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19/02/2017

Leitura espiritual


A CIDADE DE DEUS


Vol. 1

LIVRO VII

CAPÍTULO XXI

Torpeza dos mistérios de Líbero.



Sinto vergonha por ter de tratar do culto de Líbero e da desmesurada torpeza a que esse culto chegou: fizeram presidir esse culto às sementes líquidas (não, portanto, apenas dos sumos dos frutos, entre os quais o vinho ocupa de certo modo o primeiro lugar, mas também das sementes dos seres animados); sinto vergonha precisamente por causa da amplidão da exposição — mas, perante a arrogante estupidez dos sectários, não hesito. Apenas citarei algum pormenor dos muitos que tenho de omitir. Conta Varrão que, nas encruzilhadas da Itália, a celebração dos ritos de Líbero se fazia acompanhar de uma licenciosidade tão torpe que se adoravam, em honra deste deus, as regiões pudendas do homem — e isto não com a discrição que um resquício de pudor sugeriria, mas publicamente exaltando a obscenidade. Enquanto duravam as festas de Líbero, o membro obsceno era colocado em cima de carroças com a maior solenidade e passeavam-no, primeiro pelas encruzilhadas do campo e por fim na própria Urbe. Na cidade de Lavínio, um mês inteiro era consagrado ao culto de Líbero. Durante esses dias, proferiam-se as mais obscenas palavras, até ao dia em que esse órgão era transportado através do Forum e aí era colocado no seu lugar apropriado. A mais honesta mãe de família era obrigada a colocar uma coroa sobre esse obsceno órgão. Era assim que tinham que apaziguar o deus Líbero para obterem sucesso nas sementeiras; era assim que tinham de desviar dos campos os encantamentos: uma matrona era constrangida a realizar em público o que uma meretriz não se podia permitir no teatro perante matronas.

Foi por isso que se julgou que Saturno sozinho não podia bastar às sementes: Desta forma a alma impura encontrava ocasiões de multiplicar os deuses; abandonada do único Deus verdadeiro em castigo da sua impureza e prostituída por uma multidão de falsos deuses, na sua sede de maior impureza, ela alcunhou de sagrados estes ritos sacrílegos e ela própria se ofereceu à obscena caterva de demónios para por todos eles ser violada e conspurcada.

CAPÍTULO XXII

Neptuno, Salácia e Venília.

Neptuno já tinha por esposa Salácia, que, dizem eles, é a água profunda do mar. Porque lhe juntaram então mais Venília? Apenas para permitir à alma prostituída, devido, não à necessidade do culto mas somente da paixão, de multiplicar seus convites aos demónios. Apareça uma interpretação dessa ilustre teologia que refute com argumentos a nossa crítica! «Venília é a onda que chega à praia, Salácia é a que volta ao alto mar». Porque é então que se fazem duas deusas, se a mesma é a onda que vai e a onda que volta? Cá está de novo a louca paixão fervendo em multiplicar os deuses! Embora se não multiplique a água que vai e volta, a alma, que vai e não volta, aproveita esta vã oportunidade para convidar os demónios e assim se prostituir ainda mais.

Peço-te, Varrão, ou então a vós que tendes lido esses escritos de homens tão sábios e vos orgulhais de neles terdes aprendido grandes coisas — dai-me uma explicação, já não digo conforme à natureza eterna e imutável que é o único Deus, mas pelo menos conforme à alma do mundo e às suas partes, que são, na vossa opinião, verdadeiros deuses! Desta parte da alma do Mundo que penetra o mar, fazeis vós um deus — Neptuno.

É um erro, até certo ponto tolerável, que tenhais feito o deus Neptuno da parte da alma do Mundo que penetra o mar. Mas esta água que chega à praia e volta para o mar — constitui ela duas partes do Mundo, ou duas partes da alma do Mundo? Qual de vós é tão louco para assim pensar? Porque vos fabricaram então duas deusas senão porque os vossos sábios antepassados tiveram o cuidado, não de vos porem sob a direcção certa de vários deuses, mas sim de vos entregarem a uma multidão de demónios encantados com estas futilidades e mentiras? E porque é que, segundo esta interpretação, Salácia perdeu esta parte profunda do mar que a submetia às ordens de seu marido? Pois, ao apresentá-la como a onda que retrocede, colocai- -la à superfície. Ou será que, por ele se ter amancebado com Venília, Salácia expulsou furiosa seu marido das regiões superiores do mar?

