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03/02/2020

THALITA KUM 90


THALITA KUM 90 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Jesus não tem qualquer hesitação em tocar, fisicamente, os que Dele se aproximam à procura de remédio para os seus males.

Esta é uma das atitudes de Jesus incompreensíveis para muitos judeus e, principalmente, para os chefes, os fariseus, os escribas e os príncipes dos sacerdotes.

Algumas doenças, como a lepra ou aquela que a mulher do Evangelho sofria, eram consideradas como impuras.
A impureza, segundo aqueles, concentrava-se na atitude, na aparência, no proceder.

Jesus diz que não é assim.

A impureza está no coração do homem, mora no seu íntimo.
O Senhor assinala por várias vezes que é no coração do homem que se originam os sentimentos e as intenções.
O trecho evangélico [1] recolhe as exortações do Mestre aos Seus discípulos, fazendo aquilo que nós poderíamos chamar - pôr os pontos nos i’s.

Os judeus, principalmente os seus chefes e mentores tinham por costume, que observavam com rigorosíssima cautela, lavar repetidas vezes os copos e pratos antes de por eles beber ou comer, bem assim como outras abluções das mãos, pés, etc., constituindo tudo, um ritual observado com minucioso rigor e não pouco aparato.
Aquilo que tinha sido uma instrução de carácter meramente social - de higiene - dada por Moisés, a um povo inculto e semi-bárbaro viajando pelo deserto, tinha-se tornado com o tempo, uma obrigação, uma regra de observância obrigatória.

Aqueles homens, que governavam o povo, escolhiam estas manifestações externas, algumas até ridículas e sem sentido, como sinais indispensáveis da autêntica religião, desejados e exigidos por Deus aos Seus súbditos, fazendo crer que, bastava a sua observância, para se cumprir a Lei de Deus, o Decálogo.

Deus aparecia assim como um ser exigente e distante, a quem era preciso satisfazer as vontades e aplacar as iras, observando escrupulosamente certas regras de conduta e comportamento social.

Jesus vem dizer que não é exactamente isso o que Deus quer, nem sequer é verdade que essas práticas tenham algo que ver com os Seus Mandamentos.

O Mestre insiste, mais uma vez, que muito mais que as manifestações externas, Lhe interessa o que o homem manifesta no seu íntimo, se o que apresenta no seu exterior, traduz de facto o que guarda na sua alma.


(AMA, reflexões).



[1] Cfr. Mc 7, 14-23.

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