Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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03/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
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Jesus, parando, mandou chamá-lo.
E
alguns dos melhores que o rodeiam, dirigem-se ao cego: Tem confiança; levanta-te; Ele chama-te.
É
a vocação cristã!
Mas,
na vida de cada um de nós, não há apenas um chamamento de Deus.
O
Senhor procura-nos a todo o instante: levanta-te - diz-nos - e sai da tua
preguiça, do teu comodismo, dos teus pequenos egoísmos, dos teus problemazinhos
sem importância.
Desapega-te
da terra; estás aí rasteiro, achatado e informe.
Ganha
altura, peso, volume e visão sobrenatural.
Aquele homem, deitando fora a capa,
levantou-se de um salto e foi ter com Jesus.
Atirou
a capa!
Não
sei se estiveste alguma vez na guerra.
Há
já muitos anos, tive ocasião de andar por um campo de batalha, algumas horas
depois de ter acabado a luta.
Lá
havia, abandonados pelo chão, mantas, cantis e mochilas cheias de recordações
de família: cartas, fotografias de pessoas queridas... E não pertenciam aos derrotados,
mas aos vitoriosos!
Tudo
aquilo lhes sobrava para correrem mais depressa e saltarem as trincheiras do
inimigo.
Tal
como acontecia com Bartimeu, para correr atrás de Cristo.
Não te esqueças de que, para chegar até
Cristo, é preciso o sacrifício.
Deitar
fora tudo o que estorva: manta, mochila, cantil. Tens de proceder da mesma
maneira nesta luta pela glória de Deus, nesta luta de amor e de paz, com que
procuramos difundir o reinado de Cristo. Para servires a Igreja, o Romano
Pontífice e as almas, deves estar disposto a renunciar a tudo o que sobeja; a
ficar sem essa manta, que é abrigo para as noites frias, sem essas recordações
queridas da família e sem o refrigério da água.
Lição
de fé, lição de amor, porque é assim que se tem de amar Cristo.
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Fé
com obras
E imediatamente começa um diálogo divino,
um diálogo maravilhoso, que comove, que abrasa, porque tu e eu somos agora
Bartimeu.
Da
boca divina de Cristo sai uma pergunta: quid
tibi vis faciam?
Que
queres que te faça?
E
o cego: Mestre, faz que eu veja.
Que
coisa mais lógica!
E tu, vês?
Não
te aconteceu já, alguma vez, o mesmo que a esse cego de Jericó?
Não
posso agora deixar de recordar que, ao meditar nesta passagem há já muitos anos
e ao compreender então que Jesus esperava alguma coisa de mim - algo que eu não
sabia o que era! - compus para mim, umas jaculatórias:
Senhor,
que queres?
Que
me pedes?
Pressentia
que me procurava para uma realidade nova e o Rabboni, ut videam - Mestre, que eu veja - levou-me a suplicar a
Cristo, numa oração contínua: Senhor, que se faça isso que Tu queres.
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Rezai comigo ao Senhor: doce me facere voluntatem tuam, quia Deus
meus es tu, ensina-me a cumprir a tua Vontade, porque Tu és o meu Deus.
Por
outras palavras: que brote dos nossos lábios o afã sincero por corresponder,
com um desejo eficaz, aos convites do nosso Criador, procurando seguir os seus
desígnios com uma fé inquebrantável, com a convicção de que Ele não pode
falhar.
Amando deste modo a Vontade divina,
percebemos como o valor da fé não consiste apenas na clareza com que se expõe,
mas também na resolução de a defender com obras.
Assim,
agiremos de acordo com ela.
Mas voltemos à cena que se desenrola à
saída de Jericó.
Agora
é contigo que Cristo fala.
Diz-te:
que queres de Mim?
Que
eu veja, Senhor, que eu veja!
E
Jesus: Vai, a tua fé te salvou.
Nesse
mesmo instante, começou a ver e seguia-o pelo caminho. Segui-lo pelo caminho.
Tu
tomaste conhecimento do que o Senhor te propunha e decidiste acompanhá-lo pelo
caminho.
Tu
procuras seguir os seus passos, vestir-te com as vestes de Cristo, ser o
próprio Cristo: portanto, a tua fé - fé nessa luz que o Senhor te vai dando -
deverá ser operativa e sacrificada.
