Páginas

Temas para reflectir e meditar

Sobre a oração  – 4

As primeiras reflexões de 2019, caem nas outras todas de todos os dias.
Mais um ano que acabou!
Se me dispusesse a avaliar, a fazer um exame... Se... escrevi! Pois claro: se!
Para quê?
Chegar certamente à insatisfação?
Á pena de não ter sido capaz de fazer melhor?
Aos propósitos metidos na "gaveta"?
O pôr-me totalmente nu dos disfarces que fui usando ao longo do ano?
Aos desejos mal reprimidos de evidência e protagonismo?

Mas, afinal fazer o quê?

Ah! Chego à mesma conclusão de sempre:

Tomar balanço para voar;
Não  ter medo de me estampar;
De peito feito arriscar
Com todo o meu ser confiar
N'Ele que sabe mais
E serenamente entregar
Quanto tenho e sou
Inclusive o meu sonhar 
De estar MESMO a caminhar
Para onde desejo
Finalmente DESCANSAR!

AMA, reflexões, 02.01.2019

Evangelho e comentário




TEMPO DA QUARESMA




Evangelho: Mt 20, 17-28

17 Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: 18 «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. 19 Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.» 20 Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido. 21 «Que queres?» - perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22 Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.» 23 Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.» 24 Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. 25 Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. 26 Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e 27 quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.» 

Comentário:

As Mães não têm nem peso nem medida quando se trata de pedir para os seus filhos.


A nossa Mãe do Céu é uma Mãe extremosa e complacente e não se cansa, nunca, de pedir por nós seus filhos, independentemente do nosso mérito que, é sempre pouco.

Ela é a medianeira entre nós e o seu Filho Jesus e, como em Caná, não hesita em "forçar" a Sua Vontade para que atenda o que precisamos.

Não temos vinho suficiente para os que nos procuram, não temos fé que baste para convencer os outros, não temos coragem para enfrentar as dificuldades, não temos ânimo para mudar e corrigir o que é preciso, não temos... tanta coisa que realmente precisamos para ser bons filhos, bons cristãos.

Peçamos sem descanso, instemos o seu Coração Amantíssimo de Mãe para que interceda por nós.

Gritemos com todas as forças do nosso ânimo:

Monstra te esse matrem!

(AMA, comentário sobre Mt 20, 17-28, 15.03.2017)



Tens de ser fermento


Dentro da grande multidão humana – interessam-nos todas as almas – tens de ser fermento, para que, com a ajuda da graça divina e com a tua correspondência, actues em todos os lugares do mundo como a levedura que dá qualidade, que dá sabor, que dá volume, com o fim de que depois o pão de Cristo possa alimentar outras almas. (Forja, 973)

Uma grande multidão acompanhara Jesus. Nosso Senhor ergue os olhos e pergunta a Filipe: Onde compraremos pão para dar de comer a toda esta gente?. Fazendo um cálculo rápido, Filipe responde: Duzentos dinheiros de pão não bastam para cada um receber um pequeno bocado. Como não dispõem de tanto dinheiro, lançam mão de uma solução caseira. Diz-lhe um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que é isto para tanta gente.

Nós queremos seguir o Senhor e desejamos difundir a sua Palavra. Humanamente falando, é lógico que também perguntemos a nós mesmos: mas que somos nós para tanta gente? Em comparação com o número de habitantes da Terra, ainda que nos contemos por milhões, somos poucos. Por isso, temos de considerar-nos como uma pequena levedura, preparada e disposta a fazer o bem à humanidade inteira, recordando as palavras do Apóstolo: Um pouco de levedura fermenta toda a massa, transforma-a. Precisamos, portanto, de aprender a ser esse fermento, essa levedura, para modificar e transformar as multidões.

Se meditarmos com sentido espiritual no texto de S. Paulo, compreenderemos que temos de trabalhar em serviço de todas as almas. O contrário seria egoísmo. Se olharmos para a nossa vida com humildade, veremos claramente que o Senhor nos concedeu talentos e qualidades, além da graça da fé. Nenhum de nós é um ser repetido. O Nosso Pai criou-nos um a um, repartindo entre os seus filhos diverso número de bens. Pois temos de pôr esses talentos, essas qualidades, ao serviço de todos; temos de utilizar esses dons de Deus como instrumentos para ajudar os homens a descobrirem Cristo. (Amigos de Deus, nn. 256–258)

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Leitura espiritual



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

AMORIS LÆTITIA

DO SANTO PADRE FRANCISCO

AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS

ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA 

CAPÍTULO IV


O AMOR NO MATRIMÓNIO

O mundo das emoções.

