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Hoy el reto del amor es aprovechar el miedo para mirar a Cristo.

CON CUIDADITO Y SUAVIDAD

Ayer estaba regando las plantas de la sala. Para ello, me bajo un cubo lleno de agua y sumerjo los tiestos. ¡Así las orquídeas me están durando más que nunca!
Al terminar el proceso, cogí el cubo y salí a la huerta. En ese momento descubrí que llevaba las deportivas limpias, la bata recién lavada... y hacía un frío siberiano de categoría.
"No puedo mojarme...", pensé.
Traté de lanzar el agua lejos de mí. Pero, ¡zas!, la base del cubo se me resbaló de la mano, el cubo se balanceó en el asa que aún tenía agarrada y, tras un giro de 180º, disfruté de un segundo bautismo casi por inmersión. ¡No hay nada peor que ir con miedo!
Pero... ¿quién no ha sentido miedo alguna vez? Ante un nuevo puesto de trabajo, una situación desconocida o, simplemente, por un comentario... ¡el miedo llega cuando menos lo esperas!
Dando vueltas a esto, he descubierto que en el Evangelio el Señor nos invita a "no tener miedo": es lo que le dice el ángel a María, a José, a los pastores... es lo que dice Jesús a los discípulos y lo que escuchan las mujeres en la Resurrección.
No podemos elegir el sentir miedo o no; pero podemos decidir entre quedarnos paralizados o dar un salto de confianza, mirar a Cristo sabiendo que Él es quien lleva nuestra barca: ¡llegaremos a buen puerto, aunque haya olas por el camino!

Hoy el reto del amor es aprovechar el miedo para mirar a Cristo. Te invito a que, si hoy algo acelera un poco tu corazón, te des un minuto para mirar al Señor. Para con Él y pregúntale cómo afrontarlo. ¡Vívelo con Él, siente su Mano sosteniendo la tuya! ¡Feliz día!

VIVE DE CRISTO, Año del Señor 2017, Lerma, 12 de enero


Consummati in unum

Consummati in unum

Aos que procuram a unidade, temos de colocá-los perante Cristo, que pede que estejamos consummati in unum, consumados na unidade. A fome de justiça deve conduzir-nos à fonte originária da concórdia entre os homens: ser e saber-se filhos do Pai, irmãos. (Cristo que passa, 157)

Pobre ecumenismo o que anda na boca de muitos católicos, que maltratam outros católicos! (Sulco, 643)

Uma vez disse ao Santo Padre João XXIII, movido pelo encanto afável e paterno do seu trato: “Santo Padre, na nossa Obra, todos os homens, católicos ou não, encontraram sempre um ambiente acolhedor: não aprendi o ecumenismo de Vossa Santidade”. Ele riu-se emocionado, porque sabia que, já desde 1950, a Santa Sé tinha autorizado o Opus Dei a receber como associados Cooperadores os não católicos e até os não cristãos.


São muitos, efectivamente – e entre eles contam-se pastores e até bispos das suas respectivas confissões –, os irmãos separados que se sentem atraídos pelo espírito do Opus Dei e colaboram nos nossos apostolados. E são cada vez mais frequentes – à medida que os contactos se intensificam – as manifestações de simpatia e de cordial entendimento, resultantes de os sócios do Opus Dei centrarem a sua espiritualidade no simples propósito de viver com sentido de responsabilidade os compromissos e exigências baptismais do cristão. O desejo de procurar a plenitude da vida cristã e de fazer apostolado, procurando a santificação do trabalho profissional; a vida imersa nas realidades seculares, respeitando a sua própria autonomia, mas tratando-as com espírito e amor de almas contemplativas; a primazia que na organização dos nossos trabalhos concedemos à pessoa, à acção do Espírito nas almas, ao respeito da dignidade e da liberdade que provêm da filiação divina do cristão. (Temas Actuais do Cristianismo, 22)

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Reflectindo - 230

Família

Núcleo principal e indispensável da sociedade humana, a família, é a base toda a civilização, de toda a convivência, de todo o desenvolvimento do ser humano.
Ninguém aparece neste mundo isoladamente e, muito menos, espontaneamente. Todos somos fruto de e um encontro entre dois seres diferentes: um homem e uma mulher.
Esse encontro foi, desde sempre, consagrado a uma intimidade e a um desejo entre o casal. Tudo o que é fortuito, agressivo, intencionalmente mau, manipulado é "anormal" na medida em que desvia o caminho natural.
A família é, pois, o núcleo principal, como dizia, mas mais, é o esteio imprescindível da autêntica civilização.
Talvez, num futuro mais ou menos próximo, venhamos a constatar a aparição de seres criados em laboratório, manipulados na sua génese, talvez iguais aos desejos de quem os quer possuir.
Talvez possa vir a existir alguma loucura mais ou menos generalizada onde estas anormalidades se tornem práticas correntes e aceites por alguma maioria pouco á vontade com a sua falta de consciência.
Mas, se tal vier a acontecer, não poderemos admirar-nos se os resultados a muito curto prazo forem catastróficos. Ninguém pode outorgar-se o direito de "possuir" um filho. Ninguém pode decidir da vida ou da morte de um ser humano, esteja ele no inicio da caminhada da vida ou no seu ocaso.
Tudo isto se encontra, se defende, se vive, se projecta na família. Por isso, é urgente destruir a família, deixar esse retrógrado conceito de um Pai e uma Mãe, passando a haver apenas progenitor A e progenitor B, não deverá haver um filho ou uma filha mas unicamente o resultado da vontade de dois seres homem e mulher; ou... homem e homem; ou... mulher e mulher e, claro, porque não, a vontade também, absolutamente legítima, de uma associação, um clube, um grupo activista.

