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Temas para reflectir e meditar


Por acaso

Não!

O acaso não existe porque tudo absolutamente é o fruto da Vontade de Deus.
Talvez seja algo inesperado, alguma coisa ou acontecimento que sucede sem que tenhamos feito nada para isso.
Quando sucede, acontece, surge é porque Deus quer.

É simples:

Primeiro nós por nós mesmos não somos capazes de nada e, depois, como já se disse, Deus governa e manda em tudo e nada pode suceder sem que Ele o consinta.

AMA, reflexões, Dez 2018


Evangelho e comentário






TEMPO DA QUARESMA




Evangelho: Lc 4, 1-13


1 Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, 2 onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. 3 isse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: 4 «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» 5Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo 6 e disse-lhe: «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. 7 Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» 8 Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» 9 Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, 10 pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; 11 e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» 12 Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.» 13 Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.

Comentário:

Talvez que este trecho de São Lucas nos dê indicações preciosas sobre a tentação que o demónio “prefere” e usa com mais frequência: o orgulho pessoal.

Percebe-se porquê:

O orgulho pessoal está na origem de quase todos os pecados que o homem comete porque desfoca a realidade e o critério.

O mais grave, porém, é que o orgulho leva a pessoa a considerar-se capaz de tudo – inclusive resistir à tentação – levando-o a desprezar a cautela, a contenção, a prudência, o conselho.

(ama, comentário sobre Lc 4, 1-13, 14.12.2016)


Senhor, socorre-me.


Sinais inequívocos da verdadeira Cruz de Cristo: a serenidade, um profundo sentimento de paz, um amor disposto a qualquer sacrifício, uma eficácia grande, que dimana do próprio Lado de Jesus, e sempre – de modo evidente – a alegria: uma alegria que procede de saber que, quem se entrega de verdade, está junto da Cruz e, por conseguinte, junto de Nosso Senhor. (Forja, 772)

Aconselharei a quem quiser aprender com a experiência de um pobre sacerdote que não pretende falar senão de Deus, que, quando a carne tentar recobrar os seus foros perdidos, ou a soberba – que é pior – se revoltar e se encabritar, correr a abrigar-se nessas divinas fendas abertas no Corpo de Cristo pelos cravos que O seguraram à Cruz e pela lança que atravessou o Seu peito. Vamos como nos comover mais; derramemos nas Chagas de Nosso Senhor todo esse amor humano... e esse amor divino. Que isto é desejar a união, sentir-se irmão de Cristo, ser seu consanguíneo, filho da mesma Mãe, porque foi Ela que nos levou até Jesus.
Afã de adoração, ânsias de desagravo com sossegada suavidade e com sofrimento. Far-se-á vida na nossa vida a afirmação de Jesus: aquele que não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. E Nosso Senhor manifesta-se-nos cada vez mais exigente, pede-nos reparação e penitência, até nos fazer experimentar o fervoroso desejo de querer viver para Deus, pregado na cruz juntamente com Cristo. Mas guardamos este tesouro em vasos de barro frágil e quebradiço, para que se reconheça que a grandeza do poder que se vê em nós é de Deus e não nossa.

Vemo-nos acossados por toda a espécie de atribulações e nem por isso perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apuros, mas não desesperados, ou sem recursos; somos perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não inteiramente perdidos: trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus.

Parece-nos, além disso, que Nosso Senhor não nos escuta, que andamos enganados, que só se ouve o monólogo da nossa voz. Encontramo-nos como se não tivéssemos apoio na terra e fossemos abandonados pelo Céu. No entanto, é verdadeiro e prático o nosso horror ao pecado, mesmo ao pecado venial. Com a obstinação da Cananeia, prostramo-nos rendidamente como ela, que O adorou, implorando: Senhor, socorre-me. E desaparece a obscuridade, superada pela luz do Amor. (Amigos de Deus, nn. 303–304)

