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Transfiguração

TRANSFIGURAÇÃO


Abro os olhos desmedidamente,
Senhor!

Quero ver-Te,
assim,
na Tua glória,
com as vestes,
que nenhuma lavadeira,
podia assim branquear!

Peço-Te,
Senhor,
sê Tu a lavadeira,
que branqueia o meu coração,
lavando-o,
no Teu amor.

Já Te vejo,
Senhor,
com o meu coração branqueado,
mais brilhante do que o Sol,
mais branco do que o luar,
porque fui lavado,
no sangue do teu amor.

Transfiguração,
Razão,
Fé,
Amor,
Tu,
Senhor,
enches,
o meu coração!

Glória,
Glória a Ti,
sempre e para sempre,
Senhor!



Joaquim Mexia Alves, Marinha Grande, 18 de Fevereiro de 2017

Evangelho e comentário

Tempo comum

Cadeira de São Pedro

Evangelho: Mt 16, 13-19

Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».

Comentário:

A pergunta de Jesus pode parecer desnecessária e, de facto, é porque Ele sabe muito bem, com detalhado pormenor, o que diz dele.

A intenção é clara: quer suscitar a resposta de Pedro que, assim, assume, desde logo, a responsabilidade de responder por todos os discípulos.

Cristo aproveita esta atitude de Pedro e confirma-o como chefe da Igreja que irá fundar.
E não só como chefe mas como detentor de um poder que é unicamente de Deus: ligar e desligar, ou seja, aceitar os pedidos de perdão dos homens pelos pecados cometidos, reatando as relações deste com Deus.

Este poder, claramente dado a Pedro, que será depois transmitido por este aos seus sucessores, é extensivo aos Bispos da Igreja Católica que o repartem pelos presbíteros sob o seu múnus.

A grande questão dos Escribas que por várias vezes afirmam que só Deus tem poder para perdoar os pecados tem, assim, uma resposta mais completa ainda porque, na verdade, Deus pode fazer o que quiser com os Seus poderes – que são absolutos – inclusive, como neste caso, autorizar outros para os usarem em Seu Nome.
É, efectivamente o que faz o Sacerdote ao declarar ao penitente: ‘Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, não em meu nome, mas em nome daquele de Quem me vem este poder.

Quando se ouve – com alguma frequência, infelizmente – eu confesso-me a Deus, essa pessoa está a dizer uma verdade absoluta embora a sua intenção seja outra.

(ama, comentário sobre Mt 16, 13-19, 2011.01.17)


Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Leitura espiritual


A CIDADE DE DEUS


Vol. 1

CAPÍTULO XXXII

O sacramento da Redenção de Cristo nunca faltou nos tempos passados e sempre foi anunciado por diversos sinais.




Desde a origem da humanidade que este mistério da vida eterna foi, por meio de símbolos e de sinais sagrados apropriados aos tempos, anunciado pelos anjos aos que o deviam conhecer. Depois, o Povo Hebreu foi congregado numa espécie de Estado encarregado de realizar este mistério. Aí, pela voz de certos homens, uns disso conscientes outros inconscientes, foi predito tudo o que devia acontecer desde a vinda de Cristo até aos nossos dias e depois. Posteriormente este povo dispersou-se por diversas nações, para dar testemunho das Escrituras em que se anunciava a salvação eterna que viria a realizar-se em Cristo. Porque, não apenas as profecias, que consistem em palavras, nem apenas os preceitos da vida, que regem os costumes e a religião, e estão contidos nessas Escrituras, mas também os ritos sagrados, o sacerdócio, o tabernáculo ou o templo, os altares, os sacrifícios, as cerimónias, os dias de festa e as outras instituições pertinentes ao serviço a Deus devido, tudo isto figurou e pressagiou os acontecimentos que para a vida eterna dos fiéis em Cristo se realizaram, como nós acreditamos, se realizam, como estamos a ver, e se virão a realizar, como esperamos.

CAPÍTULO XXXIII

Só a religião cristã pôde descobrir o engano dos espíritos malignos que se alegram com os erros dos homens.