Sou doido?! Não sou... reparem bem á vossa volta e verifiquem se não é exactamente para este cenário que caminhamos.




AMA, reflexões, 20.01.2015 

Evangelho e comentário

Tempo comum


Evangelho: Mc 10, 28-31

28 Pedro começou a dizer-Lhe: «Eis que deixámos tudo e Te seguimos».29 Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Ninguém há que tenha deixado a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, os filhos, ou as terras, por causa de Mim e do Evangelho,30 que não receba o cêntuplo, mesmo nesta vida, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, e terras, juntamente com as perseguições, e no tempo futuro a vida eterna.31 Porém, muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros».

Comentário:

O versículo 31 pode provocar alguma perplexidade porque talvez não se entenda bem o que o Senhor afirma.

Na verdade, quando diz “os primeiros” refere-se àqueles que receberam a luz da Fé ainda crianças, ensinamentos e conhecimentos proporcionados pela família, os professores, enfim… receberam na sua juventude bases suficientes e bastantes para conhecer Deus, praticar a Fé, viver como Deus deseja que vivamos, isto é, amando e cumprindo a Sua Vontade.

Só que, com o passar do tempo essa prática foi como que arrefecendo dando lugar a uma rotina sem “chama” como que cumprindo os “mínimos” que lhe deram acesso à Vida Eterna.

Os “últimos” serão aqueles que só mais tarde na vida – talvez muito mais tarde – conheceram Deus, aceitaram a Fé e se dedicaram a partir de então a tudo fazer para cumprir a Vontade de Deus num constante desejo de melhoria pessoal.

Percebe-se muito bem que Jesus se referia de modo particular ao povo judeu que tendo recebido ao longo de séculos meios abundantíssimos para cumprir a Lei dada por Deus a Moisés, preparando assim a vinda do Messias, foi como que ultrapassado por novas gentes, novos povos que se converteram aceitando o Reino de Deus nomeadamente com a pregação dos Apóstolos e dos seus seguidores ao longo dos tempos.

(ama, comentário sobre Mc 10, 28-31, 24.05.2016)


Leitura espiritual


A CIDADE DE DEUS 



Vol. 1

LIVRO VIII

CAPÍTULO XVI

O que pensa o platónico Apuleio dos costumes e acções dos demónios.

Ao falar dos costumes dos demónios diz este platónico que eles são movidos pelas mesmas paixões que os homens, se irritam com as injúrias, se apaziguam com as homenagens e presentes, ficam contentes com as honras, se comprazem com os diversos ritos das cerimónias religiosas e se perturbam quando se comete nessas cerimónias alguma negligência. Diz ele ainda que é com eles que estão relacionados, além de outras coisas, os vaticínios dos áugures, dos arúspices, dos adivinhos e dos sonhos, e também dos prodígios dos mágicos. Define-os sumariamente dizendo que os demónios são: quanto ao género, animados; quanto à alma, sujeitos às paixões; quanto à mente, racionais; quanto ao corpo, aéreos; quanto ao tempo, eternos. Destas cinco características, as três primeiras são comuns a eles e a nós; a quarta é própria deles; partilham a quinta com os deuses. Mas, parece-me, das três que possuem connosco, duas são também comuns aos deuses. Realmente Apuleio diz que os deuses também são «animados»; e, ao atribuir a cada um o seu elemento, põe-nos a nós entre os «animados» terrestres com os outros seres que vivem e sentem na terra, coloca entre os «animados» aquáticos os peixes e os outros seres que nadam, entre os «animados» que habitam no ar põe os demónios, e os deuses entre os que vivem no éter.

 Portanto, por pertencerem ao género dos animados, os demónios têm isto de comum com os homens e também com os deuses e os brutos: pela inteligência são racionais com os deuses e os homens; pela duração são eternos como os deuses apenas; como sujeitos a paixões, quanto ao espírito, são como os homens apenas; como seres aéreos quanto ao corpo, são únicos. Consequentemente não constitui, para eles, grande vantagem pertencerem ao género dos seres animados, — pois também os brutos dele fazem parte; serem, quanto ao espírito, dotados de razão não os coloca acima de nós — pois também o somos; gozar da eternidade — que bem é esse sem a beatitude? Mais vale uma felicidade temporal do que uma eternidade miserável. Possuir uma alma sujeita a paixões — que superioridade sobre nós é essa, se nós também lhes estamos sujeitos e não podemos estar-lhes sujeitos sem sermos infelizes? Ter um corpo aéreo — que estima merece tal coisa, se a natureza de uma alma, qualquer que ela seja, é preferível a todos os corpos e, por conseguinte, um culto religioso, digna homenagem da alma, jamais pode pertencer a um ser inferior à alma? Se entre as qualidades que atribui aos demónios Apuleio tivesse contado a virtude, a sabedoria, a felicidade e tivesse declarado que eles a possuíam eternamente e em comum com os deuses, certamente que lhes teria reconhecido um privilégio desejável e de alto preço. Não é, porém, a eles que é preciso honrar como Deus, mas antes Àquele de quem sabemos terem recebido tudo isso. Pelo contrário, quão pouco merecem as honras divinas estes seres animados aéreos que só têm razão para serem infelizes, só têm paixões para serem infelizes, só têm a eternidade para na infelicidade permanecerem sem fim!

CAPÍTULO XVII

Convirá ao homem adorar espíritos de cujos vícios se deve libertar?

