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31/01/2017

Servir o Senhor no mundo

Repara bem: há muitos homens e mulheres no mundo, e nem a um só deles o Mestre deixa de chamar. Chama-os a uma vida cristã, a uma vida de santidade, a uma vida de eleição, a uma vida eterna. (Forja, 13)


Permiti-me que volte de novo à naturalidade, à simplicidade da vida de Jesus, que já vos tenho feito considerar tantas vezes. Esses anos ocultos do Senhor não são coisa sem significado, nem uma simples preparação dos anos que viriam depois, os da sua vida púbica. Desde 1928 compreendi claramente que Deus deseja que os cristãos tomem exemplo de toda a vida do Senhor. Entendi especialmente a sua vida escondida, a sua vida de trabalho corrente no meio dos homens: o Senhor quer que muitas almas encontrem o seu caminho nos anos de vida calada e sem brilho. Obedecer à vontade de Deus, portanto, é sempre sair do nosso egoísmo; mas não tem por que se traduzir no afastamento das circunstâncias ordinárias da vida dos homens, iguais a nós pelo seu estado, pela sua profissão, pela sua situação na sociedade.


Sonho – e o sonho já se tornou realidade – com multidões de filhos de Deus santificando-se na sua vida de cidadãos correntes, compartilhando ideais, anseios e esforços com as outras pessoas. Preciso de lhes gritar esta verdade divina: se permaneceis no meio do mundo, não é porque Deus se tenha esquecido de vós; não é porque o Senhor vos não tenha chamado; convidou-vos a permanecer nas actividades e nas ansiedades da Terra, porque vos fez saber que a vossa vocação humana, a vossa profissão, as vossas qualidades não só não são alheias aos seus desígnios divinos, mas que Ele as santificou como oferenda gratíssima ao Pai! (Cristo que passa, 20)

Evangelho e comentário

Tempo comum



Evangelho: Mc 5, 21-43

21 Tendo Jesus passado novamente na barca para a outra margem, acorreu a Ele muita gente, e Ele estava junto do mar.22 Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, que, vendo-O, lançou-se a Seus pés,23 e suplicava-Lhe com insistência: «Minha filha está nas últimas; vem, impõe sobre ela as mãos, para que seja salva e viva».24 Jesus foi com ele; e uma grande multidão O seguia e O apertava.25 Então, uma mulher que havia doze anos padecia um fluxo de sangue,26 e tinha sofrido muito de muitos médicos, e gastara tudo quanto possuía, sem ter sentido melhoras, antes cada vez se achava pior,27 tendo ouvido falar de Jesus, foi por detrás entre a multidão e tocou o Seu manto.28 Porque dizia: «Se eu tocar, ainda que seja só o Seu manto, ficarei curada».29 Imediatamente parou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo estar curada do mal.30 Jesus, conhecendo logo em Si mesmo a força que saíra d'Ele, voltado para a multidão, disse: «Quem tocou os Meus vestidos?».31 Os Seus discípulos responderam: «Tu vês que a multidão Te comprime, e perguntas: “Quem Me tocou?”».32 E Jesus olhava em volta para ver quem tinha feito aquilo.33 Então a mulher, que sabia o que se tinha passado nela, cheia de medo e a tremer, foi prostrar-se diante d'Ele, e disse-Lhe toda a verdade.34 Jesus disse-lhe: «Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada do teu mal».35 Ainda Ele falava, quando chegaram da casa do chefe da sinagoga, dizendo: «Tua filha morreu; para que incomodar mais o Mestre?».36 Porém, Jesus, tendo ouvido o que eles diziam, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; crê somente».37 E não permitiu que ninguém O acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.38 Ao chegarem a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço e os que estavam a chorar e a gritar.39 Tendo entrado, disse-lhes: «Porque vos perturbais e chorais? A menina não está morta, mas dorme».40 E troçavam d'Ele. Mas Ele, tendo feito sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que O acompanhavam, e entrou onde a menina estava deitada.41 Tomando a mão da menina, disse-lhe: «Talitha kum» , que quer dizer: «Menina, Eu te mando, levanta-te».42 A menina imediatamente levantou-se e andava, pois tinha já doze anos. Ficaram cheios de grande espanto.43 Jesus ordenou-lhes com insistência que ninguém o soubesse. Depois disse que dessem de comer à menina.

Comentário:

O sono da morte!

É verdade!
Para Nosso Senhor estão apenas adormecidos enquanto para nós estes nossos queridos já morreram.

Os que ficamos choramos sem dúvida a saudade da ausência, mas tendo bem viva a certeza que o Senhor os despertará desse sono para voltarmos a viver juntos para sempre encontraremos lenitivo para a nossa dor. 

(ama, comentário sobre Mc 5, 21-43, Carvide. 28.04,2015) [i]




[i] Aniversário da Fernandinha

Leitura espiritual

Leitura espiritual


A Cidade de Deus 

Vol. 1

LIVRO V

CAPÍTULO X

Se alguma forma de necessidade domina a vontade humana.

Não há, pois, que temer a necessidade. Porque a temeram, os estóicos procuraram distinguir as causas dos seres de tal forma que subtraíram algumas a essa necessidade e lhe submeteram outras. Entre as causas que pretenderam subtrair à necessidade puseram eles as nossas von­tades, com receio de as privarem de liberdade ao sujeitarem-nas à necessidade.

