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15/03/2019

QUARESMA 2019 – 8


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É tão mais fácil,
Senhor,
ficar quieto no meu canto,
não fazendo nada,
desfrutando do Teu amor.

Não fazer mal,
nem bem,
Senhor,
só comigo preocupado,
não me interessando
se outro tem ou não tem.

Gosto tanto que me ajudem,
Senhor,
porque não os ajudo eu também?

O que queres que os outros te façam,
tens que o fazer tu primeiro,
dizes-nos Tu,
Senhor,
pois só assim serás,
um discípulo verdadeiro.


Monte Real, 14 de Março de 2019
Joaquim Mexia Alves
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A Santíssima Virgem - Leonardo Da Vinci

A Virgem com o filho risonho»: esta é a única escultura que existe de Leonardo Da Vinci?

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Esta imagem da Virgem com a criança seria a única escultura que Leonardo teria feito
A bela escultura de terracota de La Virgen com a criança rindo foi exposta publicamente a quem visita o Museu Victoria & Albert em Londres há mais de 50 anos. Todos os anos, milhões de visitantes passam por ele, que ficam impressionados com esse número, que tem 49 centímetros de altura e pesa 14,2 quilos.
A última novidade é que seu autor não seria Antonio Rossellino, como se acreditava até agora, mas Leonardo Da Vinci. A imagem da Virgen com o pequeno Jesus sorridente seria neste caso a única escultura que restaria do artista versátil.
A contribuição do professor Caglioti
É isso que um dos maiores especialistas do Renascimento, Francisco Caglioti , professor de História da Universidade Federico II de Nápoles, afirma Durante anos, foi atribuído a Rossellino, mas este perito alegou que não havia provas reais que sugerissem que a escultura era dele.
"A Virgem com a Rir Criança" que um perito atribui a Leonardo Da Vinci
Agora, depois de uma análise detalhada, Caglioti diz o terracota da Virgem Maria é a obra de Leonardo e que "com toda a probabilidade" o gênio florentino esculpida quando ele ainda era um aprendiz na oficina de seu mestre Andrea del Verrocchio.
Desta forma, acredita-se que ele foi capaz de realizar este trabalho quando tinha apenas 19 ou 20 anos de idade.
Os elementos que provariam a autoria de Leonardo
Caglioti disse em uma entrevista em La Repubblica que se baseia a atribuição de autoria de Leonardo em " roupas, mãos, cabelos e, especialmente, os sorrisos e pequeno Jesus".
Como explica o professor, "há milhares de detalhes que dissipam quaisquer dúvidas sobre a atribuição" a Leonardo, como o sorriso que ele pintou em personagens de outras obras ou sua técnica para representar o movimento dos tecidos.
"Nas vestes da Virgem e no manto vermelho do arcanjo na Anunciação de Leonardo, o movimento da tela é o mesmo", diz o especialista italiano.

Temas para reflectir e meditar


Juízos de valor dos outros

Esta tendência que muitos e nós temos de julgar os outros – às vezes sem saber bem porquê: uma atitude, algo que disse… - é algo que não devemos consentir nem sequer deter-nos a pensar.

Além de não termos esse direito, podemos cair em algo grave que é fazer um mau juízo – ou um juízo errado – dessa pessoa.

Sem pensar muito, ocorre-me um exemplo: a assistência à Santa Missa diária de muitas pessoas – umas que conheço, outra não – o que me revela a piedade e devoção de tanta gente como eu.

Como eu?
O quê? Têm a mesma devoção, o mesmo objectivo, iguais motivos?

Porque que me comparo? A que propósito?

Deixo-me disso e prefiro dar graças a Deus – profundas graças – por haver tantos e tantas que O adoram e O recebem na Comunhão Eucarística.

AMA, reflexões, 04.01.2019

Evangelho e comentário



  
TEMPO DA QUARESMA




Evangelho: Mt 5, 20-26

20 Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.» 21 «Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. 22 Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena do fogo. 23 Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. 25 Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»

Comentário:

Mais uma vez o Senhor deixa bem claro que os dois primeiros mandamentos - amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos - são inseparáveis e não pode conceber-se um sem o outro.
O Senhor tem a prioridade mas esta não existirá sem a segunda.

