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10/02/2020

THALITA KUM 97


THALITA KUM 97

(Cfr. Lc 8, 49-56)

  
As primeiras palavras com que Cristo ressuscitado saúda os Apóstolos são exactamente palavras de paz:

A Paz esteja convosco! [1]

Cristo quer, definitivamente, dar a entender que o Seu Reino está já entre nós e é, sem dúvida, um reino de paz.

Um dos nomes que as Escrituras atribuíam ao Messias era exactamente o de “Príncipe da Paz”.   

Este reino de paz vai começar, exactamente, com um acto de enormíssima violência: a Paixão e Crucifixão, como se fosse um ponto de definitiva viragem da página da história da relação de Deus com os homens.

Até ali, Deus, era o “Senhor dos exércitos”, derrotava os inimigos os quais punha como escabelo dos pés do rei de Israel.
Por isso não podemos estranhar que os Israelitas vissem o Messias como um guerreiro formidável e imbatível que haveria de, arrastando atrás de si todo o povo, derrotar de forma definitiva os inimigos e devolver a Israel a sua grandeza e domínio das nações.

É estranha esta forma humana de conceber a paz.

Muitas vezes, ao longo da história da humanidade e ainda agora, concebe-se a paz à custa de alguém, de algum povo ou nação. Por outras palavras, a paz, tal como se concebe, consegue-se com a guerra.

Também nos dias de hoje é o que se verifica a cada passo: a corrida aos armamentos, o desenvolvimento contínuo de armas mais poderosas, mais mortíferas e com maior alcance, absorve uma parte muito significativa dos recursos disponíveis de muitos países.

«As autoridades que, em lugar de fazer o que está em suas mãos para promover eficazmente a paz, fomentam nos cidadãos sentimentos de hostilidade relativamente a outras nações, assumem uma gravíssima responsabilidade.
Que dizer, também, dos governos que se apoiam nas armas nucleares para garantir a segurança do seu país?
Junto com inumeráveis pessoas de boa vontade, pode afirmar-se que esta solução, além de funesta, é totalmente falaz.
Com efeito, numa guerra nuclear não haveria vencedores, mas apenas vítimas.
A verdade da paz exige que todos - tanto os governos que de maneira declarada ou oculta possuem armas nucleares, como os que querem possuí-las - invertam conjuntamente a sua orientação com opções claras e firmes, encaminhando-se para um desarmamento nuclear progressivo e acordado.
Os recursos poupados deste modo poderiam empregar-se em projectos de desenvolvimento a favor de todos os habitantes e, em primeiro lugar, dos mais pobres.
A este propósito, tem de mencionar-se com amargura os dados sobre um aumento preocupante dos gastos militares e do comércio sempre próspero de armas, enquanto ficam como estancadas no pântano de uma indiferença quase geral o processo político e jurídico empreendido pela Comunidade Internacional para consolidar o caminho do desarmamento». [2]

(AMA, reflexões).



[1] Jo 20, 19.
[2] Bento XVI, Mensagem no Dia Mundial da Paz, 2006.

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