Se de facto devemos apelidar de necessidade aquela força que não está em nosso poder e que realiza, mesmo que o não queiramos, o que está nas suas potencialidades (a necessidade da morte, por exemplo) é manifesto que a nossa vontade, que nos faz viver bem ou mal, não está submetida a esta necessidade. Fazemos efectivamente muitas coisas que, se não quiséssemos, decerto não faríamos. E em primeiro lugar o próprio querer: se queremos, o querer existe, se não queremos, não existe porque não quereremos se não quisermos. Mas, se se definir a necessidade segundo a expressão «é necessário que tal coisa seja ou se faça assim» — não sei porque é que havemos de recear que ela nos vá tirar a liberdade da vontade. Certamente que não submetemos a vida de Deus nem a presciência de Deus à necessidade quando dizemos — é necessário que Deus viva sempre e tudo saiba com antecipação; como também se não minora o seu poder quando se diz que ele não pode morrer nem enganar-se. Certamente que não o pode — mas de tal modo que, se o pudesse, ele teria um poder menor. É, pois, correctamente que se chama omnipotente quem todavia não pode nem morrer nem enganar-se. Realmente, chama-se omnipotente porque faz o que quer e não porque suporta o que não quer: se isto lhe acontecesse, deixaria de ser omnipotente. Não pode certas coisas precisamente porque é omnipotente.

Assim é também ao dizermos que é necessário, quando queremos, querer com livre arbítrio. Dizemos sem a menor dúvida a verdade, sem, todavia, sujeitarmos o nosso livre arbítrio a uma necessidade que suprime a liberdade. As nossas vontades são, pois, nossas; elas próprias fazem tudo o que fazemos quando queremos e que não se faria se não quiséssemos.

Mas quando alguém, sem querer, suporta alguma coisa por vontade de outros homens — mesmo neste caso é a vontade que se exerce: embora não seja vontade do próprio é sempre vontade de um homem. Todavia, o poder é de Deus. (Porque, se se tratasse apenas de uma vontade que fosse incapaz de fazer o que quer — ela estaria impedida por uma vontade mais forte. Mesmo neste caso, a vontade não seria outra coisa mais que vontade, e não de outrem, mas de quem estivesse querendo, embora o seu desejo se não pudesse cumprir). Por isso é que tudo o que o homem suporta contra sua vontade, não deve atribuí-lo às vontades dos homens nem à dos anjos nem à de qualquer espírito criado, mas sim à vontade d’Aquele que concede o poder àqueles que são capazes de querer.

Portanto, lá porque Deus previu o que viria a acontecer na nossa vontade, não se segue que nenhum poder tenha havido nela. Porque quem isso previu alguma coisa previu. Ora, se, prevendo o que se passaria na nossa vontade, ele previu não com certeza um puro nada, mas algo de real, sem dúvida conforme a sua própria previdência, alguma coisa depende da nossa vontade. Consequentemente, de modo nenhum somos obrigados nem a suprimir o livre arbítrio, mantendo a presciência de Deus, nem a negar a presciência de Deus (o que é sacrílego), mantendo o livre arbítrio. Pelo contrário: abraçamos uma e outra verdade, uma e outra confessamos fiel e sinceramente — uma para bem querer, a outra para bem viver. Porque vive-se mal se não se acreditar rectamente em Deus. Longe de nós, portanto, negar, para permanecermos livres, a presciência d’Aquele por cujo poder somos ou seremos livres.

Consequentemente, não é em vão que há leis, reprimendas, exorta­ções, louvores e censuras. Tudo isto ele previu e vale tanto quanto ele previu que havia de valer. Também as preces valem para se obterem os bens que ele previu conceder aos que oram. É de toda a justiça que se estabeleçam prémios para as boas acções e castigos para os pecados. E nem é por Deus ter previsto que havia de ' pecar que o homem peca. Pelo contrário, está fora de dúvida que, quando peca, é ele, homem, que peca — porque Aquele cuja presciência é infalível, sabia já que não seria o destino, nem a fortuna, nem outra qualquer causa, mas que seria o próprio homem que iria pecar. E se Ele não quiser, certamente que não pecará — mas, se não quiser pecar, também isso Ele previu.

CAPÍTULO XI

A Providência universal de Deus a cujas leis tudo está submetido.

