por El Reto del amor
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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31/03/2019
Temas para reflectir e meditar
Sabedoria Divina
A sabedoria infindável do Todo-Poderoso, juntamente com a Sua incomensurável bondade, tem como consequência que, em termos gerais, não poderia acontecer nada melhor do que aquilo que é criado por Deus…
Por esse motivo, sempre que surge algo censurável na obra de Deus, aceitamos que não a conhecemos suficientemente bem e que a maneira como pode ser examinada e julgada nunca poderia ter sido desejada de melhor forma.
A sabedoria infindável do Todo-Poderoso, juntamente com a Sua incomensurável bondade, tem como consequência que, em termos gerais, não poderia acontecer nada melhor do que aquilo que é criado por Deus…
Por esse motivo, sempre que surge algo censurável na obra de Deus, aceitamos que não a conhecemos suficientemente bem e que a maneira como pode ser examinada e julgada nunca poderia ter sido desejada de melhor forma.
(gisbert greshake, Der Preis der Liebe, Bestnnung uber das Leid, Freiburg, 1978, p. 15, trad ama)
Leitura espiritual
AMORIS LÆTITIA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA
CAPÍTULO VI
ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS.
Acompanhamento nos primeiros anos da vida matrimonial.
Cada matrimónio é uma «história de salvação», o que supõe partir
duma fragilidade que, graças ao dom de Deus e a uma resposta criativa e
generosa, pouco a pouco vai dando lugar a uma realidade cada vez mais sólida e
preciosa.
Talvez a maior missão de um
homem e de uma mulher no amor seja esta: a de se tornarem, um ao outro, mais
homem e mais mulher. Fazer crescer é ajudar o outro a moldar-se na sua própria
identidade. Por isso o amor é artesanal.
Quando se lê a passagem da
Bíblia sobre a criação do homem e da mulher, primeiro vê-se Deus que plasma o
homem[i], depois dá-Se conta de que falta alguma coisa
essencial e plasma a mulher, e então vê a surpresa do homem: «Ah! Agora sim! Esta sim!» E, em seguida,
quase nos parece ouvir aquele estupendo diálogo no qual o homem e a mulher
fazem a mútua descoberta. Com efeito, mesmo nos momentos difíceis, o outro
volta a surpreender e abrem-se novas portas para se reencontrar, como se fosse
a primeira vez; e, em cada nova etapa, tornam a «plasmar-se» um ao outro. O amor faz com que um espere pelo outro,
exercitando aquela paciência própria de artesão, que herdou de Deus.
O acompanhamento deve
encorajar os esposos a serem generosos na comunicação da vida.
«De acordo com o carácter
pessoal e humanamente completo do amor conjugal, o justo caminho para o
planeamento familiar pressupõe um diálogo consensual entre os esposos, o
respeito dos tempos e a consideração da dignidade de ambos os membros do casal.
Neste sentido, é preciso redescobrir a Encíclica Humanae vitae[ii] e a Exortação apostólica Familiaris consortio[iii] para se reavivar
a disponibilidade a procriar, contrastando uma mentalidade frequentemente hostil
à vida. (...)
A opção da paternidade
responsável pressupõe a formação da consciência que é “o centro mais secreto e
o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir
na intimidade do seu ser”[iv].
Quanto mais procurarem os esposos
ouvir, na sua consciência, a Deus e os seus mandamentos[v] e se fizerem acompanhar espiritualmente, tanto mais a
sua decisão será intimamente livre de um arbítrio subjectivo e da acomodação às
modas de comportamento no seu ambiente.
Continua a ser válido o
que ficou dito, com clareza, no Concílio Vaticano II: os cônjuges, «de comum acordo e com esforço comum,
formarão rectamente a própria consciência, tendo em conta o seu bem próprio e o
dos filhos já nascidos ou que prevêem virão a nascer, sabendo ver as condições
de tempo e da própria situação e tendo, finalmente, em consideração o bem da
comunidade familiar, da sociedade temporal e da própria Igreja. São os próprios
esposos que, em última instância, devem diante de Deus tomar esta decisão».
Por outro lado, «deve promover-se o uso dos métodos baseados
nos “ritmos naturais da fecundidade”[vi].
