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Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Temas para reflectir e meditar


Sábado

Reflectir sobre o Sábado não é deter-se num dia qualquer.
O Sábado é um dia especialmente dedicado pela Santa Igreja à consideração da pessoa da Santíssima Virgem, como Mãe de Deus e nossa Mãe, as suas virtudes e predicados, considerando a sua protecção, auxílio e ajuda como Mãe e Intercessora por excelência junto do seu divino Filho e caminho seguro para Deus.

Iter paraTuto!

(AMA, reflexões, 29.07.2017)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Nossa Senhora das Dores

Evangelho: Jo 19, 25-27

25 Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a na sua casa.

Comentário:

Ó Mater dolorosa junto da Cruz donde o Filho pendia
Estoicamente participando
No Sacrifício supremo, lacrimosa
Mas orando
Ao Pai que tal consente.
Ó Mater dolorosa
Que te traz aqui, Senhora minha?
Não sabes que Ele morreu?
Esse Filho teu
Teve uma morte gloriosa
Que na Cruz
Nos salvou a todos
Da morte mais horrorosa
A que ao pecado conduz.
Ó Mater Dolorosa
Como é bela a tua dor
Que torna mais preciosa
A morte do Salvador.

(ama, meditação sobre Jo 19, 25-27, 15.09.2010, Convento de Monte Real)




Não te fias em nada de ti, e te fias em tudo de Deus


Nunca te tinhas sentido tão livre, libérrimo, como agora que a tua liberdade está tecida de amor e desprendimento, de segurança e insegurança, porque já não te fias em nada de ti, e te fias em tudo de Deus. (Sulco, 787)

O amor de Deus é ciumento; não fica satisfeito, se nos apresentarmos com condições no encontro marcado: espera com impaciência que nos entreguemos totalmente, que não guardemos no coração recantos escuros, onde o gozo e a alegria da graça e dos dons sobrenaturais não consigam chegar. Talvez pensem: responder sim a esse Amor exclusivo não é, porventura, perder a liberdade?
(…) Cada um de nós sabe por experiência que, algumas vezes, seguir Cristo Nosso Senhor implica dor e fadiga. Negar esta realidade significaria não se ter encontrado com Deus. A alma apaixonada sabe que essa dor é uma impressão passageira e bem depressa descobre que o seu peso é leve e a sua carga suave, porque Ele a leva às costas, tal como se abraçou ao madeiro quando estava em jogo a nossa felicidade eterna. Mas há homens que não entendem, que se revoltam contra o Criador – uma rebelião impotente, mesquinha, triste –, que repetem cegamente a queixa inútil que o Salmo regista: Quebremos os seus laços! Para longe de nós o seu jugo. Resistem a realizar, com silêncio heróico, com naturalidade, sem brilho e sem lamentações, o trabalho duro de cada dia. Não compreendem que a Vontade divina, mesmo quando se apresenta com matizes de dor, de exigências que ferem, coincide exactamente com a liberdade, que só reside em Deus e nos seus desígnios.

São almas que fazem barricadas com a liberdade. A minha liberdade, a minha liberdade! Têm-na e não a seguem; olham-na e põem-na como um ídolo de barro dentro do seu entendimento mesquinho. É isso liberdade? Que aproveitam dessa riqueza sem um compromisso sério, que oriente toda a existência? Um tal comportamento opõe-se à categoria própria, à nobreza, da pessoa humana. Falta a rota, o caminho claro que oriente os seus passos na terra; essas almas – decerto já as encontraram, como eu – depressa se deixarão arrastar pela vaidade pueril, pela presunção egoísta, pela sensualidade. (Amigos de Deus, 28–29)

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Cristo que passa 78 a 80  

78
         
Os sacramentos da graça de Deus

Quem deseja lutar, usa os devidos meios.
E os meios não mudaram nestes vinte séculos de Cristianismo: oração, mortificação e frequência de Sacramentos.
Como a mortificação é também oração - oração dos sentidos - podemos descrever esses meios com duas palavras apenas: oração e Sacramentos.

Gostaria que considerássemos agora esse manancial de graça divina dos Sacramentos, maravilhosa manifestação da misericórdia de Deus. Meditemos devagar a definição que se insere no Catecismo de S. Pio V: determinados sinais sensíveis que causam a graça e, ao mesmo tempo, a declaram, como que pondo-a diante dos olhos.
Deus Nosso Senhor é infinito e o seu amor é inesgotável, a sua clemência e a sua piedade para connosco não admitem limites.
E embora nos conceda a sua graça de muitos outros modos, instituiu expressa e livremente - só Ele podia fazê-lo - estes sete sinais eficazes, para que os homens possam participar dos méritos da Redenção, duma maneira estável, simples e acessível a todos.