Efectivamente este supremo e verdadeiro Deus que, com o seu Verbo e o seu Espírito Santo, são Três em Um;
este Deus único, omnipotente, criador e autor de toda a alma e de todo o corpo, de cuja beatitude participam todos os que em verdade e não em ilusão são felizes;
que fez do homem um animal racional, composto de um corpo e de uma alma, e que não permitiu, quando este homem pecou, que ficasse impune, nem o abandonou sem misericórdia;
que aos bons e aos maus deu o ser como às pedras, a vida vegetativa como às plantas, a vida sensitiva como aos animais, a vida intelectual apenas como aos anjos;
de quem procedem toda a regra, toda a forma e toda a ordem;
de quem procedem a medida, o número, o peso;
de quem procede tudo o que tem uma natureza, tudo o que tem um género, tudo o que tem um preço, seja ele qual for;
de quem procedem os gérmenes das formas, as formas dos gér­menes, o movimento das formas e dos gérmenes;
que deu à carne a sua origem, a sua beleza, a sua saúde, a fecundidade da sua propagação, a disposição dos seus membros, a sua salutar harmonia;
que à própria alma irracional deu memória, sensibilidade, instinto, e à racional deu ainda espírito, inteligência, vontade;
que não deixou de conceder, não somente ao céu e à terra, não somente ao anjo e ao homem, mas também aos órgãos do mais pequenino e do mais desprezível dos animais, à mais pequena das penas da ave, à flor dos campos, à tolha da árvore, a harmonia das suas partes e como que uma certa paz — seria de todo inconcebível que Ele quisesse deixar o reino dos homens, as suas dominações e as suas sujeições tora das leis da sua Providência.

CAPÍTULO XII

Por que costumes os antigos Romanos mereceram que o verdadeiro Deus, embora ainda o não adorassem, dilatasse o seu Império.

 Vejamos, então, quais foram os costumes dos Romanos e qual foi a causa por que se dignou prestar-lhes ajuda, para o engrandecimento do Império, o verdadeiro Deus em cujo poder estão até mesmo os reinos da Terra. Para que o pudéssemos expor com mais precisão, escrevemos sobre este caso o livro precedente, onde mostrámos ser nulo nesta matéria o poder dos deuses que eles têm julgado deverem ser venerados com ritos ridículos. As partes precedentes deste livro, até este momento, tiveram por objecto eliminar a questão do destino, não fosse acontecer que alguém, já persuadido de que a propagação e a manutenção do Império Romano se não devem ao culto de tais deuses, as vá agora atribuir a não sei que destino em vez de as atribuir à vontade poderosíssima de Deus Supremo.

Os antigos romanos, os dos primeiros tempos, tanto quanto a história no-lo ensina e garante, embora como as outras nações, à excepção apenas do povo dos hebreus, adorassem falsos deuses e imolassem vítimas, não a Deus, mas aos demónios, todavia

eram ávidos de louvores, pródigos quanto ao dinheiro, aspiravam por elevada glória e fortuna honesta [i].

Esta foi a sua paixão mais ardente. Por ela queriam viver. Por ela não hesitavam em morrer. Por esta desmesurada paixão, abafaram todas as outras paixões. Finalmente, porque consideravam vergonha para a sua pátria servir e uma glória dominar e imperar, desejaram com todo o empenho, antes de tudo, que ela fosse livre e depois que fosse so­berana.

É por isso que, não suportando o domínio da realeza, criaram uma autoridade renovável todos os anos e partilhavam- -na por dois chefes chamados cônsules, palavra derivada de consulere (aconselhar), em vez de lhes chamarem reis (reges) ou senhores (domini), palavras que derivam de regnare (reinar) e de dominare (dominar) [ii].

E isto embora se pudesse usar muito bem a palavra reges (reis) que deriva do verbo regere (dirigir, governar), tal como regnum (reino, poder) deriva de reges, e reges, como acima disse, de regere.

Pareceu-lhes, porém, que o fausto régio não era próprio da vida disciplinada de um dirigente nem da benevolência de um conselheiro, mas da soberba de um tirano. Por isso, depois da expulsão do rei Tarquínio e da instituição dos cônsules, seguiu-se o que o citado autor descreve assim no seu elogio dos Romanos:

Conquistada que foi a liberdade, a cidade — facto incrível na história—, desenvolveu-se com extrema rapidez, tão grande era a paixão da glória que a animava [iii].

Foram, pois, esta avidez do louvor e esta paixão da glória que realiza­ram tantas maravilhas, dignas por certo de louvores e de glória segundo o juízo dos homens.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Salústio. (latil., VII, 6.
[ii] Salústio, Catil., VII, 6.
[iii] Salústio, Catil., VII, 3.

CASAMENTO" HOMOSSEXUAL - ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE DIREITOS HUMANOS DE ESTRASBURGO

Por unanimidade, o Tribunal líder mundial dos Direitos Humanos estabeleceu, textualmente, que "não existe o direito ao casamento homossexual".

Os 47 juízes dos 47 países do Conselho da Europa, que integram o pleno do Tribunal de Estrasburgo (tribunal mais importante do mundo dos direitos humanos) emitiram uma declaração de grande relevância, que tem sido surpreendentemente silenciada pelo progressismo informativo e sua área de influência.

Na verdade, por unanimidade, os 47 juízes aprovaram o acórdão que estabelece que "não existe o direito ao casamento homossexual".

A sentença foi baseada num sem número de considerandos filosóficos e antropológicos baseados na ordem natural, senso comum, relatórios científicos e, claro, no direito positivo. Dentro deste último, principalmente, a sentença foi baseada no artigo n ° 12 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Dito é equivalente aos artigos dos tratados de direitos humanos, como no caso do 17 do Pacto de San José e n.º 23 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos.

Nesta histórica, mas nada divulgada, Resolução, o Tribunal decidiu que a noção de família não só contempla "o conceito tradicional de casamento, ou seja, a união de um homem e uma mulher", mas também que não devem ser impostas a governos a "obrigação de abrir o casamento a pessoas do mesmo sexo".