Pois foi esta religião, única e verdadeira, que foi capaz de pôr a descoberto que os deuses dos gentios mais não são que impuros demónios. Aproveitando-se das almas dos mortos e sob a aparência de criaturas deste mundo, desejando passar por deuses, têm-se deleitado com uma orgulhosa impudência nas honras quase divinas, que mais não eram senão abominação e torpeza e têm invejado às almas humanas a sua conversão ao verdadeiro Deus. De tão monstruosa e sacrílega tirania se libertou o homem pela sua fé n’Aquele que, para o elevar, lhe deu o exemplo de uma humildade igual em grandeza ao orgulho que fez cair os demónios. Entre estes é preciso colocar, não somente os deuses de que já tanto falámos e tantos outros de outras terras e povos, mas também aqueles de que falamos agora, os deuses escolhidos para constituírem como que um Senado dos deuses, a todos preferidos, não pela dignidade das suas virtudes, mas pela fama dos seus crimes. Nos seus esforços por reduzir o seu culto a explicações naturais, Varrão, procurando coonestar torpezas, não é capaz de as enquadrar e harmonizar com as suas explicações. É que as verdadeiras causas destes ritos não são as que ele crê ou pretende fazer crer. Se, efectivamente, houvesse tais causas ou outras semelhantes, elas, sem dúvida, não teriam nenhuma relação com Deus e a vida eterna, que há que procurar na religião. Mas, dando a estes ritos uns laivos de explicação tirada dos seres da natureza, elas teriam pelo menos atenuado um pouco o escândalo causado pela obscenidade e absurdidade desses mesmos ritos mantidos sem explicações. Foi assim que tentou fazer para certas fábulas do teatro ou certos mistérios do templo, sem justificar os teatros ao compará-los aos templos, mas antes condenando os templos ao compará-los aos teatros. Pelo menos, esforçou-se por, com semelhantes explicações naturais, apaziguar o bom senso revoltado por tais horrores.

CAPÍTULO XXXIV

Dos livros de Numa Pompílio que o Senado mandou queimar para se não divulgarem as causas das instituições religiosas tal como neles vinham expostas.

Bem ao contrário, sabemos, como no-lo relata esse tão douto Varrão, que a revelação das causas dos ritos sagrados referida nos livros de Numa Pompílio, pareceu a tal ponto intolerável e foi considerada indigna, não só de ser lida pelos homens religiosos, mas mesmo de ser conservada por escrito às ocultas.

É a ocasião de eu dizer o que no livro terceiro desta obra eu tinha prometido relatar no momento próprio. Efectivamente, assim se lê no livro do mencionado Varrão acerca do culto dos deuses:

Um certo Terêncio possuía uma propriedade perto do Janículo. O seu boieiro, ao arrastar o arado perto do túmulo de Numa Pompílio, desenterrou os livros em que se encontravam escritas as causas das instituições religiosas. Levou-os a Roma, ao pretor. Este viu o princípio deles e deferiu ao Senado questão de tanta monta. Aí, quando leram algumas das razões que explicavam cada uma das instituições, o Senado concordou com o falecido rei, determinando os Senadores (padres conscritos) [i], religiosos como eram, que o pretor queimasse esses livros [ii].

Pense cada um o que quiser. Mais ainda: diga qualquer ilustre defensor de tamanha impiedade o que lhe sugerir a sua extravagante teimosia. Quanto a mim, basta-me constatar que as explicações religiosas escritas pela mão do rei Pompílio, fundador da Religião Romana, tiveram de se conservar escondidas do povo, do Senado, dos próprios sacerdotes. Foi este rei em pessoa quem, impelido por uma curiosidade culpável, se iniciou nos segredos dos demónios e os reduziu a escrito para os recordar quando os lesse. Mas, embora, por ser rei, nada tivesse a temer, não se atreveu nem a comunicá-los nem a perdê-los, destruindo-os de qualquer maneira. Assim, como não queria que ninguém conhecesse coisas tão abomináveis, e como, por outro lado, receava profaná-los, com o que atrairia a ira dos deuses, enterrou-os num sítio que julgou seguro — não pensando que um arado poderia passar tão perto da sua sepultura. Quanto ao Senado, teve receio de ter de condenar a religião dos antepassados e viu-se consequentemente constrangido a concordar com Numa. Todavia, julgou estes livros tão perniciosos que se recusou a enterrá-los de novo, para evitar que a curiosidade humana procurasse, com mais ardor, uma coisa já tomada pública — e mandou destruir pelo fogo tão nefandos documentos. E assim, porque se julgou necessária a manutenção desse culto, — a ilusão sustentada pela ignorância das causas pareceu preferível às perturbações que o seu conhecimento suscitaria na cidade.


CAPÍTULO XXXV

Da hidromancia, na qual Numa foi mistificado por certas imagens dos demónios.