Se abandonarmos os Sacramentos, desaparece a verdadeira vida cristã. Contudo, não se nos oculta que particularmente nesta época não falta quem pareça esquecer, e até a chegue a desprezar, esta corrente redentora da graça de Cristo.
É doloroso falar desta chaga da sociedade que se chama cristã, mas torna-se necessário, para que nas nossas almas se afinque o desejo de recorrermos com mais gratidão e amor a essas fontes de santificação.

Decidem sem o menor escrúpulo retardar o baptismo dos recém-nascidos, privando-os - e cometendo assim um grave atentado contra a justiça e contra a caridade - da graça da fé, do tesouro incalculável da inabitação da Santíssima Trindade na alma, que vem ao mundo manchada pelo pecado original.
Pretendem também desvirtuar a natureza própria do Sacramento da Confirmação, no qual a Tradição viu sempre unanimemente um robustecimento da vida espiritual, uma efusão calada e fecunda do Espírito Santo, para que, fortalecida sobrenaturalmente, a alma possa lutar - milites Christi, como soldado de Cristo - nessa batalha interior contra o egoísmo e a concupiscência.

Se se perde a sensibilidade para as coisas de Deus, dificilmente se compreenderá o Sacramento da Penitência.
A confissão sacramental não é um diálogo humano, é um colóquio divino; é um tribunal de segura e divina justiça e, sobretudo, de misericórdia, com um juiz amoroso que não deseja a morte do pecador, mas que ele se converta e viva.

É verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza trata os seus filhos.
Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia, escola de santidade.
Os pais são cooperadores de Deus.
Daí nasce o amável dever de veneração, que corresponde aos filhos.
Com razão, o quarto mandamento pode chamar-se - escrevi-o há tantos anos - o dulcíssimo preceito do Decálogo.
Se se vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz, luminoso e alegre.

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O Nosso Pai, Deus, deu-nos, com a Ordem sacerdotal, a possibilidade de que alguns fiéis, em virtude duma nova e inefável infusão do Espírito Santo, recebam um carácter indelével na alma, que os configura com Cristo Sacerdote, para actuarem em nome de Cristo Jesus, Cabeça do seu Corpo Místico.
Com este sacerdócio ministerial, que difere do sacerdócio comum de todos os fiéis, essencialmente e não com diferença de grau, os ministros sagrados podem consagrar o Corpo e o Sangue de Cristo, oferecer a Deus o Santo sacrifício, perdoar os pecados na confissão sacramental e exercitar o ministério de doutrinar as pessoas in iis quae sunt ad Deum, em tudo e só no que se refere a Deus.

Por isso, o sacerdote deve ser exclusivamente um homem de Deus, rejeitando o pensamento de querer brilhar em campos em que os outros cristãos não precisem dele.
O sacerdote não é um psicólogo, nem um sociólogo, nem um antropólogo: é outro Cristo, o próprio Cristo, para atender as almas dos seus irmãos.
Seria triste que o sacerdote, baseando-se numa ciência humana - que só cultivará como amador e aprendiz, se se dedicar à sua tarefa sacerdotal - se julgasse, sem mais nem menos, habilitado a pontificar em teologia dogmática ou moral.
A única coisa que faria, era demonstrar uma dupla ignorância - na ciência humana e na ciência teológica - ainda que com ar superficial de sábio conseguisse enganar alguns leitores ou ouvintes indefesos.

É um facto público que alguns eclesiásticos parecem hoje dispostos a fabricar uma nova Igreja, traindo Cristo, mudando os fins espirituais - a salvação das almas, uma a uma - por fins temporais.
Se não resistirem a essa tentação, deixarão de cumprir o seu sagrado ministério, perderão a confiança e o respeito do povo e produzirão uma tremenda destruição dentro da Igreja, intrometendo-se, além disso, indevidamente, na liberdade política dos cristãos e dos restantes homens, com a consequente confusão - tornam-se eles mesmos perigosos - na convivência civil.
A Sagrada Ordem é o sacramento do serviço sobrenatural aos irmãos na fé; alguns parecem querer convertê-la no instrumento terreno dum novo despotismo.

80
          
Mas continuemos a contemplar a maravilha dos Sacramentos.
Na Unção dos Enfermos, como agora chamam à Extrema Unção, assistimos a uma amorosa preparação da viagem, que terminará na casa do Pai.
E com a Sagrada Eucaristia, sacramento - se assim nos podemos exprimir - da loucura do amor divino, concede-nos a sua graça, e entrega-se-nos o próprio Deus, Jesus Cristo, que está realmente sempre presente nas espécies consagradas - e não apenas durante a Santa Missa - com o seu Corpo, com a sua Alma, com o seu Sangue e com a sua Divindade.

Penso repetidas vezes na responsabilidade que incumbe aos sacerdotes, de assegurar a todos os cristãos esse caminho divino dos Sacramentos.
A graça de Deus vem em socorro de cada alma; cada criatura requer uma assistência concreta, pessoal.
As almas não se podem tratar massivamente!
Não é lícito defender a dignidade humana e a dignidade de filho de Deus, não atendendo a cada um pessoalmente com a humildade de quem se sabe instrumento para ser veículo do amor de Cristo; porque cada alma é um tesouro maravilhoso; cada homem é único, insubstituível. Cada um vale todo o sangue de Cristo.