Quanto ao princípio da não-discriminação, o Tribunal também acrescentou que não existe qualquer discriminação, já que "os Estados são livres de reservar o casamento apenas a casais heterossexuais."

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É importante e absolutamente necessário divulgar este tipo de notícia, porque os governos e simpatizantes de tais lobbies não vão querer que as pessoas saibam.


Ajude a propagar, se assim o entender...!

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

III. MISSÕES DE PAULO [i]

Capítulo 15

2.ª Viagem Missionária: [ii]

Desacordo entre Paulo e Barnabé

35Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e anunciando, com muitos outros, a Boa-Nova da palavra do Senhor.
36Passados alguns dias, Paulo disse a Barnabé: «Voltemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que anunciámos a palavra do Senhor, para ver como estão.»
37Barnabé queria também levar João, chamado Marcos. 38Mas Paulo não era de parecer que se levasse por companheiro quem deles se tinha afastado na Panfília e não os tinha acompanhado no trabalho. 39Seguiu-se uma discussão tão violenta que se separaram um do outro e Barnabé tomou Marcos consigo, embarcando para Chipre.
40Por seu turno, Paulo escolheu Silas por companheiro e partiu, recomendado pelos irmãos à graça do Senhor. 41Atravessou a Síria e a Cilícia, fortalecendo as igrejas.


[i] (13,1-28,31)
[ii] 15,35-18,22

Hoy el reto del amor es que, cuando metas la pata no vayas contra ti

CONGELADA

Nos tocaba lavar la ropa y la verdad es que estos días hace un sol estupendo, así que, en lugar de tender dentro, tendimos fuera. El tendedero es una zona asfaltada de la huerta que tiene unas seis cuerdas fijas.

Una vez tendida la primera lavadora fuimos a desayunar y, al rato, tocaba tender la segunda. Sacamos el cubo fuera. Para llegar al otro lado  de las cuerdas tenía que pasar por debajo de la ropa ya tendida. De repente, "plof", me choqué con algo que me golpeó en la cara. Era duro como si de un cartón se tratase.

Miré a ver qué me había golpeado, pero no pude descubrir el arma del delito. ¡Sólo había ropa tendida! ¡La tela no golpea! Con la mano aparté la bata que estaba tendida a mi altura y... ¡estaba congelada! ¡Como una piedra! Hacia sol... pero no calor. Me había golpeado una bata dura, una bata congelada.

En muchos momentos estamos así: parece que el sol brilla a nuestro alrededor, que todo es óptimo para que estemos bien. Sin embargo, a medida que nos vamos encontrando con unos y otros, sentimos que golpeamos como a la bata tendida le ocurrió. Nos gustaría ser suaves al tacto, blandos en el carácter, pero el corazón parece congelado.

Tantos momentos en que las personas pasan por nuestro tendedero y les golpeamos con una mala contestación, con una ironía, con una respuesta que les reduce... Y cuántas veces nos duele vernos congelados, ver que no hemos abierto el corazón en actitud de acogida y comprensión. ¡Queremos ser "buenos" pero no podemos!

¿Sabes qué pasó al cabo de unas horas? Volvimos, y la bata ondeaba al aire completamente seca, suave y blanda. Así puede haber muchos momentos en los que sientes no cambiar, ser el mismo. Pero no, Cristo está brillando para ti. Sólo tienes que presentarle ese punto de tu carácter que te hace caer, que te hace sentirte "congelado"... que, en su momento, ondearas completamente seco. No te rindas, el sol brilla todo el día.

Hoy el reto del amor es que, cuando metas la pata en alguna contestación o actuación, no vayas contra ti. Mira al Señor, ponte al Sol y dile que derrita el hielo con el que a veces golpeas. Y de Su Mano... ¡a seguir caminando!

VIVE DE CRISTO
Año del Señor 2017, Lerma,4 de enero


Jesus Cristo e a Igreja – 143

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos


V. FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS DA DISCIPLINA DO CELIBATO


No actual debate sobre celibato, se dá maior ênfase na necessidade de aprofundar teologicamente no sacerdócio a fim de deduzir a verdade e apreciar a verdade única e completa da teologia do celibato da Igreja Católica Latina.


Temos, portanto, por esse motivo, a tarefa atual e importante de analisar os elementos teológicos tanto do sacerdócio do Novo Testamento como, a partir deste, o celibato dos ministros sagrados. Ambos têm suas raízes nas Escrituras – a principal fonte da Teologia católica – e na Tradição da Igreja que revela e interpreta o testemunho escriturístico.


O sacerdócio de Jesus Cristo é um profundo mistério da nossa fé. Para compreender isso, o homem deve se abrir para uma visão sobrenatural e submeter a sua razão a um modo transcendente de pensar. Em tempos de fé viva, que incentiva e orienta não só a cada fiel como pessoa única, mas também permeia a vida e dá forma à vida de toda a comunidade crente, Cristo Sacerdote constitui na consciência de todos o centro da vida de fé pessoal e comunitária. Em tempos de declínio do sentido da fé, pelo contrário, a figura de Cristo Sacerdote desbota e desaparece cada vez mais da consciência dos homens e da sociedade, e não está mais no centro da vida cristã.

