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18/07/2016

O Senhor procura o meu pobre coração

Quantos anos a comungar diariamente! – Outro seria santo – disseste-me – e eu, sempre na mesma! – Filho – respondi-te – continua com a Comunhão diária, e pensa: que seria de mim, se não tivesse comungado? (Caminho, 534)

Recordai – saboreando, na intimidade da alma, a infinita bondade divina – que, pelas palavras da Consagração, Cristo vai tornar-se realmente presente na Hóstia, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Adorai-O com reverência e devoção; renovai na sua presença o oferecimento sincero do vosso amor; dizei-lhe sem medo que Lhe quereis; agradecei-lhe esta prova diária de misericórdia tão cheia de ternura, e fomentai o desejo de vos aproximardes da comunhão com confiança. Eu surpreendo-me perante este mistério de Amor: o Senhor procura como trono o meu pobre coração, para não me abandonar, se eu não me afastar d'Ele.


Reconfortados pela presença de Cristo, alimentados pelo seu Corpo, seremos fiéis durante esta vida terrena, e mais tarde no Céu, junto de Jesus e de Sua Mãe, chamar-nos-emos vencedores. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Demos graças a Deus que nos trouxe a vitória, pela virtude de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Cristo que passa, 161)

Leitura espiritual

Leitura Espiritual

Temas actuais do cristianismo 



São Josemaria Escrivá
51
                
pergunta:

Pensa-se geralmente que o Opus Dei, como organização, maneja uma considerável força económica.
Uma vez que o Opus Dei dirige de facto actividades de tipo educativo, beneficente, etc., poderia explicar-nos como administra o Opus Dei essas actividades, isto é, como obtém os meios económicos, como os coordena e distribui?

resposta:

Efectivamente, em todos os países onde trabalha, o Opus Dei dirige actividades sociais, educativas e beneficentes.
Não é este, porém, o principal trabalho da Obra; aquilo que o Opus Dei pretende é que haja muitos homens e mulheres que procurem ser bons cristãos e, portanto, testemunhas de Cristo no meio das suas ocupações habituais.
Os centros a que se refere têm precisamente esta finalidade.
Por isso a eficácia de todo o nosso trabalho fundamenta-se na graça de Deus e numa vida de oração, trabalho e sacrifício.
Mas não há dúvida que qualquer actividade educativa, social ou de beneficência tem de servir-se de meios económicos.

Cada centro se financia do mesmo modo que qualquer outro da sua espécie.
As residências de estudantes, por exemplo, contam com as mensalidades que pagam os residentes; os colégios, com as propinas dos alunos; as escolas agrícolas, com a venda dos seus produtos, etc.
É evidente, contudo, que estas receitas quase nunca são suficientes para cobrir todas as despesas de um centro, e menos ainda tendo em conta que todas as iniciativas do Opus Dei são pensadas com um critério apostólico e que a maioria delas se dirige a pessoas de escassos recursos económicos, que, muitas vezes, pagam pela formação que se lhes proporciona quantias meramente simbólicas.

Para tornar possíveis essas actividades conta-se também com o contributo dos sócios da Obra, que a elas destinam parte do dinheiro que ganham com o seu trabalho profissional, mas sobretudo com a ajuda de muitas pessoas que, embora sem pertencerem ao Opus Dei, estão dispostas a colaborar em tarefas de transcendência social e educativa.
Os que trabalham em cada centro procuram fomentar em cada uma das pessoas o zelo apostólico, a preocupação social, o sentido comunitário que os levam a colaborar activamente na realização desses empreendimentos.
Como se trata de trabalhos feitos com seriedade profissional, que correspondem a necessidades reais da sociedade, na maioria dos casos a resposta tem sido generosa.
A Universidade de Navarra, por exemplo, tem uma Associação de Amigos com cerca de 12.000 membros.

O financiamento de cada centro é autónomo.
Cada um funciona com independência e procura encontrar os fundos necessários entre pessoas interessadas naquele actividade concreta.

52
                
pergunta:

Aceitaria a afirmação de que o Opus Dei "controla" de facto determinados bancos, empresas, jornais, etc.?
Se assim é, que significa "controle" neste caso?

resposta:

Há alguns sócios do Opus Dei - bastante menos do que alguma vez se terá dito - que exercem o seu trabalho profissional na direcção de empresas de diverso tipo.
Uns dirigem empresas familiares que herdaram dos seus pais.
Outros estão à frente de sociedades que fundaram, sós ou unidos a outras pessoas da mesma profissão.
Outros, pelo contrário, foram nomeados gerentes de alguma empresa pelos respectivos donos, que confiaram na sua capacidade e conhecimentos.
Podem ter alcançado os cargos que ocupam por qualquer dos caminhos honestos que uma pessoa costuma percorrer para chegar a uma posição desse tipo.
Quer dizer: isto nada tem a ver com o facto de pertencerem à Obra.