Desejos, sentimentos, emoções (os clássicos chamavam-lhes «paixões») ocupam um lugar importante no matrimónio. Geram-se quando «outro» se torna presente e intervém na minha vida. É próprio de todo o ser vivo tender para outra realidade, e esta tendência reveste-se sempre de sinais afectivos basilares: prazer ou sofrimento, alegria ou tristeza, ternura ou receio. São o pressuposto da actividade psicológica mais elementar. O ser humano é um vivente desta terra, e tudo o que faz e busca está carregado de paixões.
Verdadeiro homem, Jesus vivia as coisas com grande emotividade. Por isso, sofria com a rejeição de Jerusalém[i] e, por esta situação, chorou.[ii]
Compadecia-Se também à vista da multidão atribulada. Vendo os outros a chorar[iii], comovia-Se e turbava-Se,[iv] e Ele mesmo chorou pela morte dum amigo.[v]
Estas manifestações da sua sensibilidade mostram até que ponto estava aberto aos outros o seu coração humano.
Experimentar uma emoção não é, em si mesmo, algo moralmente bom nem mau. Começar a sentir desejo ou repulsa não é pecaminoso nem censurável. O que pode ser bom ou mau é o acto que a pessoa realiza movida ou sustentada por uma paixão. Pois, se os sentimentos são alimentados, procurados e, por causa deles, cometemos más acções, o mal está na decisão de os alimentar e nos actos maus que se seguem. Na mesma linha, sentir atracção por alguém não é, de por si, um bem. Se esta atracção me leva a procurar que essa pessoa se torne minha escrava, o sentimento estará ao serviço do meu egoísmo. Julgar que somos bons só porque «provamos sentimentos», é um tremendo engano.
Há pessoas que se sentem capazes dum grande amor, só porque têm grande necessidade de afecto, mas não conseguem lutar pela felicidade dos outros e vivem confinados nos próprios desejos. Neste caso, os sentimentos desviam dos grandes valores e escondem um egocentrismo que torna impossível cultivar uma vida sadia e feliz em família. Entretanto, se uma paixão acompanha o acto livre, pode manifestar a profundidade dessa opção. O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emo­tiva se torne um bem para a família e esteja ao serviço da vida em comum.
A maturidade chega a uma família, quando a vida emotiva dos seus membros se transforma numa sensibilidade que não domina nem obscurece as grandes opções e valores, mas segue a sua liberdade,[vi] brota dela, enriquece-a, embeleza-a e torna-a mais harmoniosa para bem de todos. Deus ama a alegria dos seus filhos. Isto requer um caminho pedagógico, um processo que inclui renúncias: é uma convicção da Igreja, que muitas vezes foi rejeitada pelo mundo como se fosse inimiga da felicidade humana.
Bento XVI regista esta crítica com muita clareza: «Com os seus mandamentos e proibições, a Igreja não nos torna porventura amarga a coisa mais bela da vida? Porventura não assinala ela proibições precisamente onde a alegria, preparada para nós pelo Criador, nos oferece uma felicidade que nos faz pressentir algo do Divino?» Mas ele responde que, embora não tenham faltado exageros ou ascetismos extraviados no cristianismo, a doutrina oficial da Igreja, fiel à Sagrada Escritura, não rejeitou «o eros enquanto tal, mas declarou guerra à sua subversão devastadora, porque a falsa divinização do eros (…) priva-o da sua dignidade, desumaniza-o».
É necessária a educação da emotividade e do instinto e, para isso, às vezes torna-se indispensável impormo-nos algum limite.[vii] O excesso, o descontrole, a obsessão por um único tipo de prazeres acabam por debilitar e combalir o próprio prazer, e prejudicam a vida da família. Na verdade, pode-se fazer um belo caminho com as paixões, o que significa orientá-las cada vez mais num projecto de auto-doação e plena realização própria que enriquece as relações interpessoais no seio da família. Isto não implica renunciar a momentos de intenso prazer, mas assumi-los de certo modo entrelaçados com outros momentos de dedicação generosa, espera paciente, inevitável fadiga, esforço por um ideal.
A vida em família é tudo isto e merece ser vivida inteiramente.. Algumas correntes espirituais insistem em eliminar o desejo para se libertar da dor. Mas nós acreditamos que Deus ama a alegria do ser humano, pois Ele criou tudo «para nosso usufruto».[viii]
Deixemos brotar a alegria à vista da sua ternura, quando nos propõe: «Meu filho, se tens com quê, trata-te bem. (...) Não te prives da felicidade presente».[ix]
Também um casal de esposos corresponde à vontade de Deus, quando segue este convite bíblico: «No dia da felicidade, sê alegre».[x]
A questão é ter a liberdade para aceitar que o prazer encontre outras formas de expressão nos sucessivos momentos da vida, de acordo com as necessidades do amor mútuo.[xi]
Neste sentido, pode-se aceitar a proposta de alguns mestres orientais que insistem em ampliar a consciência, para não ficar presos numa experiência muito limitada que nos fecharia as perspectivas. Esta ampliação da consciência não é a negação ou a destruição do desejo, mas a sua dilatação e aperfeiçoamento. A dimensão erótica do amor. Tudo isto nos leva a falar da vida sexual dos esposos. O próprio Deus criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas criaturas. Quando se cultiva e evita o seu descontrole, fazemo-lo para impedir que se produza o «depauperamento de um valor autêntico».
São João Paulo II rejeitou a ideia de que a doutrina da Igreja leve a «uma negação do valor do sexo humano» ou que o tolere simplesmente «pela necessidade da procriação».
A necessidade sexual dos esposos não é objecto de menosprezo, e «não se trata de modo algum de pôr em questão aquela necessidade».
A quantos receiam que, com a educação das paixões e da sexualidade, se prejudique a espontaneidade do amor sexual,[xii] São João Paulo II respondia que o ser humano «é também chamado à plena e matura espontaneidade das rela ções», que «é o fruto gradual do discernimento dos impulsos do próprio coração». É algo que se conquista, pois todo o ser humano «deve, perseverante e coerentemente, aprender o que é o significado do corpo».
A sexualidade não é um recurso para compensar ou entreter, mas trata-se de uma linguagem interpessoal onde o outro é tomado a sério, com o seu valor sagrado e inviolável. Assim, «o coração humano torna-se participante, por assim dizer, de outra espontaneidade». Neste contexto, o erotismo aparece como uma manifestação especificamente humana da sexualidade. Nele pode-se encontrar o «significado esponsal do corpo e a autêntica dignidade do dom».1
Nas suas catequeses sobre a teologia do corpo humano, São João Paulo II ensinou que a corporeidade sexuada «é não só fonte de fecundidade e de procriação», mas possui «a capacidade de exprimir o amor: exactamente aquele amor em que o homem-pessoa se torna dom». O erotismo mais saudável, embora esteja ligado a uma busca de prazer, supõe a admiração e, por isso, pode humanizar os impulsos.[xiii]
 Assim, não podemos, de maneira alguma, entender a dimensão erótica do amor como um mal permitido ou como um peso tolerável para o bem da família, mas como dom de Deus que embeleza o encontro dos esposos. Tratando-se de uma paixão sublimada pelo amor que admira a dignidade do outro, torna-se uma «afirmação amorosa plena e cristalina», mostrando-nos de que maravilhas é capaz o coração humano, e assim, por um momento, «sente-se que a existência humana foi um sucesso».

