Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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16/08/2019
Evangelho e comentário
Evangelho: Mt 19, 3-12
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus
alguns fariseus para O porem à prova e disseram-Lhe: «É permitido ao homem
repudiar a sua esposa por qualquer motivo?». Jesus respondeu: «Não lestes que o
Criador, no princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso o homem deixará
pai e mãe para se unir à sua esposa e serão os dois uma só carne?’. Deste modo,
já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus
uniu». Eles objectaram: «Porque ordenou então Moisés que se desse um
certificado de divórcio para se repudiar a mulher?». Jesus respondeu-lhes: «Foi
por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos permitiu repudiar as vossas
mulheres. Mas no princípio não foi assim. E Eu digo-vos: Quem repudiar a sua
mulher, a não ser em caso de união ilegítima, e casar com outra, comete
adultério». Disseram-Lhe os discípulos: Se é esta a situação do homem em
relação à mulher, não é conveniente casar-se». Jesus respondeu-lhes: «Nem todos
compreendem esta linguagem, senão aquele a quem é concedido. Na verdade, há
eunucos que nasceram assim do seio materno, outros que foram feitos pelos
homens e outros que se tornaram eunucos por causa do reino dos Céus. Quem puder
compreender, compreenda».
Comentário:
Mais
que uma declaração formal sobre a indissolubilidade do matrimónio Jesus dá uma
lição cabal e iniludível.
Casar-se
ou não se casar é uma decisão que não pode ser tomada “de ânimo leve” mas que
deve considerar as obrigações emergentes do acto, a principal das quais é, sem
dúvida, a fidelidade.
A
fidelidade conjugal é obrigação mútua, do homem como da mulher, e não há casamento
que subsista sem a sua observância.
A
fidelidade conjugal tem a ver em primeiro lugar com o respeito pelo outro e,
evidentemente que o amor sem este respeito, profundo, total não vinga nem
cresce, antes diminui e acaba por desaparecer.
O
cônjuge que falta ao respeito ao outro falta simultaneamente ao respeito a si
próprio e falta – gravissimamente – a Deus que abençoou o matrimónio.
(AMA, comentário sobre Mt
19, 3-12, 20.05.2019)
Temas para reflectir e meditar
Ao dizer santificado seja o Teu Nome, admoestamo-nos a
nós próprios para que desejemos que o nome do Senhor, que é sempre santo em Si
mesmo, seja também tido como santo pelos homens, quer dizer, que nunca seja
desprezado por eles.
(santo
agostinho, Carta 130, a Prova)
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
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Vamos considerar, durante alguns instantes,
os textos desta Missa de Terça-Feira de Paixão, para aprendermos a distinguir o
endeusamento bom do endeusamento mau.
Vamos falar de humildade, porque esta é a
virtude que nos ajuda a conhecer simultaneamente a nossa miséria e a nossa
grandeza.
A nossa miséria salta à vista com demasiada
evidência.
Não
me refiro às limitações naturais: a tantas aspirações grandes com as quais o
homem sonha e que porventura nunca conseguirá realizar, mesmo que seja só por
falta de tempo.
Penso
em tudo o que fazemos mal, nas quedas, nos erros que poderiam evitar-se e não
se evitam.
Estamos
a experimentar constantemente a nossa ineficácia.
Mas,
às vezes, parece que todas estas coisas se juntam e se nos manifestam com um
relevo maior, para que nos apercebamos de quão pouco somos.
Que fazer?
Expecta
Dominum, espera no Senhor; vive de esperança, sugere-nos a
Igreja, com amor e com fé. Viriliter age,
porta-te varonilmente.
Que
importa que sejamos criaturas de lodo, se temos a esperança posta em Deus?
E
se alguma vez a alma sofre uma queda, um retrocesso - não é necessário que isso
aconteça - aplica-se-lhe o remédio, como se procede normalmente com a saúde do
corpo, e recomeça-se de novo!
