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15/12/2019

THALITA KUM 39


THALITA KUM 39 

(Cfr. Lc 8, 49-56)



Ainda não Lhe disse muitas coisas, acho que não é preciso, Ele sabe o quero dizer-lhe, mas, nas confidências de viajante, contei-Lhe das minhas expectativas, esperanças, ousadias, desejos por satisfazer. Sem querer, acho, fui abrindo o coração e em frases breves e curtas, deixei sair o que há tanto tempo estava como que travado dentro de mim.
Não tenho vergonha ou receio que me ache tonto, com pouco critério, talvez inconsequente.

Quis sempre tantas coisas e ao mesmo tempo!

Ouve-me sem me olhar, não pergunta nada, não faz um gesto de admiração ou surpresa. Parece que tudo quanto Lhe possa dizer já o conhece, mas, estranhamente, parece gostar que, não obstante, lho diga, Lhe conte as minhas privacidades, patenteie as ilusões e as quimeras do meu espírito sonhador.

E, a caminhada, prossegue.

Estamos agora tão alto que posso, olhando à minha volta, ver o que deixei, considerar o que fiz e, com grande pena, aperceber-me do que nunca cheguei a fazer. Como um filme, sem protagonista, nem guião, nem enredo; um filme simples, de uma história breve, comum e um pouco anónima.
Não me parece “grande coisa”.
Não trouxe nenhum equipamento especial para esta caminhada, vim tal qual estava, tenho a certeza que não irei precisar de nada.

Aliás Ele disse-me: nem cajado, nem duas túnicas, nem alforge

(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)

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