CAPÍTULO XXIII

Acerca da Terra — que Varrão afirma ser uma deusa porque a alma do Mundo, que, na sua opinião, é deus, penetra também esta parte inferior do seu corpo e lhe comunica uma força divina.

Realmente, só existe uma Terra, que vemos cheia de animais. Todavia, entre os elementos, este grande corpo mais não é que a parte mais baixa do mundo. Porque pretendem que ela seja uma deusa? Porque é fecunda? Nesse caso, porque é que, mais do que ela, não são deuses os homens— já que pelo cultivo a tomam mais fecunda, não adorando-a mas lavrando-a? Respondem: o que faz dela uma deusa é a parte da alma do mundo de que ela está impregnada. Como se nos homens não fosse mais evidente a alma, cuja existência não constitui questão! Todavia, os homens não são tidos por deuses e, o que é deveras de lamentar, a estes seres que não são deuses, os homens (que valem mais que eles) submetem-se, devido a um mirabolante e miserável erro, até chegarem a honrá-los e a adorá-los!

É certo que, no mesmo livro acerca dos deuses escolhidos, Varrão afirma que, no conjunto da natureza, a alma apresenta três graus. No primeiro, ela circula por todas as partes vivas do corpo, mas não tem sensibilidade, sendo apenas princípio de vida. No nosso corpo, diz ele, esta virtude impregna os nossos ossos, as nossas unhas, os nossos cabelos, como no mundo as árvores se alimentam, crescem e vivem à sua maneira sem gozarem de sensibilidade. No segundo grau, a alma possui sensibilidade, e esta virtude penetra nos nossos olhos, nos nossos ouvidos, nas nossas narinas, na nossa boca, no nosso tacto. No terceiro grau, o mais elevado, a alma chama-se espírito e a inteligência domina aí: desta carecem todos os mortais excepto o homem. Esta é, diz ele, a parte da alma do Mundo que é deus e que em nós se chama Génio.

As pedras e a terra que vemos no mundo e que a sensibilidade não informa, são como que os ossos, como que as unhas de deus; mas o Sol, a Lua, as estrelas, que os nossos sentidos captam e pelos quais ele percebe, — são os seus sentidos. Por fim, o éter é o seu espírito: e esta força, ao chegar aos astros, toma-os deuses; como, ao impregnar a Terra, faz dela a deusa Tellure e, ao impregnar o mar e o Oceano, faz o deus Neptuno.

Que ele volte, portanto, dessa teologia que ele apelida de natural, onde se refugiou como que para repousar de tantos desvios e rodeios. Que ele volte, digo eu, que ele volte à teologia civil. Vou retê-lo ainda aqui por algum tempo, pois tenho ainda umas coisas a dizer acerca dela.

Ainda não quero dizer: se a terra e as pedras são semelhantes aos nossos ossos e às nossas unhas conclui-se que carecem de inteligência e sentidos. Ou então, se se atribui inteligência aos nossos ossos e às nossas unhas pelo facto de pertencerem ao homem, que é dotado de inteligência, tão louco é chamar deus à terra e às pedras que estão no Mundo, como chamar homem aos ossos e às unhas que estão em nós! Mas não há dúvida de que estas questões têm que ser tratadas com os filósofos e, por agora, é ainda ao político que me dirijo.

Embora ele tenha querido, ao que parece, levantar um pouco a cabeça até àquela como que atmosfera de liberdade da teologia natural — bem pode ter acontecido que, ao reflectir neste seu livro e ao verificar que nele se encontrava pouco à vontade, o tenha encarado também sob o ponto de vista de teologia natural e tenha falado desta maneira para que se não julgasse que os seus antepassados ou outros povos (civitates) prestaram um culto sem fundamento a Telure e a Neptuno.