Como lhe não foi enviado nenhum profeta de Deus, nenhum santo anjo, Numa viu-se forçado a recorrer à hidromancia para ver na água as imagens dos deuses, ou antes, as mistificações dos demónios e aprender o que devia instituir e observar em matéria de ritos sagrados. O mesmo Varrão nos refere que este género de adivinhação, importado da Pérsia, foi praticado por Numa e mais tarde pelo filósofo Pitágoras. Acrescenta ainda que, desde que se empregue sangue, se podem consultar também os infernos (método que também se chama hidromancia ou necromancia — que é tudo o mesmo: aí, ao que parece, são os mortos quem revela o futuro). Por que artifícios o conseguem, eles lá sabem. O que eu não quero é afirmar que estes artifícios costumavam ser proibidos e punidos pela severidade das leis dos gentios nas suas cidades antes da vinda do nosso Salvador. Não, repito, não o quero afirmar: é que talvez, de facto, fossem então permitidos. Mas não deixou de ser graças a tais artifícios que Pompílio tomou conhecimento dessas instituições sagradas cujos ritos publicou e cujas explicações enterrou (tal foi o medo que ele próprio sentiu pelo que ficou a saber) contidas nos livros que o Senado entregou às chamas logo que os descobriu. A que propósito vem, pois, Varrão, não sei com que pretensas causas físicas para explicar esses ritos? Se os livros de Numa contivessem semelhantes explicações, não os teriam queimado com certeza, ou então os livros do mesmo Varrão dedicados ao pontífice César teriam sido, da mesma forma, lançados ao fogo pelos Senadores (padres conscritos). Quanto ao acto de Numa Pompílio, carreando, isto é, transportando água para as suas operações de hidromancia, ele explica a tradi­ção do seu casamento com a ninfa Egéria, conforme o expõe Varrão no citado livro. Assim costuma acontecer que factos reais, uma vez aspergidos de mentiras, se transformam em fábulas. Foi, pois, pela hidromancia que este curiosíssimo rei romano aprendeu os ritos sagrados que os pontífices deviam conservar nos seus livros, e as explica­ções destas cerimónias que ele quis ser o único a conhecer. Foi por isso que, depois de as ter escrito em segredo, teve o cuidado de as enterrar, para as subtrair ao conhecimento dos homens.

Portanto, ou as paixões dos demónios lá descritas eram tão sórdidas, tão perniciosas, que toda a teologia civil delas haurida devia parecer execrável, mesmo a homens que tinham aceitado tantas infâmias nos seus ritos sagrados, ou então revelava-se aí que todos estes deuses, tidos por imortais desde há tanto tempo pela quase totalidade dos povos pagãos, mais não eram que homens falecidos. Estes ritos agradavam aos demónios que, firmando a sua autoridade em falsos milagres, se faziam adorar em vez desses mortos, fazendo-se passar por deuses. Por uma secreta Providência do verdadeiro Deus, os demónios, tomados favoráveis pelos artifícios da hidromancia, puderam revelar ao seu amigo Pompílio todas estas ignomínias, sem, todavia, o advertirem de, à sua morte, as queimar em vez de as enterrar. De resto, para evitarem que elas fossem conhecidas, não puderam eles impedir nem que a charrua as exumasse nem que a pena de Varrão fizesse chegar até nós o relato deste facto. É que eles não podem fazer mais do que lhes é permitido. Por um justo e profundo desígnio de Deus soberano, foi-lhes permitido afligir ou mesmo sujeitar e enganar aqueles que é justo tratar assim porque o merecem.

Na verdade, quão perniciosos, quão afastados do culto da verdadeira divindade foram esses escritos julgados, pode-se deduzir do facto de o Senado achar preferível queimar os livros, que Pompílio tinha escondido a recear o que receou aquele que se não atreveu a fazê-lo. Por conseguinte, quem nem mesmo agora quer levar uma vida religiosa, procure a eterna em tais mistérios; mas quem não desejar alianças com os demónios malignos, não tema a perniciosa superstição com que são venerados, mas, bem ao contrário, reconheça a verdadeira religião graças à qual eles são desmascarados e vencidos!



(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Padres conscritos, nome por que eram tratados os patrícios (patres) recrutados (conscripti) para constituírem o Senado desde que este fora criado por P. Valério depois da expulsão dos reis.
[ii] Tito Livio, Hist. XL, 29.

Um vazio cheio de amor

Um vazio cheio de amor

Há dias que começam assim!

Uma sensação de vazio interior, um frio insensível, um sentimento de abandono.

Elevo os olhos ao Céu, levanto as mãos para Deus, faço uma oração envergonhada, e digo baixinho, como se quisesse que Ele me ouvisse, mas não percebesse a minha dúvida sobre a Sua presença: Bom dia, meu Deus. Estás aí?

Tudo fica na mesma, o vazio continua, o sentimento de abandono parece instalar-se, mas um calor sensível toca o meu coração e ouço no meu interior: Claro que estou! Não estou Eu sempre aqui, contigo? Bom dia meu filho!