É por isso que ponho tudo o mais de parte e apenas vou examinar o que, na opinião de Apuleio, os demónios têm de comum connosco, isto é, as paixões da alma. Se os quatro elementos são respectivamente povoados de seres animados — o fogo e o ar de seres imortais, a água e a terra de seres mortais — eu pergunto porque é que as almas dos demónios são agitadas por turbulentas tempestades de paixões. Apuleio quis chamar a estes seres «passivos quanto à alma», porque a palavra paixão (passio), deve designar o movimento da alma contrário à razão. Porque há então na alma dos demónios estes movimentos que se não verificam nos animais? Porque, se algo de análogo aparece nos brutos, não é uma perturbação, pois ela não é contra a razão de que os brutos carecem. Mas nos homens, se se produzem tais perturbações, é em consequência da estultí­cia e miséria: porque ainda não estamos na posse da perfeita sabedoria, fonte da felicidade que nos é para o fim prometida, quando estivermos libertos desta condição mortal. Quanto aos deuses, eles são, diz-se, isentos destas perturbações: são, não apenas eternos, mas também bem- -aventurados. Diz-se que realmente também eles são dotados de alma racional, mas absolutamente limpos de mancha e de contágio. Se, portanto, os deuses não estão sujeitos a perturbações porque são viventes felizes e não miseráveis; se os animais não se perturbam porque são viventes que não podem ser nem felizes nem miseráveis — só há que concluir que os demónios, tal como os homens, estão sujeitos às perturbações porque são viventes não felizes, mas miseráveis.

Que insensatez, ou melhor, que demência pode submeter-nos, por qualquer motivo religioso, aos demó­nios, quando pela verdadeira religião nos libertamos da perversidade que nos toma semelhantes a eles? Ao passo que, na verdade, os demónios estão sujeitos à cólera (e Apuleio confessa-o apesar de tão indulgente para com eles a ponto de os julgar dignos das honras divinas), a verdadeira religião prescreve-nos que não cedamos à cólera, mas, pelo contrário, que lhe resistamos;

ao passo que os demónios se deixam subornar com presentes — a verdadeira religião impõe-nos que a ninguém favoreçamos em paga dos presentes recebidos; ao passo que os demónios ficam lisonjeados com as honras — a verdadeira religião preceitua que de modo nenhum nos deixemos mover;

ao passo que os demónios odeiam certos homens e amam outros, não por um juízo reflectido e sereno mas, segundo o dito de Apuleio, por um movimento apaixonado da alma — a verdadeira religião ordena-nos que amemos os próprios inimigos;

em suma — todos estes movimentos do coração, todas estas agitações do espírito, todas estas turbulentas tempestades da alma que, segundo Apuleio inflamam e arrastam os demónios — a verdadeira religião impõe-nos que as dominemos. Que razão tens tu então Apuleio, a não ser a insensatez e o erro miserável, para te humilhares respeitosamente perante um ser ao qual não desejas ser semelhante na tua vida, para renderes um culto religioso a um ser que não quererás imitar, uma vez que imitar o que se adora constitui toda a religião?

CAPÍTULO XVIII

Que religião é essa que ensina aos homens que devem recorrer aos demónios para se recomendarem aos deuses bons?

É, pois, em vão que Apuleio, e os que como ele pensam, atribui aos demónios, colocando-os no ar, a meio caminho entre o céu etéreo e a terra (porque nenhum deus se mistura ao homem como afirmou, segundo dizem, Platão) a honra de levarem aos deuses as orações dos homens e trazerem daqueles a estes os favores pedidos. Aos que assim pensam, repugna que os homens se misturem com os deuses e os deuses com os homens, mas não lhes desagrada que os demónios se misturem com os deuses e com os homens para transmitirem a uns os pedidos e trazerem a outros os favores. Deste modo um homem casto e alheio às criminosas práticas da magia, para ser entendido pelos deuses servir-se-ia de protectores que gostam dessas práticas, quando precisamente é não as amando que se torna digno de que o atendam mais facilmente e com maior empenho. Realmente, os demónios gostam das torpes cenas que ao pudor desagradam; nos malefícios dos mágicos gostam das mil maneiras de enganar que a inocência detesta. Não poderão, portanto, nem o pudor nem a inocência, ao pretenderem dos deuses um favor, obtê-lo pelos seus méritos próprios sem a intervenção dos seus inimigos. Escusa de tentar justificar as ficções poéticas e os logros teatrais. Contra isto temos Platão, seu mestre e entre eles de tão grande autoridade, se o pudor humano tem de si tão mau conceito que não só ame as coisas torpes, mas até as tenha por agradáveis à divindade.

CAPÍTULO XIX

A magia, que se apoia na protecção dos espíritos malignos, é uma arte ímpia.

Não terei eu de citar, contra as artes mágicas, de que alguns bem infelizes e ímpios se chegam a gabar, o testemunho tão notório do público? Porque é que efectivamente são castigados tão pesadamente pela severidade das leis estas artes se são obra de deuses dignos de veneração? Acaso foram estabelecidas por cristãos estas leis que castigam as artes mágicas? Que outro sentido podem ter as palavras do altíssimo poeta senão que é indubitável que estes malefícios são perniciosos ao género humano:

Juro pelos deuses, por ti, querida irmã, e pela tua doce cabeça, que, contra vontade, estou envolvida nas artes mágicas [i]?
e ainda o que, noutra passagem, ele diz destas artes:

Vi transportar para outro lugar as plantas da seara [ii],
em que se alude a esta ciência funesta e criminosa que, diz-se, facultava os meios de transferir as colheitas de um campo para o outro? Não recorda Cícero que nas Doze Tábuas, o mais antigo Código dos Romanos, consta o castigo estabelecido contra quem pratica estas artes? E, final­mente, o próprio Apuleio, acaso foi perante juízes cristãos que ele foi acusado de magia? Com certeza que se ele considerasse divinas, piedosas, conformes às obras dos poderes divinos, estas práticas de que o acusavam, ele deveria não só confessá-las, mas até delas se gabar e, pelo contrário, incriminar essas leis que, em vez de as considerarem dignas de admiração e veneração, as proscreviam e as consideravam condenáveis.