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)



[i] (cf. Mt 23, 37)
[ii] (cf. Lc 19, 41)
[iii] (cf. Mc 6, 34)
[iv] (cf. Jo 11, 33)
[v] (cf. Jo 11, 35)
[vi] Cf. Tomás de Aquino, Summa theologiae, I-II, q. 24, art. 1.
[vii] Cf. ibid., I-II, q. 59, art. 5. 142 Carta enc. Deus caritas est (25 de Dezembro de 2005), 3: AAS 98 (2006), 219-220. 143 Ibid., 4: o. c., 220.
[viii] (1 Tim 6, 17)
[ix] (Sir 14, 11.14)
[x] (Qo 7, 14)
[xi] Cf. Tomás de Aquino, Summa theologiae, I-II, q. 32, art. 7. 145 Cf. ibid., II-II, q. 153, art. 2, ad 2: «Abundantia delectationis quae est in actu venereo secundum rationem ordinato, non contrariatur medio vir­tutis».
[xii] João Paulo II, Catequese (22 de Outubro de 1980), 5: Insegnamenti 3/2 (1980), 951; L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 26/X/1980), 12. 147 Ibid., 3. 148 Idem, Catequese (24 de Setembro de 1980), 4: Insegnamenti 3/2 (1980), 719; L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 28/IX/1980), 12.
[xiii] Catequese (12 de Novembro de 1980), 2: Insegna­menti 3/2 (1980), 1133; L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 16/XI/1980), 12. 150 Ibid., 4. 151 Ibid., 5. 152 Ibid., 1. 153 Catequese (16 de Janeiro de 1980), 1: Insegnamenti 3/1 (1980), 151; L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 20/I/1980), 12.