Os directores de empresa que fazem parte do Opus Dei procuram, como todos os sócios, viver o espírito evangélico no exercício da sua profissão.
Isto exige-lhes, em primeiro lugar, que vivam escrupulosamente a justiça e a honestidade.
Procurarão, portanto, fazer o seu trabalho honradamente: pagar um salário justo aos seus empregados, respeitar os direitos dos acionistas ou proprietários e da sociedade, e cumprir todas as leis do país. Evitarão qualquer espécie de partidarismos ou favoritismos em relação a outras pessoas, sejam elas ou não sócios do Opus Dei.
Entendo que o favoritismo seria contrário, não já à busca de plenitude de vida cristã - que é o motivo por que se ingressa na Obra, mas às exigências mais elementares da moral evangélica.

Já se falou atrás da liberdade absoluta de que gozam todos os sócios da Obra no seu trabalho profissional.
Isto quer dizer que os sócios da Obra que dirigem empresas de qualquer tipo fazem-no de acordo com o seu critério pessoal, sem receber nenhuma orientação dos directores sobre o modo de realizar o seu trabalho.
Tanto a política económica e financeira que seguem na gestão da empresa, como a orientação ideológica, no caso de uma empresa ligada à opinião pública, é da sua exclusiva responsabilidade.

Toda a apresentação do Opus Dei como uma central de directrizes e orientações temporais ou económicas carece de fundamento.

53            

pergunta:

Como está organizado o Opus Dei [i] em Espanha?
Como está estruturado o seu governo e como funciona?
Intervém V. Rev.ª pessoalmente nas actividades do Opus Dei em Espanha?

resposta:

O trabalho de direcção no Opus Dei é sempre colegial, nunca pessoal. Detestamos a tirania, que é contrária à dignidade humana.
Em cada país a direcção do nosso trabalho é da competência de uma comissão, composta na sua maior parte por leigos de diversas profissões, e presidida pelo Conselheiro do Opus Dei no país.
Em Espanha o Conselheiro é o Rev.º P.e Dr. Florencio Sánchez Bella.

Como o Opus Dei é uma organização sobrenatural e espiritual, o seu governo limita-se a dirigir e a orientar o trabalho apostólico, com exclusão de qualquer tipo de finalidade temporal.
A direcção da Obra, não só respeita a liberdade dos seus membros, como lhes faz tomar viva consciência dela.
Para conseguir a perfeição cristã na profissão ou no ofício que cada um exerce, os membros da Obra necessitam de estar formados de modo que saibam administrar a sua liberdade: com presença de Deus, com piedade sincera, com doutrina.
Esta é a missão fundamental dos directores da nossa Obra: tornar acessível a todos os sócios o conhecimento e a prática da fé cristã, para que a tornem realidade na sua vida, cada um com plena autonomia. Sem dúvida que é necessária, pelo que se refere ao terreno estritamente apostólico, uma certa coordenação mas ainda aqui a coordenação se limita ao mínimo indispensável para facilitar a criação de centros educativos, sociais ou de beneficência, que realizam um eficaz serviço cristão.

Os mesmos princípios que acabo de expor se aplicam ao governo central da Obra.
Eu não governo sozinho.
As decisões são tomadas no Conselho Geral do Opus Dei, que tem a sua sede em Roma e é composto actualmente por pessoas de catorze países.
O Conselho Geral limita-se por seu lado a dirigir, em linhas fundamentais, o apostolado da Obra em todo o mundo, deixando uma amplíssima margem de iniciativa aos Directores de cada país.
Na Secção Feminina existe um regime análogo.
Do seu Conselho Central fazem parte associadas de doze nacionalidades.

54
                
pergunta:

Em sua opinião, porque estão em más relações com o Opus Dei numerosas Ordens religiosas, tais como a Companhia de Jesus?

resposta:

Conheço muitíssimos religiosos que sabem que nós não somos religiosos, mas que nos retribuem o afecto que lhes temos e oferecem orações e sacrifícios a Deus pelos apostolados do Opus Dei.
Quanto à Companhia de Jesus, conheço e mantenho relações com o seu Geral, o Padre Arrupe.
Posso assegurar-lhe que as nossas relações são de estima e afecto mútuo.

Talvez Você tenha encontrado algum religioso que não compreenda a nossa Obra; se assim é, o facto dever-se-á a um equívoco ou a uma falta de conhecimento da realidade do nosso trabalho, que é especialmente laical e secular e em nada interfere com o terreno próprio dos religiosos.
Por todos os religiosos não temos senão veneração e carinho e pedimos ao Senhor que cada dia torne mais eficaz o seu serviço à Igreja e à humanidade inteira.
Não haverá nunca luta entre o Opus Dei e um religioso, porque para lutar são precisos dois e nós não queremos lutar com ninguém.

Entrevista realizada por Tad Szulc, correspondente do New York Times, em 7 de Outubro de 1966.

(cont)





[i] Cfr. a nota do n.º 35

Pequena agenda do cristão


SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça ‘boa cara’, que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Evangelho e comentário


Tempo Comum

Beato Bartolomeu dos Mártires

Evangelho: Mt 12, 38-42

38 Então replicaram-Lhe alguns dos escribas e fariseus, dizendo: «Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio Teu». 39 Ele respondeu-lhes: «Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas. 40 Porque, assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da terra. 41 Os habitantes de Nínive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque se converteram com a pregação de Jonas. Ora aqui está Quem é mais do que Jonas. 42 A rainha do Meio-Dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está Quem é mais do que Salomão.