Ponha-se
em evidência também que “estes métodos respeitam o corpo dos esposos, estimulam
a ternura entre eles e favorecem[vii] a educação duma
liberdade autêntica”[viii], insistindo sempre
que os filhos são um dom maravilhoso de Deus, uma alegria para os pais e para a
Igreja. Através deles, o Senhor renova o mundo».
Alguns recursos.
Os Padres sinodais
afirmaram que «os primeiros anos de matrimónio são um período vital e delicado,
durante o qual os cônjuges crescem na consciência dos desafios e do significado
do matrimónio. Daí a necessidade dum acompanhamento pastoral que continue
depois da celebração do sacramento[ix]. Nesta
pastoral, tem grande importância a presença de casais de esposos com
experiência. A paróquia é considerada como o lugar onde casais especializados
podem colocar à disposição dos casais mais jovens a sua ajuda, com o eventual
apoio de associações, movimentos eclesiais e novas comunidades. Deve-se
encorajar os esposos para uma atitude fundamental de acolhimento do grande dom
dos filhos. É preciso sublinhar a importância da espiritualidade familiar, da
oração e da participação na Eucaristia dominical, e animar os cônjuges a
reunirem-se regularmente para promoverem o crescimento da vida espiritual e a
solidariedade nas exigências concretas da vida.
Liturgias, práticas
devocionais e Eucaristias celebradas para as famílias, sobretudo no aniversário
de matrimónio, foram citadas como vitais para favorecer a evangelização através
da família»[x].
Este caminho é uma questão
de tempo. O amor precisa de tempo disponível e gratuito, colocando outras
coisas em segundo lugar. Faz falta tempo para dialogar, abraçar-se sem pressa,
partilhar projectos, escutar-se, olhar-se nos olhos, apreciar-se, fortalecer a
relação. Umas vezes, o problema é o ritmo frenético da sociedade, ou os
horários impostos pelos compromissos laborais. Outras vezes, o problema é que o
tempo transcorrido em conjunto não tem qualidade; limitam-se a partilhar um
espaço físico, mas sem prestar atenção um ao outro. Os agentes pastorais e os
grupos de famílias deveriam ajudar os casais jovens ou frágeis a aprenderem a encontrar-se
nestes momentos, a parar um diante do outro, e inclusive a partilhar momentos
de silêncio que os obriguem a sentir a presença do cônjuge.
Os esposos que têm uma boa
experiência de «treino» nesta linha, podem oferecer os instrumentos práticos
que lhes foram úteis: a programação dos momentos para estar juntos sem nada
exigir, os tempos de recreação com os filhos, as várias maneiras de celebrar
coisas importantes, os espaços de espiritualidade partilhada. Mas podem também
ensinar recursos que ajudam a encher de conteúdo e sentido tais momentos, para
se aprender a comunicar melhor.[xi] Isto é da máxima importância quando se apagou a
novidade do noivado. Com efeito, quando não se sabe que fazer com o tempo
partilhado, um ou outro dos cônjuges acabará por se refugiar na tecnologia,
inventará outros compromissos, buscará outros braços, ou escapará duma intimidade
incómoda.
Aos casais jovens, deve
animar-se também a criar os seus próprios hábitos, que proporcionem uma salutar
sensação de estabilidade e protecção e que se constroem com uma série de rituais
diários compartilhados. É bom dar-se sempre um beijo pela manhã, benzer-se
todas as noites, esperar pelo outro e recebê-lo à chegada, ter alguma saída juntos,
compartilhar as tarefas domésticas. Ao mesmo tempo, porém, é bom vencer a
rotina com a festa, não perder a capacidade de celebrar em família, alegrar-se
e festejar as experiências belas. Precisam de compartilhar a surpresa pelos
dons de Deus e alimentar, juntos, o entusiasmo pela vida. Quando se sabe
celebrar, esta capacidade renova a energia do amor, liberta-o da monotonia e
enche de cor e esperança os hábitos diários.
Nós, pastores, devemos
animar as famílias a crescerem na fé. Para isso, é bom incentivar a confissão
frequente, a direcção espiritual, a participação em retiros. Mas há que convidar
também a criar espaços semanais de oração familiar, porque «a família que reza unida permanece unida».
