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18/01/2020

THALITA KUM 74


THALITA KUM 74 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Ah! Os últimos tempos! [1]

Quantos, neste momento, se aproveitam das mentes fracas ou pouco esclarecidas, para darem corpo a estas personagens que Jesus menciona pondo de sobreaviso os Seus Discípulos.
Quantos se apresentam como os detentores da verdade última, com soluções para as ansiedades e angústias do homem de hoje. Mais que charlatães, são na verdade portadores de um estigma, tão velho como a sociedade humana, o estigma dos exploradores dos mais fracos ou débeis.

As chamadas Igrejas de “pregação evangélica”, normalmente servidas por poderosos meios de comunicação e atracção de massas, os videntes, bruxos, adivinhos e pessoas de "virtude" que enganam, dissimulam, espreitam as oportunidades que a cada passo a sociedade desnorteada lhes sugere.

E porquê o aparente êxito de tais pessoas ou organizações?
Porque as gentes perderam o sentido da fé, o horizonte da esperança, a noção do critério justo e são das relações humanas.
Tudo se permite, nada é reservado ou proibido, tudo é possível.
As televisões encharcam-nos com histórias de vidas sem Deus e sem moral, desprovidas de sentido crítico ou, sequer, preocupações sociais. Mas nem por serem disparatadas, quiméricas ou fantasiosas, essas histórias, ou novelas, deixam de ter espectadores interessados e coniventes.

‘Que não faz mal’, dizem uns, ‘que não me afecta’, dizem outros, mas, na verdade, faz mal e afecta. Nenhum de nós é imune e, mesmo revestido de uma carapaça de indiferença, algo penetra, e fica, e corrompe.

«Qual de nós, não reagiria com vigor se, à porta de casa, nos batesse um bando de mulheres nuas?
Mas… se for pela janelinha da televisão?
Já não faz mal?!’» [2]

AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Cfr. Lc 21, 20-28.
[2] AMA, palestras no Minho 1993

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