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23/11/2017

Estou com Ele no tempo da adversidade

Ainda que tudo se vá abaixo e se acabe; ainda que os acontecimentos se sucedam ao contrário do previsto, com tremenda adversidade; nada se ganha perturbando-se. Além disso, recorda a oração confiante do profeta: "O Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor é o nosso Rei; Ele é quem nos há-de salvar". Reza-a devotamente, todos os dias, para acomodar a tua conduta aos desígnios da Providência, que nos governa para nosso bem. (Forja, 855)

E quando a tentação do desânimo, dos contrastes, da luta, da tribulação, de uma nova noite da alma nos ataca – violenta –, o salmista põe-nos nos lábios e na inteligência aquelas palavras: estou com Ele no tempo da adversidade. Jesus, perante a Tua Cruz, que vale a minha; perante as Tuas feridas, os meus arranhões? Perante o Teu Amor imenso, puro e infinito, que vale o minúsculo fardo que Tu colocaste sobre os meus ombros? E os vossos corações e o meu enchem-se de uma santa avidez, confessando-Lhe – com obras – que morremos de Amor.

Nasce uma sede de Deus, uma ânsia de compreender as Suas lágrimas; de ver o Seu sorriso, o Seu rosto... Julgo que o melhor modo de o exprimir é voltar a repetir, com a Escritura: como o veado deseja a fonte das águas, assim a minha alma te anela, ó meu Deus! E a alma avança, metida em Deus, endeusada: o cristão tornou-se um viajante sedento, que abre a boca às águas da fonte.

Com esta entrega, o zelo apostólico ateia-se, aumenta dia-a-dia – pegando esta ânsia aos outros – porque o bem é difusivo. Não é possível que a nossa pobre natureza, tão perto de Deus, não arda em desejos de semear no mundo inteiro a alegria e a paz, de regar tudo com as águas reden­toras que brotam do lado aberto de Cristo, de começar e acabar todas as tarefas por Amor.

Falava antes de dores, de sofrimentos, de lágrimas. E não me contradigo se afirmo que, para um discípulo que procura amorosamente o Mestre, é muito diferente o sabor das tristezas, das penas, das aflições: desaparecem imediatamente, quando aceitamos deveras a Vontade de Deus, quando cumprimos com gosto os Seus desígnios, como filhos fiéis, ainda que os nervos pareçam rebentar e o suplício pareça insuportável. (Amigos de Deus, nn. 310–311)

Reflectindo

Querer riqueza

É correcto desejar ter meios de fortuna?

Pode-se, por exemplo, jogar no Euro-milhões?

Quanto à primeira questão julgo que não é incorrecto em princípio dependendo, naturalmente da finalidade desses meios.

Se, por exemplo, o objectivo se concentra em adquirir bens supérfluos, então diria que está errado.

Se, por outro lado, se deseja distribuir, repartir ou de qualquer modo ajudar alguém ou uma iniciativa de solidariedade então penso que não é incorrecto.

Há, contudo, uma condição importante: que o dinheiro gasto não faça falta para algo importante como, por exemplo, o sustento familiar.

Por isso mesmo, é fundamental a contenção e moderação independentemente do que se possui, tendo sempre presente que os bens são meios e não um fim em si mesmos e que devemos dar estritas contas de como os administrámos.

A riqueza não é, pois, uma coisa má em si mesma, mas o que pode ser mau ou bom será o uso que dela se fizer


(AMA, reflexões, 13.07.2017)

Temas para meditar

A força do Silêncio, 42

Calar-se, dominando os lábios e a língua, é uma tarefa difícil, ardente e árida.
Mas precisamos sempre mais de mergulhar nas realidades interiores que podem moldar utilmente o mundo.
O homem deve apresentar-se silenciosamente a Deus e dizer-Lhe:

Meu Deus, porque me deste o conhecimento e o desejo da perfeição conduz-me sempre para o absoluto Amor.
Leva-me a amar cada vez mais, porque Tu és o sábio artesão que não deixa nenhuma obra inacabada, desde que o barro da criatura não Te ponha obstáculo ou recusa.
Entrego-me sem palavras, a Ti, Senhor.
Quero ser dócil e maleável como o barro nas mãos do oleiro hábil e atencioso.