Entretanto, quando
visitamos os lares, devemos convidar todos os membros da família para um
momento de oração, a fim de rezar uns pelos outros e entregar a família nas
mãos do Senhor. Ao mesmo tempo, convém incentivar cada um dos cônjuges a
reservar momentos de oração a sós diante de Deus, porque cada qual tem as suas
cruzes secretas. Por que não contar a Deus o que turba o coração ou pedir-Lhe a
força para curar as próprias feridas e pedir as luzes necessárias para poder
cumprir o próprio compromisso? Os Padres sinodais salientaram também que «a Palavra de Deus é fonte de vida e
espiritualidade para a família. Toda a pastoral familiar deverá deixar-se
moldar interiormente e formar os membros da igreja doméstica, através da
leitura orante e eclesial da Sagrada Escritura. A Palavra de Deus é não só uma
boa nova para a vida privada das pessoas, mas também um critério de juízo e uma
luz para o discernimento dos vários desafios que têm de enfrentar os cônjuges e
as famílias».
(cont)
(revisão da versão
portuguesa por AMA)
Evangelho e comentário
TEMPO DA QUARESMA
Evangelho: Lc 15, 1-32
1 Aproximavam-se dele todos os
cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. 2 Mas os fariseus e os
doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come
com eles.» 3 Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: 4 «Qual é o homem dentre vós que,
possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no
deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? 5 Ao
encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros 6 e, ao chegar a casa, convoca os amigos
e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha
perdida.’ 7 Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte,
do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão.» 8 «Ou qual é
a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma, não acende a candeia, não varre
a casa e não procura cuidadosamente até a encontrar? 9 E, ao encontrá-la,
convoca as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a
dracma perdida.’ 10 Digo-vos: Assim há alegria entre os anjos de Deus por um só
pecador que se converte.» 11 Disse ainda: «Um homem
tinha dois filhos. 12 O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens
que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois. 13 Poucos dias
depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por
lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. 14 Depois de gastar
tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. 15 Então,
foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou
para os seus campos guardar porcos. 16 Bem desejava ele encher o estômago com
as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 E, caindo em si,
disse: ‘Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a
morrer de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai,
pequei contra o Céu e contra ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho;
trata-me como um dos teus jornaleiros.’ 20 E, levantando-se, foi ter com o pai.
Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a
lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos. 21 O filho disse-lhe: ‘Pai,
pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’ 22 Mas o
pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha;
dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. 23 Trazei o vitelo gordo e
matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24 porque este meu filho estava
morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou. 25 Ora,
o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa
ouviu a música e as danças. 26 Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era
aquilo. 27 Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo,
porque chegou são e salvo.’ 28 Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai,
saindo, suplicava-lhe que entrasse. 29 Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já
tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste
um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; 30 e agora, ao chegar esse
teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.’
31 O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é
teu. 32 Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão
estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.’»
Comentário:
Esta alegria do
pai que vê regressar o filho à casa paterna donde se afastou por vontade
própria, está bem espelhada nos exemplos do dracma perdido e da ovelha
tresmalhada e, magistralmente, na parábola do filho pródigo.
Há, contudo, uma
diferença entre as duas primeiras e esta última.
Naquelas é o
pastor e a dona de casa que deixam tudo para recuperar o que estava perdido,
nesta última é o próprio extraviado que regressa por decisão própria.
O que está
presente. nos três exemplos que dou é a alegria do reencontro, da recuperação
do perdido. alegria tão grande que não pode reservar-se e tem de se comunicar
aos outros.
É esta mesma
alegria que cada um de nós sente quando pela oração e a acção, alguém arrepia
caminho e volta ao convívio da Igreja.
Valem, pois, a
pena todos os nossos esforços nesse trabalho de apostolado.
(AMA, comentário sobre Lc 15, 1-10, 11.03.2016)
O Trabalho: Caminho de santidade
Está a ajudar-te muito, dizes-me, este pensamento: desde os primeiros
cristãos, quantos comerciantes terão sido santos? E queres demonstrar que
também agora isso é possível... O Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)
Para seguir os passos de Cristo, o apóstolo de hoje não vem
reformar nada, e menos ainda desentender-se da realidade histórica que o rodeia...