Esta mesma imagem é também aplicável no caso de um sacerdote de Cristo. Em tempos de fé viva, na verdade não é difícil ao sacerdote reconhecer-se em Cristo, identificar-se com Ele, contemplar e viver a essência do próprio sacerdócio em íntima união com Cristo Sacerdote, ver nele “a única fonte” e o “modelo insubstituível” da própria condição sacerdotal.


(Cont)

Pequena agenda do cristão




TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




30/01/2017

Hoy el reto del Amor es que, cuando algo te descoloque mires al Señor

ORDENAR DESORDENANDO?

Ayer por la tarde, después de la clase, nos sobraba un ratito antes de ir a vísperas, así que opté por ir rápidamente a terminar de ordenar mi celda. Pensaba que con media hora tenía tiempo de sobra, y muy animosa me adentré en ella.

Metí la ropa limpia en el armario, y hasta ahí todo normal. Pero, para ordenar esto y aquello... me tuve que poner a sacar cosas del armario y de los cajones para ver cómo lo guardaba todo bien colocadito.

Claro, cuando me quise dar cuenta, se me había pasado el rato y ahora la celda estaba mucho más desordenada que al principio: una parte del armario toda fuera, cosas por la mesa, cajas por el suelo...

"¿Cómo es posible que para ordenar haya que desordenar mucho más de lo que ya estaba?", pensé.

Con esto del desorden material comprendí rápidamente algo que había leído hace unos días sobre la parábola de la dracma perdida: "Esa mujer que pone la casa patas arriba revolviéndolo todo es Dios. Tú tenías un orden precioso en tu casa, habías ordenado tu vida, sabías todo lo que tenías que hacer para ser un buen cristiano... y viene el ama de casa y desordena todo. Porque la dracma perdida que busca la mujer somos tú y yo. Y lo único que importa es que el Señor ha venido a buscarnos a nosotros, y así, quitando todo lo que es apariencia, quiere encontrarse realmente contigo."

Así le ocurrió a Abraham cuando Dios le dice que Ismael no era el hijo que Él le había prometido sino fruto de su autosuficiencia, y que tendría uno que sí era el de la promesa. O a Moisés, cuando le llamó para volver a Egipto, de donde había huido, para sacar a su pueblo. O, como vemos en el Evangelio, cuando Jesús descoloca a los fariseos cada vez que se pone a curar en sábado, o cuando come en casa de los pecadores... Con su propia vida y sus actos, desordena la mentalidad y las tradiciones de los fariseos, esperando encontrarlos también a ellos. Como sucedió con san Pablo. O como nos ocurre a nosotros cada vez que una situación nos desborda y la vemos por encima de nuestras fuerzas, o cuando los demás me descolocan... Detrás de todo está el Señor para encontrarse contigo de verdad.

Hoy el reto del Amor es que, cuando algo te descoloque, mires al Señor. Seguramente te ocurrirán muchas cosas que se salgan de tu esquema, pero, si en esa circunstancia miras a Cristo, descubrirás que ahí está Él contigo, para salir a tu encuentro, y descubrirás que en tu debilidad está Su Fortaleza.


VIVE DE CRISTO

Os filhos de Deus têm de ser contemplativos

Nunca compartilharei a opinião – ainda que a respeite – dos que separam a oração da vida activa, como se fossem incompatíveis. Os filhos de Deus têm de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com Nosso Senhor: e olhá-lo como se olha um Pai, como se olha um Amigo, a quem se quer com loucura. (Forja, 738)


Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.

Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas.

Não, meus filhos! Não pode haver uma vida dupla; se queremos ser cristãos, não podemos ser esquizofrénicos. Há uma única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser – na alma e no corpo – santa e cheia de Deus, deste Deus invisível que encontramos nas coisas mais visíveis e materiais.

Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos Por isso posso dizer-vos que a nossa época precisa de restituir à matéria e às situações que parecem mais vulgares o seu sentido nobre e original, colocá-las ao serviço do Reino de Deus, espiritualizá-las, fazendo delas o meio e a ocasião do nosso encontro permanente com Jesus Cristo. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114)

Evangelho e comentário

Tempo comum

Evangelho: Mc 5, 1-20

1 Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos.2 Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com Ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo. 3 Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e já ninguém conseguia segurá-lo com cadeias. 4 Tendo sido preso muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões e ninguém o podia dominar. 5 E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Ao ver de longe Jesus, correu e prostrou-se diante d'Ele7 e clamou em alta voz: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus eu Te conjuro que não me atormentes». 8 Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito imundo sai desse homem». 9 Depois perguntou-lhe: «Como te chamas?». Ele respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos». 10 E suplicava-Lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região. 11 Andava ali, próximo do monte, uma grande vara de porcos a pastar. 12 Os espíritos imundos suplicaram-Lhe: «Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles». 13 Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro no mar onde se afogaram. 14 Os guardadores fugiram e contaram o facto pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido. 15 Foram ter com Jesus e viram o que tinha estado possesso do demónio sentado, vestido e são do juízo; ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo. 16 Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos. 17 Então começaram a pedir a Jesus que se retirasse do seu território. 18 Quando Jesus subia para a barca, o que fora possesso do demónio começou a pedir-Lhe que lhe permitisse acompanhá-l'O. 19 Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: «Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve piedade de ti». 20 Ele retirou-se e começou a proclamar pela Decápole que grandes coisas Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.

