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26/08/2016

Abri a alma! Asseguro-vos a felicidade

Quem oculta ao seu director uma tentação, tem um segredo a meias com o demónio: fez-se amigo do inimigo. (Sulco, 323)

Começai por contar o que não quereríeis que se soubesse. Abaixo o demónio mudo! De uma coisa de nada, dando-lhe voltas e mais voltas, faz-se uma grande bola como com a neve, e acaba-se por ficar fechado lá dentro. Porquê?... Abri a alma! Asseguro-vos a felicidade, que é fidelidade à vocação cristã, se fordes sinceros. A clareza e a simplicidade são disposições absolutamente indispensáveis. Abramos pois, de par em par a nossa alma, de modo que o sol de Deus possa entrar e com ele a caridade do Amor.


Para se afastar da sinceridade total nem sempre é preciso má intenção; às vezes, basta um erro de consciência. Há pessoas que formaram (isto é, deformaram) de tal modo a consciência que o seu mutismo, a sua falta de simplicidade lhes parece bom; até pensam que é bom calar. Acontece que às vezes até receberam uma boa preparação e conhecem as coisas de Deus e talvez, por isso, se convençam de que é conveniente calar. Enganam-se, porém, porque a sinceridade é sempre necessária e não cabem desculpas, ainda que pareçam boas. (Amigos de Deus, 189)

Reflectindo - 194

Escrever

Qualquer coisa, escrito, ideia, acto, afirmação... o que for emanado do ser humano tem, pelo menos, duas interpretações, duas reacções, dois impactos.
Evidentemente que se conta com o primeiro, isto é, daquele que pensou, disse, fez ou concluiu.
Depois haverá os outros em que dificilmente se encontrarão coincidentes resultados.
A razão parece simples: não há duas pessoas iguais... absolutamente iguais logo, a sua reacção tende a ser diferente.
Isto que parece óbvio - tanto que dispensaria mais elucubrações - é maior riqueza ou o bem mais notável do ser humano o que no fundo o distingue do irracional.
A idiossincrasia de cada ser está intimamente associada ao progresso da sociedade porque, esta, não é um "bloco" uniforme e indivisível mas sim um conjunto mais ou menos equilibrado de várias idiossincrasias que concorrem para um mesmo resultado: a variedade pluriforme da sociedade humana.
Gregário por natureza o ser humano não se confunde nem se deixa absorver pelo conjunto antes concorre e contribui com o que lhe é próprio para o que é comum.


Tantas vezes se tenta algo diferente do habitual daquilo que ao longo dos dias vamos construindo, às vezes laboriosamente - forçado ou não - e não conseguimos encontrar o "fio condutor" que nos leve onde não programamos ir mas que ambicionados chegar.
E quem tem por hábito, sina ou feitio escrever sente de forma muito radical por vezes um como que bloqueio inexplicável não conseguindo "arrancar" de dentro de si mesmo o que sente necessidade de expor mas, como não sabe bem o que é, está-lhe ausente e foge do seu controlo.
Escrever por escrever pode se bom e até saudável. Sem esforço, deixando as palavras fluírem livremente acaba por se envolver num processo quase automático de escalpelização íntima como que uma catarse que tem de incluir um esforço muito concreto de não se deixar cair na auto-comiseração, no "esmagamento" do "eu" - sempre uma forma fácil de dar guarida ao amor-próprio e orgulho - e tentar manter o pensamento lógico e saudável.
Escrever sobre si mesmo não é nem fácil nem difícil se se segue uma regra simples: escrever para si mesmo sem a preocupação ou desejo que outros venham a ler o escrito.
Aliás, penso que só deste modo a escrita tem autenticidade concreta porque se por detrás dela se encontra algum - por ténue ou indefinido que seja - desejo ou intento de ser lido, é praticamente impossível fugir ao uso da máscara ou disfarce da realidade.
Sem querer, talvez, é-se levado pelo desejo de parecer inteligente, original, interessante mas, depois, ao rever o escrito, fica-se com um sentimento - bem amargo por vezes - de inutilidade.
O "truque" está numa fórmula muito simples: escrevi o que me apeteceu!
Está conclusão que não se pretende transformar em corolário, resolve muitos dilemas futuros, como, por exemplo, concluir: já escrevi isto! Não vale a pena repetir!
E, daqui, pode surgir uma nova ideia que leve a uma elaboração diferente de um tema já rebuscado.

Parece-me aceitável esta conclusão.

(ama, Reflexão, Cascais, 2015.09.15


Reflectindo

Amor

Sei que o amor é tão importante como a própria vida.

Como que será viver sem amar e, sobretudo, sem saber-se amado?

