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09/06/2020

LEITURA ESPIRITUAL


São João

Cap. XIX



1 Pilatos tomou então Jesus e mandou-O flagelar. 2 Depois, os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha sobre a cabeça e revestiram-n'O com um manto de púrpura. 3 Aproximavam-se d'Ele e diziam-Lhe: «Salve, rei dos judeus!», e davam-Lhe bofetadas. 4 Saiu Pilatos ainda outra vez fora e disse-lhes: «Eis que vo-l'O trago fora, para que conheçais que não encontro n'Ele crime algum». 5 Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis aqui o Homem!». 6 Então os príncipes dos sacerdotes e os guardas, quando O viram, gritaram: «Crucifica-O, crucifica-O!». Pilatos disse-lhes: «Tomai-O e crucificai-O, porque eu não encontro n'Ele motivo algum de condenação». 7 Os judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer, porque Se fez Filho de Deus». 8 Pilatos, tendo ouvido estas palavras, temeu ainda mais. 9 Entrou novamente no Pretório e disse a Jesus: «Donde és Tu?». Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Então Pilatos disse-Lhe: «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e também para Te crucificar?». 11 Jesus respondeu: «Tu não terias poder algum sobre Mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado». 12 Desde este momento, Pilatos procurava soltá-l'O. Porém, os judeus gritavam: «Se soltas Este, não és amigo de César!, porque todo aquele que se faz rei, declara-se contra César». 13 Pilatos, tendo ouvido estas palavras, conduziu Jesus para fora e sentou-se no seu tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, em hebraico Gábata. 14 Era o dia da Preparação da Páscoa, cerca da hora sexta. Pilatos disse aos judeus: «Eis o vosso rei!». 15 Mas eles gritaram: «Tira-O, tira-O, crucifica-O!». Pilatos disse-lhes: «Hei-de crucificar o vosso rei?». Os pontífices responderam: «Não temos outro rei senão César». 16 Então entregou-Lho para que fosse crucificado. 17 Tomaram, pois, Jesus que, carregando com a Sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota, 18 onde O crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19 Pilatos redigiu um título, que mandou colocar sobre a cruz. Nele estava escrito: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus». 20 Muitos judeus leram este título, porque o lugar onde foi crucificado ficava perto da cidade. Estava redigido em hebraico, em latim e em grego. 21 Os pontífices dos judeus diziam, porém, a Pilatos: «Não escrevas: Rei dos Judeus, mas: Este homem disse: Eu sou o Rei dos Judeus». 22 Pilatos respondeu: «O que escrevi, está escrito!». 23 Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, tomaram as Suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. Tomaram também a túnica. A túnica não tinha costura, era toda tecida de alto a baixo. 24 Disseram entre si: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver a quem tocará; para que se cumprisse deste modo a Escritura, que diz: “Repartiram entre si as Minhas vestes e lançaram sortes sobre a Minha túnica”. “Os soldados assim fizeram. 25 Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede». 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Então, os soldados, ensopando no vinagre uma esponja e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-Lha à boca. 30 Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: «Tudo está consumado!». Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 31 Os judeus, visto que era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, porque aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a Pilatos que lhes fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois, os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia sido crucificado. 33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e imediatamente saiu sangue e água. 35 Quem foi testemunha deste facto o atesta, e o seu testemunho é digno de fé e ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 36 Porque estas coisas sucederam para que se cumprisse a Escritura: “Não Lhe quebrarão osso algum”.37 E também diz outro passo da Escritura: “Hão-de olhar para Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-o. Foi, pois, e tomou o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha ido anteriormente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de quase cem libras de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O em lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. 41 Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um sepulcro novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser o dia da Preparação dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.


Comentários:

         Em que Chaga refugiar-me, Senhor? Na do Teu peito? Sim, é a minha preferida. Ficar ali, em descanso, junto ao Teu Coração. Mas não ouso! Parece-me demais! Nas das Tuas Mãos? Na Chaga da Mão Direita… essa mão com que abençoas e tocas os doentes? Mas… não ouso! Parece-me demais! Na Chaga da Mão Esquerda… a mão que segura o caminhante que titubeia na senda da salvação? Mas… não ouso! Parece-me demais! Nas dos Teus Pés? Na Chaga do Pé Direito… em que apoias todo o Teu peso quando Te levantas no Caminho do Gólgota? Mas… não ouso! Parece-me demais! Na Chaga do Pé Esquerdo… com que sacodes o pó contra os que Te rejeitam? Sim… ouso refugiar-me aqui. Assim tomarei parte na defesa do Teu Santo Nome tão ofendido! E… aqui fico, feliz e contente por ter encontrado refúgio e protecção. Faço Desta Chaga o meu berço onde quero adormecer e acordar todos os dias que me concederes viver.
         João precedeu a humanidade no acolhimento da Santíssima Virgem, não como simples gesto de bondade para com a Mãe de Cristo, ou para satisfazer a última vontade expressa pelo seu Amado Mestre e Senhor, mas, antes, como filho verdadeiro. Nós, todos os homens e mulheres deste mundo que o Senhor nos deixou para propagar o Seu Reino, recebemos a Senhora com o mesmo amor e confiança, esperança e alegria. Pedimos-lhe que venha tomar conta das nossas casas, das nossas vidas, preenchendo o nosso coração com os doces eflúvios de Mãe. Imploramos que não deixe que nos percamos neste “vale de lágrimas”, não permita que nos afastemos do seu Filho, não consinta que nos esqueçamos da Cruz onde nos redimiu para a Vida Eterna.

Ó Mater dolorosa
Junto da Cruz donde o Filho pendia
Estoicamente participando
No Sacrifício supremo, lacrimosa
Mas orando
Ao Pai que tal consente.
Ó Mater dolorosa
Que te traz aqui, Senhora minha?
Não sabes que Ele morreu?
Esse Filho teu
Teve uma morte gloriosa
Que na Cruz
Nos salvou a todos
Da morte mais horrorosa
A que ao pecado conduz.
Ó Mater Dolorosa
Como é bela a tua dor
Que torna mais preciosa

A morte do Salvador.


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