Basta-lhe actuar como os primeiros cristãos, vivificando o ambiente. (Sulco, 320)
O que sempre ensinei – desde há quarenta anos – é que todo o trabalho
humano honesto, tanto intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão
com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional)
e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens).
Porque, feito assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que
pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação
da sua dimensão divina – e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação
e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça,
santifica-se, converte-se em obra de Deus, operatio
Dei, opus Dei.
Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Génesis – que
Deus criou o homem para que trabalhasse –, fixámo-nos no exemplo de Cristo, que
passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como
artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, e
cultivou e santificou. Vemos no trabalho – na nobre e criadora fadiga dos
homens – não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o
progresso da sociedade e o ordenamento cada vez mais justo das relações entre
os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do
amor dos homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de
santificação. (Temas Actuais do Cristianismo, 10)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Lembrar-me:
Cultivar a Fé
São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
30/03/2019
Temas para reflectir e meditar
Salmos
As queixas podem e devem ser expressas a Deus.
Muitas pessoas têm medo de acusar Deus, durante a oração. Pensam que não devem questioná-lo.
Mas são precisamente os Salmos que nos convidam a dirigir recorrentemente a Deus as nossas queixas.
As queixas podem e devem ser expressas a Deus.
Muitas pessoas têm medo de acusar Deus, durante a oração. Pensam que não devem questioná-lo.
Mas são precisamente os Salmos que nos convidam a dirigir recorrentemente a Deus as nossas queixas.
(anselm grun, A incompreensível existência de Deus, Paulinas, p. 79)
Reflexões ao Sábado
Diz-me, Senhora minha, se
esses olhos tristes que vejo estão assim por mim!
Por algo que não fiz ou
fiz mal ou, talvez, tenha deixado de fazer!
Eu perscruto no meu
coração mas não encontro nada, absolutamente, que possa ser a causa desses
olhos tristes.
Então, diz-me, minha Mãe
do Céu, que posso fazer – agora… já! – para ver de novo o teu sorriso brilhar
nos teus olhos carinhosos.
Não quero ver-te triste,
não quero… não quero!
Bem sei que pouco ou nada
valho mas este pouco é teu inteiramente, sem condições nem reservas.
És, Senhora minha, a minha
alegria, a minha esperança o meu consolo e refúgio.
Senhora! Não estejas
triste!
(AMA,
reflexões, Dez. 2018)
Leitura espiritual
AMORIS LÆTITIA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA
CAPÍTULO VI
ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS.
Guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimónio.
3
A preparação da celebração.
A preparação próxima do
matrimónio tende a concentrar-se nos convites, na roupa, na festa com os seus
inumeráveis detalhes que consomem tanto os recursos económicos como as energias
e a alegria. Os noivos chegam desfalecidos e exaustos ao casamento, em vez de
dedicarem o melhor das suas forças a preparar-se como casal para o grande passo
que, juntos, vão dar. Esta mesma mentalidade subjaz também à decisão dalgumas
uniões de facto que nunca mais chegam ao matrimónio, porque pensam nas elevadas
despesas da festa, em vez de darem prioridade ao amor mútuo e à sua
formalização diante dos outros.
Queridos noivos, tende a
coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e
da aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado
pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e simples, para colocar
o amor acima de tudo. Os agentes pastorais e toda a comunidade podem ajudar
para que esta prioridade se torne a norma e não a excepção.
Na preparação mais
imediata, é importante esclarecer os noivos para viverem com grande
profundidade a celebração litúrgica, ajudando-os a compreender e viver o
significado de cada gesto. Lembremo-nos de que um compromisso tão grande como
este expresso no consentimento matrimonial e a união dos corpos que consuma o
matrimónio, quando se trata de dois baptizados, só podem ser interpretados como
sinais do amor do Filho de Deus feito carne e unido com a sua Igreja em aliança
de amor. Nos baptizados, as palavras e os gestos transformam-se numa linguagem
que manifesta a fé. O corpo, com os significados que Deus lhe quis infundir ao
criá-lo, «transforma-se na linguagem dos
ministros do sacramento, conscientes de que, no pacto conjugal, se manifesta e
realiza o mistério».
