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29/02/2020

THALITA KUM 116


THALITA KUM 116

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Viver e testemunhar o amor experimentado

Quem aceita o amor de Deus interiormente fica plasmado por ele. O amor de Deus experimentado é vivido pelo homem como uma «chamada» a que tem que responder. O olhar dirigido ao Senhor, que «tomou nossas fraquezas e carregou nossas enfermidades» [1], ajuda-nos a prestar mais atenção no sofrimento e na necessidade dos demais. A contemplação, na adoração, do Lado Trespassado da lança sensibiliza-nos frente à vontade salvífica de Deus. Torna-nos capazes de confiar no Seu amor salvífico e misericordioso e, ao mesmo tempo, reforça-nos no desejo de participar na Sua obra de salvação, convertendo-nos em Seus instrumentos.
Os dons recebidos do Lado Aberto, do qual saíram «sangue e água» [2], fazem que a nossa vida se converta também para os outros em manancial do qual emanam «rios de água viva». [3] A experiência do amor surgida do culto do Lado Trespassado do Redentor tutela-nos ante o risco de nos prendermos em nós mesmos e torna-nos mais disponíveis para uma vida para os outros.
«Nisto conhecemos o que é o amor: em que Ele deu a Sua vida por nós. Também nós devemos dar a vida pelos irmãos» [4].

A resposta ao Mandamento do Amor torna-se possível só com a experiência de que este Amor já nos foi dado antes por Deus [5]. O culto do Amor que se torna visível no mistério da Cruz, representado em toda a celebração eucarística, constitui, portanto, o fundamento para que possamos converter-nos em instrumentos nas Mãos de Cristo: só assim podemos ser arautos críveis do Seu Amor. Esta abertura à vontade de Deus, contudo, deve renovar-se em todo momento:
«O amor nunca se dá por “concluído” e completado» [6].

A contemplação do «Lado Trespassado pela lança», na qual resplandece a vontade infinita de salvação por parte de Deus, não pode ser considerada, portanto como uma forma passageira de culto ou de devoção: a adoração do Amor de Deus, que encontrou no símbolo do «Coração Trespassado» a sua expressão histórico-devocional, continua sendo imprescindível para uma relação viva com Deus [7].
Com o desejo de que o quinquagésimo aniversário sirva para estimular em tantos corações uma resposta cada vez mais fervorosa ao amor do Coração de Cristo, envio-lhe, reverendíssimo padre, e a todos os religiosos da Companhia.» [8]


(AMA, reflexões).



[1] Mt 8, 17
[2] Cfr. Jo19, 34
[3] Jo 7, 34 - Cfr. encíclica «Deus caritas est», 7
[4] I Jo 3, 16 - Cfr. encíclica «Haurietis aquas», 38
[5] Cfr. encíclica «Deus caritas est», 14
[6] Cfr. encíclica «Deus caritas est», 17
[7] Cfr. encíclica «Haurietis aquas», 62
[8] Ao reverendíssimo padre PETER-HANS KOLVENBACH, S.I.

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