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09/10/2018

Temas para reflectir e meditar



Formação humana e cristã - 75


Então… talvez escreva para me comprazer a mim próprio, numa espécie de sublimação?
E se for?
Não ganho com isso? Ao reler o que alguma vez escrevi não revejo as situações, não torno a viver as sensações?
E, se acaso, alguém me ler, não poderá encontrar motivos de ponderação, análise, exame?

Se Santa Teresa de Jesus não tivesse deixado escritos os arroubos da sua alma o que teria a cristandade perdido?
Claro, ela obedeceu a ordens dos seus confessores para escrever, mas podia tê-las declinado e, não obstante, não o fez foi – na minha opinião – ainda mais além naturalmente levada pela torrente incoctível que arrastava o seu espírito.

Se assim não fora, como explicar, por exemplo, isto:

Vivo já fora de mim,
desde que morro d’Amor,
porque vivo no Senhor
que me escolheu para Si.
Quando o coração Lhe dei,
com terno amor lhe gravei:
que morro porque não morro.

Esta divina prisão
do grande amor em que vivo,
fez a Deus ser meu cativo,
e livre o meu coração;
e causa em mim tal paixão
ser eu de Deus a prisão,
que morro porque não morro.

Do Alto, aquela vida
que é a vida prometida,
até que seja perdida
não se tem, estando viva;
morte, não sejas esquiva;
vem depressa em meu socorro,
que morro porque não morro.

Que triste é, sem Ti,
ó meu Deus, viver!
Ansiosa por ver-Te,
desejo morrer.

Em vão minha alma
Te busca, Senhor;
Tu sempre invisível
a deixas na dor.
Ai! Isto a inflama
até prorromper:
Ansiosa por ver-Te,
desejo morrer.

Ai! Quando Te dignas
em meu peito entrar,
meu Deus, que pensar?
- Receio perder-Te:
ansiosa por ver-Te:
Desejo morrer.

Tais palavras não se “inventam” por mais letrado que seja o espírito. São o reflexo visível de algo tão íntimo e tão real de algo que não pode conter-se dentro de si mesmo mas que se é, de alguma forma, obrigado a partilhar.

AMA, reflexões.

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