Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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12/03/2019
Temas para reflectir e meditar
Esta afirmação não é
estultícia, mas uma certeza íntima e concreta.
Só eu posso destruir o que
faço ou tento fazer.
Mas, se o que quero e
desejo é fazer em tudo a Vontade de Deus só vejo uma hipótese: que o que quero ou
desejo não seja, se facto a Sua Vontade mas, unicamente a minha.
Daí que tenha bem presente
esta petição:
Ajuda-me, Senhor, a fazer
e desejar - sempre - a Tua Vontade.
Assim estarei, seguramente,
no caminho certo e conveniente.
(AMA,
reflexões, Dez. 2018
Evangelho e comentário
TEMPO DA QUARESMA
Evangelho: Mt 6, 7-15
7
Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições,
porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. 8 Não façais como eles,
porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes.» 9
«Rezai, pois, assim: ‘Pai nosso, que estás no Céu, santificado seja o teu nome,
10 venha o teu Reino; faça-se a tua vontade, como no Céu, assim também na
terra. 11 Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia; 12 perdoa as nossas ofensas, como
nós perdoámos a quem nos tem ofendido; 13 e não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do Mal.’ 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. 15 Se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.»
Comentário:
Todas as orações que possamos fazer, por mais
belas, cheias de significado ou piedosas, ficarão aquém do Pai-Nosso ensinado
directamente por Jesus Cristo.
Contém tudo quanto devemos dizer quando nos dirigimos a Deus.
Louvor, petição, promessa, compromisso.
Sendo Universal, ė eminentemente pessoal porque se trata da conversa de um filho com o seu Pai.
(AMA, comentário sobre Mt 6, 7-15, 18.06.2015)
O perigo é a rotina
"Nonne cor nostrum
ardens erat in nobis, dum loqueretur in via?". – Não é verdade que
sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando nos falava caminho? Se és apóstolo,
estas palavras dos discípulos de Emaús deviam sair espontaneamente dos lábios
dos teus companheiros de profissão, depois de te encontrarem a ti no caminho da
vida. (Caminho, 917)
Agrada-me falar de caminho, porque somos caminhantes, dirigimo-nos
para a casa do Céu, para a nossa Pátria. Mas reparemos que um caminho, mesmo
que um ou outro trecho apresente dificuldades especiais, mesmo que alguma vez
nos obrigue a passar a vau um rio ou a atravessar um pequeno bosque quase
impenetrável, habitualmente é simples, sem surpresas. O perigo é a rotina:
supor que nisto, no que temos de fazer em cada instante, não está Deus, porque
é tão simples, tão vulgar!
Iam os dois discípulos para Emaús. O seu caminhar era normal, como
o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E aí, com
naturalidade, aparece-lhes Jesus e vai com eles, com uma conversa que diminui a
fadiga. Imagi-no a cena: já bem adiantada a tarde. Sopra uma brisa suave. De um
lado e de outro, campos semeados de trigo já crescido e as velhas oliveiras com
os ramos prateados pela luz indecisa...
Jesus, no caminho! Senhor, que grande és Tu sempre! Mas comoves-me
quando te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida
diária. Senhor, concede-nos a ingenuidade de espírito, o olhar limpo, a mente
clara, que permitem entender-Te, quando vens sem nenhum sinal externo da Tua
glória.
Termina o trajecto ao chegar à aldeia e aqueles dois que – sem o
saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do
Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-se
como quem vai para mais longe. Nosso Senhor nunca se impõe. Quer que O chamemos
livremente, desde que entrevimos a pureza do Amor que nos meteu na alma. (Amigos de Deus, nn. 313–314)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Leitura espiritual
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
AMORIS LÆTITIA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA
CAPÍTULO III
O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA
A transmissão da vida e a educação dos filhos.