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Leitura espiritual



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

AMORIS LÆTITIA

DO SANTO PADRE FRANCISCO

AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS

ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA 

CAPÍTULO III

O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA

Os Padres sinodais lembraram que Jesus, «ao referir-Se ao desígnio primordial sobre o casal humano, reafirma a união indissolúvel entre o homem e a mulher, mesmo admitindo que, “por causa da dureza do vosso coração, Moisés permitiu que repudiásseis as vossas mulheres; mas, ao princípio, não foi assi»[i]. A indissolubilidade do matrimónio[ii] não se deve entender primariamente como “jugo” imposto aos homens, mas como um “dom” concedido às pessoas unidas em matrimónio. (...) A condescendência divina acompanha sempre o caminho humano, com a sua graça, cura e transforma o coração endurecido, orientando-o para o seu princípio, através do caminho da cruz. Nos Evangelhos, sobressai claramente a postura de Jesus, que (...) anunciou a mensagem relativa ao significado do matrimónio como plenitude da revelação que recupera o projecto originário de Deus»[iii]. «Jesus, que reconciliou em Si todas as coisas, voltou a levar o matrimónio e a família à sua forma original[iv]. A família e o[v] matrimónio foram redimidos por Cristo[vi], restaurados à imagem da Santíssima Trindade, mistério donde brota todo o amor verdadeiro. A aliança esponsal, inaugurada na criação e revelada na história da salvação, recebe a revelação plena do seu significado em Cristo e na sua Igreja. O matrimónio e a família recebem de Cristo, através da Igreja, a graça necessária para testemunhar o amor de Deus e viver a vida de comunhão. O Evangelho da família atravessa a história do mundo desde a criação do homem à imagem e semelhança de Deus[vii] até à realização do mistério da Aliança em Cristo no fim dos séculos com as núpcias do Cordeiro».[viii] «A postura de Jesus é paradigmática para a Igreja (...). Ele inaugurou a sua vida pública com o sinal de Caná, realizado num banquete de núpcias.[ix] (…) Com­partilhou momentos diários de amizade com a família de Lázaro e suas irmãs[x] e com a família de Pedro.[xi] Escutou o pranto dos pais pelos seus filhos, restituindo-os à vida[xii] e mostrando assim o verdadeiro significado da misericórdia, a qual implica a restauração da Aliança[xiii]. Vê-se isto claramente nos encontros com a mulher samaritana[xiv] e com a adúltera[xv], nos quais a noção do pecado é avivada perante o amor gratuito de Jesus».

A encarnação do Verbo numa família humana, em Nazaré, comove com a sua novidade a história do mundo. Precisamos de mergulhar no mistério do nascimento de Jesus, no sim de Maria ao anúncio do anjo, quando foi concebida a Palavra no seu seio; e ainda no sim de José, que deu o nome a Jesus e cuidou de Maria; na festa dos pastores no presépio; na adoração dos Magos; na fuga para o Egipto, em que Jesus participou no sofrimento do seu povo exilado, perseguido e humilhado; na devota espera de Zacarias e na alegria que acompanhou o nascimento de João Baptista; na promessa que Simeão e Ana viram cumprida no templo; na admiração dos doutores da lei ao escutarem a sabedoria de Jesus adolescente. E, em seguida, penetrar nos trinta longos anos em que Jesus ganhava o pão trabalhando com suas mãos, sussurrando a oração e a tradição crente do seu povo e formando-Se na fé dos seus pais, até fazê-la frutificar no mistério do Reino.

Este é o mistério do Natal e o segredo de Nazaré, cheio de perfume a família! É o mistério que tanto fascinou Francisco de Assis, Teresa do Menino Jesus e Charles de Foucauld, e do qual bebem também as famílias cristãs para renovar a sua esperança e alegria.
«A aliança de amor e fidelidade, vivida pela Sagrada Família de Nazaré, ilumina o princípio que dá forma a cada família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história. Sobre este fundamento, cada família, mesmo na sua fragilidade, pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo. “Aqui se aprende (…) uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social”[xvi]».

A família nos docu­mentos da Igreja.