Ora o que eu digo é o seguinte: Esta parte da alma do Mundo que penetra na Terra, porque é que ela também — pois que só há uma Terra — não constitui uma só deusa, aquela a que se chama Telure? Mas, se é assim, onde estará Orco, irmão de Júpiter e de Neptuno, a quem chamam Díspater (Pai Dite)? Onde estará sua esposa Prosérpina, que, segundo uma outra opinião referida nos mesmos livros, é apresentada, não como a fecundidade da Terra, mas como a região inferior da Terra? Se replicarem: «Uma parte da alma do Mundo, penetrando na região superior da Terra, tomou-se no deus Díspater (Dis Pater), e a outra, penetrando na região inferior, tomou-se na deusa Prosérpina», — que será então de Telure? O todo que ela era, ficou tão dividido nestas duas partes e dois deuses que já se não poderá descobrir qual é a terceira e onde está. A não ser que se diga que os deuses Orco e Prosérpina não são mais que uma só deusa, Telure, e já não são três mas apenas uma ou duas. Todavia, são três os deuses que se nomeiam, três que se reconhecem, três que se adoram com os seus altares, os seus templos, os seus ritos, as suas imagens, os seus sacerdotes e também com os seus demó­nios impostores, que, por meio de tudo isto, à porfia, violam a alma prostituída.

Poderá dizer-se ainda: «em que parte da Terra penetra uma parte da alma do Mundo para formar o deus Telumão»? Não há outra parte, diz Varrão: a mesma e única Terra possui uma dupla virtude — uma masculina, que produz as sementes, e outra feminina, que as recebe e alimenta. É à virtude feminina que ela deve o nome de Telure e à virtude masculina o de Telumão. Porque é que, então, os pontífices, juntando outros dois deuses oferecem, como mesmo ele refere, sacrifícios a quatro deuses: Telure, Telumão, Áltor e Rusor? Acerca de Telure e Temulão já se falou. Mas porquê a Áltor? Porque, diz ele, da Terra se alimenta (alo) tudo o que nasceu. E porquê a Rusor? Porque, continua ele, tudo volta (rursus) à Terra.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)


Hoy el reto del amor es que ames tus pobrezas

ACCIDENTES MONÁSTICOS

Hace un par de días tuve un accidente con un bote de cerámica: se me cayó y se me clavó en el pie. Al final acabamos en urgencias y me tuvieron que dar seis puntos. Desde el primer momento pude sentir que el Señor estuvo a mi lado todo el tiempo; desde la tranquilidad de Lety al taparme la hemorragia, las hermanas que hacían de muletas para que no pisara con ese pie, el coche que rápidamente se ofreció a llevarnos hasta el Centro Médico, la delicadeza del médico al coserme, el cariño de las del "Novi" que me dejaron todo a punto para cuando volviese... todos fueron gestos del Señor hacia mí a través de muchas personas, ¡no podía parar de dar gracias!

Soy bastante rápida al hacer las cosas. El hecho de tener que andar casi a la velocidad de un caracol, el no poder arrodillarme al entrar en la capilla, el no poder ducharme dos días por prescripción del médico, entre otras limitaciones, me podrían haber causado rebeldía; sin embargo, el Señor me está enseñando a dejarme cuidar, a que las hermanas me lleven los libros de un sitio a otro, que suban y bajen el hielo... En todos esos gestos estoy viendo al Señor mimándome, cuidándome...

Puede que hoy sientas especialmente tus limitaciones humanas, tanto las físicas como tus debilidades. Quizá sientas que no puedes hacer todo lo que te gustaría, que te gustaría ser más independiente, más autosuficiente y hacerlo todo sola.

La verdad es que Cristo no nos quiere independientes. Jesús quiere entrar en esa debilidad tuya, en tu pobreza. Jesús curó a tantas personas durante su vida en la tierra que nos deja clarísimo que es ahí, en donde te sientes más sucio, en donde te sientes más débil, en lo que te gustaría eliminar de tu vida, es en donde quiere entrar el Señor. Él quiere encontrarse contigo ahí, en tu realidad. Si fueses perfecta, ¿qué podría hacer el Señor por ti?

Hoy el reto del amor es que ames tus pobrezas, y, en esas pobrezas, dejarte ayudar por el hermano, dejarte cuidar, dejarte mimar. Entrégale eso que más te cuesta para que Cristo pueda entrar en ti.


VIVE DE CRISTO

Tratado da vida de Cristo 148

Questão 51: Da sepultura de Cristo

Art. 4 — Se Cristo permaneceu no sepulcro só um dia e duas noites.

O quarto discute-se assim. — Parece que Cristo não permaneceu no sepulcro só um dia e duas noites.

1. — Diz a Escritura: Assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no coração da terra. Ora, no coração da terra esteve enquanto demorou no sepulcro. Logo, não esteve no sepulcro só um dia e duas noites.

2. Demais. — Gregório diz que assim como Sansão tomou, à meia noite, as portas de Gaza, assim Cristo ressurgiu tomando, à meia noite, as portas do inferno. Ora, tendo ressurgido, já não estava no sepulcro. Logo, não esteve no sepulcro duas noites inteiras.