O
matrimónio é, em primeiro lugar, uma «íntima comunidade da vida e do amor conjugal»,
que constitui um bem para os próprios esposos; e a sexualidade «ordena-se para
o amor conjugal do homem e da mulher». Por isso, também «os esposos a quem Deus
não concedeu a graça de ter filhos podem ter uma vida conjugal cheia de
sentido, humana e cristãmente falando». Contudo, esta união está ordenada para
a geração «por sua própria natureza».[i]
O
bebé que chega «não vem de fora juntar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no
próprio coração deste dom mútuo, do qual é fruto e complemento». Não aparece
como o final dum processo, mas está presente desde o início do amor como uma
característica essencial que não pode ser negada sem mutilar o próprio amor.
Desde o início, o amor rejeita qualquer impulso para se fechar em si mesmo, e
abre-se a uma fecundidade que o prolonga para além da sua própria existência.
Assim nenhum acto sexual dos esposos pode negar este significado, embora, por
várias razões, nem sempre possa efectivamente gerar uma nova vida.
O
filho pede para nascer, não de qualquer maneira, mas deste amor, porque ele
«não é uma dívida, mas uma dádiva», que é «o fruto do acto específico do amor
conjugal de seus pais».
Com
efeito, «segundo a ordem da criação, o amor conjugal entre um homem e uma mulher
e a transmissão da vida estão ordenados reciprocamente[ii].
Deste
modo, o Criador tornou participantes da obra da sua criação o homem e a mulher
e, ao mesmo tempo, fê-los instrumentos do seu amor, confiando à sua responsabilidade
o futuro da humanidade através da transmissão da vida humana»[iii].
Os
Padres sinodais referiram que «não é difícil constatar como se está espalhando
uma mentalidade que reduz a geração da vida a uma variável dos projectos individuais
ou dos cônjuges».
A
doutrina da Igreja «ajuda a viver de maneira harmoniosa e consciente a comunhão
entre os cônjuges, em todas as suas dimensões, juntamente com a responsabilidade
geradora. É preciso redescobrir a mensagem da Encíclica Humanae vitae de Paulo VI, que sublinha a necessidade de respeitar
a dignidade da pessoa na avaliação moral dos métodos de regulação da natalidade.
(...) A escolha da adopção e do acolhimento exprime uma fecundidade particular
da experiência conjugal».
Com
particular gratidão, a Igreja «apoia as famílias que acolhem, educam e rodeiam
de carinho os filhos deficientes».
Neste
contexto, não posso deixar de afirmar que, se a família é o santuário da vida,
o lugar onde a vida é gerada e cuidada, constitui uma contradição lancinante
fazer dela o lugar onde a vida é negada e destruída. É tão grande o valor[iv] duma
vida humana e inalienável o direito à vida do bebé inocente que cresce no
ventre de sua mãe, que de modo nenhum se pode afirmar como um direito sobre o
próprio corpo a possibilidade de tomar decisões sobre esta vida que é fim em si
mesma e nunca poderá ser objecto de domínio doutro ser humano. A família
protege a vida em todas as fases da mesma, incluindo o seu ocaso. Por isso, «quem
trabalha nas estruturas sanitárias, lembra-se a obrigação moral da objecção de
consciência. Da mesma forma, a Igreja não só sente a urgência de afirmar o direito
à morte natural, evitando o excesso terapêutico e a eutanásia», mas também
«rejeita firmemente a pena de morte».
Os
Padres quiseram sublinhar também que «um dos desafios fundamentais que as
famílias enfrentam hoje é seguramente o desafio educativo, que se tornou ainda
mais difícil e complexo por causa da realidade cultural actual e da grande
influência dos meios de comunicação».
«A
Igreja desempenha um papel precioso de apoio às famílias, a começar pela
iniciação cristã, através de comunidades acolhedoras». Mas parece-me muito
importante lembrar que a educação integral dos filhos é, simultaneamente, «dever
gravíssimo» e «direito primário» dos pais.[v] Não é apenas um encargo ou um peso, mas também um direito
essencial e insubstituível que estão chamados a defender e que ninguém deveria
pretender tirar-lhes. O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária,
acompanhando a função não-delegável dos pais, que têm direito de poder
escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem
dar aos seus filhos, de acordo com as suas convicções. A escola não substitui
os pais; serve-lhes de complemento. Este é um princípio básico: « qualquer
outro participante no processo educativo não pode operar senão em nome dos
pais, com o seu consenso e, em certa media, até mesmo por seu encargo».