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Não reparastes como as famílias que possuem
alguma peça frágil e decorativa de valor - um jarrão, por exemplo - o rodeiam
de cuidados para que não se quebre?
Até
que um dia, o menino, ao brincar, atira-o ao chão e aquela recordação preciosa
parte-se em bocados. O desgosto é grande, mas logo a seguir procura-se
arranjá-lo. Recompõe-se, colam-se os pedaços com todo o cuidado e, uma vez
restaurado, fica tão bonito como dantes.
No entanto, se o objecto é de louça ou
simplesmente de barro cozido, habitualmente bastam uns gatos, uns arames de
ferro ou de outro metal, que mantêm unidos os bocados.
E
a peça, assim reparada, ganha um encanto original.
Levemos isto à vida interior.
Perante as nossas misérias e os nossos
pecados, perante os nossos erros - mesmo que sejam, pela graça de Deus, de
pouca monta - recorramos à oração e digamos ao nosso Pai: Senhor, na minha
pobreza, na minha fragilidade, neste meu barro de vasilha quebrada, põe-me,
Senhor, uns gatos e - com a minha dor e o Teu perdão - serei mais forte e mais
gracioso do que dantes!
Uma
oração consoladora para a repetirmos quando se parta este nosso pobre barro.
Não nos admiremos por sermos tão fracos;
não fiquemos chocados pelo facto de verificarmos que quebramos por coisas de
nada. Confiemos no Senhor, que tem sempre auxílio preparado: o Senhor é a minha
luz e a minha salvação, a quem temerei?
A
ninguém.
Tratando
deste modo com o nosso Pai do Céu, não sintamos medo de ninguém nem de nada.
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Para
ouvir Deus
Se recorrermos à Sagrada Escritura, veremos
como a humildade é um requisito indispensável para nos dispormos a ouvir Deus.
Onde há humildade há
sabedoria, explica o livro dos Provérbios.
A
humildade consiste em nos vermos como somos, sem disfarces, com verdade.
E
ao compreendermos que não valemos quase nada, abrimo-nos à grandeza de Deus.
Esta
é a nossa grandeza.
Que bem o compreendia Nossa Senhora, a
Santa Mãe de Jesus, a criatura mais excelsa de todas as que existiram e hão-de
existir sobre a terra!
Maria glorifica o poder do Senhor, que
depôs do trono os poderosos e elevou os humildes.
E
canta que n'Ela se realizou uma vez mais esta providência divina: porque olhou
para a baixeza da sua escrava; portanto, eis que, de hoje em diante, todas as
gerações me chamarão bem-aventurada.
Maria manifesta-se santamente transformada,
no seu coração puríssimo, em face da humildade de Deus: o Espírito Santo
descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
E,
por isso mesmo, o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus.
A
humildade da Virgem é consequência desse abismo insondável de graça, que se
opera com a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade nas entranhas
da sua Mãe sempre Imaculada.
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Quando S. Paulo evoca este mistério,
irrompe também num hino de júbilo, que hoje poderemos saborear com vagar: Tende nos vossos corações os mesmos
sentimentos de Jesus Cristo, o qual, tendo a natureza de Deus, não foi por
usurpação, mas por essência, o ser igual a Deus; e, não obstante, aniquilou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens e
reduzido à condição de homem. Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até
à morte, e morte de Cruz.
Jesus Cristo, Nosso Senhor, propõe-nos com
muita frequência na sua pregação o exemplo da sua humildade: aprendei de mim
que sou manso e humilde de coração, para que tu e eu aprendamos que não há
outro caminho; que só o conhecimento sincero do nosso nada é capaz de atrair
sobre nós a graça divina.
Por
nós, Jesus veio padecer fome e alimentar-nos, veio sentir sede e dar-nos de
beber, veio vestir-se da nossa mortalidade e vestir-nos de imortalidade, veio
pobre para nos tornar ricos.
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Deus
resiste aos soberbos, mas aos humildes dá a sua graça,
ensina o Apóstolo S. Pedro.
