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04/01/2020

THALITA KUM 60


THALITA KUM 60 

(Cfr. Lc 8, 49-56)




Sim, é verdade, salvou-nos a todos sem excepção.

Há algo, também, no comportamento de Jesus que deixa os judeus muito interessados na Sua Pessoa.

Ao contrário de outros antes d’Ele, os Chefes do Povo – nomeadamente a maioria dos Príncipes dos Sacerdotes – manifestam-se claramente contra Ele. Constantemente procuram confrontá-Lo com a Lei que tão bem conhecem e interpretam.
Principalmente a constante discussão sobre a guarda do Sábado, quando, com tanta frequência, Jesus operava milagres, curava doentes, socorria aflitos precisamente ao Sábado.

Isto era naturalíssimo, porque, ao Sábado, o povo reunia-se nas Sinagogas e, Jesus também, pelo que não se podia entender nunca que Jesus procurasse especialmente o Sábado para fazer milagres, no que seria, isso sim, um claro afrontamento aos doutores da Lei.

Talvez alguns, mais instruídos, se apercebessem que tudo não passava de uma discussão estéril e sem sentido. Jesus respondia sempre às perguntas que Lhe faziam, nunca os deixava sem resposta por mais capciosas que pudessem ser as questões, o mais das vezes, com intenções escondidas.
O povo assiste, então, a algo inédito: os Doutores da Lei, os ilustres sábios, ficavam sem palavras perante as respostas de Jesus. Jesus mantém-se sempre na mesma linha de ideias, defende os mesmos princípios, só que de forma diferente.

A alguns constara que dissera:

«Não julgueis que vim mudar a Lei ou os Profetas. Não vim abolir, mas cumprir[1]

E, na sequência, ia enunciando a Lei, capítulo a capítulo dizendo sempre:

«Ouvistes que foi dito, Eu, porém, digo-vos…» [2]

Esta simples declaração era, de facto, a pedra de toque da discórdia, porque, ao fazê-la, Jesus, assumia-se como o autor da Lei e, portanto, o seu último, derradeiro e definitivo intérprete. Isto, obviamente, para os letrados equivalia a assumir-se como Deus, ou, como Jesus gostava de Se chamar, o Filho do Homem, o que era a mesma coisa.


(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Mt 5, 17.
[2] Cfr. Mt 5.

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