Comentário:

O medo surge da falta de esclarecimento, é natural, o homem teme o que não conhece.

Se não conhece Deus há-de ter medo sobretudo quando Ele manifesta o Seu poder absoluto sobre todas as coisas e criaturas? Sim… também é natural.

O que está mal é ficar-se pelo medo e fugir da situação porque se perde uma oportunidade – que talvez não se repita – de conhecer a verdade e vencer o medo.

Se os gerasenos tivessem interrogado Jesus acerca do que constatavam e, temendo, não compreendiam, teriam ficado a saber quem era O que os visitava e, mais, porque fizera tal coisa.
Então, tudo seria diferente, Jesus ficaria com eles e o ganho seria extraordinário.

Cristo nunca deixa sem resposta aqueles que O interrogam com verdadeira e sã vontade de conhecer e compreender os mistérios de Deus e, uma das respostas do Senhor, é a dádiva da Fé.

(ama, comentário sobre Mc 5, 1-20)


Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 

Vol. 1

LIVRO V

CAPITULO VIII

Os que dão o nome de destino, não à posição dos astros, mas à conexão das causas que depende da vontade de Deus.

Há ainda os que dão o nome de destino, não à posição dos astros tal como se verifica quando cada coisa é concebida, nasce ou principia, mas à conexão e à série de causas que faz com que tudo seja o que é. Não vale a pena estabelecer com eles uma laboriosa controvérsia por causa de uma palavra. É que atribuem essa ordenação e uma certa conexão das causas à vontade e ao poder de um Deus supremo que — acreditamo-lo da melhor vontade e em toda a verdade —, conhece todas as coisas antes que elas aconteçam e nada deixa em desordem. E dele que vêm todos os poderes, embora dele não venham todas as vontades. Que entendem por destino principalmente a própria vontade de um Deus Supremo cujo poder insuperável se estende a todos os seres — prova-se por estes versos que, se não me engano, são de Aneu Séneca:

Conduz-me, pai soberano, senhor das alturas do céu, Para onde te aprouver. Obedecer-te-ei sem demora. Aqui estou sem preguiça. Faz com que eu não queira e gemendo te seguirei. E, posto que cul­pado, suportarei o que ao bom apraz. Os destinos guiam o que obedece e forçam o que resiste [i].

É de toda a evidência que neste último verso ele chama destino ao que acima designara por vontade do Pai soberano. Diz que está preparado para lhe obedecer, para ser de boa vontade conduzido, com receio de ser arrastado contra vontade — porque

os destinos guiam o que obedece e forçam o que resiste [ii].

Apoiam este pensamento estes versos de Homero que Cícero traduziu para latim:

São as mentes dos homens como a luz com que o próprio pai Júpiter quis iluminar a terra fecunda.

A opinião de um poeta pouca autoridade teria nesta questão; mas, porque ele (Cícero) diz que os estóicos, para defenderem a força do destino, costumam citar estes versos de Homero, não se trata já da opinião de um poeta mas da dos filósofos. É por meio destes versos, que eles utilizam nas suas discussões, que a sua doutrina acerca do destino se manifesta com clareza. Chamam eles Júpiter ao que crêem ser o Deus Supremo, de quem depende, dizem eles, toda a conexão dos destinos.

CAPÍTULO IX

A presciência de Deus e a livre vontade do homem, contra a definição de Cícero.

Cícero esforça-se por os refutar, mas julga que nada pode contra eles a não ser que suprima a adivinhação. Para o conseguir, chega a negar que haja conhecimento do futuro e sustenta com todas as suas forças que nenhuma previsão dos factos pode haver, quer nos homens quer em _ Deus. Desta maneira, não só nega a presciência de Deus, mas também procura destruir toda a profecia, mesmo que ela seja mais clara do que a luz, com vãos argumentos e opondo a si mesmo certos oráculos que facilmente se podem refutar — mas nem sequer isto mesmo consegue.

Mas, ao refutar as conjecturas dos astrólogos, a sua retórica triunfa porque elas na verdade são de tal jaez que a si próprias se destroem e se refutam. Todavia, são muito mais desculpáveis os que admitem a fatalidade astral do que ele, que suprime a presciência do futuro. Efectivamente, é extremada insânia admitir que Deus existe e negar-lhe o conhecimento do futuro.

Quando ele próprio se deu conta disso escreveu um texto sobre a ideia que a Escritura condensa na frase:

Disse o louco no seu coração: Não há Deus [iii],

mas sem o fazer em seu próprio nome. Viu quanto isso seria revoltante e molesto e encarregou Cota, nos livros De natura deorum [iv], de sustentar a discussão acerca desta matéria contra os estóicos; mas antes quis pôr-se do lado de Lucílio Balbo, a quem tinha confiado a defesa das opiniões dos estóicos, do que do lado de Cota que nega que haja qualquer natureza divina. Mas nos livros De divinatione [v], é em seu próprio nome que abertamente ataca a presciência do futuro. Parece que Cícero fez tudo isto para que, admitindo-se o destino, se não negue a vontade livre. Pensa ele que, uma vez admitida a ciência do futuro, o destino se toma uma consequência necessária e inegável. Mas aonde quer que levem tão tortuosas controvérsias e as discussões dos filósofos, o que nós confessamos é que há um Deus Supremo e verdadeiro, tal como confessamos a sua vontade, o seu poder supremo e a sua presciência; nem temos medo de poder fazer sem vontade o que voluntariamente fazemos, lá porque prevê o que havemos de fazer Aquele cuja presciência se não pode enganar. Foi este receio que levou Cícero a impugnar a presciência e os estóicos a dizerem que nem tudo acontece necessariamente, embora sustentem que tudo acontece fatalmente.

