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24/08/2018

Procura cingir-te a um plano de vida


Sujeitar-se a um plano de vida, a um horário... é tão monótono! – disseste-me. E respondi-te: há monotonia porque falta Amor. (Caminho, 77)


Procura cingir-te a um plano de vida com constância: alguns minutos de oração mental; a assistência à Santa Missa, diária, se te é possível, e a Comunhão frequente; o recurso regular ao Santo Sacramento do Perdão, ainda que a tua consciência não te acuse de qualquer pecado mortal; a visita a Jesus no Sacrário; a recitação e a contemplação dos mistérios do terço e tantas outras práticas excelentes que conheces ou podes aprender.

Mas estas práticas não se deverão transformar em normas rígidas ou em compartimentos estanques. Indicam um itinerário flexível, acomodado à tua condição de homem que vive no meio da rua, com um trabalho profissional intenso e com deveres e relações sociais que não podes descuidar, porque é nessas ocupações que prossegue o teu encontro com Deus. O teu plano de vida há-de ser como uma luva de borracha que se adapta perfeitamente à mão de quem a usa.

Não te esqueças também de que o que é importante não é fazer muitas coisas; limita-te com generosidade àquelas que possas cumprir no dia-a-dia, quer te apeteça quer não. Essas práticas conduzir-te-ão, quase sem reparares, à oração contemplativa. Brotarão da tua alma mais actos de amor, jaculatórias, acções de graças, actos de desagravo, comunhões espirituais. E tudo isto, enquanto te ocupas das tuas obrigações: ao pegar no telefone, ao subir para um meio de transporte, ao fechar ou abrir uma porta, ao passar diante de uma igreja, ao começar um novo trabalho, ao executá-lo e ao concluí-lo. Referirás tudo ao teu Pai Deus. (Amigos de Deus, 149)

Temas para meditar e reflectir


Formação humana e cristã – 42 


O menino pequeno enquanto o seu pai não lhe disser terminantemente não, continua a insistir no pedido.

Que somos nós perante Deus senão meninos pequenos?

E esta constatação deve ser também motivo de acção de graças.

Porquê?

Porque o reconhecimento da nossa filiação divina é só por si um bem inestimável considerando a multidão imensa que não o sabe ou não lhe dá qualquer valor.

Na verdade, não se compreende como se pode desprezar honra e estatuto tão extraordinários.
Ser da família de Deus o Senhor Criador de quanto existe e não um familiar qualquer, mas filho!

E o que é um filho?

É alguém que o Pai ama por si mesmo, isto é não pelo que faz mas pelo que é.
Por isso mesmo o converte em Seu herdeiro.
Daí que desprezar a filiação divina é rejeitar uma herança incomensurável.

Parece no mínimo uma tontice.


(AMA, reflexões)

Doutrina – 448


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO PRIMEIRO

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA

Pergunto:

227. O que é o carácter sacramental?


Respondo:

É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem. Este selo é promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o imprimem recebem-se uma só vez na vida.

Tratado das virtudes


Questão 67: Da duração das virtudes depois desta vida.

Art. 4 — Se a esperança perdura, depois da morte, no estado da glória.

O quarto discute-se assim. — Parece que a esperança perdura depois da morte, no estado da glória.

1. — Pois, a esperança aperfeiçoa, de modo mais nobre, o apetite humano, do que as virtudes morais. Ora, estas permanecem depois desta vida, como está claro em Agostinho [2]. Logo, com maior razão a esperança.

2. Demais. — O temor opõe-se à esperança. Ora, ele perdura depois desta vida: nos bem-aventurados, o temor filial, que permanece sempre; nos condenados, o das penas. Logo, pela mesma razão, pode permanecer a esperança.

3. Demais. — Como a esperança, também o desejo tem por objecto o bem futuro. Ora, os bem-aventurados têm tal desejo, tanto em relação à glória do corpo, que as almas deles desejam, conforme diz Agostinho [3], como em relação à da alma, segundo a Escritura (Ecle 24, 29): Aqueles que me comem terão ainda fome, e os que, me bebem terão ainda sede, e ainda (1 Pd 1, 12): ao qual os mesmos anjos desejam ver. Logo, a esperança pode existir, nos bem-aventurados, depois desta vida.

Mas, em contrário, o Apóstolo diz (Rm 8, 24): o que qualquer vê, como o espera? Ora, os bem-aventurados vêm o objecto da esperança, que é Deus. Logo, não esperam.