Desta maneira — ou teria feito com que os juízes partilhassem da sua opinião, ou, no caso de eles continuarem demasiado apegados a leis injustas e o condenassem à morte por pregar e exaltar tais doutrinas, os demónios outorgar-lhe-iam uma recompensa digna da sua alma, já que não receara dar a própria vida pela divulgação das divinas obras. Foi assim que os nossos mártires, quando lhes imputavam, a título de crime, a religião cristã, na qual sabiam que encontrariam a salvação e a glória eterna, em vez de, renegando-a, preferirem escapar às penas temporais, preferiam antes confessá-la, proclamá-la e pregá-la, tudo suportando por ela com valentia e fidelidade e, por ela morrendo com piedosa serenidade, tomaram vergonhosas as leis que a proscreviam e fizeram com que as mudassem.

Aliás, resta-nos deste filósofo platónico, Apuleio, uma copiosíssima e eloquente dissertação em que ele repele, como sendo-lhe estranho, o crime de magia e procura mostrar-se inocente, negando actos que um inocente não pode cometer. Mas todos os prodígios dos mágicos que ele justificadamente considera condenáveis, só ao ensino e à actividade dos demónios são devidos. Ele que veja, portanto, porque é que acha que se devem honrar estes demónios ao afirmar que são indispensáveis para levarem as nossas preces até aos deuses, quando, afinal, o que devemos é evitar as suas obras se quisermos que as nossas orações cheguem até ao verdadeiro Deus.

Pergunto ainda: Que orações dos homens devem os demónios apresentar aos deuses — as mágicas ou as lícitas? Se são as mágicas, eles não as aceitam; se são as licitas, eles recusam tais intermediários. E se um pecador arrependido faz oração, sobretudo porque se entregou à magia — pode receber o perdão por intercessão daqueles por cuja instigação ou favor foi levado a cometer a culpa que deplora? Ou serão os demónios que, para obterem o perdão dos arrependidos, serão os primeiros a fazer penitência por os terem enganado? Ninguém jamais disse uma coisa destas dos demónios! Se assim fosse de modo nenhum se atreveriam a solicitar para si honras divinas os que desejam pela penitência chegar à graça do perdão: o primeiro caso (o de solicitarem honras divinas) seria detestável soberba; e o segundo (o de desejarem pela penitência o perdão) seria humildade digna de lástima.


  
(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Vergílio, Eneida, IV, 492-493.
[ii] Vergílio, Églog., VIII, 98.

Epístolas de São Paulo - 4

Carta aos Romanos – 4 

DIVISÃO E CONTEÚDO

A Carta aos Romanos poderá dividir-se em quatro partes:

Introdução: 1,1-17;

I. O Evangelho da Salvação: 1,18-11,36;

II. Vida de acordo com o Evangelho: 12,1-15,13;

Conclusão: 15,14-16,27.


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Pequena agenda do cristão

TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





27/02/2017

Epístolas de São Paulo - 5

Carta aos Romanos – 5 

TEOLOGIA

Na primeira parte, Paulo expõe o seu Evangelho (cap. 1-11): a salvação realizada por Deus em Cristo é universal e exclusiva; estende-se a judeus e gentios e só pode adquirir-se pela fé, já que, sem Cristo, nem sequer os judeus estão em condições de cumprir a Lei e salvar-se, assim, pelos próprios meios (1,18-5,21). E é por causa disso que Paulo é acusado de destruir as duas realidades constitutivas de Israel: a sua eleição, como povo de Deus, e a Lei, como norma de vida (3,1-8). Nos cap. 6-8 responde à questão sobre a Lei: a fé em Cristo não é contra a Lei, mas é mesmo o único meio que nos torna capazes de a cumprirmos. Nos cap. 9-11 mostra como a Igreja de Cristo, ao acolher os pagãos, não perdeu as suas raízes no povo cuja eleição começa em Abraão; pelo contrário, só quando todos, pagãos e judeus, aderirem a Cristo, se cumprirão plenamente as promessas de Deus.

Na segunda parte (cap. 12-16), Paulo exorta à unidade, que provém da participação comum no amor de Cristo e se manifesta no bom relacionamento entre os de dentro e os de fora da Igreja (cap. 12-13) e, sobretudo, na aceitação da sensibilidade e diversidade próprias de cada um (14,1-15,13). Temos aqui o Evangelho na sua expressão prática. 15,14-16,27 é a conclusão.


(cont)

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte

O PECADO ORIGINAL – 4

Pergunto:

Como ficou o homem depois do pecado original?

Respondo:

Como consequência do pecado original o homem perdeu os dons sobrenaturais e prete-naturais. Inclusive a sua natureza humana ficou ferida perdendo parte da sua dignidade com varias consequências:
À tendência natural para o bem juntou-se a inclinação para o pecado.
A alma, a rebelar-se contra Deus, o corpo rebelou-se contra a alma e começou a exigir mais prazeres do que o razoável. Desde então o homem tem de se esforçar por dominar-se a si próprio travando as suas apetências de comida, sexo, comodidade, etc. Nem tudo o que apetece é bom.