3. Demais. — Pela morte de Cristo a luz venceu as trevas. Ora, a noite são as trevas e o dia, a luz. Logo, era conveniente que o corpo de Cristo estivesse no sepulcro, antes, dois dias e uma noite, que ao contrário.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Desde à tarde da sepultura até a manhã da ressurreição são trinta e seis horas, isto é, uma noite toda seguida de um dia todo e mais uma noite inteira.

O próprio tempo que Cristo permaneceu no sepulcro representa o efeito da sua morte. Pois, como dissemos pela morte de Cristo fomos libertados de uma dupla morte: a da alma e a do corpo. O que é significado pelas duas noites, durante as quais Cristo permaneceu no sepulcro. A sua morte, porém, não causada pelo pecado, mas motivada pela caridade, não é comparável à noite, mas ao dia. Por isso é simbolizada pelo dia inteiro em que esteve no sepulcro. Donde, era conveniente que Cristo permanecesse no sepulcro um dia e duas noites.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Diz Agostinho: Alguns, ignorando o modo de exprimir-se da Escritura, quiseram considerar como noite aquelas três horas, da sexta até a nona, durante as quais o sol se obscureceu; e como dia, as três outras horas quando de novo voltou o sol a iluminar a terra, isto é, da nona até o ocaso. A isso acresce a noite seguinte, do sábado; e essa, contada com o seu dia, viria tudo já a dar duas noites e dois dias. Ao sábado, porém, segue-se a noite do primeiro sábado e, a do dia seguinte, domingo, quando o Senhor ressurgiu. Mas mesmo assim não se chega a ter os três dias e as três noites. Resta, pois que os descubramos de acordo com o modo de exprimir-se das Escrituras, que compreende o todo na parte; de modo que tomemos uma noite e um dia por um dia natural. E assim, o primeiro dia é contado desde a sua última parte, quando Cristo morreu e foi sepuladto na sexta-feira; o segundo dia inteiro se perfez pelas vinte e quatro horas diurnas e noturnas e a noite seguinte pertencia ao terceiro dia. Pois, assim como os primeiros dias (da criação) se contavam a partir da luz até a noite, por causa da queda futura do homem, assim, no caso vertente, por causa do resgate do homem, os dias se contam partindo das trevas para a luz.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz Agostinho, Cristo ressurgiu no dilúculo quando já a luz começa a aparecer e, contudo ainda resta algo das trevas da noite; por isso o Evangelho refere que as mulheres vieram ao sepulcro de manhã, jazendo ainda escuro. E por causa dessas trevas, Gregório diz ter Cristo ressurgido à meia noite, não dividindo-se a noite em duas partes iguais, mas considerada noite o que já propriamente não o era. Pois, esse dilúculo pode considerar-se parte tanto do dia como da noite, pela conveniência que tem com um e com a outra.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Na morte de Cristo, a luz, significada por um dia inteiro, prevaleceu a ponto de arredar as trevas de duas noites, isto é, da dupla morte nossa, como se disse.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Doutrina – 224

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»

Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?



Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo ressuscitado não se manifestou ao mundo, mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas testemunhas junto do povo.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

IV. PAULO PRISIONEIRO DE CRISTO [i]

Capítulo 24

Paulo acusado perante o governador

1Cinco dias depois, o Sumo Sacerdote Ananias desceu com alguns anciãos e um advogado, um certo Tértulo, e apresentaram ao governador queixa contra Paulo. 2Este foi chamado e Tértulo iniciou a acusação nestes termos:
«A grande paz de que beneficiamos pela tua acção e as reformas que este povo deve à tua providência 3são recebidas por nós, excelentíssimo Félix, em tudo e por toda a parte com profunda gratidão. 4Mas, para não te importunar, além do necessário, rogo-te que nos escutes por uns instantes, com a benevolência que te é peculiar. 5Nós verificámos que este homem é uma peste: fomenta discórdias entre todos os judeus do mundo inteiro e é cabecilha da seita dos Nazarenos. 6Até tentou profanar o templo, e então, prendêmo-lo. 7Mas o tribuno Lísias interveio com muita violência e arrancou-o das nossas mãos, 8ordenando aos seus acusadores que se apresentassem diante de ti. Interrogando-o pessoalmente, poderás verificar a autenticidade das nossas acusações contra ele.»
9E os judeus apoiaram o advogado, afirmando que tudo era assim.

