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26/01/2020

THALITA KUM 82


THALITA KUM 82

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Voltemos à cena do Evangelho para nos determos noutro pormenor:

A hemorroíssa dizia para consigo:

«Si vel vestimenta eius tagitero, salava ero - se tocar só que seja no seu vestido, ficarei curada». [1]

A pobre criatura desenganada da medicina, repudiada pela sociedade, tratada como um pária, não se atreve a mais que tocar, simplesmente, nos vestidos do Senhor.

A atitude da mulher é compensada imediatamente por Jesus.
A fé, a confiança e a contrição moveram o Seu coração amantíssimo:

«Filia, fides tua te salvam fecit, vade in pace et este sana a plaga tua - Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica curada do teu mal». [2]

Sim, contrição, porque a hemorroíssa se lançou aos Seus pés e Lhe declarou toda a verdade.
Assim nós devemos contar toda a verdade ao Senhor.
Ao pedir isto ou aquilo, o nosso coração deve abrir-se de par em par, não guardando nada, contando tudo quanto nos oprime, angustia ou envergonha.
Pormo-nos assim, perante o Senhor, tal qual somos, com as nossas misérias, ambições, enfim, tudo aquilo que temos dentro de nós e que não conseguimos curar completamente, não obstante os esforços e empenho que tenhamos posto da nossa parte nesse intento.

A mulher sente-se indigna de tocar Jesus, ou falar com Ele directamente, mas sabe, no seu coração, que também isso não é necessário e que bastará tocar no Seu manto.
Também nós somos indignos de tocar o Senhor, mas sabemos que bastará fazê-lo com o desejo do nosso coração.
Naturalmente que não o quereremos fazer a meias, com reservas, assim como que só com meio coração...

Cristo não nos quer aos bocados, quer-nos inteiros, completos.
Ele bem sabe os nossos defeitos e virtudes, conhece-nos intimamente, por isso mesmo não aceitará as nossas orações ou os nossos pedidos sob reserva.

Permitam-me até que diga que não é lógico tentar ludibriar Jesus, não Lhe expondo toda a verdade nos mais ínfimos pormenores que Ele já conhece.


AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Mc 5, 28.
[2] Mc 25, 34.

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