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05/05/2019

Leitura espiritual


Vida de Maria

A Imaculada Conceição

A história do homem sobre a terra é a história da misericórdia de Deus. Desde a eternidade, escolheu-nos Ele, antes da criação do mundo, para sermos santos e imaculados a seus olhos, pelo amor [1].

No entanto, por instigação do demónio, Adão e Eva revoltaram-se contra o plano divino: tornar-vos-eis como deuses, conhecedores do bem e do mal [2], tinha-lhes sussurrado o príncipe da mentira. E ouviram-no. Não quiseram dever nada ao amor de Deus. Procuraram conseguir, apenas pelas suas forças, a felicidade a que tinham sido chamados.

Mas Deus não desistiu. Desde a eternidade, na Sua Sabedoria e no Seu Amor infinitos, prevendo o mau uso da liberdade por parte dos homens, tinha decidido fazer-se um de nós mediante a Encarnação do Verbo, segunda Pessoa da Trindade.

Por isso, dirigindo-se a Satanás, que sob a figura de serpente tinha tentado o Adão e a Eva, o intimou: Eu porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e os descendentes dela [3]. É o primeiro anúncio da Redenção, no qual se antevê já a figura de uma Mulher, descendente de Eva, que será a Mãe do Redentor e, com Ele e sob Ele, esmagará a cabeça da serpente infernal. Uma luz de esperança se acende diante do género humano a partir do próprio instante em que pecamos.

"PROCURARAM CONSEGUIR, APENAS PELAS SUAS FORÇAS, A FELICIDADE A QUE TINHAM SIDO CHAMADOS”.

Começavam assim a cumprir-se as palavras inspiradas — escritas muitos séculos antes de que a Virgem viesse ao mundo — que a liturgia põe nos lábios de Maria de Nazaré. 
Javé criou-me como primeiro fruto da sua obra, no começo dos seus feitos mais antigos... 
Desde a eternidade, desde o princípio, antes que a terra começasse a existir. 
Fui gerada quando o oceano não existia e antes que existissem as fontes de água. 
Fui gerada antes que as montanhas e colinas fossem implantadas, quando Javé ainda não tinha feito a terra e a erva nem os primeiros elementos do mundo [4].

A Redenção do mundo estava em marcha já desde o primeiro momento. 
Depois, pouco a pouco, inspirados pelo Espírito Santo, os profetas foram desvelando os rasgos dessa filha de Adão a quem Deus – na previsão dos méritos de Cristo, Redentor universal do género humano – preservaria do pecado original e de todos os pecados pessoais e encheria de graça, para fazer d’Ela a digna Mãe do Verbo encarnado.

"CONSEGUIU UMA VITÓRIA CONTRA UM INIMIGO IMPONENTE, AO PONTO DE QUE A ELA, MAIS DO QUE A NINGUÉM, SE DIRIGEM AQUELES LOUVORES".

Ela é a virgem que concebeu e dará à luz um Filho e chamá-lo-á Emanuel [5]; está representada em Judite, a heroína do povo hebreu que conseguiu uma vitória contra um inimigo imponente, ao ponto de que a Ela, mais do que a ninguém, se dirigem aqueles louvores: Tu és a glória de Jerusalém! 

Tu és a honra de Israel! 
Tu és o orgulho do nosso povo... 
Que o Senhor Todo-poderoso te abençoe para todo o sempre [6].

Extasiados diante da beleza de Maria, os cristãos dirigiram-lhe sempre todo o género de louvores, que a Igreja recolhe na liturgia: horto cerrado, lírio entre espinhos, fonte selada, porta do céu, torre vitoriosa contra o dragão infernal, paraíso de delícias plantado por Deus, estrela amiga dos náufragos, Mãe puríssima...


[1] Ef 1, 4
[2] Gn 3, 5
[3] Gn 3, 15
[4] Pr 8, 22-26
[5] Is 7, 14
[6] Jt 15, 9-10

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