Discurso de Paulo

10Como o governador lhe acenasse para falar, Paulo respondeu:
«Eu sei que, desde há muitos anos, este povo se encontra sob a tua jurisdição; por isso, confiadamente tomo a palavra para defender a minha causa. 11Podes verificar que não há mais de doze dias que subi a Jerusalém, para fazer a minha adoração. 12Nunca me viram a discutir no templo com qualquer pessoa, nem a incitar o povo à revolta, quer nas sinagogas, quer pela cidade. 13São incapazes de provar as acusações que agora fazem contra mim. 14No entanto, confesso-te: sirvo o Deus dos nossos pais como ensina a «Via», a que eles chamam seita. Acredito em tudo quanto há na Lei e em tudo o que está escrito nos Profetas, 15e tenho a esperança em Deus, que eles também aceitam, de que há-de haver a ressurreição dos justos e dos pecadores. 16Por isso, eu me esforço por manter sempre uma consciência irrepreensível, diante de Deus e dos homens.
17Ora, decorridos vários anos, vim trazer esmolas ao meu povo e fazer oblações. 18Foi nessa altura que me encontraram no templo, já purificado, sem ajuntamento nem tumulto. 19Certos judeus da Ásia é que deviam estar aqui para me acusarem, se tivessem alguma coisa contra mim. 20Que estes, aqui presentes, digam ao menos de que delito me reconheceram culpado, quando me apresentei diante do Sinédrio. 21A não ser que se trate desta frase que proferi em voz alta, quando estava no meio deles: ‘É por causa da ressurreição dos mortos que estou hoje a ser julgado na vossa presença.’»

Cativeiro de Paulo em Cesareia

22Félix, acertadamente informado sobre tudo quanto se relacionava com a «Via», adiou a audiência, dizendo: «Quando o tribuno Lísias vier cá abaixo, examinarei o vosso caso.» 23E ordenou ao centurião que retivesse Paulo preso, mas que lhe concedesse alguma liberdade e não impedisse nenhum dos seus de lhe prestar assistência.
24Uns dias depois, Félix apareceu acompanhado de Drusila, sua mulher, que era judia. Mandou chamar Paulo e ouviu-o falar acerca da fé em Cristo Jesus. 25E como estava a discorrer sobre a justiça, a continência e o julgamento futuro, Félix, dominado pela inquietação, respondeu: «Por agora, podes ir. Chamar-te-ei na primeira oportunidade.»
26Ao mesmo tempo, também esperava que Paulo lhe desse dinheiro. Por isso, mandava-o chamar frequentemente, para conversar com ele. 27Entretanto, decorreram dois anos e Félix teve como sucessor Pórcio Festo. Desejando cair nas boas graças dos judeus, Félix deixou Paulo na prisão.




[i] (21,27-28,31)

Evangelho e comentário

Tempo comum


Evangelho: Mt 5, 38-48

38 «Ouvistes que foi dito: “Olho por olho e dente por dente”.39 Eu, porém, digo-vos que não resistais ao homem mau; mas, se alguém te ferir na tua face direita, apresenta-lhe também a outra;40 e ao que quer chamar-te a juízo para te tirar a túnica, cede-lhe também a capa.41 Se alguém te forçar a dar mil passos, vai com ele mais dois mil. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem deseja que lhe emprestes. 43 «Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. 44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.45 Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? 48 Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito

Comentário:

Como cumprir tal mandato?

Não será, Senhor, que mandas algo impossível?

Tu, que sabes tudo, conheces as nossas fraquezas e limitações, como nos mandas tal coisa tão grande!

Sim, Tu, sabes tudo e, por isso sabes que Te amamos e que, nesse amor, pomos toda a nossa esperança e confiança em Ti.

Esperança que nos ajudarás com o que nos falta; confiança em que, sabendo o que precisamos, providenciarás o necessário para podermos cumprir o que mandas.

Da quod iube et iube quod vis! (Stº Agostinho)

(ama, comentário sobre Mt 5, 38-48, 2011.2.20)





O mandamento novo do amor

Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus. Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar. – Procura comportar-te como Nosso Senhor. (Forja, 558)

Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar!

Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos... E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas – que são santas, porque vêm de Deus – tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.


É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais. Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade. (Cristo que passa, 111)

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:


Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.

No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.

Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.
Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?