Falávamos antes de luta.
Mas a luta exige treino, uma alimentação adequada, uma terapêutica urgente em caso de doença, de contusões, de feridas.
Os Sacramentos, medicina principal da Igreja, não são supérfluos: quando se abandonam voluntariamente, não é possível dar um passo no caminho por onde se segue Cristo.
Necessitamos deles como da respiração, como da circulação do sangue, como da luz, para poder apreciar em qualquer instante o que o Senhor quer de nós.

A ascética do cristão exige fortaleza; e essa fortaleza encontra-a no Criador.
Nós somos a obscuridade e Ele é resplendor claríssimo; somos a doença e Ele a saudável robustez; somos a escassez e Ele a infinita riqueza; somos a debilidade e Ele sustenta-nos, quia tu es, Deus, fortitudo mea, porque és sempre, ó meu Deus, a nossa fortaleza.
Nada há nesta terra capaz de se opor ao brotar impaciente do Sangue redentor de Cristo.
Mas a pequenez humana pode velar os olhos de modo a que não descortinem a grandeza divina.
Daí a responsabilidade de todos os fiéis e especialmente dos que têm o ofício de dirigir - de servir - espiritualmente o Povo de Deus, de não fecharem as fontes da graça, de não se envergonharem da Cruz de Cristo.

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Responsabilidade dos pastores

Na Igreja de Deus, o empenho constante por sermos cada vez mais leais à doutrina de Cristo é obrigação de todos.
Ninguém está isento. Se os pastores não lutassem pessoalmente por adquirir finura de consciência, respeito fiel ao dogma e à moral - que constituem o depósito da fé e o património comum -, voltariam a ser reais as proféticas palavras de Ezequiel: Filho do homem profetiza acerca dos pastores de Israel; profetiza e diz aos pastores: - Isto diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si próprios! Porventura não são os rebanhos os que devem ser apascentados pelos pastores? Vós lhes tomais o leite e vos vestis com as suas lãs e matais as reses mais gordas, mas não apascentais o meu rebanho. Não fortalecestes as ovelhas débeis, não curastes as doentes, não pusestes ligaduras às que tinham algum membro quebrado, não fizestes voltar as desgarradas, nem buscastes as que se tinham perdido; mas dominastes sobre elas com aspereza e com prepotência.

São repreensões fortes, mas mais grave é a ofensa que se faz a Deus quando, tendo recebido o cargo de velar pelo bem espiritual de todos, se maltratam as almas, privando-as da água limpa do Baptismo que regenera a alma, do óleo balsâmico da Confirmação, que a fortalece, do tribunal que perdoa, do alimento que dá a vida eterna.

Quando é que isto pode acontecer?
Quando se abandona esta guerra de paz. Quem não luta, expõe-se a qualquer daquelas escravidões, que têm o efeito de aferrolhar os corações de carne: a escravidão duma visão exclusivamente humana, a escravidão do desejo afanoso de poder e de prestígio temporal, a escravidão da vaidade, a escravidão do dinheiro, a escravidão da sensualidade...

Se alguma vez - porque Deus pode permitir essa prova - tropeçais com pastores indignos deste nome, não vos escandalizeis. Cristo prometeu assistência infalível e indefectível à sua Igreja, mas não garantiu a fidelidade dos homens que a compõem.
A estes não lhes faltará a graça abundante, generosa - se puserem da sua parte o pouco que Deus pede: vigiar atentamente, empenhando-se em remover, com a graça de Deus, os obstáculos para conseguir a santidade.
Se não há luta, quem parece estar nos píncaros pode estar muito baixo aos olhos de Deus.
Conheço as tuas obras, a tua conduta, sei que tens fama de que vives e estás morto.
Sê vigilante e consolida os restos do teu rebanho, que está para morrer, porque não acho as tuas obras perfeitas diante do meu Deus. Lembra-te, pois, do que recebeste e ouviste, e observa-o, e faz penitência.

São exortações do apóstolo S. João, no século primeiro, dirigidos a quem tinha a responsabilidade da Igreja na cidade de Sardes.
Porque a possível decadência do sentido da responsabilidade em alguns pastores não é um fenómeno moderno; surge já no tempo dos Apóstolos, no próprio século em que Nosso Senhor Jesus Cristo tinha vivido na terra.
E ninguém está seguro, se deixa de lutar consigo mesmo.
Ninguém pode salvar-se isoladamente.
Todos na Igreja precisamos desses meios concretos que nos fortalecem: da humildade, que nos dispõe a aceitar a ajuda e o conselho; das mortificações, que nos removem o coração, para que nele reine Cristo; do estudo da Doutrina segura de sempre, que nos leva a conservar em nós a fé e a propagá-la.

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