Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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09/10/2018
Poço de orgulho
Com a sua
sabedoria de Mãe dizia-me - mais vezes do que gosto de recordar - 'és um poço
de orgulho!'
A minha querida
Mãe dizia a verdade e, hoje, já com esta idade, reconheço que tinha - e
continua a ter - carradas de razão.
O pior, é que
me parece, cada vez mais, que este "poço" não tem fundo!
(AMA, reflexões, 2017)
[i] Resolvi passar à escrita um conjunto
de reflexões que têm como sub-título: Confissões
Se se quiser, poderia chamar-se reflexões sobre mim ou, talvez exame
pessoal.
Não sei qual será a utilidade para os eventuais leitores - nem isso me
preocupa - mas dada a minha condição de viúvo vivendo sozinho, talvez que
alguém encontre alguma "pista" de como lidar com situações
peculiares.
Exponho-me, é verdade, mas tenho bem presente que 'não há nada escondido
que não acabe por se saber ', e, assim, decidi.
Temas para reflectir e meditar
Formação humana e cristã - 75
Então… talvez escreva para me comprazer a mim próprio, numa espécie de sublimação?
E se for?
Não ganho com isso? Ao
reler o que alguma vez escrevi não revejo as situações, não torno a viver as
sensações?
E, se acaso, alguém me
ler, não poderá encontrar motivos de ponderação, análise, exame?
Se Santa Teresa de Jesus
não tivesse deixado escritos os arroubos da sua alma o que teria a cristandade
perdido?
Claro, ela obedeceu a
ordens dos seus confessores para escrever, mas podia tê-las declinado e, não
obstante, não o fez foi – na minha opinião – ainda mais além naturalmente
levada pela torrente incoctível que arrastava o seu espírito.
Se assim não fora, como
explicar, por exemplo, isto:
Vivo
já fora de mim,
desde
que morro d’Amor,
porque
vivo no Senhor
que
me escolheu para Si.
Quando
o coração Lhe dei,
com
terno amor lhe gravei:
que
morro porque não morro.
Esta
divina prisão
do
grande amor em que vivo,
fez
a Deus ser meu cativo,
e
livre o meu coração;
e
causa em mim tal paixão
ser
eu de Deus a prisão,
que
morro porque não morro.
Do
Alto, aquela vida
que
é a vida prometida,
até
que seja perdida
não
se tem, estando viva;
morte,
não sejas esquiva;
vem
depressa em meu socorro,
que
morro porque não morro.
Que
triste é, sem Ti,
ó
meu Deus, viver!
Ansiosa
por ver-Te,
desejo
morrer.
Em
vão minha alma
Te
busca, Senhor;
Tu
sempre invisível
a
deixas na dor.
Ai!
Isto a inflama
até
prorromper:
Ansiosa
por ver-Te,
desejo
morrer.
Ai!
Quando Te dignas
em
meu peito entrar,
meu
Deus, que pensar?
-
Receio perder-Te:
ansiosa
por ver-Te:
Desejo
morrer.
Tais palavras não se
“inventam” por mais letrado que seja o espírito. São o reflexo visível de algo
tão íntimo e tão real de algo que não pode conter-se dentro de si mesmo mas que
se é, de alguma forma, obrigado a partilhar.
AMA,
reflexões.
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo que passa 169 a 172
169
Evocámos há pouco o
episódio de Naim.
Poderíamos citar ainda
outros, porque os Evangelhos estão cheios de cenas semelhantes.
Esses relatos sempre
comoveram e hão-de continuar a comover os corações dos homens.
Efectivamente, não incluem
apenas o gesto sincero de um homem que se compadece dos seus semelhantes: são,
essencialmente, a revelação da imensa caridade do Senhor.
O Coração de Jesus é o
Coração de Deus Encarnado, do Emanuel - Deus connosco.
A Igreja, unida a Crista,
nasce de um Coração ferido.
É desse Coração, aberto de
par em par, que a vida nos é transmitida. Como não recordar aqui, embora de
passagem, os sacramentos através dos quais Deus opera em nós e nos faz
participantes da força redentora de Cristo?
Como não recordar com
particular gratidão o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, o Santo Sacrifício
do Calvário e a sua constante renovação incruenta na nossa Missa?
É Jesus, que Se nos
entrega como alimento; porque Jesus vem até nós, tudo muda e no nosso ser
manifestam-se forças - a ajuda do Espírito Santo - que enchem a alma, que
formam as nossas acções, o nosso modo de pensar e de sentir.
O coração de Cristo é paz
para o cristão.
O fundamento da entrega
que o Senhor nos pede não está só nos nossos desejos e nas nossas forças,
tantas vezes limitados e impotentes: apoia-se, antes de tudo, nas graças que
conquistou para nós o amor do Coração de Deus feito Homem.
Por isso, podemos e
devemos perseverar na nossa vida interior de filhos do Pai que está nos Céus,
sem darmos acolhimento ao desânimo e à desesperança.