Abandono-me, rendo-me!
Que me interessa o vazio interior, se o Amor está presente!


Joaquim Mexia Alves, Monte Real, 10 de Janeiro de 2017


Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

IV. PAULO PRISIONEIRO DE CRISTO [i]

Capítulo 27

Viagem do Cativeiro [ii]

1Quando o nosso embarque para Itália foi decidido, entregaram Paulo e mais alguns presos a um centurião da coorte Augusta, chamado Júlio. 2Embarcámos num navio de Adramítio que ia para as costas da Ásia, e fizemo-nos ao mar. Aristarco, macedónio de Tessalónica, ia connosco. 3No dia seguinte, fizemos escala em Sídon, e Júlio, que tratava Paulo com humanidade, permitiu-lhe que fosse ter com os amigos e deles recebesse os seus cuidados. 4Levantámos ferro e passámos a sotavento de Chipre, porque os ventos eram contrários.
5Atravessámos, depois, os mares da Cilícia e da Panfília e chegámos, ao fim de quinze dias, a Mira, na Lícia. 6O centurião encontrou lá um barco de Alexandria que ia de viagem para a Itália, e mandou-nos subir para bordo. 7Durante vários dias navegámos lentamente, até que chegámos, a custo, às imediações de Cnido, onde o vento não nos permitiu arribar. Contornámos, então, a sotavento de Creta, por alturas de Salmona; 8e, depois de a termos penosamente costeado, chegámos a um lugar denominado Bons Portos, a curta distância da cidade de Laseia.
9O tempo ia passando e a navegação tornou-se perigosa, por já ter mesmo passado o jejum. Paulo fez-lhes a seguinte advertência: 10«Meus amigos, eu vejo que a travessia não pode ser levada a cabo sem risco e graves prejuízos, tanto para a carga e para o barco, como também para as nossas vidas.»
11Mas o centurião deu mais crédito ao que o piloto e o capitão diziam do que à observação de Paulo. 12Como o porto não era adequado para passar o Inverno, a maior parte foi de parecer que largassem dali, para ver se podiam alcançar Fenice e lá passar o Inverno, por ser um porto de Creta voltado para sudoeste e noroeste. 13Começou então a soprar um ligeiro vento sul e julgaram-se capazes de levar avante o seu projecto, pelo que levantaram ferro e começaram a costear Creta junto à costa.

Tempestade e naufrágio

14Em breve, porém, vindo da ilha, desencadeou-se, um vento ciclónico, chamado Euro-aquilão. 15Sem poder resistir ao vento, o barco foi arrastado e deixámo-nos ir à deriva. 16Passando velozmente ao abrigo de uma ilhota chamada Cauda, conseguimos, com grande dificuldade, lançar a mão à canoa. 17Depois de içada, empregaram-se os recursos de emergência: amarraram o barco com cabos e, com receio de encalharem no golfo de Sirte, soltaram a âncora flutuante e, assim, se deixaram ir.
18No dia seguinte, como éramos violentamente açoitados pela tempestade, começaram a alijar a carga 19e, ao terceiro dia, lançaram, com as próprias mãos, os aparelhos do barco. 20Durante vários dias, nem o Sol nem as estrelas foram visíveis, e a tempestade continuava a açoitar-nos furiosamente. Desde então, foi-se desvanecendo toda a esperança de salvação.
21Havia já muito tempo que ninguém comia. Então Paulo colocou-se no meio deles e disse: «Meus amigos, devíeis ter-me escutado e não largar de Creta. Isso ter-nos-ia poupado estes riscos e estes prejuízos. 22Seja como for, convido-vos a ter coragem, pois ninguém perderá a vida aqui, apenas o barco se vai perder. 23Esta noite, apareceu-me um Anjo de Deus, a quem pertenço e a quem sirvo, e disse-me: 24‘Nada receies, Paulo. É necessário que compareças diante de César e, por isso, Deus concedeu-te a vida de todos quantos navegam contigo.’ 25Portanto, coragem, meus amigos, pois tenho confiança em Deus que tudo sucederá como me foi dito. 26Contudo, temos de encalhar numa ilha.»
27Quando chegou a décima quarta noite, andando nós à deriva no Adriático, os marinheiros suspeitaram, pelo meio da noite, que estava próxima uma terra. 28Lançaram a sonda e encontraram vinte braças; um pouco mais adiante, lançaram-na outra vez e encontraram quinze. 29Receando que fôssemos bater em qualquer ponto contra os recifes, lançaram da popa quatro âncoras e ficaram, impacientemente, à espera, do dia. 30Os marinheiros, todavia, procuravam fugir do barco e, sob pretexto de irem largar as âncoras da proa, deitaram o escaler ao mar. 31Paulo, apercebendo-se de tudo, disse ao centurião e aos soldados: «Se esses homens não ficarem no barco, não podereis salvar-vos.» 32Então, os soldados cortaram as amarras do escaler e deixaram-no cair.
33Enquanto esperavam pelo dia, Paulo foi aconselhando a todos que tomassem alimento. «Hoje - dizia ele - é o décimo quarto dia que vos conservais na expectativa, em jejum, sem tomar nada. 34Aconselho-vos, portanto, a tomar algum alimento, pois é a vossa própria salvação que está em jogo. Nenhum de vós perderá um só cabelo da cabeça.» 35Dito isto, tomou um pão, deu graças a Deus diante de todos, partiu-o e começou a comer. 36Então, cobraram ânimo e também eles se alimentaram. 37Éramos ao todo duzentas e setenta e seis pessoas no barco. 38Uma vez saciados, aliviaram o barco, lançando o trigo ao mar.
39Quando o dia surgiu, não reconheceram a terra. Divisavam, porém, uma enseada com a sua praia e pretenderam impelir para lá o barco. 40Soltaram as âncoras, abandonando-as ao mar e, ao mesmo tempo, afrouxaram as cordas dos lemes. Depois içaram ao vento a vela da frente e seguiram rumo à praia. 41Mas, tendo batido num baixio, que tinha mar de ambos os lados, fizeram encalhar o navio. A proa, bem fincada, manteve-se firme, mas a popa foi-se desconjuntando com a força das vagas.
42Os soldados resolveram, então, matar os prisioneiros, para que nenhum deles fugisse a nado. 43Mas o centurião, querendo salvar Paulo, impediu-os de executar os seus planos e ordenou primeiro aos que sabiam nadar que alcançassem a terra, atirando-se à água. 44Quanto aos outros, foram para terra, quer sobre pranchas, quer sobre os destroços do barco. E, assim, chegaram todos a terra, sãos e salvos.




