Páginas

11/02/2020

THALITA KUM 98


THALITA KUM 98

(Cfr. Lc 8, 49-56)

  
A paz de Cristo, aquela de que Jesus Se intitula e É realmente O Portador, não tem nada a ver nem com armas ou com lutas fratricidas.
É a paz no mais íntimo do homem, a paz nos corações de cada homem.

«O desejo sincero de paz que o Senhor põe no nosso coração deve levar-nos a evitar absolutamente tudo quanto cause divisão e desassossego: os juízos negativos sobre os outros, as murmurações, as críticas, as queixas». [1]
   
Não parece, pois, possível falar-se de paz sem ter presente a figura de Jesus que enforma – deve enformar – todo o pensamento humano sobre a paz.

Mas a paz de Cristo é sobretudo luta pessoal, de cada um:

«O Senhor não vem trazer uma paz terrena e falsa, a mera tranquilidade por que anseia o egoísmo humano, mas a luta contra as próprias paixões, contra o pecado e todas as suas consequências. A espada que Jesus Cristo traz à terra para essa luta é, segundo a própria Escritura, "a espada do espírito, que é a palavra de Deus" [2], "viva, eficaz e penetrante..., que penetra até dividir a alma e o corpo, as junturas e as medulas e discerne os pensamentos e intenções do coração" [3] » [4].

Então, sim, «a paz sobre a terra, nascida do amor ao próximo, é imagem e efeito da paz de Cristo, que procede de Deus Pai. Com efeito, o próprio Filho Encarnado, Príncipe da paz, reconciliou com Deus todos os homens por meio da Sua Cruz (...), deu morte ao ódio na Sua própria Carne e, depois do triunfo da Sua Ressurreição, infundiu o Espírito do Amor no coração dos homens». [5]

E no entanto «dentro de cada país, e em não poucas nações, o estado habitual não tem nada a ver com a paz.
Não que haja guerra, o que geralmente se entende por guerra, mas na verdade falta a paz.
Luta de raças, luta de classes, luta entre ideologias, luta de partidos.
Terrorismo, guerrilhas, sequestros, atentados, insegurança, motins, conflitos, violência.
Ódios, ressentimentos, acusações, recriminações»; [6] e «embora entre os homens haja justas diferenças, a igual dignidade pessoal postula, no entanto, que se chegue a condições de vida mais humanas e justas.
Com efeito, as excessivas desigualdades económicas e sociais entre os membros e povos de uma única família humana provocam o escândalo e são obstáculo à justiça social, à equidade, à dignidade da pessoa humana e, finalmente, à paz social e internacional». [7]

A paz é o maior anseio do homem e, paradoxalmente, está na raiz de muitas das suas lutas fratricidas.

Promover a paz entre os homens, os que nos são próximos, na família em primeiríssimo lugar, e depois em todos os ambientes em que nos movemos, é uma missão que, nem por ser grande e muitas vezes ingrata, deixa de ser a de cada cristão:

«Dever de cada cristão é levar a paz e a felicidade pelos diversos ambientes da Terra, numa cruzada de fortaleza e de alegria, que remova até os corações murchos e apodrecidos, e os levante para Ele».[8]


(AMA, reflexões).



[1] F. F. Carvajal, Hablar com Dios, Páscoa, 5ª Sem. 3ª F.
[2] Ef. 6, 17
[3] Heb. 4, 12
[4] Bíblia Sagrada, anotada pela Faculdade de Teologia Universidade de Navarra, Comentário, Mt 10, 34-37.
[5] Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Gaudium et Spes, 78.
[6] F. Suárez, La paz os dejo, Rialp, Madrid 1973, pg. 47.
[7] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral, A Igreja no Mundo Actual, Cap. II nr. 29
[8] S. Josemaria Escrivá, Sulco, 92.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.