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16/01/2019

Leitura espiritual


JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


SEGUNDA PARTE

A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO


Capítulo IX

OS MISTÉRIOS DA VIDA TERRENA DE CRISTO E O SEU VALOR REDENTOR


3. Mistérios da vida oculta de Jesus em Nazaré

c) A pregação de Jesus

    A actividade de Jesus durante a sua vida pública centra-se na pregação do Reino de Deus (cf. Mt 4,23; 9,35). «Depois de João ter sido preso, veio Jesus á Galileia pregando a Boa Nova de Deus, e dizendo: O tempo cumpriu-se e o Reino de Deus está perto; convertei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1,14-15). Este reino consiste em que os homens sejam tornados partícipes da vida e terna e feliz de Deus.

    A sua pregação é exequível, simples e clara, e simultaneamente exigente. Jesus ensina com amor a verdade às almas; por isso, o seu ensinamento é muito concreto e realista em todo o momento. E está cheio de comparações e exemplos simples e bem conhecidos dos ouvintes que contribuem para tornar claros os seus ensinamentos (cf. Os exemplos da sementeira, as ervas más, as fainas da pesca, a confecção do pão, as festas de bodas, etc.).
    Explica frequentemente «o mistério do reino dos céus» por meio de parábolas (cf. Mt 13,10-13); comparações prolongadas que constituem um traço dos seus ensinamentos. Por meio delas convida para o banquete do reino (cf. Mt 22,1-14), mas também exige que acolhamos as suas palavras com fé e nos decidamos seriamente a segui-las para alcançar o Reino, ainda que haja que dar tudo (cf. Mt 13,44-45).

d) Os milagres de Jesus

    Jesus acompanha a sua doutrina com milagres, que a Escritura chama também «sinais» porque são feitos admiráveis e sobre-humanos que fazem referência a outra realidade divina.

    Os milagres são sinais do Messias anunciado. «Ao libertar alguns homens dos males terrenos da fome (cf. Jo 6,5-15), da injustiça, (cf. Lc 19,8), da doença e da morte (cf. Mt 11,5) Jesus realizou uns sinais messiânicos; não obstante, não veio para abolir todos os males daqui de baixo (cf. Lc 12,13.14; Jo 18,36), mas libertar os homens da escravidão mais grave, a do pecado (cf. Jo 8,34,36), que é o obstáculo na sua vocação de filhos de Deus e causa de todas as suas servidões humanas»[i].

    Os milagres são sinais da sua missão e da sua divindade. Os milagres de Jesus testemunham, que o Pai o enviou (cf. Jo 5,26; 10,25), e convidam a acreditar em Jesus (cf. Jo 10,38): são sinais da sua missão divina e da autenticidade da sua doutrina. E ainda mais, testemunham que Ele é o Filho de Deus (cf. Jo 10,31-38) porque os realiza com o seu próprio poder (cf. Lc 6,19), poder divino comum com Deus Pai (cf. Jo 14,10-11).

    Os milagres são começo e sinal da libertação definitiva. Os milagres, de modo especial a expulsão dos demónios, constituem a derrota do reino de Satanás: «Se pelo Espírito de Deus eu expulso os demónios, é que chegou a vós o reino de Deus» (Mt 12,28). Os milagres antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12,31) que será definitivamente estabelecida com a cruz[ii].


e) A convocação dos discípulos

    Os discípulos são o gérmen e o começo do Reino. Cristo inaugurou o Reino reunindo os homens em seu torno: «O gérmen e o começo do reino são o ‘pequeno rebanho’ (Lc 12,32), que Jesus veio convocar em seu torno e dos quais Ele mesmo é pastor»[iii]. Desde o princípio da sua vida pública Jesus chama a alguns para que o sigam: estes são seus discípulos. Assim sucede com Pedro e André, Tiago e João (cf. Lc 9,57-62), com José Barsabás e com Matias (cf. Act 1,21-26), e com muitos outros. E entre os discípulos encontramos homens e mulheres, como as que o seguiam desde a Galileia e o serviam. (cf. Lc 8,1-3).

    Os discípulos serão também os instrumentos da extensão do Reino: eles têm que ser o sal da terra e a luz do mundo (cf. Mt 5,13-16). Por isso Jesus foi gradualmente fazendo-os partícipes da sua missão (cf. Lc 10,1).

    Os doze apóstolos. O Senhor foi organizando gradualmente a sua comunidade de modo que quando Ele voltasse para o Pai esta pudesse ser instrumento da salvação do mundo. A eleição dos doze apóstolos dentre os seus discípulos é o ponto principal desta estruturação: a eles vai confiando progressivamente algumas tarefas de responsabilidade e outorga-lhes alguns poderes especiais; e eles serão seus enviados («apóstolos») para implantar o seu Reino em todo o mundo.
No colégio dos doze, Pedro ocupa o primeiro lugar (cf. Mc 3,16; 1 Cor 15,5), e a ele Jesus confia uma missão única: a de confirmar os seus irmãos na fé (cf. Lc 22,32) e a de pastorear em seu nome toda a grei (cf. Jo 21,16-17).

***

    São João diz no final do seu Evangelho: «Há, além do mais, muitas outras coisas que Jesus fez, e que se se escrevessem uma por uma, penso que nem ainda o mundo poderia conter os livros que se teriam que escrever» (Jo 21,25). Com muita maior razão podemos aplicar essas palavras ao presente livro e especialmente este capítulo sobre os mistérios da vida terrena de Jesus. Temos de conhecer bem e de meditar todas as acções do Senhor – também as que não mencionámos – pois todas são redentoras, nos revelam Deus e nos dão exemplo para viver como filhos de Deus.
    Agora devemos passar a estudar o mistério pascal, da Morte e Ressurreição do Senhor, no qual se consuma a obra da redenção.




(cont)

Vicente Ferrer Barriendos

(Tradução do castelhano por ama)




[i] CCE, 549.
[ii] Cf. CCE, 550.
[iii] CCE, 764.

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