CARDEAL ROBERT SARAH

Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Lc 19, 41-44

41 Quando se aproximou, ao ver a cidade, Jesus chorou sobre ela e disse: 42 «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos. 43 Virão dias para ti, em que os teus inimigos te hão-de cercar de trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados; 44 hão-de esmagar-te contra o solo, assim como aos teus filhos que estiverem dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada.»

Comentário:

Jesus Cristo Homem ou, Jesus Cristo Deus?

É Ele mesmo, Perfeito Homem e Deus Perfeito, Quem chora sobre a cidade santa!

Impressiona, comove, quase que sentimos alguma revolta interior por quem faz sofrer assim o nosso Deus e Senhor!

E… nós? Nunca provocámos lágrimas de dor e pena a este mesmo Jesus Cristo, nosso irmão, que deu a vida por nós?

Ah! Cada vez que nos deixamos vencer pela tentação afastamo-nos d’Ele e, seguramente, provocamos na Sua alma uma tristeza e uma dor que só passarão quando, profunda e sinceramente arrependidos, nos ajoelharmos aos pés do Sacerdote e pedimos perdão contrito e completo.

(AMA, comentário sobre Lc 19, 41-44, 31.07.2017)


Novos Valores para a Sociedade

Se pensarmos na nossa vida e na nossa actuação, em breve notaremos que quase todas as nossas aspirações e acções estão ligadas à existência de outros homens. Reparamos que, em toda a nossa maneira de ser, somos semelhantes aos animais que vivem em comum. Comemos os alimentos produzidos por outros homens, usamos vestuário que outros homens fabricaram e habitamos casas que outros construíram. A maior parte das coisas que sabemos e em que acreditamos foi-nos transmitida por outros homens, por meio duma linguagem que outros criaram. A nossa faculdade mental seria muito pobre e muito semelhante à dos animais superiores se não existisse a linguagem, de modo que teremos de concordar que, aquilo que nos distingue em primeiro lugar dos animais, o devemos à nossa vida na comunidade humana. O homem isolado — entregue a si desde o nascimento — manter-se-ia, na sua maneira de pensar e de sentir, primitivo como um animal, dum modo que dificilmente podemos imaginar. O que cada um é e significa, não o é tão-sòmente como ser isolado, mas como membro duma grande comunidade humana, que determina a sua existência material e espiritual desde o nascimento à morte.


Aquilo que um homem leva para a sua comunidade depende, em primeiro lugar, da medida em que o seu sentir, o seu pensar e o seu agir são aplicados à melhoria da existência dos outros homens. Conforme a atitude de cada um neste campo, assim costumamos designá-lo por bom ou por mau. Pareceria, à primeira vista, que as qualidades sociais de cada homem são as únicas a entrar em linha de conta para a apreciação que dele fazemos.
E, no entanto, tal concepção não seria exacta. Facilmente se reconhecerá que todos os bens materiais, espirituais e morais que recebemos da sociedade provêm de isoladas personalidades criadoras, no decurso de inúmeras gerações. Houve um que descobriu o uso do fogo, outro a maneira de cultivar plantas alimentares, outro ainda a máquina a vapor.
Só o indivíduo isolado é capaz de pensar e assim criar novos valores para a sociedade, e até mesmo estabelecer normas morais, segundo as quais se desenrola a vida da comunidade. Sem personalidades criadoras, pensando e julgando individualmente, não se pode imaginar o progresso da sociedade, como também não se pode imaginar o desenvolvimento da personalidade, sem o terreno favorável da comunidade.
Uma sociedade sã depende portanto igualmente da independência dos indivíduos e da sua íntima ligação social.


Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo'

Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?