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26/05/2016

O CORPO E O SANGUE DE CRISTO

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O Corpo de Cristo
é a semente lançada à terra.
O Sangue de Cristo
é a rega dessa semente.

E nasce o trigo do amor,
que se faz alimento para todos,
inteira doação,
de Jesus Cristo
Nosso Senhor!

Faz-se num pedaço de pão,
pequenino,
inesgotável alimento,
dado ao homem,
para deleite do coração.

O grão de uva,
regado pela Água do Lado,
faz-se Sangue divino,
mata a sede para sempre,
e afasta todo o pecado.

Assim é,
o Corpo e Sangue,
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
verdadeiro Homem,
verdadeiro Deus,
e,
perante tal Mistério,
apenas posso exclamar:
«meu Senhor e meu Deus.»


Marinha Grande, 26 de Maio de 2016
Joaquim Mexia Alves
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FESTA DO CORPO DE DEUS

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Hoje, por feliz coincidência, celebra a Igreja a grande festa do Corpo de Deus que remonta ao século XIII instituída pelo papa Urbano IV.

O sentido desta festa é a consideração e o culto à presença real de Cristo na Eucaristia. 

São Tomás de Aquino compôs especialmente para esta festa dois belíssimos hinos, dos quais, talvez o mais conhecido seja o "Adorote devote" [i] que é costume de muitos cristãos recitarem ás 5ªs Feiras durante as acções de graças da Sagrada Comunhão.

Não havemos de parar na nossa admiração pela misericórdia de Jesus Cristo em ficar connosco - para sempre - oculto no Sacrário das Igrejas da terra.

Ali está Ele, esperando por nós, por uma pequena visita durante o dia ou, se o não pudermos fazer, um elevar do nosso pensamento até ao sacrário mais próximo, dizendo-lhe, no interior do nosso coração o que o Anjo de Portugal ensinou aos Pastorinhos de Fátima:

«Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Te; peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam».

(AMA, Palestra, Porto, 19.06.2003)




[i] Adoro-te com amor Deus escondido, que sob estas espécies és presente, dou-te o meu coração, inteiramente em Tua contemplação desfalecido. A vista, o tacto, o gosto nada sabem, só no que o ouvido sabe se há-de crer, creio em tudo o que o Filho de Deus veio dizer, nada mais verdadeiro pode ser que a própria palavra da Verdade. Na Cruz estava oculta a divindade, aqui também o está a humanidade e, contudo, eu creio e confesso que ambas estão aqui na realidade e que o que pedia o bom ladrão eu peço.
Não vejo as chagas como Tomé, mas confesso-te, meu Deus e meu Senhor, faz-me ter cada vez mais fé, uma esperança maior e mais amor. Oh memorial morte do Senhor, oh vivo pão que ao homem dás a vida, que a minha alma sempre de ti viva, que sempre lhe seja doce o teu sabor. Oh doce pelicano, oh bom Jesus, lava-me com o Teu Sangue, a mim, imundo, com esse Sangue do qual uma só gota pode salvar do pecado todo o mundo. Jesus a Quem contemplo oculto agora, dá-me o que eu desejo ansiosamente: ver-te face a face na Tua Glória e na Glória contemplar-te eternamente.


Santo Rosário - Mistérios da Luz

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MISTÉRIOS DA LUZ [i]

Terceiro Mistério

Pregação de Jesus


Neste terceiro mistério contemplamos a vida pública do Salvador.

Tomamos consciência de quanto nos diz, uma e outra vez, com infinita paciência, para que guardemos com especial cuidado as Suas palavras.

Onde encontra-las: no Evangelho que o Espírito Santo escreveu pela mão de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Com a leitura diária, pausada, diria, detida, reflectida encontraremos sempre algo novo, uma ideia, uma inspiração, um detalhe.

Quanto o Evangelho contém não é fruto nem do acaso nem da inspira­ção do evangelista.

Não!