Por vezes o homem tem ilusões boas, mas não as consegue por falta de ânimo para começar, para seguir ou para enfrentar as dificuldades. Esta debilidade procede desse primeiro pecado.

Leitura espiritual


A CIDADE DE DEUS


Vol. 1

LIVRO VIII

CAPÍTULO XIV

Opinião dos que admitem três géneros de almas racionais: a dos deuses celestes, a dos demónios aéreos, a dos homens terrestres.

Os seres vivos, dotados de alma racional, dividem-se, dizem eles, em três classes: os deuses, os homens, os demónios. Os deuses ocupam os lugares mais elevados, os homens os mais baixos e os demónios os intermédios. Os deuses residem no céu, os homens na terra e os demónios no ar. À diferença de dignidade dos lugares corresponde a das naturezas. Assim, os deuses são superiores aos homens e aos demónios; mas os homens são inferiores aos deuses e aos demónios tanto pela categoria dos elementos como pela diferença de méritos. Os demónios estão, portanto, no meio. Devem, pois, ser postos depois dos deuses aos quais são inferiores pelo lugar, e preferidos aos homens pois habitam acima deles. Têm de comum com os deuses a imortalidade do corpo e com os homens as paixões da alma. Por isso não é muito de estranhar, acrescentam eles, que se comprazam nas obscenidades dos jogos e nas ficções dos poetas, uma vez que são dotados de sentimentos humanos de que os deuses estão muito distantes e absolutamente alheios. Pode, pois, concluir-se: repudiando e proibindo as ficções poéticas, não foi aos deuses, todos bons e excelsos, que Platão privou do prazer dos jogos cénicos, mas sim aos demónios.

Se isto é assim (isto, além de estar referido noutros autores, refere-o também Apuleio, platónico de Madaura, num livro exclusivamente dedicado a este assunto, denominado O deus de Sócrates. Nele se disserta e expõe a que categoria de divindades pertencia a que estava ligada a Sócrates por uma certa amizade e o avisava para renunciar à acção quando o acto que pretendia não viria a ter próspero desenlace. Declara abertamente e assegura repetidamente que não era um deus, mas um demónio. E fá-lo ao examinar com cuidado a opinião de Platão acerca da elevada posição dos deuses, da baixa posição dos homens e da média dos demónios.), se, pois, assim é, como é que Platão ousou, ao expulsar os poetas da cidade, privar, se não os deuses que afasta de todo o contacto impuro com os homens, pelo menos os demónios dos prazeres do teatro? Não quereria ele por este meio advertir a alma humana, embora prisioneira ainda nos seus membros votados à m o rte a que desprezasse, em nome do esplendor da virtude, as ordens impuras dos demónios, e a que detestasse as suas obscenidades?

Se Platão honestissimamente isto denuncia e proíbe, foi seguramente uma infâmia dos demónios tê-lo reclamado e exigido. Portanto — ou Apuleio se enganou e o espírito amigo de Sócrates não pertence a esta categoria de divindades; ou Platão se contradiz, ora honrando os demónios, ora banindo os seus divertimentos duma cidade que respeita os bons costumes; ou a amizade de Sócrates por um demónio não merece elogio. O próprio Apuleio disso se envergonhou de tal forma que pôs ao seu livro o título de O deus de Sócrates em vez de, conforme a discussão em que tão diligente e minuciosamente distingue os deuses dos demónios, intitulá-lo não O deus, mas antes O demónio de Sócrates. Preferiu, porém, pôr isto na própria discussão a pô-lo no título do livro. É que, graças à sã doutrina que brilhou sobre os homens, todos ou quase todos têm horror ao nome de demónios — de tal forma que quem, sem conhecer a exposição de Apuleio a favor da dignidade dos demónios, lesse este título O demónio de Sócrates jamais acreditaria tratar-se de um homem são do juízo.

E o próprio Apuleio, que encontra ele digno de louvor nos demónios além da subtileza e da robustez dos corpos e da maior altura do lugar onde residem? Realmente, acerca dos seus costumes, e ao falar de todos em geral, nenhum bem diz deles, mas antes muito mal. Enfim, depois da leitura daquele livro, ninguém se admira de que eles tenham pretendido que as torpezas cénicas figurassem entre as coisas divinas; de que, pretendendo ser temidos como deuses, se deleitem com os crimes dos deuses; e de que tudo o que no seu culto inspira troça ou horror por uma obscena solenidade ou uma crueldade torpe, está bem de harmonia com as suas paixões.

CAPÍTULO XV

Os demónios não são superiores aos homens nem pelos corpos aéreos nem pela altitude dos lugares em que habitam.

Longe esteja, pois, de uma alma verdadeiramente religiosa e submissa ao verdadeiro Deus julgar, considerando estas coisas, que os demónios são melhores do que ela, lá porque têm melhores corpos. Se assim fosse, deveria pôr acima de si muitos animais que nos superam pela acuidade dos seus sentidos, a facilidade e a agilidade dos seus movimentos, o vigor das suas forças, a válida longevidade dos seus corpos. Que homem se compara na vista à águia e ao abutre, aos cães no olfacto, na velocidade às lebres, ao veado e a todas as aves, aos leões e aos elefantes na valentia e na longevidade às serpentes que, diz-se, ao largarem a pele, se despojam da velhice e reencontram a juventude? Todavia, assim como a todos os animais nos avantajamos pela capacidade de raciocinar e de compreender, assim também somos superiores aos demónios pela nossa capacidade de viver recta e honestamente. É indubitável que a Providência divina dotou de certas vantagens corporais os seres que nos são incontestavelmente inferiores. Assim o determinou para nos convidar a cultivarmos com muito maior cuidado o que a eles nos torna superiores e para nos ensinar a desprezarmos a perfeição corporal que poderíamos atribuir aos demónios e que, comparada com uma vida virtuosa pela qual os ultrapassamos, nada é — tanto mais que também nós estamos destinados à imortalidade dos corpos, não a que a eternidade dos suplícios há-de atormentar, mas a que a pureza da alma há-de preparar.

