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20/06/2017

Fátima: Centenário - Vida de Maria - 1

Centenário das aparições da Santíssima 

Virgem em Fátima


Imaculada Conceição



A VOZ DO MAGISTÉRIO


«Deus inefável escolheu e assinalou desde o princípio, antes dos tempos, uma Mãe para que o Seu unigénito Filho encarnasse e nascesse d’Ela na ditosa plenitude dos tempos. E em tal grau a amou, acima de todas as criaturas, que só n’Ela se deleitou com singular benevolência. Por isso a cobriu da abundância de todos os dons celestiais, tirados do tesouro da Sua divindade, muito acima de todos os anjos e santos. E assim Ela, sempre absolutamente livre de toda a mancha de pecado, toda formosa e perfeita, possui uma tal plenitude de inocência e de santidade, que não é possível conceber maior plenitude depois de Deus e que ninguém pode imaginar fora de Deus».

«Era certamente convenientíssimo que uma Mãe tão venerável brilhasse sempre adornada com os resplendores da mais perfeita santidade e que, imune da mancha do pecado original, alcançasse um triunfo total sobre a antiga serpente. Com efeito, Deus Pai tinha disposto entregar-lhe o Seu Filho Unigénito — gerado do Seu coração, igual a Si mesmo e a quem ama como a Si mesmo — de tal modo que Ele fosse, por natureza, o próprio Filho único comum de Deus Pai e da Virgem; já que o mesmo Filho tinha determinado fazê-la substancialmente Sua Mãe e o Espírito Santo tinha querido e fez que fosse concebido e nascesse Aquele de Quem Ele próprio procede».

«Os Padres e escritores eclesiásticos ao considerarem que a Santíssima Virgem foi chamada cheia de graça pelo anjo Gabriel — por mandato e em nome do próprio Deus — quando lhe anunciou a altíssima dignidade de Mãe de Deus [1], ensinaram que, com esta saudação solene e singular, jamais ouvida, se manifestava que a Mãe de Deus era a sede de todas as graças divinas e que estava adornada de todos os carismas do Espírito Santo».

«Daí decorre a sua opinião, clara e unânime, segundo a qual a gloriosíssima Virgem, em quem o Todo-poderoso fez grandes coisas [2], brilhou com tal abundância de dons celestiais, com tal plenitude de graça e com tal inocência, que se tornou como um inefável milagre de Deus; mais ainda, como o milagre máximo de todos os milagres e digna Mãe de Deus; e chegando-se a Deus o mais próximo possível, tanto quanto lho permitia a condição de criatura, foi superior a todos os louvores, quer de homens quer de anjos».

«Pelo qual, para honra da santa e indivisa Trindade, para glória e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica e incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos que foi revelada por Deus e, em consequência, deve ser acreditada firme e constantemente por todos os fiéis, a doutrina que sustenta que a Santíssima Virgem Maria foi preservada imune de toda a mancha de pecado original, no primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus omnipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, salvador do género humano».

Beato Pio IX, Bula Ineffabilis Deus, 8-XII-1854, ao definir como dogma de fé a Imaculada Conceição




[1] Lc, 1, 28
[2] Lc 1, 49

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