Não
te iludas, não penses em descobrir novas formas.
É
assim a fé que Ele nos pede: temos de andar ao seu ritmo com obras cheias de
generosidade, arrancando e abandonando tudo o que seja estorvo.
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Fé
e humildade
Agora é S. Mateus quem nos descreve um
quadro comovedor.
Eis que uma mulher, que,
havia doze anos, padecia de um fluxo de sangue, se chegou por detrás dele e
tocou a fímbria do seu manto. Que humildade a desta mulher!
Dizia dentro de si: Basta
que eu toque somente o seu manto para ficar curada.
Nunca
faltam doentes que imploram, como Bartimeu, com uma fé grande, e que não têm
pejo em confessá-la aos gritos.
Mas
reparai como, no caminho de Cristo, não há duas almas iguais. Grande é também a
fé desta mulher, e não grita: aproxima-se sem que ninguém a note.
Basta-lhe
tocar ao de leve o traje de Jesus, porque tem a certeza de que será curada.
E
ainda mal tinha acabado de fazê-lo, quando Nosso Senhor se volta e a olha.
Já
sabe o que se passa no interior daquele coração.
Apercebeu-se
da sua segurança: Tem confiança, filha, a
tua fé te salvou.
Tocou com delicadeza a orla do manto,
aproximou-se com fé, acreditou e soube que tinha sido curada...
Também
nós, se queremos salvar-nos, devemos tocar com fé o manto de Cristo.
Estás
bem persuadido de como há-de ser a nossa fé?
Humilde.
Quem
és tu, quem sou eu, para merecer este chamamento de Cristo? Quem somos nós,
para estar tão perto dele?
Tal
como àquela pobre mulher no meio da multidão, ofereceu-nos uma oportunidade.
E
não só para tocar um pouco do seu traje ou, num breve momento, a ponta do seu
manto, a orla.
Temo-lo
a ele próprio.
Entrega-se-nos
totalmente, com o seu Corpo, com o seu Sangue, com a sua Alma e com a sua
Divindade.
Comemo-lo
todos os dias, falamos intimamente com Ele, como se fala com um pai, como se
fala com o Amor.
E
isto é verdade.
Não
são imaginações.
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Procuremos que aumente a nossa humildade.
Porque
só uma fé humilde permite que tenhamos visão sobrenatural. Não existe outra
alternativa.
Só
são possíveis dois modos de viver na terra: ou se vive vida sobrenatural ou
vida animal.
E
tu e eu não podemos viver senão a vida de Deus, a vida sobrenatural.
Que
aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma.
Que
proveito terá para o homem tudo o que existe na terra, todas as ambições da
inteligência e da vontade? Que vale tudo isto, se tudo se acaba, se tudo se
desfaz, se são bambolinas de teatro todas as riquezas deste mundo terreno, se
depois é a eternidade para sempre, para sempre, para sempre?
Este advérbio - sempre - tornou grande
Teresa de Jesus. Quando ela - em criança - saía pela porta do rio Adaja,
atravessando as muralhas da cidade acompanhada por seu irmão Rodrigo, com o
intuito de chegar a terras de moiros, para que os decapitassem por amor de
Cristo, ia segredando ao irmão que já dava mostras de cansaço: para sempre,
para sempre, para sempre.
Mentem os homens ao dizer para sempre em
coisas temporais. Só é verdade, com uma verdade total, o para sempre em relação
a Deus.
E
assim hás-de viver tu, com uma fé que te ajude a sentir sabor de mel, doçura de
céu, ao pensares na eternidade, que é, de verdade, para sempre.
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Vida
corrente e contemplação
Voltemos ao Santo Evangelho e detenhamo-nos
no que refere S. Mateus, no capítulo vigésimo primeiro.
Conta-nos
que Jesus, quando voltava para a cidade, teve fome.
Vendo
uma figueira junto do caminho, aproximou-se dela.
Que
alegria, Senhor, ver-te com fome, ver-te também sedento, junto do poço de
Sicar!
Contemplo-te
perfectus Deus, perfectus homo:
verdadeiro Deus, mas também verdadeiro homem, com carne como a minha.
