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11/07/2020

LEITURA ESPIRITUAL


ACTOS DOS APÓSTOLOS 

I.            EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM

11 Pedro justifica o seu procedimento –
1*Os Apóstolos e os irmãos da Judeia ouviram, entretanto, dizer que também os pagãos tinham recebido a palavra de Deus. 2 E, quando Pedro subiu a Jerusalém, os circuncisos começaram a censurá-lo, 3*dizendo-lhe: «Tu entraste em casa de incircuncisos e comeste com eles.» 4 Pedro expôs-lhes, então, o caso, do princípio ao fim, dizendo: 5*«Estava eu em oração na cidade de Jope quando, em êxtase, tive uma visão: um objecto semelhante a uma grande toalha, descia do céu, preso pelas quatro pontas, e chegou até junto de mim. 6 Fitando os olhos nele, pus-me a observar e vi os quadrúpedes da terra, os animais ferozes, os répteis e as aves do céu. 7 Ouvi também uma voz que me dizia: 'Vamos, Pedro, mata e come.' 8 Mas eu respondi: 'De modo algum, Senhor! Nunca entrou na minha boca nada de profano ou impuro!' 9 A voz fez-se ouvir do Céu, pela segunda vez: 'O que Deus purificou não o consideres tu impuro.' 10 Isto repetiu-se três vezes; depois, tudo foi novamente elevado ao Céu. 11 Nesse instante, apresentaram-se três homens na casa em que estávamos, enviados de Cesareia à minha presença. 12*O Espírito disse-me que os acompanhasse, sem hesitar. Vieram também comigo os seis irmãos, aqui presentes, e entrámos em casa do homem. 13 Ele contou-nos que tinha visto um anjo apresentar-se em sua casa, dizendo-lhe: 'Envia alguém a Jope e manda chamar Simão, cujo sobrenome é Pedro; 14 ele dir-te-á palavras que te hão-de trazer a salvação, a ti e a toda a tua casa.' 15*Ora, quando principiei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles, como sobre nós, ao princípio. 16*Recordei-me, então, da palavra do Senhor, quando Ele dizia: 'João baptizou em água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo.' 17*Se Deus, portanto, lhes concedeu o mesmo dom que a nós, por terem acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para me opor a Deus?» 18 Estas palavras apaziguaram-nos, e eles deram glória a Deus, dizendo: «Deus também concedeu aos pagãos o arrependimento que conduz à Vida!»

Fundação da igreja de Antioquia –
19*Entretanto, os que se tinham dispersado, devido à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas não anunciavam a palavra senão aos judeus. 20*Houve, porém, alguns deles, homens de Chipre e Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus. 21 A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. 22*A notícia chegou aos ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia. 23 Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme; 24 ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25*Então, Barnabé foi a Tarso procurar Saulo. 26*Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos.»

Caridade dos primeiros cristãos –
27*Nesses dias, uns profetas desceram de Jerusalém a Antioquia. 28Um deles, chamado Agabo, ergueu-se e, sob a inspiração do Espírito, predisse que haveria uma grande fome por toda a terra. Foi a que sobreveio no reinado de Cláudio. 29 Os discípulos, cada qual segundo as suas posses, resolveram então enviar socorros aos irmãos da Judeia, 30*o que fizeram, mandando-os aos anciãos, por intermédio de Barnabé e de Saulo.


"Christus vivit": Exortação Apostólica aos Jovens

Capítulo III

VÓS SOIS O AGORA DE DEUS

Jovens dum mundo em crise
72. Os Padres Sinodais destacaram, com tristeza, que «muitos jovens vivem em contextos de guerra e padecem a violência numa variedade incontável de formas: raptos, extorsões, criminalidade organizada, tráfico de seres humanos, escravidão e exploração sexual, estupros de guerra, etc.
Outros jovens, por causa da sua fé, têm dificuldade em encontrar um lugar nas suas sociedades e sofrem vários tipos de perseguição, que vai até à morte.
Numerosos são os jovens que, por constrangimento ou falta de alternativas, vivem perpetrando crimes e violências: crianças-soldado, gangues armados e criminosos, tráfico de droga, terrorismo, etc.
Esta violência destroça muitas vidas jovens.
Abusos e dependências, bem como violência e extravio contam-se entre as razões que levam os jovens à prisão, com incidência particular em alguns grupos étnicos e sociais[1].
73. Muitos jovens são mentalizados, instrumentalizados e utilizados como carne para canhão ou como força de choque para destruir, intimidar ou ridicularizar outros.
E o pior é que muitos se transformam em sujeitos individualistas, inimigos e desconfiados para com todos, tornando-se assim presa fácil de propostas desumanizadoras e dos planos destrutivos elaborados por grupos políticos ou poderes económicos.