Comentário:

Jesus Cristo dá uma resposta completa e esclarecedora aos que O instavam a fazer um prodígio como se, tal fosse suficiente e até indispensável, para acreditarem nele.

O Nosso Salvador não é um “milagreiro a pedido” sobretudo quando o que está por detrás da petição não passa de um subterfúgio ou mera curiosidade.

Como se dissesse: ‘Se fizeres tal coisa acreditamos em Ti!’

Esta é, muitas vezes infelizmente, a postura dos que fazem as chamadas “promessas”.
Pedir algo ao Senhor é perfeitamente natural e Ele deseja que Lhe peçamos o que julgamos precisar, mas o nosso pedido nunca pode ter “condições” como que um “negócio”.

Tal constitui o que se chama “tentar Deus” o que é um pecado gravíssimo.

(ama, comentário sobre Mt 12, 38-42, 27,05.2016)








Reflectindo - 197

SANTÍSSIMA TRINDADE 1

Algumas religiões, concretamente, a Judaica, o Islamismo e o Cristianismo, são teocráticas, isto é, acreditam num Deus único.
A religião cristã considera como dogma que Deus é, de facto um só, mas formado por Três Pessoas distintas: o Pai, o Filho, o Espírito Santo.

Como se explica isto?

Não sei mas deixo-me divagar.

Vejo a Santíssima Trindade, este Deus Uno e Trino, como se fosse um livro.

·        Primeiro: tomemos três folhas de papel;
·        Segundo: enchemos essas folhas de papel, com escrita, talvez sequencial d e, provavelmente, considerando um mesmo tema;
·        Terceiro: juntamos as três folhas de papel escritas, unindo-as fortemente formando um todo.

Esta acção transforma as folhas de papel em páginas.

Porquê?

Porque pelo facto de estarem unidas num todo, assumem essa identidade.

A esta nova realidade chamamos livro.

Continuamos a ter, essencialmente, três folhas de papel com algo escrito, mas passaram a designar-se páginas, porque estão unidas num livro.
Ou seja, para termos um livro precisamos de, pelo menos, estas duas coisas:

·        Páginas (Folhas de papel escritas;
·        União firme das páginas;

A entidade de cada coisa permanece individual, a sua união, porém, produz uma coisa nova: um livro.

O livro tem valor enquanto tal, mas o valor de cada coisa mantém-se, ou seja, não é a soma do valor intrínseco de cada coisa que determina o valor do livro mas a união das três coisas.
Não posso considerar um livro que seja apenas uma união de folhas de papel, estas têm de estar escritas.
A escrita tem de ser feita em folhas de papel para poderem assumir a identidade de páginas e formar um livro.

Deus é uma única pessoa?

Sim, Deus poderia ser o que quisesse ser: duas, cinco, mil pessoas, mas Jesus Cristo revelou-nos que Deus é Trino, isto é, Três Pessoas: Pai, Filho, Espírito Santo.

O que acontece é que a ''substância'' de Deus é Amor.
Um amor de tal, forma incomensurável que gera uma Segunda Pessoa. Por sua vez, o amor destas duas Pessoas gera uma Terceira Pessoa: o Espírito Santo.

São, de facto, Três Pessoas  distintas, mas, tão fortemente unidas pelo Amor, que formam um único Deus.

Assim, não temos três deuses mas um único Deus constituído por três Pessoas.

Isto não é uma explicação, porque os mistérios não se explicam. Abordam-se e pensam-se numa lógica humana.

Para se aceitarem, isto nunca pode ser suficiente e bastante, sendo absolutamente necessária FÉ.


(ama, Domingo da Santíssima Trindade, Esposende, 2010.05.30)

Bento XVI – Pensamentos espirituais 100

19 de Abril de 2005

Por fim, deverei trazer à memória esse dia 19 de Abril deste ano em que o Colégio Cardinalício, para minha não pequena surpresa, me elegeu sucessor do Papa João Paulo II, como sucessor de Pedro na cátedra de bispo de Roma?

Uma tal tarefa estava completamente fora daquilo que alguma vê?, pensei ser a minha vocação.

Assim, só por um grande acto de confiança em Deus pude dizer o meu «sim» de obediência a esta escolha.

Discurso à Cúria Romana, (22.Dez.05)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Diálogos apostólicos

Diálogos apostólicos II Parte
12 - [1]

Mas, quando é que um acto é moralmente bom?


Respondo:

O acto é moralmente bom quando supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objecto, do fim em vista e das circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só, viciar toda a acção, mesmo se a sua intenção for boa. Não é lícito fazer o mal para dele derive um bem. Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si, o seu objecto seja bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo seu objecto, uma vez que o fim não justifica os meios. As circunstâncias podem atenuar ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem modificar a qualidade moral dos próprios actos, não tornam nunca boa uma acção que, em si, é má.



[1] Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.