Em
qualquer época, em qualquer situação humana, não existe - para viver vida
divina - senão o caminho da humildade. Será que o Senhor se regozija com a
nossa humilhação?
Não.
Que
lucraria com o nosso abatimento Aquele que tudo criou, e mantém e governa tudo
o que existe?
Deus
só deseja a nossa humildade, que nos esvaziemos de nós próprios para ele nos
poder encher; pretende que não lhe levantemos obstáculos, a fim de que -
falando ao modo humano - caiba mais graça sua no nosso pobre coração.
Porque
o Deus que nos inspira a ser humildes é o mesmo que transformará o nosso corpo
de miséria, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso, com aquele poder com
que pode também sujeitar a si todas as coisas.
Nosso
Senhor faz-nos seus, endeusa-nos com um endeusamento bom.
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A
soberba, o inimigo
E o que é que impede esta humildade, este
eudeusamento bom?
A
soberba.
Esse
é o pecado capital que leva ao eudeusamento mau.
A
soberba induz-nos a seguir, talvez até nas questões mais pequenas, a insinuação
que Satanás fez aos nossos primeiros pais: abrir-se-ão os vossos olhos e sereis
como Deus, conhecedores do bem e do mal .
Lê-se
também na escritura que o princípio da soberba é afastar--se de Deus.
Na
verdade, este vício, uma vez arreigado, influi em toda a existência do homem,
até se converter no que S. João chama superbia
vitae, soberba da vida.
Soberba?
De
quê?
A
Escritura Santa mostra-nos alguns traços, simultaneamente trágicos e cómicos,
para estigmatizar a soberba: de que te ensoberbeces, pó e cinza?
Já em vida vomitas as entranhas.
Uma
ligeira enfermidade: o médico sorri.
O
homem que hoje é rei, amanhã estará morto.
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Quando o orgulho se apodera da alma, não é
estranho que atrás dele, como pela arreata, venham todos os vícios: a avareza,
as intemperanças, a inveja, a injustiça.
O
soberbo procura inutilmente arrancar Deus - que é misericordioso com todas as
criaturas - do seu trono para se colocar lá ele, que actua com entranhas de
crueldade.
Temos de pedir ao Senhor que não nos deixe
cair nesta tentação.
A
soberba é o pior dos pecados e o mais ridículo.
Se
consegue atormentar alguém com as suas múltiplas alucinações, a pessoa atacada
veste-se de aparências, enche-se de vazio, envaidece-se como o sapo da fábula,
que inchava o papo, cheio de presunção, até que rebentou.
A
soberba é desagradável, mesmo humanamente, porque o que se considera superior a
todos e a tudo está continuamente a contemplar-se a si mesmo e a desprezar os
outros, que lhe pagam na mesma moeda, rindo-se da sua fatuidade.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Faz tudo o que puderes para conheceres a Deus
Em cada dia faz tudo o que puderes
para conheceres a Deus, para te dares com Ele, para te enamorares mais em cada
instante e não pensares senão no seu Amor e na sua glória. – Cumprirás este
plano, filho, se não deixares, por nada!, os teus tempos de oração, a tua presença
de Deus (com jaculatórias e comunhões espirituais para te inflamarem), a tua
Santa Missa pausada, o teu trabalho bem acabado por Ele. (Forja,
737)
Meus filhos, onde estiverem os homens,
vossos irmãos; onde estiverem as vossas aspirações, o vosso trabalho, os vossos
amores, é aí que está o sítio do vosso encontro quotidiano com Cristo. É no
meio das coisas mais materiais da Terra que devemos santificar-nos, servindo
Deus e todos os homens.
Tenho ensinado constantemente com
palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus,
porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom (Cfr.
Gen. 1, 7 e ss.). Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os
nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer
forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres
do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.
Pelo contrário, deveis compreender
agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das
ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os
dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária,
na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do
trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de
santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir. (Temas
Actuais do Cristianismo, nn. 113–114)