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04/05/2017

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Fátima: Centenário - Oração jubilar de consagração


Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima!
Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal,
és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.

Profecia do Amor misericordioso do Pai,
Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho,
Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo,
ensina-nos, neste vale de alegrias e dores,
as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos.

Mostra-nos a força do teu manto protector.
No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.

Unido/a aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor,
a ti me entrego.
Unido/a aos meus irmãos, por ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.

E, enfim, envolvido/a na Luz que das tuas mãos nos vem,
darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos.


Ámen.

Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS 


Vol. 2

LIVRO X

CAPÍTULO XII

Milagres que o verdadeiro Deus opera pelo ministério dos san­tos anjos.

Todavia, com o com essas artes se realizam tantas e tais coisas que ultrapassam todos os limites da capacidade humana — que resta senão que todos estes prodígios, que parecem divinamente preditos ou cumpridos, mas sem relação com o culto do Deus único (em cuja união, com o confessam e atestam largam ente mesmo os platónicos, se
encontra o único bem beatífico), sejam prudentemente considerados com o divertimento dos malignos demónios e obstáculos sedutores que a verdadeira religião deve evitar? Mas todos os milagres realizados por ordem divina pelos anjos ou por qualquer outro modo, tendo por finalidade recomendar o culto e a religião do Deus único no qual, e só no qual existe a vida bem-aventurada, devem ser considerados como provenientes, operando Deus neles, da acção ou da intercessão dos que nos amam segundo a verdade e a piedade.

Não devem ser ouvidos os que negam que Deus invisível possa fazer milagres visíveis. Nem mesmo esses podem negar que este mesmo Deus fez o mundo que, não há dúvida, é visível. Tudo o que de maravilhoso acontece neste mundo é, com certeza, menos do que o mundo no seu todo, isto é, do que o Céu e a Terra e tudo o que encerram — obras que, indubitavelmente, foi Deus quem as fez. Mas tal como Aquele que as fez, assim também o modo como as fez, se conserva oculto e incompreensível homem. Talvez os milagres das naturezas visíveis tenham perdido o seu valor devido a tantas vezes terem sido observados. Todavia, se encararmos com olhos de ver, verem os que são superiores aos mais extraordinários e mais raros. Realmente, o homem é um milagre maior do que qualquer milagre feito por um homem.

É por isso que Deus, que fez o Céu e a Terra visíveis, não desdenha fazer no Céu e na Terra milagres visí­veis para estimular a alma, ainda presa às coisas visíveis, a adorá-lo a Ele invisível. Mas «onde» e «quando» os fará — é n’Ele o objecto dum desígnio imutável em cuja disposição se encontram já presentes os tempos futuros. E que Ele move as coisas temporais e não se move no tempo. Para Ele, conhecer o que se vai fazer e o que está feito é tudo o mesmo; nem atende os que o invocam de forma diferente dos que o hão-de invocar. Mesmo quando são os anjos que atendem, é Ele ainda quem neles atende como no seu verdadeiro templo que não é feito pelas mãos dos homens. O mesmo ocorre com os seus homens santos. E os preceitos realizam-se no tempo em conformidade com a lei eterna.


CAPÍTULO XIII

Deus invisível tem-se muitas vezes mostrado visível, não tal qual é, mas como o podem suportar os que o vêem.

Não é de estranhar que Deus, sendo invisível, se tenha· apresentado muitas vezes visível aos Patriarcas. Assim como o som faz perceber um pensamento encerrado no silêncio do espírito sem ser propriamente o pensamento, assim também a forma, sob a qual aparece Deus invisível por natureza, não é o que Ele é. Todavia, era a Ele mesmo que se via sob a forma corporal com o era o próprio pensamento que se percebia no som da voz. Os Patriarcas não ignoravam que viam o Deus invisível sob uma forma corporal que não era Ele próprio.

Falava com Moisés e este também lhe dirigia a palavra, chegando a pedir-lhe:

Se diante de ti encontrei graça, mostra-te a mim para que eu, vendo-te, te conheça [i].