O amor é um sentimento que só se completa quando é retribuído por isso mesmo se diz que "amor com amor se paga".
Não como quem retribuiu algo ou satisfaz uma obrigação, uma dívida mas porque é absolutamente natural e lógico.

Pagar uma dívida?

É impossível porque o amor não tem dimensão, não se ama pouco ou muito ou se ama ou não.

Uma obrigação?

Não faz sentido nenhum porque o amor não gera um dever exactamente porque é livre e natural.

Claro que, considerando os Mandamentos, poderíamos tentar concluir que Deus nos manda amar mas é uma conclusão errada porque os Mandamentos apenas reflectem a Vontade de Deus quanto ao "ordenamento" do amor donde - aqui sim - se pode concluir que Deus concebe as Suas criaturas para amar o que também é lógico porque é o Seu Amor que as gera.

(ama, reflexões, Malta, 06.05.2016)


Temas para meditar - 656

Sexualidade

A sexualidade envolve o conceito de relação ao outro.

Diz, de si, comunicação de vida e amizade.

É uma doação do que se faz e um Dom que se recebe.

Desta forma, não tem razão de ser como acto solitário.


(a. ferraz, Problemas humanos da sexualidade, Brotéria, Julho 1976, nr. 60)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Mt 25, 1-13

1 «Então, o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 Cinco delas eram néscias, e cinco prudentes. 3 As cinco néscias, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4 as prudentes, porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as lâmpadas. 5 Tardando o esposo, começaram todas a cabecear e adormeceram. 6 À meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o esposo! Saí ao seu encontro”. 7 Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas. 8 As néscias disseram às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas apagam-se”. 9 As prudentes responderam: “Para que não suceda que nos falte a nós e a vós, ide antes aos vendedores, e comprai para vós”. 10 Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a porta. 11 Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo: “Senhor, Senhor, abre-nos”. 12 Ele, porém, respondeu: “Em verdade vos digo que não vos conheço”.13 Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.

Comentário:

Quem ler este trecho do Evangelho com espírito "retorcido" poderá ser levado a considerar que, afinal, ele faz a apologia do egoísmo.
Não dividir o azeite com as que precisavam é o que parece ser a grande ilação a tirar.
De facto, repartir com os outros do que se tem e não só do que sobra, é a verdadeira caridade, a misericórdia mais perfeita.

Só que, aqui, não é disso que se trata.

O que o Evangelho demonstra é a necessidade de estar preparado evitando a todo o custo a "aventura" de deixar para a última hora - que nunca se sabe quando chega - o que se deve ir fazendo todos os dias.

Por outro lado, há que ter em conta que não pode haver nenhum motivo ou "razão" que nos leve a pôr em risco a própria salvação que tem de estar acima de qualquer outro sentimento, mesmo nobre, seja ele qual for.

(ama, comentário sobre Mt 25, 1-13, 09.08.2011)








Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá
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Que estranha capacidade tem o homem de esquecer as coisas mais maravilhosas e de se acostumar ao mistério!
Reparemos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial.
Estando plenamente metido no seu trabalho habitual, entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem de estar, ao mesmo tempo, imerso totalmente em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma feliz verdade, um mistério consolador. A filiação divina enche a nossa vida espiritual, porque nos ensina a conviver intimamente com o nosso Pai do Céu, a conhecê-Lo, a amá-Lo, e assim enche de esperança a nossa luta interior e dá-nos a simplicidade confiante dos filhos pequenos.
Mais ainda: precisamente por sermos filhos de Deus, essa realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai, Criador.
E deste modo somos contemplativos no meio o mundo, amando o mundo.

Na Quaresma, a Liturgia considera as consequências do pecado de Adão na vida do homem.
Adão não quis ser um bom filho de Deus e revoltou-se.
Mas também se faz ouvir continuamente o eco dessa felix culpa - culpa feliz, ditosa - que a Igreja inteira cantará, cheia de alegria, na vigília do Domingo de Ressurreição.

Deus Pai, chegada a plenitude dos tempos, enviou ao mundo o seu Filho unigénito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertos do jugo do pecado, capazes de participar na intimidade divina da Trindade.
E assim se tomou possível a este homem novo, a esta nova enxertia dos filhos de Deus libertar a Criação inteira da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.

É tempo de penitência, pois.
Mas, como vimos, não se trata de uma tarefa negativa.
A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que vive na nossa alma.
O Senhor chama-nos para que nos acerquemos d'Ele, desejando ser como Ele: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados, colaborando humildemente, mas fervorosamente, no divino propósito de unir o que está quebrado, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de conduzir ao seu fim o que está desencaminhado, de restabelecer a divina concórdia de todas as criaturas.

