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24/01/2018

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)


Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Temas para reflectir e meditar

A força do Silêncio, 290



Longe do barulho e das distracções fáceis, na solidão e no silêncio, preocupados unicamente com a transmissão da vontade divina, ser-nos-á dado ver com os olhos de Deus, e nomear a realidade tal como Ele a vê e a pronuncia.



CARDEAL ROBERT SARAH

Evangelho e comentário

Tempo Comum


São Francisco de Sales – Doutor da Igreja

Evangelho: Mc 4, 1-20

1 De novo começou a ensinar à beira-mar. Uma enorme multidão vem agrupar-se junto dele e, por isso, sobe para um barco e senta-se nele, no mar, ficando a multidão em terra, junto ao mar. 2 Ensinava-lhes muitas coisas em parábolas e dizia nos seus ensinamentos: 3 «Escutai: o semeador saiu a semear. 4 Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho e vieram as aves e comeram-na. 5 Outra caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra e logo brotou, por não ter profundidade de terra; 6 mas, quando o sol se ergueu, foi queimada e, por não ter raiz, secou. 7 Outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, sufocaram-na, e não deu fruto. 8 Outra caiu em terra boa e, crescendo e vicejando, deu fruto e produziu a trinta, a sessenta e a cem por um.» 9 E dizia: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça.» 10 Ao ficar só, os que o rodeavam, juntamente com os Doze, perguntaram-lhe o sentido da parábola. 11 Respondeu: «A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus; mas, aos que estão de fora, tudo se lhes propõe em parábolas, 12 para que ao olhar, olhem e não vejam, ao ouvir, oiçam e não compreendam, não vão eles converter-se e ser perdoados.» 13 E acrescentou: «Não compreendeis esta parábola? Como compreendereis então todas as outras parábolas? 14 O semeador semeia a palavra. 15 Os que estão ao longo do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; e, mal a ouvem, chega Satanás e tira a palavra semeada neles. 16 Do mesmo modo, os que recebem a semente em terreno pedregoso, são aqueles que, ao ouvirem a palavra, logo a recebem com alegria, 17 mas não têm raiz em si próprios, são inconstantes e, quando surge a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo desfalecem. 18 Outros há que recebem a semente entre espinhos; esses ouvem a palavra, 19 mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e as restantes ambições entram neles e sufocam a palavra, que fica infrutífera. 20 Aqueles que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra, a recebem, dão fruto e produzem a trinta, a sessenta e a cem por um.»

Comentário:

Como comentar este trecho do Evangelho?
Com as minhas pobres palavras humanas?
Não!

Deixo o comentário mais completo, esclarecedor e definitivo que é aquele que o próprio Senhor faz, na explicação da parábola.

(AMA, comentário sobre Mc 4, 1-20, 02.10.2017)







Leitura espiritual

CAPÍTULO IV

«ELE É O VERDADEIRO DEUS
                          E A VIDA ETERNA»            

Divindade de Cristo e anúncio da eternidade

3. Passar do dogma para a vida

4. Eternidade, eternidade!

…/3

S. Francisco Assis, no célebre “Capítulo das esteiras”, fez um memorável sermão aos seus frades sobre este tema:
«Meu filhos nós prometemos a Deus grandes coisas, mas as coisas que Deus nos prometeu a nós são muito maiores.
Cumpramos as que Lhe prometemos e esperemos com confiança asque Ele nos prometeu.
Os prazeres do mundo são passageiros, porém as penas que deles resultam são eternas.
É Pequeno o sofrimento desta vida, ao passo que a glória da outra vida é infinita» [i].
O nosso amigo filósofo Kierkegaard exprimia, com uma linguagem mais esmerada, este mesmo conceito de S. Francisco de Assis:
«Sofre-se uma só vez, porém o triunfo é eterno. Que quer isto dizer?
Que se triunfa também uma só vez?
Certamente.
Todavia, há uma diferença infinita: o período do sofrimento é o instante, ao passo que o período do triunfo é a eternidade; a fase do sofrimento, uma vez passada, não se repete; igualmente, mas noutro sentido, a fase do triunfo também não se repete porque nunca passa; o período do sofrimento é uma passagem ou uma transição; o período do triunfo dura eternamente» [ii].

Vamos imaginar um numeroso grupo de pessoas heterogéneas e atarefadas.: a quem trabalhe, quem ria, quem chore, quem ande de um lado para o outro e quem esteja, à parte, amargurado.
Eis que chega, então, ofegante, um ancião vindo de longe e vai segredar uma palavra aos ouvidos da primeira pessoa que encontra.
Sempre correndo, o ancião repete essa palavra a uma outra pessoa.
Que ouviu essa palavra corre a repeti-la também a outra, e assim sucessivamente.
Assiste-se então a uma mudança inesperada: aquele que estava apartado e amargurado levanta-se e corre para sua casa a fim de repetir aquela palavra aos seus familiares; aqueles que andavam atarefados, param e voltam para trás; alguns que litigavam e estavam prestes a agredir-se acabam por se abraçar chorando.
Que palavra foi essa que provocou uma tal mudança?
Foi a palavra “eternidade”.

A humanidade inteira é essa multidão.
E a palavra que deve correr no meio dela, como um archote ardente, como o sinal luminoso que as sentinelas antigamente transmitiam entre si de uma guarita para outra, é precisamente a palavra: “Eternidade, eternidade!”

A Igreja deve ser aquele velho mensageiro.
Ela deve fazer ressoar aos ouvidos das pessoas e proclamar por toda a parte essa palavra.

Mal seria se também a Igreja perdesse “a medida”; seria como se o sal perdesse o sabor
Quem preservará então a vida da corrupção e da vaidade?

Quem terá a coragem de repetir aos homens de hoje aquele verso tão cheio de sabedoria cristã:
“Tudo, a não ser o que é eterno, no mundo é vão”?

Tudo é vão a não ser o que é eterno e aquilo que, de algum modo, conduz a ele.

Filósofos, poetas, todos podem falar de eternidade e de infinito, mas só a Igreja como guardiã do mistério do homem Deus pode fazer desta palavra mais do que um vago sentimento de “nostalgia do Totalmente Outro”.

Existe, de facto, também este perigo: que “que se arraste a eternidade no tempo como um espectáculo para a fantasia”.

“Representada assim ela exerce um efeito fascinante; não se sabe se é o sonho ou a realidade; a eternidade olha para o tempo com olhos melancólicos, meditabundos, sonhadores”.

O Evangelho impede que se esvazie assim a eternidade, indicando-nos de imediato o discurso daquilo que se deve fazer:

«Que devo fazer para obter a vida eterna» [iii].

A eternidade torna-se o grande “objectivo” da vida no qual nos devemos empenhar noite e dia.


(cont)
rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Fioretti, cap. XVII
[ii] S. Kierkegaard, Discursos cristãos, II, I.
[iii] Lc 18,18

Perguntas e respostas

A CLONAGEM


A. O QUE É A CLONAGEM?


1. O que é a clonagem?



Pode dizer-se que clonagem é a produção de um individuo basicamente igual a outro mediante técnicas genéticas não sexuais.

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?