Talvez que nunca nos demos conta que amar o próximo pode tornar-se muito mais difícil que amar a Deus.
Não nos atrevemos a "julgar" Deus ou pôr em causa se O devemos amar ou não.
Já quanto ao próximo muitas vezes guardamos ressentimentos, avaliamos a sua conduta, fazemos o papel de juízes e críticos.
E, tal excede em muito o que não podemos nem devemos fazer.

(AMA, comentário sobre Mt 5, 20-26, 14.06.2018)



Senhor, se quiseres podes curar-me


Não tenhas dúvidas: o coração foi criado para amar. Metamos, pois, Nosso Senhor Jesus Cristo em todos os nossos amores. Senão, o coração vazio vinga-se, e enche-se das baixezas mais desprezíveis. (Sulco, 800)

Como poderemos dirigir-nos a Ele, como falar-Lhe, como comportar-nos?
A vida cristã não está feita de normas rígidas, porque o Espírito Santo não dirige as almas massivamente, mas infundindo em cada uma delas propósitos, inspirações e afectos que ajudarão a captar e a cumprir a vontade do Pai. Penso, no entanto, que em muitas ocasiões o nervo do nosso diálogo com Cristo, na acção de graças depois da Santa Missa, pode ser a consideração de que o Senhor é para nós, Rei, Médico, Mestre e Amigo.. (...)

É Médico e cura o nosso egoísmo, se deixarmos que a sua graça penetre até ao fundo da nossa alma. Jesus disse-nos que a pior doença é a hipocrisia, o orgulho que nos faz dissimular os nossos pecados. Com o Médico, é imprescindível, pela nossa parte, uma sinceridade absoluta, explicar-lhe toda a verdade e dizer: Domine, si vis, potes me mundare, Senhor, se quiseres – e Tu queres sempre – podes curar-me. Tu conheces as minhas fraquezas, tenho estes sintomas e estas debilidades. Mostramos-lhe também com toda a simplicidade as chagas e o pus, no caso de haver pus. Senhor, Tu, que curaste tantas almas, faz com que, ao ter-Te no meu peito ou ao contemplar-Te no Sacrário, Te reconheça como Médico divino. (Cristo que passa, nn. 92–93)

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Leitura espiritual



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

AMORIS LÆTITIA

DO SANTO PADRE FRANCISCO

AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS

ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA 

CAPÍTULO IV


O AMOR NO MATRIMÓNIO


A lógica do amor cristão não é a de quem se considera superior aos outros e precisa de fazer-lhes sentir o seu poder, mas a de «quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo».[i]

Na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque esta lógica acaba com o amor. Vale também para a família o seguinte conselho: «Revesti-vos todos de humildade no trato uns com os outros, porque Deus opõe-se aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes».[ii]

Amabilidade.

Amar é também tornar-se amável, e nisto está o sentido do termo asjemonéi. Significa que o amor não age rudemente, não actua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ásperos, nem rígidos. Detesta fazer sofrer os outros. A cortesia «é uma escola de sensibilidade e altruísmo», que exige que a pessoa «cultive a sua mente e os seus sentidos, aprenda a ouvir, a falar e, em certos momentos, a calar».
Ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso «todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam».
Diariamente «entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa existência, exige a delicadeza duma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. (...) E quanto mais íntimo e profundo for o amor, tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração».
A fim de se predispor para um verdadeiro encontro com o outro, requer-se um olhar amável pousado nele. Isto não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios, talvez para compensar os próprios complexos.[iii]
Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, po­dendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projecto comum, apesar de sermos diferentes. O amor amável gera vínculos, cultiva laços, cria novas redes de integração, constrói um tecido social firme. Deste modo, uma pessoa protege-se a si mesma, pois, sem sentido de pertença, não se pode sustentar uma entrega aos outros, acabando cada um por buscar apenas as próprias conveniências, e a convivência torna-se impossível.
Uma pessoa anti-social julga que os outros existem para satisfazer as suas necessidades e, quando o fazem, cumprem apenas o seu dever. Neste caso, não haveria espaço para a amabilidade do amor e a sua linguagem.
A pessoa que ama é capaz de dizer palavras de incentivo, que reconfortam, fortalecem, consolam, estimulam.
Vejamos, por exemplo, algumas palavras que Jesus dizia às pessoas:

«Filho, tem confiança!».[iv]
«Grande é a tua fé!».[v]
«Levanta-te!».[vi]
«Vai em paz».[vii]
«Não temais!».[viii]
Não são palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam. Na família, é preciso aprender esta linguagem amável de Jesus.