Que é, pois, que Cícero receou na presciência do futuro, para procurar abalá-la com uma argumentação detestável? Isto: se os acontecimentos futuros são todos previstos, cumprir-se-ão pela mesma ordem por que foram previstos. Se vierem por essa ordem, então a ordem das coisas está determinada pela presciência de Deus; se a ordem dos acontecimentos está determinada, determinada está também a ordem das causas, pois nada pode acontecer que não seja precedido de uma causa eficiente. Se, portanto, a ordem das coisas, pela qual acontece tudo o que acontece, está determinada, fatalmente acontece, diz ele, tudo o que acontece. Mas, se assim é, nada está no nosso poder, e nenhum arbítrio da vontade existe. Mas, se tal admitir­mos, acrescenta ele, toda a vida humana se subverte, em vão se proferem leis, em vão recorremos às censuras ou aos louvores, às críticas ou às exortações, nem haverá mais justiça como prémio para os bons, nem castigos instituídos para os maus.

É, pois, para evitar à humanidade estas consequências indignas, absurdas e perniciosas que ele nega a presciência do futuro. Encerra a alma religiosa no angustioso dilema de escolher de duas uma — ou a nossa vontade tem algum poder, ou existe uma presciência do futuro. Porque, assim pensa, uma e outra não podem coexistir: se admitirmos uma, negamos a outra; se escolhermos a presciência do futuro, suprimimos o arbítrio da vontade; se escolhermos o arbítrio da vontade, suprimimos a presciência do futuro. E assim ele, grande e douto varão, tantas vezes e com tal mestria defensor da vida humana, das duas coisas escolheu o livre arbítrio da vontade; mas, para o consolidar, negou a presciência do futuro e assim, querendo fazer os homens livres, fê-los sacrílegos.

Mas a alma religiosa escolhe uma e outra, confessa uma e outra e fundamenta uma e outra na fé religiosa. Como? Pergunta. Porque, se há uma presciência do futuro, seguem-se todos aqueles acontecimentos que são conexos até se chegar ao ponto em que na nossa vontade já nada há. Mas, se, pelo contrário, alguma coisa depende da nossa vontade, os mesmos argumentos virados do avesso, nos levam a demonstrar que não há presciência do futuro. Eis como se viram do avesso todas essas questões: se há um arbítrio da vontade — nem tudo acontece fatalmente; se nem tudo acontece fatalmente, a ordem das causas não está determinada; se a ordem das causas não está determinada, também não está determinada na presciência de Deus a ordem dos acontecimentos, porque eles não se podem realizar sem causas que os precedam e os produzam; se a ordem dos aconte­cimentos não está determinada pela presciência divina eles não acontecem todos como Deus previu que aconteceriam: e portanto em Deus, diz ele, não há presciência de todos os futuros.

É contra estas audácias ímpias e sacrílegas que nós afirmamos, não só que Deus conhece todos os acontecimentos antes que eles se verifiquem, mas também que fazemos voluntariamente tudo o que sabemos e temos consciência de que o fazemos apenas porque o queremos.

Não dizemos que tudo acontece fatalmente; dizemos antes que nada acontece fatalmente; porque a palavra fatal ou destino, no sentido que é costume dar-se-lhe, isto é, designando a posição dos astros no momento em que cada um é concebido ou nasce, demonstramos que nada vale, porque é uma expressão sem sentido. Mas a ordem das causas com que a vontade de Deus muito pode, nem a negamos nem a designamos com o nome de destino salvo, talvez, no sentido que se lhe dá ao derivar fatum (destino) de fari (falar). Não podemos, na verdade, negar o que foi escrito nas Sagradas Escrituras:

Deus falou uma vez e eu ouvi duas coisas: o poder pertence a Deus e a ti, Senhor, a misericórdia, a ti que recompensas cada um conforme as suas obras [vi].

Estas palavras semel locutus est [vii] significam: ele proferiu uma «palavra imóvel» isto é, «irrevogável», tal como conhece irrevogavelmente tudo o que virá a acontecer e tudo o que Ele mesmo terá a fazer.

Com este sentido poderíamos fazer derivar fatum (destino) de fari (falar) se não fosse costume entender-se por esta palavra uma outra coisa para a qual não queremos que o coração dos homens se incline. Mas pelo facto de a ordem das causas estar determinada para Deus, não se conclui que nada depende do arbítrio da nossa vontade. É que as nossas próprias vontades pertencem à ordem causal, certa para Deus e contida na sua presciência. As vontades humanas são efectivamente as causas das acções humanas, e, por conseguinte, aquele que previu todas as causas das coisas não pôde ignorar, entre as causas, as nossas próprias vontades, pois que previu as causas das nossas acções.