Infelizmente,
«abriu-se uma fenda entre família e sociedade, entre família e escola; hoje, o
pacto educativo quebrou-se; e, assim, a aliança educativa da sociedade com a família
entrou em crise».
A
Igreja é chamada a colaborar, com uma acção pastoral adequada, para que os
próprios pais possam cumprir a sua missão educativa; e sempre o deve fazer, ajudando-os
a valorizar a sua função específica e a reconhecer que quantos recebem o
sacramento do matrimónio são transformados em verdadeiros ministros educativos,
pois, quando formam os seus filhos, edificam-na e, fazendo-o, aceitam uma vocação
que Deus lhes propõe.[vi]
A família e a Igreja.
«Com
íntima alegria e profunda consolação, a Igreja olha para as famílias que
permanecem fiéis aos ensinamentos do Evangelho, agradecendo-lhes pelo testemunho
que dão e encorajando-as. Com efeito, graças a elas, torna-se credível a beleza
do matrimónio indissolúvel e fiel para sempre. Na família, “como numa igreja
doméstica”[vii], amadurece a primeira experiência eclesial da comunhão
entre as pessoas, na qual, por graça, se reflecte o mistério da Santíssima
Trindade. “É aqui que se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor
fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e sobretudo o culto divino, pela
oração e pelo oferecimento da própria vida”».[viii]
A
Igreja é família de famílias, constantemente enriquecida pela vida de todas as
igrejas domésticas. Assim, «em virtude do sacramento do matrimónio, cada família
torna-se, para todos os efeitos, um bem para a Igreja. Nesta perspectiva, será
certamente um dom precioso, para o momento actual da Igreja[ix], considerar também a reciprocidade entre família e
Igreja: a Igreja é um bem para a família, a família é um bem para a Igreja. A
salvaguarda deste dom sacramental do Senhor compete não só à família
individual, mas a toda a comunidade cristã».
O
amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja. «O fim
unitivo do matrimónio é um apelo constante a crescer e aprofundar este amor. Na
sua união de amor, os esposos experimentam a beleza da paternidade e da maternidade;
partilham projectos e fadigas, anseios e preocupações; aprendem a cuidar um do
outro e a perdoar-se mutuamente.
Neste
amor, celebram os seus momentos felizes e apoiam-se nos episódios difíceis da
história da sua vida. (...)
A
beleza do dom recíproco e gratuito, a alegria pela vida que nasce e a amorosa
solicitude de todos os seus membros, desde os pequeninos aos idosos, são apenas
alguns dos frutos que tornam única e insubstituível a resposta à vocação da família»,
tanto para a Igreja como para a sociedade inteira.[x]
(cont)
(revisão
da versão portuguesa por AMA)
[iii] Conc. Ecum. Vat. II,
Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 48. 85 Catecismo
da Igreja Católica, 2366. 86 Cf. Paulo VI, Carta enc. Humanae vitae (25 de Julho
de 1968), 11-12: AAS 60 (1968), 488-489. 87 Catecismo da Igreja Católica, 2378.
88 Congr. para a Doutrina da Fé, Instr. sobre o respeito da vida humana nascente
e a dignidade da procriação Donum vitae (22 de Fevereiro de 1987), II, 8: AAS
80 (1988), 97
[v] Relatio Finalis
2015, 64. 94 Relatio Synodi 2014, 60. 95 Ibid., 61. 96 Código de Direito Canónico,
c. 1136; cf. Código dos Cânones das Igrejas Orientais, 627.
[vi] Pont. Conselho para
a Família, Sexualidade humana: verdade e significado (8 de Dezembro de 1995),
23. 98 Francisco, Catequese (20 de Maio de 2015): L’Osservatore Romano (ed.
semanal portuguesa de 21/V/2015), 20. 71 Igreja
[ix] Cf. João Paulo II,
Exort. ap. Familiaris consortio (22 de Novembro de 1981), 38: AAS 74 (1982),
129. 100 Cf. Francisco, Discurso à Assembleia diocesana de Roma (14 de Junho de
2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 18/VI/2015), 6. 101
Relatio Synodi 2014, 23.