vontade própria, em poucas palavras, uma renúncia mais árdua que o abandono dos bens materiais mais desejados.

Esse desprendimento que o Mestre pregou e que espera de todos os cristãos implica também necessariamente manifestações externas. Jesus Cristo coepit facere et docere: antes de anunciar a Sua doutrina com a palavra, anunciou-a com as obras. Vemo-Lo nascer num estábulo, na carência mais absoluta, e dormir os Seus primeiros sonos na terra deitado sobre as palhas de uma manjedoura Depois, durante os anos das Suas andanças apostólicas, entre muitos outros exemplos, recordamos a Sua clara advertência a um dos que se ofereceram para O acompanhar como discípulo: «as raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. »E não deixemos de contemplar aquela cena que o Evangelho recolhe, em que os apóstolos, para matar a fome, num sábado, arrancam pelo caminho umas espigas de trigo.

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