Aniquilou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, para que eu nunca mais duvidasse de que
Ele me compreende e me ama.
Teve fome.
Sempre
que nos cansemos - no trabalho, no estudo, na tarefa apostólica - sempre que no
horizonte haja trevas, então é preciso olhar Cristo: Jesus bom, Jesus cansado,
Jesus faminto e sedento.
Como
te fazes compreender bem, Senhor!
Como
te fazes amar!
Mostras-te
igual a nós em tudo, excepto no pecado, para que sintamos que contigo poderemos
vencer as nossas más inclinações e as nossas culpas.
Efectivamente,
não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as lágrimas...
Cristo
cansou-se, passou fome, teve sede, chorou.
O
que importa é a luta - uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a
nosso lado - para cumprir a vontade do Pai que está nos céus.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Evangelho e comentário
São
Gregório Magno – Doutor da Igreja
Evangelho: Lc 4, 31-37
Naquele tempo, Jesus desceu a
Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava aos sábados. Todos se
maravilhavam com a sua doutrina, porque falava com autoridade. Encontrava-se
então na sinagoga um homem que tinha um espírito de demónio impuro, que bradou com
voz forte: «Ah! Que tens que ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos
destruir? Eu sei quem Tu és: o Santo de Deus». Disse-lhe Jesus em tom severo:
«Cala-te e sai desse homem». O demónio, depois de o ter arremessado para o meio
dos presentes, saiu dele sem lhe fazer mal nenhum. Todos se encheram de
assombro e diziam entre si: «Que palavra esta! Ordena com autoridade e poder
aos espíritos impuros e eles saem!». E a fama de Jesus espalhava-se por todos
os lugares da região.
Comentário:
Vê-se
bem a diferença de acolhimento prestado a Jesus em Cafarnaum e em Nazaré.
Será porque os de
Cafarnaum têm mais fé?
Será, talvez, porque não
têm preconceitos nem reservas de intenção, mas, antes, genuína vontade de
aprender.
(AMA,
comentário sobre Lc 4, 31-37, 05.09.2017)
Temas para reflectir e meditar
Hoje não
parece que haja muita gente que sofra com a Sua ausência; há cristãos para os
quais a presença ou ausência de Cristo nas suas almas não significa
praticamente nada.
Passam da
graça ao pecado e não experimentam sofrimento nem dor, aflição nem angústia.
Passam do
pecado à graça e não dão a impressão de homens que voltaram do inferno, que
passaram da morte à vida: não se lhes vê o alívio, o gozo, a paz e o sossego de
quem recuperou Jesus.
(f. suarez, José
o esposo de Maria, 195)
O trabalho é uma bênção de Deus
O
trabalho é a vocação original do homem; é uma bênção de Deus; e enganam-se
lamentavelmente aqueles que o consideram um castigo. O Senhor, o melhor dos
pais, colocou o primeiro homem no Paraíso – "ut operaretur", para trabalhar. (Sulco,
482)
O
trabalho acompanha necessariamente a vida do homem sobre a terra. Com ele
nascem o esforço, a fadiga, o cansaço, as manifestações de dor e de luta que
fazem parte da nossa existência humana actual e que são sinais da realidade do
pecado e da necessidade da redenção. Mas o trabalho, em si mesmo, não é uma
pena nem uma maldição ou castigo: os que assim falam não leram bem a Sagrada
Escritura.
É
a hora de nós, os cristãos, dizermos bem alto que o trabalho é um dom de Deus e
que não tem nenhum sentido dividir os homens em diversas categorias segundo os
tipos de trabalho, considerando umas tarefas mais nobres do que outras. O
trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio
sobre a criação. É um meio de desenvolvimento da personalidade. É um vínculo de
união com os outros seres; fonte de recursos para sustentar a família; meio de
contribuir para o melhoramento da sociedade em que se vive e para o progresso
de toda a Humanidade.
Para
um cristão, essas perspectivas alargam-se e ampliam-se, porque o trabalho
aparece como participação na obra criadora de Deus que, ao criar o homem, o
abençoou dizendo-lhe: Procriai e multiplicai-vos e enchei a terra e subjugai-a,
e dominai sobre todo o animal que se mova à superfície da terra. (Cristo que passa, 47)