Como era preciso que a lei fosse proclamada pelos anjos duma forma terrífica, não a um só homem nem a poucos sábios, mas a toda um a nação e a um povo enorme, diante do povo aconteceram prodígios sobre a montanha onde a lei lhe foi dada por intermédio de um só homem, enquanto a multidão presenciava o que de terrível e terrífico se ia desenrolando. A verdade é que o povo de Israel não acreditou em Moisés com o os Lacedemónios acreditaram no seu Licurgo, isto é, que ele tinha recebido de Júpiter ou de Apolo as leis que estabeleceu. Efectivamente, quando o povo recebeu a lei que lhe prescrevia o culto do único Deus — sinais e movimento sob os seus olhares operados nas coisas, na medida que a Divina Providência considerava conveniente, tornavam evidente que, para dar essa lei, a criatura era mero instrumento do Criador.

CAPÍTULO XIV

Deve-se prestar culto ao único Deus não só pelos seus benefícios eternos, mas também pelos seus benefícios temporais, uma vez que tudo está sob o domínio da sua Providência.

Tal como o de um só homem, assim também o correcto progresso educacional do género humano, que está a cargo do povo de Deus, se desenrola através de jornadas no tempo, com o que em idades escalonadas. Assim, ele se eleva das coisas temporais à inteligência das eternas e das visíveis às invisíveis. Nem mesmo no tempo em que Deus
permitia a este povo recompensas visíveis lhe era menos prescrito que adorasse o Deus único para que a alma humana, mesmo na mira dos bens terrenos desta vida passageira, a nenhum outro que não fosse o seu verdadeiro criador e senhor se submetesse. Realmente, todo o bem que os anjos ou os homens podem fazer aos homens depende de um só Deus Omnipotente, e duvidar disto é uma loucura.

No De Providentia o platónico Plotino prova pela beleza das florinhas e das folhas que esta providência desce de Deus altíssimo, cuja beleza é inteligível e inefável, até aos mais pequenos seres da Terra. Todos estes seres, assegura ele, tão humildes e tão rapidamente perecíveis, não poderiam ter nas suas formas estas proporções harmoniosas se não tivessem recebido a marca da origem em que reside a forma inteligível e imutável que em si contém ao mesmo tempo (simul) todas as perfeições. E o que mostra o Senhor Jesus quando diz:

Olhai os lírios do campo: não trabalham nem fiam. Porém digo-vos: nem o próprio Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Ora se o feno do campo, que hoje existe mas amanhã é lançado ao fogo, Deus assim veste
quanto mais a vós, ó gente de pouca fé
[ii].

Com toda a razão, portanto, a alma humana, ainda debilitada pelos desejos terrenos, que no tempo prefere os mais baixos e terrenos bens necessários a esta vida transitória, des­prezíveis em comparação dos favores eternos da outra vida, bom é que se habitue a não os esperar senão de Deus único, de maneira que, mesmo quando os deseja, se não afaste do culto desse Deus ao qual não pode chegar senão desviando-se deles com desprezo.


CAPÍTULO XV

Ministério dos santos anjos ao serviço da Providência.

Assim, pois, aprouve à divina Providência ordenar o curso dos tempos de modo que a lei que prescreve o culto do único Deus verdadeiro fosse promulgada, com o já disse e se lê nos Actos dos Apóstolos, pelo ministério dos anjos. Apareceu, então, visivelmente a pessoa do próprio Deus, não em sua própria substância que permanece sempre invisível aos olhos corruptíveis, mas por sinais reveladores, por intermédio de um a criatura submetida ao criador; sílaba a sílaba, através das durações sucessivas dos tempos dessas sílabas, falava por meio das palavras da linguagem humana Aquele que, não corporal mas espiritualmente, não sensível mas inteligivelmente, não temporal mas por assim dizer eternamente, fala uma linguagem que não começa nem acaba. E a Ele que ouvem com maior pureza, não com o ouvido do corpo mas com o da mente, os seus ministros e mensageiros que gozam, em imortal beatitude, da sua verdade imutável e realizam, sem vacilações nem dificuldades, o que, de maneiras inefáveis, ouvem que deve ser realizado e deve chegar até estes seres visíveis e sensíveis.

Ora esta lei, segundo as conveniências do tempo, foi ada para obter primeiro, com o já disse, as promessas terrenas, sem­pre significadoras das eternas que, nos sacramentos visíveis, muitos celebrariam e poucos entenderiam. Todavia, o culto de um único Deus é clarissimamente prescrito pelo testem unho convergente de todas as palavras e de todos os ritos desta lei; o culto não de um deus tirado da turbamulta, mas, sim o culto d’Aquele que fez o Céu e a Terra, todas as almas e todos os espíritos — tudo o que não é Ele. Ele fez — as coisas foram feitas; e para que as coisas sejam e se encontrem bem, têm necessidade de quem as fez.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Ex. XXXIII, 13.
[ii] Mt VI, 28.