Desprendimento.

Como se diz muitas vezes, para amar os outros, é preciso primeiro amar-se a si mesmo.
Todavia este hino à caridade afirma que o amor «não procura o seu próprio interesse», ou «não procura o que é seu». Esta expressão aparece ainda noutro texto:
«Não tenha cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros».[ix]
Perante uma afirmação assim clara da Sagrada Escritura, deve-se evitar de dar prioridade ao amor a si mesmo, como se fosse mais nobre do que o dom de si aos outros. Uma certa prioridade do amor a si mesmo só se pode entender como condição psicológica, pois uma pessoa que seja incapaz de se amar a si mesma sente dificuldade em amar os outros: «Para quem será bom aquele que é mau para si mesmo? (...) Não há pior do que aquele que é avaro para si mesmo».[x]
Mas o próprio Tomás de Aquino explicou «ser mais próprio da caridade querer amar do que querer ser amado», e que de facto «as mães, que são as que mais amam, procuram mais amar do que ser amadas».
Por isso, o amor pode superar a justiça e transbordar gratuitamente «sem nada esperar em troca»,[xi] até chegar ao amor maior que é «dar a vida» pelos outros.[xii]
Mas será possível um desprendimento assim, que permite dar gratui­tamente e dar até ao fim?
Sem dúvida, porque é o que pede o Evangelho: «Recebestes de graça, dai de graça».[xiii] ,[xiv]

Sem violência interior.

Se a primeira expressão do hino nos convidava à paciência, que evita reagir bruscamente perante as fraquezas ou erros dos outros, agora aparece outra palavra – paroxýnetai – que diz respeito a uma reacção interior de indignação provocada por algo exterior.
Trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar. Alimentar esta agressividade íntima, de nada aproveita. Serve apenas para nos adoentar, acabando por nos isolar. A indignação é saudável, quando nos leva a reagir perante uma grave injustiça; mas é prejudicial, quando tende a impregnar todas as nossas atitudes para com os outros.
O Evangelho convida a olhar primeiro a trave na própria vista,[xv] e nós, cristãos, não podemos ignorar o convite constante da Palavra de Deus para não se alimentar a ira: «Não te deixes vencer pelo mal»;[xvi] «não nos cansemos de fazer o bem».[xvii]
Uma coisa é sentir a força da agressividade que irrompe, e outra é consentir nela, deixar que se torne uma atitude permanente: «Se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento».[xviii] Por isso, nunca se deve terminar o dia sem fazer as pazes na família. «E como devo fazer as pazes? Ajoelhar-me? Não! Para restabelecer a harmonia familiar basta um pequeno gesto, uma coisa de nada. É suficiente uma carícia, sem palavras. Mas nunca permitais que o dia em família termine sem fazer as pazes».
A reacção interior perante uma moléstia que nos causam os outros, deveria ser, antes de mais nada, abençoar no coração, desejar o bem do outro, pedir a Deus que o liberte e cure. «Respondei com palavras de bênção, pois a isto fostes chamados: a herdar uma bênção».[xix] Se tivermos de lutar contra um mal, façamo-lo; mas sempre digamos «não» à violência interior.

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)



[i] (Mt 20, 27)
[ii] (1 Ped 5, 5)
[iii] Octavio Paz, La llama doble (Barcelona 1993), 35. 108 Tomás de Aquino, Summa theologiae, II-II, q. 114, art. 2, ad 1. 109 Francisco, Catequese (13 de Maio de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 14/V/2015), 16
[iv] (Mt 9, 2)
[v] (Mt 15, 28)
[vi] (Mc 5, 41)
[vii] (Lc 7, 50)
[viii] (Mt 14, 27)
[ix] (Flp 2, 4)
[x] (Sir 14, 5-6)
[xi] (Lc 6, 35)
[xii] (Jo 15, 13)
[xiii] (Mt 10, 8)
[xiv] Summa theologiae, II-II, q. 27, art. 1, ad. 2. 111 Ibid., II-II, q. 27, art. 1.
[xv] (cf. Mt 7, 5)
[xvi] (Rm 12, 21)
[xvii] (Gal 6, 9)
[xviii] (Ef 4, 26)
[xix] (1 Ped 3, 9)