SOLUÇÃO. — Como já dissemos [4], o que por essência implica à imperfeição do sujeito não pode coexistir num sujeito perfeito pela perfeição oposta. Isso se vê claramente no movimento que, implicando por essência a imperfeição do sujeito, pois, é o acto do existente em potencia, como tal [5], cessa quando a potência se actualiza; assim, o que já se tornou branco não pode ainda embranquecer. Ora, a esperança implica um certo movimento para o que ainda não possuímos, como ficou claro pelo que acima dissemos da paixão da esperança5. Portanto, quando possuirmos o que esperamos, i. é, a fruição devida, já não poderá existir a esperança.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A esperança é mais nobre do que as virtudes morais, por ser Deus o seu objecto. Ora, o acto dessas virtudes não repugna, como o acto da esperança, à perfeição da felicidade, senão talvez quanto à matéria, quanto à qual não perduram. Pois as virtudes morais não aperfeiçoam o apetite só no atinente ao objecto ainda não possuído, mas também no actualmente já possuído.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Há um duplo temor: o servil e o filial, como a seguir se dirá [6]. Aquele é o da pena, e não poderá existir na glória, onde não existe nenhuma possibilidade de pena. Este comporta dois actos: temer a Deus, e neste ponto permanece; e temer a separação dele, e neste não permanece, pois separar-se de Deus implica o mal, e, no caso presente, não se pode temer nenhum mal, conforme a Escritura (Pr 1, 33): Gozaremos da abundância, sem receio de mal algum. Ora, o temor opõe-se à esperança, por oposição do bem e do mal, como já dissemos [7]. E portanto, o temor que perdura na glória, não se opõe à esperança. Nos condenados porém pode haver o temor da pena mais do que, nos bem-aventurados, a esperança da glória; porque neles haverá sucessão de penas, o que implica a ideia de futuro, objecto do temor. Ao passo que na glória dos santos não há sucessão, pois é uma como participação da eternidade, sem pretérito nem futuro, mas só presente. E contudo também nos condenados não haverá temor, propriamente falando. Pois, como já dissemos [8], o temor nunca existe sem alguma esperança de libertação, a qual nos danados, absolutamente não existirá; portanto, também neles não haverá temor, senão comumente falando, no sentido em que se chama temor a qualquer expectativa de mal futuro.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Quanto à glória da alma, os bem-aventurados não podem ter desejo, no concernente ao futuro, pela razão já exposta. Dizemos que eles têm fome e sede, para afastar a ideia de tédio. E pela mesma razão dizemos que os anjos têm desejo. No concernente porém à glória do corpo, pode por certo haver desejo nas almas dos santos, não porém, esperança, propriamente falando. Mas não, enquanto a esperança é uma virtude teologal, pois então o seu objecto é Deus e não, qualquer bem criado. Nem tomada em sentido comum, porque, nesse caso o seu objecto é o que é árduo, como já dissemos [9]. Ora, o bem, cuja causa certa já possuímos, não tem para nós nada de árduo; por isso, propriamente falando, não dizemos que quem tem dinheiro espera poder possuir uma certa coisa, pois pode possuí-la imediatamente, comprando-a. E semelhantemente, os que já têm a glória da alma não podem, propriamente falando, esperar a glória do corpo, mas só desejá-la.

 (Revisão da versão portuguesa por AMA)



[1] (IIª. lIae, q. 18, a. 2 ; II Sent., dist. XXVI, q. 2, a. 5, qª 2 ; dist. XXXI, q. 2, a. 1, qª 2; De Virtut., q.4. a. 4).
[2] XIV De Trinit. (cap. IX).
[3] XII Super Genes. ad litt. (cap. XXXV).
[4] Q. 67, a. 3.
[5] III Physic. (lect. II).
[6] Q. 40, a. 1, 2.
[7] IIa IIae, q. 19, a. 2.
[8] Q. 23, a. 2; q. 40, a. 1.
[9] Q. 42, a. 2.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Evangelho e comentário


 
São Bartolomeu – Apóstolo

Evangelho: Jo 1, 45-51

45 Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» 46 Então disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!» 47 Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48 Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!» 49 Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!» 50 Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51 E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»

Comentário:

Aparentemente, Natanael não fica surpreendido com a revelação de Cristo:

«An­tes que Filipe te chamasse, Eu te vi, quando estavas debaixo da figueira», o que poderá parecer estranho já que revela um poder extraordinário.

Poderá atribuir-se este facto a que Natanael estivesse meditando sobre o que na Escritura se dizia a respeito do Messias e dos poderes que demonstraria?

Quando Jesus declara que no futuro Apóstolo «não há fingimento» quererá dizer exactamente isso, não tem de espantar-se com algo que já sabia pelas Escrituras e, além disso, não tem qualquer razão para duvidar do que Filipe lhe dissera.

A “questão” de Jesus ser de Nazaré ficará logo “resolvida” com a afirmação do Senhor, logo, a sua decisão é célere e sem evasivas: «Tu és o Filho de Deus».

(AMA, comentário sobre Jo 1, 45-51 2015)