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25/06/2017

Tratado da vida de Cristo 166

Questão 55: Da manifestação da ressurreição

Art. 2 — Se os discípulos deviam ver Cristo ressuscitar.

O segundo discute-se assim. — Parece que os discípulos deviam ver Cristo ressuscitar.

1. — Pois os discípulos deviam testificar a ressurreição de Cristo, segundo a Escritura: Os apóstolos com grande valor davam testemunho da ressurreição de Jesus Cristo Nosso Senhor. Ora, o testemunho mais certo é o da vista. Logo, eles deviam por si mesmos presenciar a ressurreição de Cristo.

2. Demais. — Para terem a certeza da fé os discípulos presenciaram a ascensão de Cristo, segundo a Escritura: Vendo-o eles, se foi elevando. Ora, também era necessário que tivessem uma fé certa na ressurreição de Cristo. Logo parece que Cristo devia ressuscitar na presença deles.  

3. Demais. — A ressurreição de Lázaro foi um sinal da ressurreição futura de Cristo. Ora, o Senhor ressuscitou Lázaro à vista dos discípulos. Logo, parece que também Cristo devia ressuscitar na presença deles.

Mas, em contrário, o Evangelho: O Senhor, tendo ressuscitado de manhã no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena. Ora, Maria Madalena não o viu ressuscitar, mas, estando à procura dele no sepulcro ouviu do Anjo: Ressuscitou, não está aqui. Logo, ninguém o viu ressuscitar.

Como diz o Apóstolo, as causas de Deus são ordenadas. Ora, é ordem instituída por Deus que as verdades superiores ao homem lhes sejam reveladas pelos anjos, como está claro em Dionísio: Ora, Cristo ressuscitado não voltou a viver uma vida habitual dos homens, mas passou a uma vida imortal como a que é própria de Deus, segundo o Apóstolo: Mas enquanto ao viver, vive para Deus. Por isso, a própria ressurreição de Cristo não devia ser imediatamente presenciada pelos homens, mas a eles anunciada pelos anjos. Donde o dizer Hilário: O anjo foi o primeiro mensageiro da ressurreição, para que esta fosse anunciada por um ministro familiar da vontade paterna.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Os Apóstolos puderam ser testemunha de vista da ressurreição de Cristo, porque com os próprios olhos viram-no vivo, depois de ressuscitado, a ele que sabiam tinha morrido. Ora, assim como chegamos à visão da bem-aventurança pela fé que ouvimos pregar, assim os homens chegaram à visão de Cristo ressuscitado pelo que primeiro ouviram dos anjos.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A ascensão de Cristo, quanto ao seu ponto de partida, não transcendia o conhecimento comum aos homens; mas só quanto ao seu termo de chegada. Por isso os discípulos puderam presenciar o início da ascensão de Cristo, isto é, quando se elevava da terra. Mas não a viram no seu termo, porque não viram como foi recebido no céu. Ao passo que a ressurreição de Cristo transcendia o conhecimento comum quanto ao seu ponto de partida, que foi a volta da sua alma dos infernos e a saída do corpo do sepulcro fechado. E também quanto ao ponto de chegada, pelo qual alcançou a vida gloriosa. Por isso a ressurreição não devia ser tal que fosse vista pelos homens

RESPOSTA À TERCEIRA. — Lázaro ressuscitou para voltar à vida que antes vivia, e que não ultrapassava o conhecimento comum dos homens. Donde, não há semelhança de razão. 

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



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