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19/01/2020

THALITA KUM 75


THALITA KUM 75 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Não tenhamos ilusões, qualquer um de nós é capaz das maiores perversões, dos pecados mais horríveis.

«Não há pecado nem crime cometido por outro homem que eu não seja capaz de cometer por causa da minha fragilidade; e se ainda o não cometi é porque Deus, na Sua misericórdia, não o permitiu e me preservou do mal». [1]

«Parece, de facto, que estes são os "últimos tempos" de que fala o Evangelho. Mas, para nós, cristãos, os "últimos tempos" que verdadeiramente nos interessam e devem levar-nos a uma preparação cuidada, são os "últimos tempos" de cada um de nós, ou seja, o tempo que o Senhor escolher para nos chamar para junto de Si.
Por isso, a nós, que sabemos muito bem onde estamos e para onde queremos ir, não nos afectam esses anúncios repetidos de catástrofes finais. O que nos afecta, sim, são as atitudes desumanas e atentatórias da dignidade das pessoas, quer sejam os actos de puro terrorismo, de massacre indiscriminado e brutal de milhares de seres humanos, quer as situações de abuso insuportável dos mais indefesos (…)
A nossa repulsa e indignação não nos devem fazer esquecer que devemos rezar por todos esses, vítimas e agressores, que são como sabemos, filhos de Deus, resgatados também pelo sangue de Cristo na Cruz, para que a misericórdia divina tenha em conta as fraquezas de cada um lembrando, talvez, o que no Calvário Jesus moribundo solicitou ao Pai:

«Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem» [2]

A grande diferença é que o Demónio reina na escuridão e na morte, ao passo que, o reino de Cristo é luz e Vida.

«Em Ti está a fonte da vida, e com a tua luz veremos a luz». [3] 

O salmista une a luz com a fonte da vida, e o Senhor fala de uma “luz de vida”. Quando temos sede, buscamos uma fonte, quando estamos às escuras, buscamos uma luz (…).
Com Deus é diferente: é a luz e é a fonte.

«Aquele que te ilumina para que vejas, esse mesmo é o manancial para que bebas» [4]


AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Stº Agostinho, Confissões, 2, 7.
[2] Cfr. Lc 23, 34.
[3] Sl 36, 10.
[4] Stº. Agostinho, In Ioannis Evangelium tratactus, 34, 6.34, 6.

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