Às vezes, os noivos não
percebem o peso teológico e espiritual do consentimento, que ilumina o
significado de todos os gestos sucessivos. É necessário salientar que aquelas
palavras não podem ser reduzidas ao presente; implicam uma totalidade que inclui
o futuro: «até que a morte vos separe».
O sentido do consentimento
mostra que «liberdade e fidelidade não se
opõem uma à outra, aliás apoiam-se reciprocamente quer nas relações
interpessoais quer nas sociais. De facto, pensemos nos danos que produzem, na
civilização da comunicação global, o aumento de promessas não mantidas (...). A
honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se podem comprar nem vender.
Não podem ser impostas com a força, nem guardadas sem sacrifício».
Os bispos do Quénia
fizeram notar que «os futuros esposos, muito
concentrados com o dia da boda, esquecem-se de que estão a preparar-se para um compromisso
que dura a vida inteira».
Temos de ajudá-los a
darem-se conta de que o sacramento não é apenas um momento que depois passa a
fazer parte do passado e das recordações, mas exerce a sua influência sobre
toda a vida matrimonial, de maneira permanente[i].
O significado procriador
da sexualidade, a linguagem do corpo e os gestos de amor vividos na história
dum casal de esposos transformam-se numa «continuidade
ininterrupta da linguagem litúrgica» e «a
vida conjugal torna-se de algum modo liturgia».
Também se pode meditar com
as leituras bíblicas e enriquecer a compreensão do significado das alianças que
trocam entre si, ou doutros sinais que fazem parte do rito. Mas não seria bom
chegarem ao matrimónio sem ter rezado juntos, um pelo outro, pedindo ajuda a
Deus para serem fiéis e generosos, perguntando juntos a Deus que espera deles,
e inclusive consagrando o seu amor diante duma imagem de Maria. Quem os
acompanha na preparação do matrimónio deveria orientá-los para que saibam viver
estes momentos de oração, que lhes podem fazer muito bem.
«A liturgia nupcial é um evento único, que se vive no contexto familiar
e social duma festa. Jesus começou os seus milagres no banquete das bodas de
Caná: o vinho bom do milagre do Senhor, que alegra o nascimento duma nova
família, é o vinho novo da Aliança de Cristo com os homens e mulheres de cada
tempo[ii]. (...)
Frequentemente, o celebrante tem a oportunidade de se dirigir a uma assembleia
formada por pessoas que participam pouco na vida eclesial ou pertencem a outra confissão
cristã ou comunidade religiosa. Trata-se, pois, duma preciosa ocasião para
anunciar o Evangelho de Cristo».
Acompanhamento nos primeiros anos da vida matrimonial.
Temos de reconhecer como
um grande valor que se compreenda que o matrimónio é uma questão de amor: só se
podem casar aqueles que se escolhem livremente e se amam. Apesar disso, se o
amor se reduzir a mera atracção ou a uma vaga afectividade, isto faz com que os
cônjuges sofram duma extraordinária fragilidade quando a afectividade entra em
crise ou a atracção física diminui. Uma vez que estas confusões são frequentes,
torna-se indispensável o acompanhamento dos esposos nos primeiros anos de vida
matrimonial, para enriquecer e aprofundar a decisão consciente e livre de se
pertencerem e amarem até ao fim. Muitas vezes o tempo de noivado não é
suficiente, a decisão de casar-se apressa-se por várias razões e, como se não
bastasse, atrasou a maturação dos jovens. Assim os recém-casados têm de
completar aquele percurso que deveria ter sido feito durante o noivado.[iii]
Por outro lado, quero
insistir que um desafio da pastoral familiar é ajudar a descobrir que o
matrimónio não se pode entender como algo acabado. A união é real, é
irrevogável e foi confirmada e consagrada pelo sacramento do matrimónio; mas,
ao unir-se, os esposos tornam-se protagonistas, senhores da sua própria
história e criadores dum projecto que deve ser levado para a frente
conjuntamente. O olhar volta-se para o futuro, que é preciso construir
dia-a-dia com a graça de Deus e, por isso mesmo, não se pretende do cônjuge que
seja perfeito. É preciso pôr de lado as ilusões e aceitá-lo como é: inacabado,
chamado a crescer, em caminho.