[i] (21,27-28,31)
[ii] (27,1-28,29)

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:


Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.

No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.

Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.
Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Hoy el reto del amor es no hacer apaños superficiales

NO PRESCINDIR DEL TRAPO

Hace unos días se me rompió el hábito a la altura de la cintura. El roce del cinto hace que la tela se desgaste poco a poco, y llega un día en que se abre. Pero lo curioso es que, hace ya unos meses, había ido con lo mismo, y sor Puri me había zurcido el hábito. Esta vez el zurcido estaba intacto, pero había tirado y el resto de la tela (que estaba desgastada) se había vuelto a abrir.

Fui de nuevo donde sor Puri. Al enseñarle el hábito, ella me propuso poner una pieza. Yo le dije que no me importaba que me hiciese un nuevo zurzido, pero sor Puri me explicó que ahora tenía que poner una tela por debajo, que es la que va a sostener el hilo y el nuevo zurcido. Yo no lo entendía muy bien, pero me fié de que ella sabía lo que hacía. Me lo había dicho muy convencida.

La verdad es que quedó fenomenal, pero, a la vuelta de un tiempo, ¡el hábito se me ha roto en otro sitio! Esta vez le he pedido que me ponga una tela por debajo desde el primer momento...

Mirando el hábito, el roto, el zurcido, me daba cuenta de que muchas veces dejamos lo de fuera "arreglado por un tiempo", pero luego, como no hemos puesto la tela por debajo, todo vuelve a romperse.

¡Cuántas veces, con las personas que tenemos junto a nosotros, lo que hacemos es poner un apaño por encima en vez de ayudarles a poner una tela! No acabamos de poner la confianza en el Señor, soltar nuestras seguridades, dejar a un lado la razón y permitir que Él lleve nuestra vida. Confiamos en nuestras fuerzas y dejamos el zurcido más o menos apañado para un tiempo.

Pero, cuando te cuelgas de Cristo y dejas que sea Él quien sostenga tu roto, que Él sea tu seguridad, tu sostén, en ese momento, sientes una felicidad que nunca antes habías tenido.

Hoy el reto del amor es no hacer apaños superficiales: deja a Cristo que entre en tu vida. Párate y haz un rato de oración y, desde esa oración, con su fuerza en tu corazón, vete a esa persona que sabes que tiene un apaño, y ayúdale a poner la tela. Llévale al Señor. Y hoy deja que Cristo sea el que te sostenga. No tengas miedo a sentir a veces que te rompes. Dale la mano y verás cómo Él te quita el miedo.


VIVE DE CRISTO

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?