Epístolas de São Paulo – 65

Carta aos Colossenses - cap 2

A nossa adesão a Cristo

- 1Com efeito, quero que saibais como é grande a luta que mantenho por vós, bem como pelos de Laodiceia e por quantos nunca me viram pessoalmente, 2para que tenham ânimo nos seus corações, vivendo bem unidos no amor, e assim atinjam toda a riqueza, que é a plena compreensão, o conhecimento do mistério de Deus: Cristo, 3em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. 4Digo isto para que ninguém vos engane com discursos sedutores. 5Com efeito, ainda que eu esteja ausente de corpo, estou, porém, convosco em espírito, alegrando-me por ver a ordem que há entre vós e a firmeza da vossa fé em Cristo.

II. FIDELIDADE AO EVANGELHO (2,6-23)

A vida em Cristo

- 6Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: 7enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças. 8Olhai que não haja ninguém a enredar-vos com a filosofia, o que é vazio e enganador, fundado na tradição humana ou nos elementos do mundo, e não em Cristo. 9Porque é nele que habita realmente toda a plenitude da divindade, 10e nele vós estais repletos de tudo, Ele que é a cabeça de todo o Poder e Autoridade. 11Foi nele que fostes circuncidados com uma circuncisão que não é feita por mão humana: fostes despojados do corpo carnal, pela circuncisão de Cristo. 12Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. 13A vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne, Deus deu-vos a vida juntamente com Ele: perdoou-nos todas as nossas faltas, 14anulou o documento que, com os seus decretos, era contra nós; aboliu-o inteiramente, e cravou-o na cruz. 15Depois de ter despojado os Poderes e as Autoridades, expô-los publicamente em espectáculo, e celebrou o triunfo que na cruz obtivera sobre eles.

Erros que ameaçam a fé


- 16Por isso, não vos deixeis condenar por ninguém, no que toca à comida e à bebida, ou a respeito de uma festa, de uma Lua-nova ou de um sábado. 17Tudo isto não é mais que uma sombra das coisas que hão-de vir; a realidade está em Cristo. 18Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de humildade ou culto dos anjos. É gente que, dando toda a atenção às suas visões, em vão se gloria com a sua inteligência carnal 19e não se apoia naquele que é a Cabeça; é a partir dele que todo o Corpo, abastecido e mantido pelas junturas e articulações, recebe o seu crescimento de Deus. 20Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, porque é que vos submeteis a normas, como se estivésseis ainda dependentes do mundo? 21Não tomes, não proves, não toques 22em coisas, todas elas destinadas a ser consumidas; coisas de acordo com os preceitos e ensinamentos dos homens! 23São normas que, embora tenham uma aparência de sabedoria - a respeito do culto voluntário, da humildade, da austeridade corporal - não têm qualquer valor; só servem para satisfazer a carne.

Leitura espiritual

A CIDADE DE DEUS

Vol. 2

LIVRO XIII

Nele se demonstra que, entre os homens, a morte constitui um castigo e procede do pecado de Adão.

CAPÍTULO I

A mortalidade é consequência da queda do primeiro homem.

Resolvidas questões tão difíceis como as da origem do nosso século, e do começo do género humano, o plano da obra leva-nos a tratar da queda do primeiro, ou antes, dos primeiros homens, bem como da origem e transmissão da morte na humanidade. Deus não tinha criado os homens da mesma maneira que os anjos, isto é, incapazes de morrer mesmo que pecassem, mas, depois de terem cumprido o dever de obediência, deviam, sem passar pela morte, obter a imortalidade dos anjos e a sua eternidade bem-aventurada. Todavia, se desobedecessem, a morte seria o seu justo castigo — com o, de resto, já dissemos no livro precedente.

CAPÍTULO II

Da morte que pode atingir a alma destinada, todavia, a, de algum modo, viver sempre e da morte a que está sujeito o corpo.

Mas vejo que é preciso examinar com um pouco mais de cuidado a natureza da morte. Embora a alma, de facto, seja realmente imortal, também ela tem, porém, a sua morte própria. Diz-se que é imortal porque, sob qualquer forma, por pequena que seja, não deixa de viver e de sentir — ao passo que o corpo é mortal porque pode ser privado de toda a vida, de modo nenhum podendo viver por si mesmo. A alma morre quando Deus a abandona, assim como o corpo morre quando a alma o deixa. Por isso a morte da alma e do corpo, isto é, do homem todo, surge quando a alma, abandonada por Deus, abandona por sua vez o corpo. E que então nem ela vive já de Deus nem o corpo vive já da alma.