Quando o olhar sobre o
cônjuge é constantemente crítico, isto indica que o matrimónio não foi assumido
também como um projecto a construir juntos, com paciência, compreensão,
tolerância e generosidade.
Isto faz com que o amor
seja substituído pouco a pouco por um olhar inquisidor e implacável, pelo
controle dos méritos e direitos de cada um, pelas reclamações, a competição e a
autodefesa. Deste modo tornam-se incapazes de se apoiarem um ao outro para o
amadurecimento de ambos e para o crescimento da união. Aos novos cônjuges, é
necessário apresentar isto com clareza realista desde o início, de modo que tomem
consciência de que estão apenas a começar.
O «sim» que deram um ao
outro é o início dum itinerário, cujo objectivo se propõe superar as circunstâncias
que surgirem e os obstáculos que se interpuserem. A bênção recebida é uma graça
e um impulso para este caminho sempre aberto. Habitualmente ajuda sentar-se a
dialogar para elaborar o seu projecto concreto com os seus objectivos, meios,
detalhes.
Lembro-me dum refrão que
dizia que a água estagnada corrompe-se, estraga-se. O mesmo acontece com a vida
do amor nos primeiros anos do matrimónio quando fica estagnada, cessa de
mover-se, perde aquela inquietude sadia que a faz avançar. A dança conduzida
com aquele amor jovem, a dança com aqueles olhos iluminados pela esperança, não
deve parar.
No noivado e nos primeiros
anos de matrimónio, é a esperança que tem em si a força do fermento, que faz
olhar para além das contradições, conflitos, contingências, que sempre faz ver
mais além; é ela que põe em movimento a ânsia de se manter num caminho de
crescimento.
A mesma esperança
convida-nos a viver em cheio o presente, colocando o coração na vida familiar,
porque a melhor forma de preparar e consolidar o futuro é viver bem o presente.
O caminho implica passar
por diferentes etapas, que convidam a doar-se com generosidade: do impacto
inicial caracterizado por uma atracção decididamente sensível, passa-se à necessidade
do outro sentido como parte da vida própria. Daqui passa-se ao gosto da
pertença mútua, seguido pela compreensão da vida inteira como um projecto de ambos,
pela capacidade de colocar a felicidade do outro acima das necessidades próprias,
e pela alegria de ver o próprio matrimónio como um bem para a sociedade.
O amadurecimento do amor
implica também aprender a «negociar».
Não se trata duma atitude interesseira nem dum jogo de tipo comercial, mas, em
última análise, dum exercício do amor recíproco, já que esta negociação é um
entrelaçado de recíprocas ofertas e renúncias para o bem da família. Em cada nova
etapa da vida matrimonial, é preciso sentar-se e negociar novamente os acordos,
de modo que não haja vencedores nem vencidos, mas ganhem ambos.
No lar, as decisões não se
tomam unilateralmente, e ambos compartilham a responsabilidade pela família;
mas cada lar é único e cada síntese conjugal é diferente.
Uma das causas que leva a
rupturas matrimoniais é ter expectativas demasiado altas sobre a vida conjugal.
Quando se descobre a realidade mais limitada e problemática do que se sonhara,
a solução não é pensar imediata e irresponsavelmente na separação, mas assumir
o matrimónio como um caminho de amadurecimento, onde cada um dos cônjuges é um
instrumento de Deus para fazer crescer o outro. É possível a mudança, o
crescimento, o desenvolvimento das potencialidades boas que cada um traz dentro
de si.
(cont)
(revisão da versão
portuguesa por AMA)
[i] João Paulo II,
Catequese (27 de Junho de 1984), 4: Insegnamenti 7/1 (1984), 1941;
L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 01/VII/1984), 12. Francisco,
Catequese (21 de Outubro de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa
de 22/X/2015), 16. 244 Conferência Episcopal do Quénia, Mensagem de Quaresma
(18 de Fevereiro de 2015).
[ii] Cf. Pio XI, Carta
enc. Casti connubii (31 de Dezembro de 1930): AAS 22 (1930), 583. 246 João
Paulo II, Catequese (4 de Julho de 1984), 3.6: Insegnamenti 7/2 (1984), 9.10;
L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 08/VII/1984), 12.