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05/02/2018

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 3 A fé sobrenatural

A virtude da fé é uma virtude sobrenatural que capacita o homem a assentir firmemente a tudo o que Deus revelou.


1. Noção e objecto da fé

O acto de fé é a resposta do homem a Deus que se revela [i].

«Pela fé o homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador» [ii].

A Sagrada Escritura chama a este assentimento «obediência da fé» [iii].

 A virtude da fé é uma virtude sobrenatural que capacita o homem – ilustrando a sua inteligência e movendo a vontade – a assentir firmemente em tudo o que Deus revelou, não pela sua evidência intrínseca, mas pela autoridade de Deus que revela.
«Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus» [iv].

2. Características da fé

- «A fé um dom de Deus, una virtude sobrenatural infundida por Ele [v].

Para prestar esta adesão da fé são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo» [vi].

Não basta a razão para abraçar a verdade revelada; é necessário o dom da fé.

- A fé é um acto humano.

Embora seja um acto que se realiza graças a um dom sobrenatural, «crer é um acto autenticamente humano.
Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas» [vii].

Na fé, a inteligência e a vontade cooperam com a graça divina:

«Crer é um acto do entendimento que assente à verdade divina por império da vontade movida por Deus mediante a graça» [viii].

- Fé e liberdade.

«A resposta da fé dada pelo homem a Deus, deve ser voluntária.
Por conseguinte, ninguém deve ser constrangido a abraçar a fé contra vontade.
Efectivamente, o acto de fé é voluntário por sua própria natureza» [ix], [x].
«Cristo convidou à fé e à conversão, mas de modo nenhum constrangeu alguém. Deu testemunho da verdade, mas não a impôs pela força aos seus contraditores» [xi].

- Fé e razão.

«Muito embora a fé esteja acima da razão, nunca pode haver verdadeiro desacordo entre ambas: o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão.
 E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade» [xii].

«É por isso que a busca metódica, em todos os domínios do saber, se for conduzida de modo verdadeiramente científico e segundo as normas da moral, jamais estará em oposição à fé: as realidades profanas e as da fé encontram a sua origem num só e mesmo Deus» [xiii].

Carece de sentido tentar demonstrar as verdades sobrenaturais da fé; pelo contrário, pode-se provar sempre que é falso tudo o que pretende ser contrário a essas verdades.

- Eclesiologia da fé.

“Crer” é um acto próprio do fiel enquanto fiel, ou seja, enquanto membro da Igreja.
O que crê assente à verdade ensinada pela Igreja, que guarda o depósito da Revelação.
«A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes» [xiv].

«Ninguém pode ter a Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe» [xv].

- A fé é necessária para a salvação [xvi].
«Sem a fé é impossível agradar a Deus» [xvii].

«Aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna» [xviii].

3. Os motivos de credibilidade:

«O motivo de crer não é o facto de as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural.
Nós cremos “por causa da autoridade do próprio Deus que revela e que não pode enganar-Se nem enganar-nos”» [xix].

No entanto, para que o acto de fé fosse conforme à razão, Deus quis dar-nos motivos de credibilidade que mostram que «o assentimento da fé não é “de modo algum um movimento cego do espírito”» [xx].

Os motivos de credibilidade são sinais certos de que a Revelação é palavra de Deus.
Estes motivos de credibilidade são, entre outros:
- a gloriosa Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, sinal definitivo da Sua Divindade e prova certíssima da verdade das Suas palavras;
- «os milagres de Cristo e dos santos [xxi]» [xxii], [xxiii];
- o cumprimento das profecias [xxiv], feitas sobre Cristo ou pelo próprio Cristo (por exemplo, as profecias acerca da Paixão de Nosso Senhor; a profecia sobre a destruição de Jerusalém, etc.).
Este cumprimento é prova da veracidade da Sagrada Escritura;
- a sublimidade da doutrina cristã é também prova da Sua origem divina. Quem medita atentamente os ensinamentos de Cristo, pode descobrir na sua profunda verdade, na sua beleza e na sua coerência;
- uma sabedoria que excede a capacidade humana de compreender e de explicar o que é Deus, o que é o mundo, o que é o homem, a sua história e o seu sentido transcendente;
- a propagação e a santidade da Igreja, a sua fecundidade e estabilidade «são sinais certos da Revelação, adaptados à inteligência de todos» [xxv].

Os motivos de credibilidade não só ajudam quem não tem fé para superar preconceitos que dificultam a sua recepção, mas também quem tem fé, confirmando-lhe que é razoável crer e afastando-o do fideísmo.

José Manuel Martín (Ed), Gabinete de informação do Opus Dei, 2016

Notas





[i] Cf. Catecismo, 142
[ii] Catecismo, 143
[iii] Cf. Rm 1, 5; 16, 26
[iv] Catecismo, 150
[v] Cf. Mt 16, 17
[vi] Catecismo, 153
[vii] Catecismo, 154
[viii] São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, II-II, q. 2, a. 9
[ix] Catecismo, 160
[x] Cf. Concílio Vaticano II, Declar. Dignitatis Humanae, 10; CIC, 748, §2.
[xi] ibidem
[xii] Concílio Vaticano I: DS 3017.
[xiii] Catecismo, 159
[xiv] Catecismo, 181
[xv] Concílio Vaticano II, Const. Lumen Gentium, 16.
[xvi] cf. Mc 16, 16; Catecismo, 161
[xvii] Hb 11, 6
[xviii] São Cipriano, De Catholicae Unitate Ecclesiae: PL 4, 503
[xix] Catecismo, 156
[xx] Concílio Vaticano I: DS 3008-3010; Catecismo, 156.
[xxi] cf. Mc 16, 20; Heb 2, 4
[xxii] Catecismo, 156
[xxiii] O valor da Sagrada Escritura, como fonte histórica totalmente fiável, pode estabelecer-se com sólidas provas: por exemplo, as que se referem à sua antiguidade (vários dos livros do Novo Testamento foram escritos poucos anos após a Morte de Cristo, o que testemunha o seu valor), ou as que se referem à análise do conteúdo (que mostra a veracidade dos testemunhos).
[xxiv] cf. Catecismo, 156
[xxv] Catecismo, 156

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