Mesmo em relação à altura do lugar — lá porque os demónios habitam no ar ao passo que nós habitamos a terra, seria totalmente ridículo perturbarmo-nos com isso ao ponto de nisso vermos uma superioridade sobre nós. Se assim fosse, seríamos inferiores a todas as aves. Todavia as aves, quando estão cansadas de voar ou são obrigadas a retemperar as forças comendo, voltam à terra para repousarem e se alimentarem — o que os demónios, diz-se, não fazem. Será que lhes agrada, nesse caso, reconhecer que as aves estão acima de nós e que os demónios estão acima mesmo das aves? Se pensar assim é pura loucura, não teremos que pensar que, por causa da habitação num elemento superior, os demónios são dignos da nossa submissão religiosa. Realmente, assim como o facto de as aves do ar, longe de serem superiores a nós, nos estão subordinadas, a nós seres terrestres, devido à dignidade da nossa alma racional, assim também os demónios, lá porque habitam numa região do ar mais elevada, nem por isso nos são superiores a nós, seres terrestres, só porque o ar está acima da terra. Pelo contrário, os homens devem a eles ser preferidos porque de forma nenhuma pode ser comparado o seu desespero com a esperança dos homens pios.

De resto, a citada maneira como Platão liga numa ordem harmoniosa os quatro elementos, colocando entre os dois extremos (o fogo mobilíssimo e a terra imóvel), os dois intermédios (o ar e a água) — porque tanto o ar está acima das águas e o fogo acima do ar quanto as águas estão acima da terra — este argumento adverte-nos de que os méritos dos seres animados não devem ser avaliados pela categoria dos elementos. O próprio Apuleio, como os demais, diz que o homem é um animal terrestre, muito superior, porém, aos animais aquáticos, embora Platão conceda às águas a proeminência sobre a terra. Por aqui se vê que, quando se trata de apreciar o valor das almas, não se deve usar do mesmo padrão que se usa na medição dos corpos; pode bem acontecer que um corpo inferior abrigue uma alma melhor e um corpo superior uma alma pior.




(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)


Evangelho e comentário

Tempo comum


Evangelho: Mc 10, 17-27

17 Tendo saido para Se pôr a caminho, veio um homem a correr e, ajoelhando-se diante d'Ele, perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?». 18 Jesus disse-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.19 Tu conheces os mandamentos: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe”».20 Ele respondeu: «Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade».21 Jesus olhou para ele com afecto, e disse-lhe: «Uma coisa te falta: vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me».22 Mas ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens.23 Jesus, olhando em volta, disse aos discípulos: «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!».24 Os discípulos ficaram atónitos com estas palavras. Mas, Jesus de novo lhes disse: «Meus filhos, como é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas!25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus».26 Eles, cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: «Então quem pode salvar-se?».27 Jesus, olhando para eles, disse: «Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível».

Comentário:

Este trecho do Evangelho pode muito bem ser chamado o: Evangelho da Vocação.

De facto parece haver da parte do jovem um desejo sincero e genuíno de encontrar um caminho seguro que satisfaça os seus desejos de perfeição.

E faz o que todos devemos fazer nestes casos: interrogar quem pode ajudar com o seu conselho e experiência.

Nem sempre o resultado é satisfatório porque quando se chega a este ponto há que ter a valentia e disponibilidade para ouvir e ponderar o que nos é dito.

O problema – como neste caso que comentamos – parece ser o apego às coisas terrenas, mas, é necessária honestidade pessoal e intelectual para considerar que seguir um caminho – seja qual for – implica uma escolha, uma opção.

Na verdade, quando o jovem pergunta - «que me falta ainda» - não foi totalmente honesto, porque, no seu íntimo, não estava preparado para a resposta.

Talvez que pensasse que Jesus lhe responderia que não lhe faltava nada e, de facto, talvez não faltasse só que o Senhor faz uma proposta:

«se queres ser perfeito», algo que o jovem não tinha equacionado.

(ama, comentário sobre Mc 10, 17-27, 23.05.2016)


Esoterismo cristiano?

¿Esoterismo cristiano? Nada más incompatible con la Revelación y la esencia misionera de la Iglesia
Vincular la Iglesia con un saber oculto es un recurso habitual de sus enemigos: ejemplo, El Código Da Vinci.

A lo largo de la historia, y hoy también, han existido movimientos que tergiversaron el cristianismo para asimilarlo a corrientes esotéricas o gnósticas que protegerían una sabiduría reservada a un selecto grupo de iniciados. Nada es más contrario a verdad cristiana, que reposa sobre la Revelación pública de Cristo y en Cristo, y configura una Iglesia esencialmente misionera, abierta, universal. Así lo explica Miguel Pastorino en un artículo publicado en Aleteia:

“Cristianos” nominales que practican el esoterismo y las diversas formas de ocultismo, existen y no son pocos. Eso no será lo que discutimos en este artículo. Pero ¿es el cristianismo una religión esotérica? ¿Hay en la fe cristiana una doctrina oculta reservada a una élite secreta de iniciados? La respuesta es negativa, claramente no es posible.