A esta morte do homem todo segue-se a morte a que a palavra sagrada chama, com toda a sua autoridade, a segunda morte. E a esta que se refere o Salvador quando diz:

Temei aquele que tem o poder de perder o corpo e a alma na geena.
[i]

E, como isto não pode acontecer antes de a alma estar unida ao corpo, de tal forma que nada os possa separar mais, — poderá parecer estranho afirmar que o corpo perece com uma morte em que não é abandonado pela alma e que conserva a vida e os sentidos no meio dos tormentos. Nesse castigo supremo e eterno, de que oportunamente trataremos com mais pormenores, bem se pode dizer que a alma morre porque já não vive de Deus; mas como é que se pode dizer que o corpo morre se vive ainda da alma? De facto, ele não poderá sentir de outra maneira os tormentos corporais que hão-de seguir-se à ressurreição. Sendo a vida, qualquer vida, um bem, e a dor um mal – será que teremos então de dizer que não vive um corpo no qual a alma não é a causada vida, mas da dor?

A alma vive, pois, de Deus quando vive no bem.

Não pode, na verdade, viver no bem se Deus nela não operar o que é bom. Mas o corpo vive da alma quando o corpo nele, viva ou não ela de Deus. Avida que há no corpo dos ímpios não é, portanto, vida da alma, mas do corpo; e essa vida até as almas mortais (isto é abandonadas de Deus), apodem dar, embora nelas não cesse a sua própria vida pela qual são imortais.

Mas na condenação derradeira, embora o homem não deixe de sentir, todavia, melhor é chamar-lhe morte do que vida, visto esta sensibilidade não se tornar agradável pelo prazer nem salutar pelo repouso, mas antes penosa pela dor. E chama-se-lhe «segunda» porque se segue a uma primeira em que se realiza a ruptura de naturezas unidas, quer de Deus e da alma, quer da alma e do corpo. Da primeira parte do corpo se pode, pois, que é um bem para os bons e um mal para os maus; mas a segunda, como não é, com certeza, própria de nenhum bem, para ninguém é boa.

CAPÍTULO III

Se a morte que, devido ao pecado dos primeiros homens, atinge todos os homens, constitui também para os santos pena do pecado.

Surge, porém, um a questão que se não deve escamotear: — a morte, separação da alma e do corpo, é, na realidade, um bem para os bons? Se assim é com o se poderá sustentar que ela é também a pena do pecado? Com certeza que, se os primeiros homens não tivessem pecado, não a teriam suportado. Com o poderá então ser um bem para os bons se não pode acontecer senão aos maus? Mas se ela não pode acontecer senão aos maus, não devia ser um bem para os bons, mas simplesmente não ser. Realmente, porquê um a pena para quem nada tem que deva ser punido?

Deve-se, pois, reconhecer que os primeiros homens foram, na verdade, criados para não sofrerem qualquer género de morte se não tivessem pecado. Mas tendo-se tornado os primeiros pecadores, foram punidos com a morte e, além disso, todos os que da sua estirpe viessem deviam doravante sofrer esse castigo. É que deles nada podia nascer deles diferente. Realmente, a magnitude da sua falta acarretou uma sanção que alterou para pior a sua natureza: o que não passava de uma pena para os primeiros homens pecadores, tornou-se natureza para todos os seus descendentes. Porque o homem não nasce do homem como o homem nasceu do pó. O pó foi matéria para fazer o homem — mas o homem, para o homem que gera, é um pai. Assim a terra não é carne embora de terra tenha sido a carne feita — e o que é o pai, isto é, o homem, isso mesmo é o filho, o homem. Portanto, todo o género humano que devia propagar-se pela mulher estava no primeiro homem quando essa união dos cônjuges recebeu a sentença divina da sua condenação. E aquilo em que se tornou o homem , não quando foi criado mas quando pecou e foi castigado, transmitiu-o ele aos seus descendentes no que diz respeito à origem do pecado e da morte.

