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07/02/2020

THALITA KUM 94


THALITA KUM 94 

(Cfr. Lc 8, 49-56)





Efectivamente a nossa salvação é, em si mesma um milagre já que ela acontece, não por nosso mérito, que não temos, mas unicamente pela soberana Vontade de Deus.

Isto leva-nos a pensar na magnificência da misericórdia divina.

De facto, ao tomarmos consciência do pouco que somos, espanta-nos que o Criador e Senhor de todas as coisas queira “gastar tempo” connosco, mesmo considerando que, Ele, nos quer como filhos.
E não é só o cuidado e o carinho das coisas pequenas que se passam no íntimo do nosso coração, mas até aquelas grandes manifestações do poder e da bondade do Senhor.

E, no entanto, é verdade!

Como um Pai carinhoso Ele está sempre disponível para atender os nossos pedidos e, mesmo quando os não fazemos expressamente, dá-se conta das nossas necessidades mais humanas como a necessidade do alimento.

Um exemplo – dos muitos – que consta no Evangelho é contado por São Marcos. [1]

Pela segunda vez, assistimos a um milagre extraordinário de Jesus.

Não sei se as curas dos numerosos doentes: leprosos, surdos e mudos, paralíticos... têm a mesma dimensão de "espectáculo" que estes da multiplicação dos pães e dos peixes.
Enquanto aqueles pareciam uma resposta imediata da misericórdia do coração amantíssimo do Senhor para com os desgraçados, ou mais desfavorecidos, como que se fosse uma impossibilidade, da parte do Mestre, de contemplar a desgraça humana sem intervir de imediato, estes talvez dêem o real significado dessa mesma misericórdia do Senhor para com os homens.

Desta forma se evidencia que as preocupações de Deus a nosso respeito vão bastante mais além da misericórdia ou simpatia pela desgraça, vão efectivamente, até ao pormenor da subsistência concreta.

Ao contemplarmos tantos cenários de miséria, desconforto, escassez e pobreza tão grandes, algumas vezes podemos ser levados a interrogar-nos sobre a atitude de Deus a este respeito:

‘Mas onde estás Tu, Senhor’?

É muito difícil para o comum ser humano, para nós, portanto, entender bem estas coisas, pois somos sempre levados a pensar que, o nosso Criador e Senhor, deveria estar sempre disposto a tratar dos Seus filhos de tal forma que, estas carências e misérias, fossem imediatamente sanadas.

Assim, como que uma espécie de acto mágico, que com uma simples evocação, pudesse resolver todos esses casos difíceis ou extremos.

O que acontece realmente, está bem patente no trecho do Evangelho que acabámos de ler e, ao deter-nos um pouco na sua apreciação cuidada, descobriremos a forma concreta como Deus actua no homem.

Respeitando a nossa liberdade de forma total, porque é infinitamente justo, Deus não intervém de forma, diria, unilateral, na solução dos problemas dos seus filhos.

Para o fazer, e fá-lo sempre, exige uma participação nossa, por mínima que possa ser.


(AMA, reflexões).



[1] Cfr. Mc 8, 9.

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