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08/08/2017

Fátima: Centenário - Vida de Maria - 50



Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


Apresentação de Jesus no Templo



A voz do Magistério

«As palavras do velho Simeão, anunciando a Maria a Sua participação na missão salvífica do Messias, põem em evidência o papel da mulher no mistério da redenção. Com efeito, Maria é não só uma pessoa individual, mas também a «filha de Sião», a mulher nova que, ao lado do Redentor, partilha a Sua paixão e gera no Espírito os filhos de Deus. Essa realidade é expressa pela imagem popular das «sete espadas» que trespassam o coração de Maria. Essa representação evidencia o profundo vínculo que existe entre a mãe, que se identifica com a filha de Sião e com a Igreja, e o destino de sofrimento do Verbo encarnado.

Ao entregar o Filho, há pouco recebido de Deus, para O consagrar à Sua missão de salvação, Maria entrega-se também a si mesma a essa missão. Trata-se de um gesto de participação interior, que não só é fruto do natural afecto materno, mas exprime sobretudo o consentimento da mulher nova à obra redentora de Cristo.

Na sua intervenção, Simeão indica a finalidade do sacrifício de Jesus e do sofrimento de Maria: estes acontecerão «a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações» [i]. Jesus «sinal de contradição» [ii] que envolve a mãe no Seu sofrimento, conduzirá os homens a tomar posição relativamente a Ele, convidando-os a uma decisão fundamental. Ele, com efeito, «está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel» [iii].

Maria está, pois, unida ao Seu divino Filho com vista à obra da salvação. Existe certamente o perigo de queda para quem rejeita Cristo, mas um efeito maravilhoso da redenção é a levantar de muitos. Este simples anúncio acende uma grande esperança nos corações, aos quais já testemunha o fruto do sacrifício.

Pondo sob o olhar da Virgem estas perspectivas da salvação antes da oferta ritual, Simeão parece sugerir a Maria que ela cumpra este gesto para contribuir no resgate da humanidade. De facto, ele não fala com José nem de José: as suas palavras dirigem-se a Maria, que ele associa ao destino do Filho (…).

A conclusão do episódio da apresentação de Jesus no templo parece confirmar o significado e o valor da presença feminina na economia da salvação. O encontro com uma mulher, Ana, conclui estes momentos singulares, nos quais o Antigo Testamento quase se entrega ao Novo».

João Paulo II (séc. XX), Discurso na audiência geral, 8-I-1997




[i] Lc . 2, 35
[ii] Lc 2, 34
[iii] Lc 2, 34

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