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06/02/2019

Leitura espiritual


Os talentos

Deus espera que nós procuremos ver todas as situações e em particular as difíceis, com os olhos da fé. 

Na parábola dos talentos, Jesus diz-nos que não nos fechemos ao conhecimento de Deus procedente da fé. e adverte-nos contra a preguiça com que usamos todos os dons que Ele constantemente nos concede. Deixando aos Seus servidores dez talentos, ao segundo cinco e ao terceiro um, o Senhor com fiou-lhes responsabilidades e ainda lhes deu uma oportunidade para trabalharem.

A palavra talento, que no tempo de Cristo equivalia a um certo valor monetário, [i] utiliza-se hoje em dia como um certo “valor” intelectual, diz-se, por exemplo, de alguém que é u músico de talento, ou um matemático talentoso, etc.

O sentido da parábola dos talentos é, no entanto, muito mais profundo. O pensamento evangélico comporta, por assim dizer, uma viragem de cento e oitenta graus no nosso pensamento vulgar, puramente humano. 
É o que acontece na parábola dos talentos.

O talento é um dom, uma matéria-prima, mas ao mesmo tempo, uma oportunidade. Ao entregar-te um determinado talento, Cristo dá-te mostras de confiança, esperando que o ponhas a render.

Se Ele te deu determinadas capacidades não Lhe é indiferente o uso que delas faças. Se, no entanto, não as recebeste também isso é um talento.

Talento não é apenas algo que recebemos de Deus, mas também pode ser a carência de alguma coisa.

A boa saúde, por exemplo, é um talento mas à luz da fé, a falta dela também o é.
Em ambas as situações, Jesus faz-te a mesma pergunta: ‘Que fazes com esse talento’?
Com efeito, tanto podemos desperdiçar a saúde, como – e mais ainda – a falta dela.

Porém, tudo é dom, e todo o talento também é dom.

Deus está constantemente a conceder-nos dons.
Se, por exemplo, julgas que não és capaz de rezar, isso também é um talento, ainda que julgues tratar-se de uma infelicidade.
O que conta é o modo como enfrentas as dificuldades que acompanham a tua oração. 
É bem possível que tenhas enterrado esse talento dizendo para contigo: ‘Pois bem já eu se é assim desisto de rezar’.

No entanto, disso bem se poderia extrair que a incapacidade de orar deveria aumentar em ti a fome de Deus e, por conseguinte, constituir para ti um meio de santificação.

O mesmo pode suceder, quando tenhas problemas em casa, quando haja qualquer conflito familiar: são tantos outros talentos que o Senhor te oferece.

Que fazes com eles?
Se desanimas, se te desencorajas e cruzas os braços, significa que os enterras.

O homem de fé não pode deixar de se aperceber do sentido mais profundo das suas provações pessoais e, de resto, a própria procura do sentido profundo dessas provas é para si mesma uma forma de pôr a render aquele talento.

(…)

Se determinadas situações provocam em ti um certa tensão, isso quer dizer que nelas se esconde como que encoberto pela cinza, um “diamante”, o teu talento.

Que poderás fazer com ele? Como o utilizarás?

Na realidade, tudo deve servir para a tua santificação e, nesse sentido, «tudo é graça».
Mesmo o sofrimento que te esmaga, ou as várias circunstâncias adversas, eis todo um conjunto de talentos.
No entanto, muitas vezes estamos como que cegos, crianças pequenas a quem escapa a compreensão de inúmeras coisas. 
Somente um dia, quando comparecermos na presença de Deus, veremos e compreenderemos tudo.

Conheceremos então todo esse oceano de dons em que estávamos imersos.

Todos os talentos são preciosos, embora uns o sejam menos e outros mais.
Se alguma coisa te saiu bem, se obtiveste bom resultado, sem dúvida que fizeste uso de um talento, todavia se apenas te surgem contrariedades, eis um talento ainda mais valioso.

Os próprios insucessos constituem os tesouros mais inestimáveis que te são oferecidos na tua vida.



(cfr Meditações sobre a Fé, Tadeusz Dajczer.
(revisão da versão portuguesa por AMA)





[i] Cerca de 50 kgs de prata, nota de AMA

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