A verdade é que o homem não foi reduzido pelo pecado e pela pena a esse embotamento e debilidade de corpo e de espírito que notamos nas crianças (Deus quis que fossem com o os primórdios dos cachorrinhos os dos homens cujos pais se tinham rebaixado à vida e morte dos
animais, com o está escrito:

O homem quando era levantado em dignidade não compreendeu; comparou-se aos animais carentes de entendimento e tomou-se a eles semelhante, [ii]

com a diferença de que, no exercício e movimento dos seus membros e no instinto das apetências e das defesas, vemos que as crianças são mais débeis que os mais tenros filhotes dos animais — tudo se passando como se a energia humana se elevasse tanto mais acima dos outros viventes quanto mais tempo conservou retido e contraído o seu ímpeto como a flecha no arco bem retesado; o primeiro homem não foi, portanto, precipitado ou lançado, por sua presunção culpável e por justa condenação, para estes começos infantis. Mas a natureza humana ficou nele de tal forma viciada e mudada que sofre nos seus membros a desobediência e a revolta da concupiscência e se sente necessariamente ligada à morte — e assim, aquilo em que se tom ou pelo crime e pelo castigo, é isso mesmo que gera, isto é: seres sujeitos ao pecado e à morte. As crianças do laço do pecado são libertadas pela graça de Cristo mediador, não podem sofrer senão essa morte que separa a alma do corpo; mas, libertados da dívida do pecado, não passam pela segunda morte que é castigo sem fim.


(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Mt X, 28.
[ii] Salmo XLVIII, 13

Temas para meditar - 706


Filho pródigo


Assim é o estilo de Jesus, que veio dar cumprimento, não destruir.

No nosso comentário podemos procurar fazer valer certos elementos não expostos directamente na parábola. 

Podemos, por exemplo, supor que o pai tenha tomado conhecimento do que se passava com o filho mais novo pelos seus servidores, sabendo assim que ele quase morria à fome, que estava sem abrigo e que andava completamente perdido. 

Suponhamos que, querendo poupar o filho de tal sorte e de tal humilhação, o pai tenha deci­dido enviar um seu servidor, às claras ou em segredo, com uma bolsa de dinheiro, o que lhe permitiria levar "uma vida normal, ou ainda o regresso à vida desregrada". Seria este tipo de ajuda que o pai poderia proporcionar repetidas vezes, capaz de provocar o regresso do filho? 

Tudo parece indicar que não. 

Quer isto dizer que, ao amar o filho, o pai não deveria protegê-lo das consequências do mal que o próprio filho desencadeara. 

Pelo contrário, o seu coração paternal devia arcar com o sofrimento infli­gido pelo filho.


tadeus dajczer Meditações sobre a Fé Paulus 4ª Ed. pg. 86

Conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a

Deves ter uma intensa devoção à nossa Mãe. Ela sabe corresponder com finura aos obséquios que Lhe fizermos. Além disso, se rezares o Terço todos os dias com espírito de fé e de amor, Nossa Senhora encarregar-se-á de te levar muito longe pelo caminho do seu Filho. (Sulco, 691)

Quanto cresceriam em nós as virtudes sobrenaturais se conseguíssemos verdadeira devoção a Maria, que é Nossa Mãe! Não nos importemos de lhe repetir durante todo o dia – com o coração, sem necessidade de palavras – pequenas orações, jaculatórias. A devoção cristã reuniu muitos desses elogios carinhosos na Ladainha que acompanha o Santo Rosário. Mas cada um de nós tem a liberdade de os aumentar, dirigindo-lhe novos louvores, dizendo-lhe o que – por um santo pudor que Ela entende e aprova – não nos atreveríamos a pronunciar em voz alta.


Aconselho-te (...) que faças, se o não fizeste ainda, a tua experiência particular do amor materno de Maria. Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la deste modo, falar assim d'Ela. É tua Mãe e tu és seu filho; quer-te como se fosses o seu único filho neste mundo. Trata-a de acordo com isso: conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a, ama-a. Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o fizeres. (Amigos de Deus, 293)

Fátima: Centenário - Música


Centenário das aparições da Santíssima Virgem em Fátima

Louvando a Santíssima Virgem - Maria Callas




Neste mês de Maio a ti excelsa Mãe de Deus e nossa Mãe, te repetiremos sem cessar:

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum, benedicta tu in mullieribus et benedictus fructis ventris tui, Jesus.

Santa Maria, Mater Dei, ora pro nobis pecatoribus, nunc et in hora mortis nostra. Ámen.





Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?