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01/10/2019

Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA
AUGUSTISSIMAE VIRGINIS MARIAE
DE SUA SANTIDADE
PAPA LEÃO XIII
1 –

A todos os Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos do Orbe Católico em graça e comunhão com a Sé Apostólica, sobre o Rosário de Nossa Senhora.
Veneráveis Irmãos, Saúde e Bênção Apostólica.

Exortação à devoção para com Maria

1. Quem quer que considere o grau sublime de dignidade e de glória a que Deus elevou a augustíssima Virgem Maria, facilmente pode compreender que vantagem traz à vida pública e privada o contínuo desenvolvimento e a sempre mais ardente difusão do seu culto.
De facto, Deus escolheu-a desde a eternidade para vir a ser Mãe do Verbo, que se encarnaria; e, por este motivo, entre todas as criaturas mais belas na ordem da natureza, da graça e da glória, Ele a distinguiu com privilégios tais, que a Igreja com razão aplica a ela aquelas palavras:

"Saí da boca do Altíssimo, primogénita antes de toda criatura" (Ecli. 24, 5).

Quando, pois, se iniciou o curso dos séculos, aos progenitores do género humano, caídos na culpa, e aos seus descendentes, contaminados pela mesma mancha, ela foi dada como penhor da futura reconciliação e da salvação.

2. Depois, o Filho de Deus, por sua vez, fez sua santíssima Mãe objecto de evidentes demonstrações de honra.
De facto, durante a sua vida privada, Ele escolheu-a como sua cooperadora nos dois primeiros milagres por Ele operados.
O primeiro foi um milagre de graça, e teve lugar quando, à saudação de Maria, a criança exultou no seio de Isabel;
O segundo foi um milagre na ordem da natureza; e teve lugar quando, nas bodas de Caná, Cristo transformou a água em vinho.

Chegado, depois, ao termo da sua vida pública, quando estava em via de estabelecer e selar com o seu sangue divino o Novo Testamento, Ele confiou-a ao seu Apóstolo predilecto, com aquelas suavíssimas palavras: «Eis aí tua mãe(Jo. 19, 27).

Portanto, Nós, que, embora indignamente, representamos na terra Jesus Cristo, Filho de Deus, enquanto tivermos vida nunca cessaremos de promover a glória dela.
E, como sentimos que, pelo peso grande dos anos, a Nossa vida não poderá durar ainda muito, não podemos deixar de repetir a todos os Nossos filhos e a cada um deles em particular as últimas palavras que Cristo nos deixou como testamento, enquanto pendia da cruz:

«Eis aí tua Mãe!».

Oh! como nos consideraríamos felizes se as Nossas recomendações chegassem a fazer com que cada fiel não tivesse na terra nada mais importante ou mais caro do que a devoção a Nossa Senhora, e pudesse aplicar a si mesmo as palavras que João escreveu de si: «O discípulo tomou-a consigo» (Jo. 19, 27).

3. Ora, ao aproximar-se o mês de Outubro, não queremos que, nem também este ano, Veneráveis Irmãos, vos falte uma Nossa Carta, para, com o ardor de que somos capazes, recomendar de novo a todos os católicos quererem ganhar para si mesmos e para Igreja, tão trabalhada, a protecção da Virgem, com a recitação do Rosário. Prática esta que, no descambar deste século, por divina disposição se tem maravilhosamente afirmado, para despertar a esmorecida piedade dos fiéis; como claramente atestam notáveis templos e célebres santuários dedicados à Mãe de Deus.

4. Depois de havermos dedicado a esta divina Mãe o mês de Maio com o dom das nossas flores, consagremos-lhe também, com afecto de singular piedade, o mês de Outubro, que é mês dos frutos.
Com efeito, parece justo dedicar estes dois meses do ano àquela que disse de si:
"As minhas flores tornaram-se frutos de glória e de riqueza" [1]


[1] (Ecli. 24, 23).


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