Gosto de mostrar como o
cristão, na sua existência habitual e corrente, nos mais simples pormenores,
nas circunstâncias normais do seu dia-a-dia, exercita a Fé, a Esperança e a Caridade,
porque aí é que reside a essência da conduta de uma alma que conta com o
auxílio divino e que, na prática dessas virtudes teologais, encontra a alegria,
a força e a serenidade.
São estes os frutos da paz
de Cristo, da paz que nos veio trazer o seu Coração Sagrado.
Porque - digamo-lo mais
uma vez - o amor de Jesus pelos homens é uma das profundidades insondáveis do
mistério divino, do amor do Filho ao Pai e ao Espírito Santo.
O Espírito Santo, laço de
amor entre o Pai e o Filho, encontra no Verbo um coração humano.
Não é possível falar
destas realidades centrais da nossa fé sem darmos pela limitação da nossa
inteligência diante das grandezas da Revelação.
No entanto, embora a nossa
razão se encha de pasmo, cremos nelas com humildade e firmeza.
Sabemos, apoiados no
testemunho de Cristo, que essas realidades são assim mesmo.
Que o Amor, no seio da
Trindade, se derrama sobre todos os homens por intermédio do amor do Coração de
Jesus.
170
Viver no Coração de Jesus,
unir-nos a Ele estreitamente é, portanto, convertermo-nos em morada de Deus.
Aquele que Me ama será
amado pelo meu Pai, anunciou o Senhor. E Cristo e o Pai, no Espírito Santo, vêm
à alma e fazem nela a sua morada.
Quando compreendemos -
ainda que seja só um poucochinho - estas verdades fundamentais, a nossa maneira
de ser transforma-se.
Passamos a ter fome de
Deus e fazemos nossas as palavras do Salmo: Meu Deus, eu Te procuro solícito;
sedenta de Ti está a minha alma; a minha carne deseja-Te, como terra árida, sem
água.
E Jesus, que suscitou as
nossas ansiedades, vem ao nosso encontro e diz-nos: se alguém tem sede, venha a
Mim e beba.
E oferece-nos o seu
Coração, para encontrarmos nele o nosso repouso e a nossa fortaleza.
Se aceitarmos o seu
chamamento, veremos como as suas palavras são verdadeiras, e aumentará a nossa
fome e a nossa sede, até desejarmos que Deus estabeleça no nosso coração o
lugar do seu repouso e não afaste de nós o seu calor e a sua luz.
Ignem veni mittere in
terram, et quid volo nisi ut accendatur?, vim trazer fogo à Terra, e que quero
eu senão que se acenda?
Já que nos aproximámos um
bocadinho do fogo do Amor de Deus, deixemos que o seu impulso mova as nossas
vidas, sintamos o entusiasmo de levar o fogo divino de um extremo ao outro do
mundo, de o dar a conhecer àqueles que nos rodeiam - para que também eles
conheçam a paz de Cristo e, com ela, encontrem a felicidade.
Um cristão que viva unido
ao Coração de Jesus não pode ter outros objectivos senão estes: a paz na
sociedade, a paz na Igreja, a paz na própria alma, a paz de Deus, que se
consumará quando vier a nós o seu Reino.
Maria, Regina pacis,
Rainha da Paz, porque tiveste fé e acreditaste que se cumpriria o anúncio do
Anjo, ajuda-nos a aumentar a Fé, a sermos firmes na Esperança, a aprofundar o
Amor.
Porque é isso que quer
hoje de nós o teu Filho, ao mostrar-nos o seu Sacratíssimo Coração.
171
Assumpta est Maria, in coelum, gaudent angeli.
Maria foi levada por Deus,
em corpo e alma, para os Céus.
Há alegria entre os anjos
e os homens.
Qual a razão desta
satisfação íntima que descobrimos hoje, com o coração que parece querer saltar
dentro do peito e a alma cheia de paz?
Celebramos a glorificação
da nossa Mãe e é natural que nós, seus filhos, sintamos um júbilo especial ao
ver como é honrada pela Trindade Beatíssima.
Cristo, seu Filho
Santíssimo, nosso irmão, deu-no-la por Mãe no Calvário, quando disse a S. João:
eis aqui a tua Mãe.
E nós recebêmo-la, com o
discípulo amado, naquele momento de imenso desconsolo.
Santa Maria acolheu-nos na
dor, quando se cumpriu a antiga profecia: e uma espada trespassará a tua alma.
Todos somos seus filhos;
ela é Mãe de toda a Humanidade.
E agora, a Humanidade
comemora a sua inefável Assunção: Maria sobe aos céus, Filha de Deus Pai, Mãe
de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo. Mais do que Ela, só Deus.
O mistério do amor
Mistério de amor é este.
A razão humana não
consegue compreendê-lo.
Só a fé pode explicar como
é que uma criatura foi elevada a tão grande dignidade, até se tornar o centro
amoroso em que convergem as complacências da Trindade.
Sabemos que é um segredo
divino. Mas, por se tratar da nossa Mãe, sentimo-nos capazes de o compreender
melhor - se é possível falar assim - do que outras verdades da fé.
Como nos teríamos
comportado se tivéssemos podido escolher a nossa mãe?
