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12/04/2020

Domingo de Páscoa


Devemos fazer nossas, por assimilação, aquelas palavras de Jesus: «desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum», desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco. De nenhuma forma poderemos manifestar melhor o nosso máximo interesse e amor pelo Santo Sacrifício, que observando esmeradamente até a mais pequena das cerimónias prescritas pela sabedoria da Igreja.

E, além do Amor, deve urgir-nos a "necessidade" de nos parecermos com Jesus Cristo, não só interiormente, mas também externamente, movendo-nos - nos amplos espaços do altar cristão - com aquele ritmo e harmonia da santidade obediente, que se identifica com a vontade da Esposa de Cristo, quer dizer, com a Vontade do próprio Cristo. (Forja, 833)

Cristo vive. Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus, que morreu na cruz, ressuscitou; triunfou da morte, do poder das trevas, da dor e da angústia. Não temais - foi com esta invocação que um anjo saudou as mulheres que iam ao sepulcro. Não temais. Procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ressuscitou; não está aqui. Haec est dies quam fecit Dominus, exultemus et laetemur in ea - este é o dia que o Senhor fez; alegremo-nos.
O tempo pascal é tempo de alegria, de uma alegria que não se limita a esta época do ano litúrgico, mas mora sempre no coração dos cristãos. Porque Cristo vive. Cristo não é uma figura que passou, que existiu em certo tempo e que se foi embora, deixando-nos uma recordação e um exemplo maravilhosos. Não. Cristo vive. Jesus é Emanuel: Deus connosco. A sua Ressurreição revela-nos que Deus não abandona os seus. Pode a mulher esquecer o fruto do seu seio e não se compadecer do filho das suas entranhas? Pois ainda que ela se esquecesse, Eu não me esquecerei de ti, havia-nos Ele prometido. E cumpriu a promessa. Deus continua a ter as Suas delícias entre os filhos dos homens.
Cristo vive na sua Igreja. «Digo-vos a verdade: convém-vos que Eu vá; porque se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei». Esses eram os desígnios de Deus: Jesus morrendo na Cruz, dava-nos o Espírito de Verdade e de Vida. Cristo permanece na sua Igreja: nos seus sacramentos, na sua liturgia, na sua pregação, em toda a sua actividade.
De modo especial, Cristo continua presente entre nós nessa entrega diária que é a Sagrada Eucaristia. Por isso a Missa é o centro e a raiz da vida cristã. Em todas as Missas está sempre presente o Cristo total, Cabeça e Corpo. Per Ipsum, et cum Ipso, et in Ipso. Porque Cristo é o Caminho, o Mediador. Nele tudo encontramos; fora d'Ele a nossa vida torna-se vazia. Em Jesus Cristo, e instruídos por Ele, atrevemo-nos a dizer - audemus dicere - Pater noster, Pai nosso. Atrevemo-nos a chamar Pai ao Senhor dos Céus e da Terra.
A presença de Jesus vivo na Sagrada Hóstia é a garantia, a raiz e a consumação da sua presença no Mundo. (Cristo que Passa,102)

São muitos os cristãos persuadidos de que a Redenção se há-de realizar em todos os ambientes do mundo, e de que deve haver algumas almas (não sabem quais) que contribuam para a realizar com Cristo. Mas vêem-na a um prazo de séculos, de muito séculos... de uma eternidade, se se levasse a cabo ao passo da sua entrega.
Assim pensavas tu, até que vieram "despertar-te". (Sulco, 1)

Pasma ante a magnanimidade de Deus: fez-se Homem para nos redimir, para que tu e eu - que não valemos nada, reconhece-o! - O tratemos com confiança. (Forja , 30)

       
Egoísta! - Tu, sempre tu, sempre o que é "teu". - Pareces incapaz de sentir a fraternidade de Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês "degraus".

Pressinto o teu rotundo fracasso. - E, quando te tiveres afundado, quererás que tenham para contigo a caridade que agora não queres ter. (Caminho, 31)

       
O chamamento do Senhor - a vocação - apresenta-se sempre assim: "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-Me".

Sim, a vocação exige renúncia, sacrifício. Mas que agradável acaba por ser o sacrifício ("gaudium cum pace", alegria e paz), se a renúncia é completa! (Sulco, 8)

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