Mas mesmo o que Cícero concede — que nada acontece sem ser pre­cedido de uma causa eficiente — é bastante para o refutar nesta questão. Para que lhe serve, efectivamente, afirmar que nada acontece sem causa, mas que nem toda a causa é fatal, pois que há causas fortuitas, causas naturais, causas voluntárias? Basta que reconheça que nada acontece senão em virtude de uma causa anterior. As causas que se chamam fortuitas, donde fortuna tirou o nome, não dizemos que não existem. Dizemos antes que estão escondidas. E atribuímo-las à vontade do verdadeiro Deus ou de qualquer outro espírito. E as pró­ prias causas naturais de forma nenhuma as separamos da vontade d’Aquele que é o autor e o criador de toda a natureza. Até mesmo as causas voluntárias provêm ou de Deus ou dos anjos, ou dos homens ou de alguns animais, se é que se podem chamar vontades a esses movimentos das almas privadas de razão, que as levam a agir conforme a sua natureza quando sentem algum desejo ou aversão. Mas por vontade dos anjos entendo, quer a dos bons, a que chamamos anjos de Deus, quer a dos maus, a que chamamos anjos do Diabo ou ainda demónios. Da mesma forma a dos homens, quer dos bons quer dos maus.

Daqui se colhe que não há causas eficientes de tudo o que acontece que não sejam voluntárias, isto é, procedentes dessa natureza que é sopro (spiritus) de vida. E que também se chama sopro (spiritus) ao ar ou ao vento. Mas este, porque é um corpo, não é sopro (spiritus) da vida. Porém o sopro (spiritus) de vida que tudo vivifica e é criador de todo o corpo e de todo o espírito (spiritus) criados, é o próprio espírito (spiritus) inteiramente incriado. Na sua vontade está o poder supremo que ajuda as vontades boas dos espíritos criados, julga as vontades más e a todas ordena, dando poderes a umas e recusando-os a outras. De facto, assim como é o criador de todas as naturezas, assim é também o dispensador de todos os poderes, mas não de todos os quereres. Realmente, as vontades más não procedem d’Ele porque são contrárias à natureza, que, essa sim, provém d’Ele. Por isso os corpos estão submetidos às vontades — uns às nossas, isto é, de todos os seres viventes mortais e, aliás, mais os dos homens do que os dos animais; outros às dos anjos; mas todos estão submetidos principal­mente à vontade de Deus, de quem dependem também todos os quereres, porque eles não têm outros poderes que não sejam os que Ele lhes concede.

Também a causa das coisas, que faz mas não é feita, é Deus. Mas há as outras causas que fazem e são feitas: como são todos os espíritos criados, principalmente os racionais. Mas as causas corporais que são mais actuadas do que actuantes, nem sequer entre as causas eficientes devem ser enumeradas, porque o que elas podem realizar é apenas o que as vontades dos espíritos produzem, delas se servindo.

Como é, então, que a ordem das causas que está determinada (certa) na presciência de Deus faz com que nada dependa da nossa vontade quando nessa mesma ordem de causas as nossas vontades ocupam lugar importante? Pois lá se avenha Cícero com aqueles que afirmam ser fatal esta ordem de causas ou, melhor dizendo, dão o nome de destino a essa ordem — o que nos causa repulsa principalmente porque com tal palavra é costume nada se entender na realidade. Mas, quando Cícero nega que a ordem de todas as causas está totalmente determinada (certíssima) e perfeitamente conhecida (notissima) da presciência de Deus, mais do que os estóicos detestamos nós essa opinião. Efectivamente, ou ele nega a existência de Deus, como tentou fazê-lo por interposta pessoa nos livros De natura deorum [viii], ou então confessa a sua existência mas nega a sua presciência do futuro, e nesse caso nada mais faz do que repetir o que disse o insensato em seu coração: Não há Deus [ix]. Efectivamente, quem não tem a presciência de todos os acontecimentos futuros certamente que não é Deus. Aí está porque é que mesmo as nossas vontades apenas podem o que Deus quis e previu que pudessem.

Portanto, o que elas podem, podem-no com certeza, e serão elas próprias que hão-de fazer o que devem fazer — porque o que elas poderão e terão a fazer, isso mesmo foi previsto por Aquele cuja presciência não se pode enganar.

Por isso, se me agradasse aplicar o nome de «destino» a qualquer coisa, preferia dizer: «o destino aplica-se ao inferior, e ao superior aplica-se a vontade que o mantém submetido ao seu poder», a retirar à vontade o arbítrio na ordem de causas a que os estóicos costumam apelidar, sem repugnância, de destino.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Séneca, Epist 107, 11.
[ii] Id. Ib.
[iii] Salmo XIII, 1.
[iv] Cícero, De natureza deorum, XIII
[v] «Acerca da adivinhação». Trata-se antes do De Fato (O destino) e não do De divinatione que Santo Agostinho não utilizou no De Civitate Dei.
[vi] Salmo LXI, 12-13.
[vii] «falou uma vez». ut supra.
[viii] Acerca da natureza dos Deuses, Cícero.
[ix] Cicero. Salmo XIII, 1.