74. «Ainda mais numerosos no mundo são os jovens que padecem formas de marginalização e exclusão social, por razões religiosas, étnicas ou económicas.
Lembramos a difícil situação de adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a propagação do SIDA/HIV, as várias formas de dependência (drogas, jogos de azar, pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem de casa, família e recursos económicos»[2].
E quando se trata de mulheres, estas situações de marginalização tornam-se duplamente dolorosas e difíceis.

75. Não podemos ser uma Igreja que não chora à vista destes dramas dos seus filhos jovens.
Não devemos jamais habituar-nos a isto, porque, quem não sabe chorar, não é mãe.
Queremos chorar para que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, de modo que seja promessa de vida. Choramos ao recordar os jovens que morreram por causa da miséria e da violência e pedimos à sociedade que aprenda a ser uma mãe solidária.
Esta dor não passa, acompanha-nos, porque não se pode esconder a realidade.
A pior coisa que podemos fazer é aplicar a receita do espírito mundano, que consiste em anestesiar os jovens com outras notícias, com outras distracções, com banalidades.

76. Talvez «aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não saibamos chorar.
Certas realidades da vida só se vêem com os olhos limpos pelas lágrimas. Convido cada um de vós a perguntar-se:
Aprendi eu a chorar, quando vejo uma criança faminta, uma criança drogada pela estrada, uma criança sem casa, uma criança abandonada, uma criança abusada, uma criança usada como escravo pela sociedade?
Ou o meu não passa do pranto caprichoso de quem chora porque quereria ter mais alguma coisa?»[3]
Procura aprender a chorar pelos jovens que estão pior do que tu.
A misericórdia e a compaixão também se manifestam chorando. Se o pranto não te vem, pede ao Senhor que te conceda derramar lágrimas pelo sofrimento dos outros.
Quando souberes chorar, então serás capaz de fazer algo, do fundo do coração, pelos outros.

77. Às vezes o sofrimento de alguns jovens é dilacerante, um sofrimento que não se pode expressar com palavras, um sofrimento que nos fere como um soco.
Estes jovens só podem dizer a Deus que sofrem muito, que é muito difícil para eles continuar para diante, que já não acreditam em ninguém.
Mas, neste grito desolador, fazem-se ouvir as palavras de Jesus: «Felizes os que choram, porque serão consolados» (Mt 5, 4).
Há jovens que conseguiram abrir caminho na vida, porque lhes chegou esta promessa divina.
Junto de um jovem atribulado, possa haver sempre uma comunidade cristã para fazer ressoar aquelas palavras com gestos, abraços e ajuda concreta!

78. É verdade que os poderosos prestam alguma ajuda, mas muitas vezes por um alto preço.
Em muitos países pobres, a ajuda económica de alguns países mais ricos ou de alguns organismos internacionais costuma estar vinculada à aceitação de propostas ocidentais relativas à sexualidade, ao matrimónio, à vida ou à justiça social.
Esta colonização ideológica prejudica de forma especial os jovens.
Ao mesmo tempo, vemos como certa publicidade ensina as pessoas a estar sempre insatisfeitas, contribuindo assim para a cultura do descarte, onde os próprios jovens acabam transformados em material descartável.

79. A cultura actual promove um modelo de pessoa estreitamente associado à imagem do jovem.
Sente-se belo quem se apresenta jovem, quem realiza tratamentos para cancelar as marcas do tempo. Os corpos jovens são constantemente usados na publicidade comercial.
O modelo de beleza é um modelo juvenil, mas estejamos atentos porque isto não é um elogio para os jovens.
Significa apenas que os adultos querem roubar a juventude para si mesmos, e não que respeitam, amam e cuidam dos jovens.

80. Alguns jovens «sentem as tradições familiares como opressivas e abandonam-nas sob a pressão duma cultura globalizada que às vezes os deixa sem pontos de referência.
Entretanto, em outras partes do mundo, entre jovens e adultos não há um verdadeiro e próprio conflito geracional, mas um distanciamento mútuo. Por vezes, os adultos não procuram ou não conseguem transmitir os valores basilares da existência ou então assumem estilos próprios dos jovens, transtornando o relacionamento entre as gerações.
Assim, a relação entre jovens e adultos corre o risco de se deter no plano afectivo, sem tocar a dimensão educativa e cultural»[4].
Quanto dano faz isto aos jovens, embora alguns não se dêem conta! Os próprios jovens fizeram-nos notar que isto dificulta muito a transmissão da fé, «em alguns países, onde não há liberdade de expressão vendo-se impedidos de participar na vida da Igreja»[5].

Franciscus

Revisão da versão portuguesa por AMA

Notas
[1] Ibid., 41.
[2] Ibid., 42.
[3] Francisco, Discurso aos jovens (Manila 18 de Janeiro de 2015): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 22/I/2015), 10.
[4] DF34.
[5] Documento da Reunião Pré-sinodal de preparação para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (Roma 24 de Março de 2018), I,1.

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