La mayoría de las sectas esotéricas y los autores e intelectuales vinculados al ocultismo, los rosacruces y varias logias masónicas, están convencidos de que el cristianismo tiene “secretos” de contenido religioso que no revela, como si existiese un “esoterismo cristiano”.

Y la verdad es que nunca existió, ni existe tal realidad, en cuanto verdades doctrinales ocultas que solo una élite conoce. Eso es una ilusión de algunos aficionados al esoterismo, que buscan secretos escondidos en todos los símbolos y doctrinas. Es una tendencia amplificada hoy por el “esoterismo de masas” New Age, por novelas como las de Dan Brown, pero sin ninguna base real.

Muchos de los que se dicen “cristianos” en realidad no son tales (no se puede creer en Cristo y afirmar a su vez cosas opuestas a su mensaje como la reencarnación). Para los cristianos el punto de partida de la fe es la aceptación de lo que Dios ha revelado y no de lo que oculta. El cristiano cree que en Cristo, Dios ha revelado todo lo necesario para la salvación de la humanidad.

¿No hay secretos en el cristianismo?
Es verdad que ciertos secretos existen en cualquier institución, en cuestiones que exigen prudencia y disciplina interna. En este sentido podría hablarse de secrecía en la Iglesia. Pero en cuanto a contenidos religiosos, el cristianismo es exotérico (hacia fuera), nace y existe como una religión revelada para todos, enviada a todos, universal (Mt 28, 19-20), misionera, sin secretos.

El mismo Magisterio de la Iglesia son documentos abiertos, públicos, que cualquiera puede conocer. Los pronunciamientos oficiales y doctrinas son accesibles a toda persona. Todo se publica, en cuanto a la fe y la doctrina. No hay nada que deba ocultarse y el esoterismo como actitud espiritual elitista se opone a la naturaleza del cristianismo.

Esto es el cristianismo: el Verbo hecho hombre, predicación abierta, nada que esconder, la salvación al alcance de todos con los mismos medios para todos, a saber, la oración y los sacramentos. Una escena de Rey de Reyes (1961), de Nicholas Ray.

Tanto en los primeros siglos con el gnosticismo, como en el surgimiento medieval de la alquimia y la cábala, y de movimientos ocultistas en el Renacimiento (siglo XVI), surgieron tendencias que intentaron amalgamar doctrinas de tipo gnósticas y esotéricas con el cristianismo y que influyeron en varios intelectuales y artistas.

Se buscaba inventar un “esoterismo cristiano” o un “cristianismo esotérico” y de hecho hubo (y hay) esoteristas que vivían sincréticamente el cristianismo. Por esta razón, en mucha literatura, obras de arte, y hasta en templos medievales se incluyeron símbolos y conceptos tomados de la alquimia y del esoterismo.

Pero no existió nunca un cristianismo esotérico, aunque sí autodenominados “cristianos” que, habiendo incursionado en el esoterismo pretendieron dar nuevos sentidos a las verdades de la fe cristiana, resignificando sus símbolos y doctrinas, y profesan un “esoterismo cristiano”, que es en sí mismo un concepto contradictorio.

Características del esoterismo occidental
Si bien a lo largo de la historia son muchos y variados los movimientos esotéricos, pueden establecerse algunos rasgos comunes o definitorios.

1) Correspondencia o reciprocidad entre todas las partes del universo visible e invisible. Por ejemplo: Hay 7 metales, 7 planetas, 7 partes del cuerpo, 7 chakras, etc.  Cuando leen la Biblia buscan estas correspondencias para interpretarla “esotéricamente”.

2) Creen en el universo y la naturaleza como ser vivo con una especie de alma cósmica (fuego oculto o energía).

3) Imaginación creadora y mediaciones simbólicas: se trata de llegar a lo divino a través de cualquier realidad imaginaria o real. Su recurso a todo tipo de mediaciones es evidente: ritos, símbolos de todas las religiones, mandalas y hasta el recurso a toda clase de supuestas “entidades espirituales”.

4) La experiencia de transmutación. Es un término tomado de la alquimia, donde a través de “iniciaciones” se busca un nuevo modo de vida y un nuevo modo de ser.

Existen otras características complementarias que no se dan en todos los casos, pero que hoy son muy visibles en la amplia mayoría de los movimientos conocidos.

Una de ellas es la práctica de la concordancia o deseo de armonizar tradiciones diferentes, ya sean filosóficas o religiosas, especialmente lo oriental con lo occidental. También se puede añadir la transmisión directa de maestro a discípulo de teorías y prácticas esotéricas, donde también suelen incluir grados o peldaños en el proceso iniciático.

Entre sus pilares doctrinales se encuentra una visión panteísta de lo divino, donde toda la realidad es unificada, a la que le sigue una concepción emanatista de las cosas y seres, donde no hay distinción entre Creador y criatura.

Afirman la unidad trascendental de todas las religiones, es decir, que coinciden en su realidad más profunda (esotérica), donde lo que importa es ese núcleo común “místico” y no sus formas externas de ritos y doctrinas.

El suizo Frithjof Schuon (1997-1998), adalid de La unidad trascendente de las religiones con su libro del mismo nombre, inspirado por las filosofías hinduistas.

