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28/04/2020

LEITURA ESPIRITUAL

COMENTANDO OS EVANGELHOS

São Mateus

Cap. XXVIII


1 Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro. 2 Nisto, houve um grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela. 3 O seu aspecto era como o de um relâmpago; e a sua túnica, branca como a neve. 4 Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos. 5 Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; 6 não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia 7 e ide depressa dizer aos seus discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.’ Eis o que tinha para vos dizer.» 8 Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos. 9 Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. 10 Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.» 11 Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido! 12 Eles reuniram-se com os anciãos; e, depois de terem deliberado, deram muito dinheiro aos soldados, 13 recomendando-lhes: «Dizei isto: ‘De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no.’ 14 E, se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.» 15 Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. 16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam. 18 Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. 19 Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.»

Comentários:

8-15 -
O que os judeus disseram e propagaram sobre a Ressurreição de Cristo só nos deve “importar” na medida em que, nós cristãos, temos obrigação de pedir ao Ressuscitado que os ilumine porque, quanto à “pretensa” polémica sobre o assunto, para nós, não se põe, já que estamos seguros e, sem qualquer reserva, acreditamos que Jesus Cristo ressuscitou e, com a Sua Ressurreição nos mereceu a Filiação Divina. Trata-se, nem mais, do fundamento da nossa Fé!

Astúcia miserável - clama Santo Agostinho – quem pode acreditar no relato de alguém que está a dormir! Olhos  que não veem, ouvidos que não ouvem, mentes que não se interessam pela verdade! Pobre gente! Merecem, sem dúvida, que nós cristãos rezemos por eles porque também – como nós – são filhos de Deus.

9-10 -
Em momentos de grande apreensão ou, mesmo, medo, perante as “incógnitas” dos acontecimentos que se nos deparam, o futuro imediato que desconhecemos, esta expressão – “não temais” – soa nos nossos ouvidos ao longo do tempos. São palavras de Cristo que devem tranquilizar-nos, mas, também são palavras de outros Santos e, aqui avulta, a figura inesquecível de São João Paulo II, quando da sua eleição como Vigário de Cristo na terra. Talvez que alguns - talvez muitos – tenham sentido confusão, temor, ansiedade. Um Papa vindo do Leste Europeu? O que irá suceder? Uma crise na Igreja? Da loggia Vaticana dirigindo-se a todos os fieis católicos, também ele disse: Não temais! Nunca o esqueceremos e nunca mais – devemos pedi-lo – duvidaremos que os caminhos de Deus são sempre os certos e convenientes.


16-20 -
A nós, simples homens correntes, parece-nos de certo modo difícil de aceitar que daqueles onze alguns ainda duvidassem. De facto, sabemos muito mais que eles, conhecemos muitíssimo melhor a missão de Jesus, aceitamos com muito mais facilidade quanto nos deixou dito. Mas foi preciso que aqueles onze, apesar de todas as suas deficiências e fraquezas de homens simples e pouco cultos, nos fizessem constar – com suprema humildade – essas mesmas fraquezas e dúvidas para que a nossa Fé se confirme e assente na rocha firme que é o próprio Evangelho.
O Senhor dá por terminada a missão que o trouxe à terra e regressa ao céu. Antes, porém, deixa umas derradeiras palavras, que, de certo modo, resumem essa mesma missão: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» Primeiro confirma que é Deus com todo o poder sobre o universo; depois a propagação do Reino de Deus por toda a terra e, finalmente, a garantia de que nunca nos abandonará. Podemos estar descansados e confiantes pois – se realmente quisermos – seremos capazes de cumprir o Se Mandato e alcançar a vida eterna nosso último fim.
A garantia do Senhor é o “fecho de ouro” para a Sua missão na terra: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» O Senhor sai em pessoa da nossa presença mas fica perenemente não só no nosso coração e no nosso espírito, mas fisicamente na Sagrada Eucaristia. Nosso alimento para a Vida Eterna, nosso Viático para a derradeira viagem. Poderíamos duvidar do Amor de Jesus Cristo por nós? Não nos é suficiente a Sua doação no sacrifício da Cruz? Ele, na Sua sabedoria divina, terá achado que talvez não e, assim, resolve garantir com palavras claras e iniludíveis que ficará para sempre connosco. Nunca nos abandonará.



(AMA, 2018)


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