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A liturgia da Quaresma toma por vezes acentos trágicos, fruto da consideração do que significa para o homem afastar-se de Deus.
Mas esta consideração não é a última palavra.
A última palavra pertence a Deus, é a palavra do seu amor salvador e misericordioso e, portanto, a palavra da nossa filiação divina.
Por isso vos repito com S. João: vede que amor teve por nós o Pai, querendo que nos chamássemos filhos de Deus e que o fôssemos na verdade! Filhos de Deus, irmãos do Verbo feito carne, d'Aquele de Quem foi dito: n'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens! Filhos da Luz, irmãos da Luz - isso é o que somos!
Portadores da única chama capaz de iluminar os corações feitos de carne!

Calando-me eu agora e continuando a Santa Missa, cada um de vós deve pensar no que lhe pede o Senhor; que propósitos, que decisões a acção da graça quer provocar dentro de si.
E, ao reconhecer essas exigências sobrenaturais e humanas de entrega e de luta, lembrai-vos de que o nosso modelo é Jesus Cristo, e que Jesus, sendo Deus, permitiu que O tentassem, para que assim nos enchêssemos de ânimo e ficássemos certos da vitória.
Porque Ele não perde batalhas; estando unidos a Ele, nunca seremos vencidos, mas poderemos chamar-nos e ser realmente vencedores - bons filhos de Deus.

Vivamos contentes.
Eu estou contente.
Não o deveria estar olhando para a minha vida, fazendo esse exame pessoal de consciência que este tempo litúrgico da Quaresma nos pede...
Mas sinto-me contente, porque vejo que o Senhor me procura uma vez mais, que o Senhor continua a ser meu Pai.
Sei que vós e eu, decididamente, com o resplendor e a ajuda da graça, veremos que coisas há que queimar, e queimá-las-emos; que coisas há que entregar, e entregá-las-emos!

A tarefa não é fácil.
Mas contamos com uma orientação clara, com uma realidade de que não devemos nem podemos prescindir: somos amados por Deus e deixaremos que o Espírito Santo actue em nós e nos purifique, para podermos abraçar-nos assim ao Filho de Deus na Cruz, ressuscitando depois com Ele, porque a alegria da Ressurreição está enraizada na Cruz.

Maria, nossa Mãe, auxilium christianorum, refugium peccatorum, intercede junto de teu Filho para que nos envie o Espírito Santo, que desperte em nossos corações a decisão de caminharmos com passo firme e seguro, fazendo soar no mais fundo da nossa alma o chamamento que encheu de paz o martírio de um dos primeiros cristãos: veni ad Patrem - vem, volta ao teu Pai, que te espera!

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Lemos na Santa Missa um texto do Evangelho segundo S. João, que nos relata a cena da cura milagrosa do cego de nascença. Suponho que todos nos comovemos uma vez mais perante o poder e a misericórdia de Deus, que não olha com indiferença para a desgraça humana.
Mas preferia agora centrar-me sobre outros aspectos, para que vejamos, em concreto, que quando há amor de Deus, o cristão não pode ficar indiferente perante a sorte dos outros homens e deve tratar toda a gente com respeito; e que, além disso, que quando esse amor diminui, surge o perigo de se invadir, fanática e impiedosamente, a consciência alheia.

E, passando Jesus, - diz o Santo Evangelho - viu um homem cego de nascença. Jesus, que passa...
Entusiasma-me com frequência esta forma simples de narrar a clemência divina. Jesus passa e apercebe-se imediatamente da dor. Reparai, em contrapartida, como eram diferentes os pensamentos dos discípulos.
Perguntam-lhe: Mestre, quem pecou: este ou os seus pais, para que nascesse cego?

Os falsos juízos

Não deve causar estranheza que muitas pessoas, mesmo das que se têm por cristãs, se comportem de forma semelhante.
Antes de mais nada, pensam mal dos outros.
Sem prova alguma, partem desse princípio.
E não só o pensam, como até se atrevem a exprimi-lo em juízos temerários diante de toda a gente.

Com um pouco de benevolência, a conduta dos discípulos poderia considerar-se leviana.
Naquela sociedade, como hoje - nisto pouco se mudou - havia outros, os fariseus, que faziam dessa atitude uma norma.
Recordai como Jesus os denuncia: Veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Ele tem demónio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis um glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicamos, e dos pecadores.