Lo cierto es que si cualquiera profundiza en las grandes religiones históricas, en sus verdaderos centros doctrinales, se encontrará con que difieren radicalmente unas de otras. La ingenua idea de que en el fondo todas las religiones son iguales, es una afirmación superficial que desconoce el núcleo de cada una de las religiones. Justamente lo común entre ellas suelen ser formas externas y principios éticos universales, pero no su núcleo más profundo.

El origen: un mundo de fantasías
Si bien el adjetivo esotérico (lo que está oculto, secreto), es muy antiguo y ha tenido muchos usos, el sustantivo esoterismo aparece recién en el siglo XIX en las corrientes modernas de movimientos ocultistas.

Históricamente no hay una conexión de generación en generación en la tradición esotérica occidental como en ocasiones se arguye. Distintas épocas han visto resurgir las mismas ideas y replanteos religiosos, pero sin una necesaria conexión histórica entre ellas.

Aunque las doctrinas gnósticas hayan desaparecido por siglos, influyeron durante el medioevo en la alquimia, en la cábala, y en escuelas filosóficas, a través de movimientos hermetistas. Asimismo, intentaron influir en el cristianismo, generando una oposición con la ortodoxia cristiana, inevitable confrontación, dado que el sincretismo de estos movimientos amenazaba con diluir la fe cristiana en un magma pseudorreligioso, como sucedió en el siglo XVI.

También hoy el movimiento New Age y las sectas metafísicas y ocultistas postmodernas propenden a presentar la fe cristiana como una mística esotérica que fue racionalizada por las jerarquías católicas. Por otra parte, su versión del esoterismo es contradictoria con el histórico, ya que un conocimiento oculto es elitista y en la New Age se ha masificado.

Si bien se puede hablar de un intento de esoterismo serio en occidente (Boheme, Swedenborg, P. Le Cour, etc.), no es verdad que sus orígenes sean tan remotos como se pretende en la literatura esotérica.

La mayor parte de sus contenidos surgen en el Renacimiento y buscan sus orígenes en historias que se pierden en las mitologías antiguas, como le sucede a algunas logias masónicas y sobre todo a los rosacruces.

Digo “algunas”, porque un gran número de masones reconoce su origen en los gremios medievales de albañiles y no en la torre de Babel, o en el templo de Salomón, o en los Templarios, como algunos sueñan.

Un caso de confusión generada por la literatura esotérica, entre tantos, es el  del Corpus Hermeticum, una obra escrita entre el siglo II y IV d.C., con contenidos gnósticos, alquimistas, orientales, esotéricos y neoplatónicos, propia del ecléctico mundo de religiones y filosofías que circulaban en Alejandría en los siglos II y III d.C., que fue redescubierta por Marsilio Ficino en el siglo XVI.

Los autores esoteristas gustan de afirmar que esta obra es muy antigua, como del siglo VI antes de Cristo. No obstante es una obra escrita un milenio más tarde. El esoterismo, invariablemente planta sus raíces donde no las tiene, y suele remontar sus genealogías a tiempos remotos en una mitología que se reinventa en cada generación.

René Guénon y el fraude del teosofismo
Un gran intelectual del ocultismo moderno, respetado no solo por su erudición, sino por su honestidad académica, es el esoterista franco-egipcio René Guénon, quien ha desenmascarado cientos de fraudes de sociedades secretas que eran una burla a sus iniciados en Europa.

René Guénon (1886-1951) ha sido uno de los más influyentes defensores de un supuesto esoterismo cristiano, aunque también censuró las que consideraba sus falsificaciones. Acabó haciéndose musulmán.

Guénon ha denunciado y desarticulado el fraude de una señora, canonizada por el ocultismo como fue Madame Blavatsky y a su sociedad Teosófica. Sin embargo el tempranero olvido de la gente, viene “en auxilio” de los pseudoprofetas y sus fraudes, como ha ocurrido con el espiritismo moderno. La credulidad sigue en aumento.

René Guenon abandonó el esoterismo occidental defraudado ante tanto engaño y fantasía, y acabó convencido de que solamente en las religiones orientales existe un verdadero conocimiento esotérico, así como una auténtica tradición esotérica.

Una de las expresiones de la presente crisis cultural es la nueva emergencia gnóstica y esotérica, manifestada en el éxito de toda literatura que se vincule a estas temáticas, de la magia, de los evangelios apócrifos, de la autoayuda, de la alquimia, del hermetismo… De conocerse la verdadera historia del esoterismo, sus mágicas fantasías se desvanecerían demasiado rápidamente.

¿Y los que se llaman “esoteristas cristianos”?
Muchos esoteristas actuales hablan abiertamente de un “esoterismo cristiano”, pero es simplemente una resignificación del cristianismo que ellos hacen, como hacen también con algunas corrientes filosóficas de la antigüedad o con religiones de Oriente, apropiándoselas desprolijamente a gusto del consumidor.

Lo cierto es que el cristianismo nunca fue esotérico, y su propia naturaleza misionera lo hace una religión abierta, cuyo mensaje es para todos y no para una élite que busca coincidencias simbólicas o mundos invisibles.

Nadie puede negar que a lo largo de la historia existieron personas que viviendo un cristianismo social, practicaron el esoterismo, como sucede también hoy. En el mismo medioevo aunque se era cristiano, judío o musulmán por adscripción, subsistían corrientes gnósticas y mágicas que resurgían de vez en cuando.

Frente al esoterismo de masas habría que preguntarse si el cristianismo no habrá descuidado en estos tiempos su cuota de mística y misterio. Quizá haya sido excesiva su adaptación racionalista a la modernidad, y por ello las almas sedientas de experiencia y de sentido se hayan orientado al irracionalismo, la magia y el ocultismo.

ReL10 enero 2017