O Concílio Ecuménico Vaticano II ocupou-se, na Constituição pastoral Gaudium et spes, da promoção da dignidade do matrimónio e da família[xvii]. «Definiu o matrimónio como comunidade de vida e amor[xviii], colocando o amor no centro da família (...). O “verdadeiro amor entre marido e mulher”[xix] implica a mútua doação de si mesmo, inclui e integra a dimensão sexual e a afectividade, correspondendo ao desígnio divino[xx]. Além disso sublinha o enraizamento dos esposos em Cristo: Cristo Senhor “vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimónio”[xxi], permanece com eles.
Na encarnação, Ele assume o amor humano, purifica-o, leva-o à plenitude e dá aos esposos, com o seu Espírito, a capacidade de o viver, impregnando toda a sua vida com a fé, a esperança e a caridade. Assim, os cônjuges são de certo modo consagrados e, por meio duma graça própria, edificam o Corpo de Cristo e constituem uma igreja doméstica[xxii], de tal modo que a Igreja, para compreender plenamente o seu mistério, olha para a família cristã, que o manifesta de forma genuína».
Em seguida, «na esteira do Concílio Vaticano II, o Beato Paulo VI aprofundou a doutrina sobre o matrimónio e a família. Em particular, com a Encíclica Humanae vitae, destacou o vínculo intrínseco entre amor conjugal e procriação: “o amor conjugal requer nos esposos uma consciência da sua missão de ‘paternidade responsável’, sobre a qual hoje tanto se insiste, e justificadamente, e que deve também ela ser compreendida com exactidão (...).
O exercício responsável da paternidade implica, portanto, que os cônjuges reconheçam plenamente os próprios deveres para com Deus, para consigo próprios, para com a família e para com a sociedade, numa justa hierarquia de valores”.[xxiii]
Na Exortação apostólica Evangelii nuntiandi, Paulo VI salientou a relação entre a família e a Igreja».[xxiv].
«São João Paulo II dedicou especial atenção à família, através das suas catequeses sobre o amor humano, a Carta às famílias Gratissimam sane e sobretudo com a Exortação apostólica Familiaris consortio. Nestes documentos, o Pontífice definiu a família «caminho da Igreja»; ofereceu uma visão de conjunto sobre a vocação ao amor do homem e da mulher; propôs as linhas fundamentais para a pastoral da família e para a presença da família na sociedade. Concretamente, ao tratar da caridade conjugal[xxv], descreveu o modo como os cônjuges, no seu amor mútuo, recebem o dom do Espírito de Cristo e vivem a sua vocação à santidade».
«Bento XVI, na Encíclica Deus caritas est, retomou o tema da verdade do amor entre o homem e a mulher, que se vê iluminado ple­namente apenas à luz do amor de Cristo crucificado[xxvi]. Sublinha que “o matrimónio baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o ícone do relacionamento de Deus com o seu povo e, vice-versa, o modo de Deus amar torna-se a medida do amor humano”[xxvii]. Além disso, na Encíclica Caritas in veritate, destaca a importância do amor como princípio de vida na sociedade[xxviii], lugar onde se aprende a experiência do bem comum».[xxix]

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)



[i] (Mt 19, 8)
[ii] (“o que Deus uniu não o separe o homem”: Mt 19, 6)
[iii] (cf. Mt 19, 3)
[iv] (cf. Mc 10, 1-12)
[v] 55 Ibid., 14
[vi] (cf. Ef 5, 21-32)
[vii] (cf. Gn 1, 26-27)
[viii] (cf. Ap 19, 9)
[ix] (cf. Jo 2, 1-11)
[x] (cf. Lc 10, 38)
[xi] (cf. Mt 8, 14)
[xii] (cf. Mc 5, 41; Lc 7, 14-15)
[xiii] (cf. João Paulo II, Dives in misericordia, 4)
[xiv] (cf. Jo 4, 1-30)
[xv] (cf. Jo 8, 1-11)
[xvi] (Paulo VI, Alocução em Nazaré, 5 de Janeiro de 1964)
[xvii] (cf. nn. 47-52)
[xviii] (cf. n. 48)
[xix] (n. 49)
[xx] (cf. nn. 48-49)
[xxi] (n. 48) e 58 Ibid., 38
[xxii] (cf. Lumen gentium, 11)
[xxiii] (n. 10)
[xxiv] Relatio Synodi 2014, 17. 60 Relatio Finalis 2015, 43. 58 69
[xxv] (cf. Familiaris consortio, 13)
[xxvi] (cf. n. 2)
[xxvii] (n. 11)
[xxviii] (cf. n. 44)
[xxix] Relatio Synodi 2014, 18. 62 Ibid., 19.