Ataque sistemático à fama, denegrição de condutas irrepreensíveis. Esta crítica mordaz, cruel, sofreu-a Jesus Cristo e não é raro que alguns reservem o mesmo tratamento para aqueles que, conscientes das suas lógicas e naturais misérias e dos seus erros pessoais, pequenos e inevitáveis - acrescentaria - dada a fraqueza humana, desejam seguir o Mestre.
Mas a verificação dessas realidades não deve levar-nos a justificar tais pecados e delitos - ou "tagarelices", como se lhes chama com suspeita compreensão - contra o bom nome de quem quer seja. Jesus anuncia que, se apodaram ao pai de família de Belzebu, não é de esperar que tratem melhor com os da sua casa; mas esclarece também que o que chamar louco ao seu irmão, será condenado ao fogo da geena.

Como nascerá esta apreciação injusta dos outros?
Dir-se-ia que algumas pessoas usam continuamente uma espécie de lentes que lhes altera a visão.
Não acreditam, por princípio, que seja possível a rectidão ou, pelo menos, a luta constante por se portar bem.
Tudo recebem, como reza o antigo adágio filosófico, de acordo com o recipiente: com a sua própria deformação.
Para eles, até o que há de mais recto reflecte, apesar de tudo, uma intenção retorcida que procura hipocritamente uma aparência de bondade.
Quando descobrem claramente o bem, escreve S. Gregório, esquadrinham tudo para examinar se há, para além disso, algum mal oculto.

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É difícil fazer compreender a essas pessoas, em quem a deformação se torna quase uma segunda natureza, que é mais humano e mais verídico pensar bem dos outros.
Santo Agostinho dá o seguinte conselho: procurar viver as virtudes que, segundo julgais, faltam aos vossos irmãos e já não vereis os seus defeitos, porque não os tereis vós. Para alguns, este modo de proceder é uma ingenuidade. Eles são mais realistas, mais razoáveis.

Erigindo como norma de critério o preconceito, ofenderão qualquer pessoa sem ouvir razões.
Depois, objectivamente, bondosamente, talvez concedam ao injuriado a possibilidade de se defender.
Ora isto vai contra todo o direito e toda a moral, porque em lugar de serem eles a produzir a prova da pretensa falta, concedem ao inocente o privilégio de demonstrar a sua inocência.

Não seria sincero se não vos confessasse que as anteriores considerações são algo mais do que um simples respigar de tratados de direito e de moral.
Fundamentam-se numa experiência que têm sentido muitos na sua própria carne, por terem sido, com frequência e durante longos anos, o alvo de exercícios de tiro da murmuração, da difamação, da calúnia.
A graça de Deus e um feitio nada rancoroso fizeram com que nada disso tenha deixado neles o menor rasto de amargura.
Mihi pro minimo est, ut a vobis iudicer, pouco me importa ser julgado por vós, poderiam dizer com S. Paulo.
Às vezes, empregando palavras mais correntes, terão acrescentado que tudo lhes saiu sempre por uma frioleira.
Essa é a verdade.

Por outro lado, contudo, não posso negar que a mim me causa tristeza a alma daquele que ataca injustamente a honra alheia, porque o agressor injusto arruina-se a si mesmo.
E sofro também por tantos que, diante das acusações arbitrárias e desaforadas, não sabem onde pôr os olhos, ficando aterrados, não as crendo possíveis e pensando se não será tudo um pesadelo.

Há alguns dias líamos na Epístola da Santa Missa o relato de Susana, aquela mulher casta, falsamente incriminada de desonestidade por dois velhos corruptos.
Susana gemeu e disse: De todas as partes me vejo cercada de angústias; porque, se eu fizer o que vós desejais, incorro na morte, e, se não o fizer, não escaparei das vossas, mãos.
Quantas e quantas vezes a insídia dos invejosos ou dos intriguistas não coloca muitas pessoas honestas na mesma situação!
Oferece-se-lhes esta alternativa: ofender o Senhor ou ver denegrida a sua honra.
A única solução nobre e digna é, ao mesmo tempo, extremamente dolorosa e têm de resolver: melhor é para mim cair entre as vossas mãos sem cometer o mal, do que pecar na presença do Senhor.


(cont)

Bento XVI – Pensamentos espirituais 105

O verdadeiro progresso

Sim, existe progresso na História.

Ou, se quisermos, existe uma evolução na História.

Progresso é tudo aquilo que nos aproxima de Cristo e que nos aproxima, assim, da humanidade unida, do verdadeiro humanismo.

E esta perspectiva esconde também um imperativo para nós: trabalhar pelo progresso que todos desejamos. Podemos fazê-lo trabalhando pela aproximação dos homens a Cristo; podemos fazê-lo conformando-nos pessoalmente a Cristo e caminhando deste modo na verdadeira senda do progresso.

Catequese da audiência geral, (4.Jan.06)


 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Doutrina – 199

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?


Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal.
Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar.
A sua submissão a Maria e a José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai.

Maria e José, com a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.

Pequena agenda do cristão


Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?