Julgo que teríamos
escolhido a que temos, enchendo-a de todas as graças.
Foi o que Cristo fez, pois
sendo Omnipotente, Sapientíssimo e o próprio Amor, seu poder realizou todo o
seu querer.
Vede como os cristãos
descobriram, há já bastante tempo, este raciocínio: convinha - escreve S. João
Damasceno - que aquela que no parto tinha conservado íntegra a sua virgindade,
conservasse depois da morte o seu corpo sem corrupção alguma. Convinha que
aquela que tinha trazido no seu seio o Criador feito menino, habitasse na
morada divina. Convinha que a Esposa de Deus entrasse na casa celestial.
Convinha que aquela que tinha visto o seu Filho na Cruz, recebendo assim no seu
coração a dor de que tinha sido isenta no parto, o contemplasse sentado à
direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que corresponde a seu
Filho, e que fosse honrada como Mãe e Escrava de Deus por todas as criaturas.
Os teólogos formularam com
frequência um argumento semelhante, tentando compreender de algum modo o
significado desse cúmulo de graças de que Maria se encontra revestida, e que
culmina com a Assunção aos Céus.
Dizem convinha; Deus podia
fazê-lo; e por isso o fez.
É a explicação mais clara
das razões que levaram Cristo a conceder a sua Mãe todos os privilégios, desde
o primeiro instante da sua Imaculada Conceição.
Ficou livre do poder de
Satanás; é formosa - tota pulchra! - limpa, pura na alma e no corpo.
172
O mistério do sacrifício
silencioso
Mas reparai: se Deus quis,
por um lado exaltar a sua Mãe, por outro, durante a sua vida terrena, não foram
poupados a Maria a experiência da dor, nem o cansaço do trabalho, nem o
claro-escuro da fé. Àquela mulher do povo, que, certo dia, irrompe em louvores
a Jesus, exclamando Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos a que
foste amamentado, o Senhor responde: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a
palavra de Deus, e a põem em prática.
Era o elogio da sua Mãe,
do seu fiat, do faça-se, sincero, entregue, cumprido até às últimas
consequências, que não se manifestou em acções aparatosas, mas no sacrifício
escondido e silencioso de cada dia.
Ao meditar nestas
verdades, percebemos um pouco mais a lógica de Deus.
Compreendemos que o valor
sobrenatural da nossa vida não depende de que se tornem realidade as grandes
façanhas que por vezes forjamos com a imaginação, mas da aceitação fiel da
vontade divina, da disposição generosa nos pequenos sacrifícios diários,
Para sermos divinos, para
nos "endeusarmos", temos de começar por ser muito humanos, vivendo
face a Deus dentro da nossa condição de homens correntes, santificando esta
aparente pequenez.
Assim viveu Maria.
A cheia de graça, a que é
objecto das complacências de Deus, a que está acima dos anjos e dos santos teve
uma existência normal.
Maria é uma criatura como
nós, com um coração como o nosso, capaz de gozo e de alegrias, de sofrimento e
de lágrimas.
Antes de Gabriel lhe
comunicar o querer de Deus, não sabe que tinha sido escolhida desde toda a
eternidade para ser Mãe do Messias. Considera-se a si mesma cheia de baixeza;
por isso, reconhece logo, com profunda humildade, que fez em mim grandes coisas
Aquele que é Todo-poderoso.
A pureza, a humildade e a
generosidade de Maria contrastam com a nossa miséria, com o nosso egoísmo.
É razoável que, depois de
nos apercebermos disso, nos sintamos movidos a imitá-la.
Somos criaturas de Deus,
como Ela, e basta que nos esforcemos por ser fiéis para que também em nós o
Senhor faça grandes coisas.
Não será obstáculo a nossa
pequenez, porque Deus escolhe o que vale pouco, para que assim brilhe melhor a
potência do seu amor.
(cont)
Evangelho e comentário
Evangelho: Lc 10, 38-42
38 Continuando o seu caminho, Jesus
entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39 Tinha
ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra.
40 Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se,
disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir?
Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» 41 O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta,
andas inquieta e perturbada com muitas coisas; 42 mas uma só é necessária.
Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Comentário:
Não posso
deixar de pensar – ao ler este Evangelho – na minha querida filha Marta.
Parece, de
facto, um como que retrato daquela Santa Marta super-activa e dedicada ao
trabalho discreto, mas absolutamente necessário, de cassa, da família.
Não sei o que
nos levou a escolher este nome para a nossa primeira filha, mas, acredito
sinceramente, que terá sido inspiração divina.
Nenhum filho de
Deus tem um nome ao acaso, todos lhe foram dados desde o princípio dos tempos.
E, o Senhor,
era íntimo amigo de Marta, como dos seus irmãos.
Gosto de pensar
que tenho uma Marta como filha, gosto de saber que é uma mulher digna,
trabalhadora, boa – excelente – mãe.
Gosto da minha
querida filha Marta.
Este comentário
– que é um desabafo – só se compreende pelo amor,
Só se justifica
pelo amor.
(AMA, comentário sobre Lc 10, 38-42, 10.10.2017)