Cada palavra, expressão, pormenor tem um "peso" um objectivo muito concreto:

Conduzir-nos pelo Caminho, que conduz à Verdade que nos garante a Vida: o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.

Fazer do Evangelho o livro da nossa vida de cristãos, lendo e meditando e, como aconselhava São Josemaria Escrivá, tentando introduzir-nos nas mo cenas que os textos descrevem como um personagem mais.

E, de facto, não é difícil fazê-lo bem ao contrário acabamos por envol­ver-nos de tal forma que chegamos a compreender que Jesus Cristo está ali, ao nosso lado acompanhando a nossa leitura-meditação e abrindo-nos a alma, o entendimento para melhor compreender e guar­dar como tesouro precioso o que nos oferece.

(ama, Malta, Abril de 2016)



[i] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora.

Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano.

Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado.

Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.

Antigo testamento / Génesis

Génesis 35

Jacob volta a Betel

1 Deus disse a Jacob: "Sobe a Betel e estabelece-te lá, e faz um altar ao Deus que te apareceu quando fugias do teu irmão, Esaú".

2 Disse, pois, Jacob aos de sua casa e a todos os que estavam com ele: "Livrem-se dos deuses estrangeiros que estão entre vocês, purifiquem-se e troquem de roupa.

3 Venham! Vamos subir a Betel, onde farei um altar ao Deus que me ouviu no dia da minha angústia e que tem estado comigo por onde tenho andado".

4 Então entregaram a Jacob todos os deuses estrangeiros que possuíam e os brincos que usavam nas orelhas, e Jacob enterrou-os ao pé da grande árvore, próximo a Siquém.

5 Quando eles partiram, o terror de Deus caiu de tal maneira sobre as cidades em redor que ninguém ousou perseguir os filhos de Jacob.

6 Jacob e todos os que com ele estavam chegaram a Luz, que é Betel, na terra de Canaã.

7 Nesse lugar construiu um altar e deu-lhe o nome de El-Betel, porque ali Deus se lhe tinha revelado, quando fugia do seu irmão.

8 Débora, ama de Rebeca, morreu e foi sepultada perto de Betel, ao pé do Carvalho, que por isso foi chamado Alom-Bacute.

9 Depois que Jacob retornou de Padã-Arã, Deus apareceu-lhe de novo e o abençoou, dizendo: "O teu nome é Jacob, mas tu não serás mais chamado Jacob; o teu nome será Israel". Assim lhe deu o nome de Israel.

10 E Deus ainda lhe disse: "Eu sou o Deus todo-poderoso; sê prolífero e multiplica-te. De ti procederão uma nação e uma comunidade de nações, e reis estarão entre os teus descendentes.

11 A terra que dei a Abraão e a Isaque, dou-ta a ti; e também aos teus futuros descendentes darei esta terra".

12 A seguir, Deus elevou-se do lugar onde estivera falando com Jacob.

13 Jacob levantou uma coluna de pedra no lugar em que Deus lhe falara, e derramou sobre ela uma oferta de bebidas e ungiu-a com óleo.

14 Jacob deu o nome de Betel ao lugar onde Deus tinha falado com ele.

A morte de Raquel e Isaac

15 Eles partiram de Betel, e, quando ainda estavam a certa distância de Efrata, Raquel começou a dar à luz com grande dificuldade.

16 E, enquanto sofria muito, tentando dar à luz, a parteira disse-lhe: "Não tenhas medo, pois tu ainda terás outro menino".

17 Já a ponto de deixar a vida, quando estava morrendo, deu ao filho o nome de Benoni. Mas o pai deu-lhe o nome de Benjamim.

18 Assim morreu Raquel, e foi sepultada junto do caminho de Efrata, que é Belém.

19 Sobre a sua sepultura Jacob levantou uma coluna, e até o dia de hoje aquela coluna marca o túmulo de Raquel.

20 Israel partiu novamente e armou acampamento adiante de Migdal-Éder.

21 Na época em que Israel vivia naquela região, Rúben deitou-se com Bila, concubina de seu pai. E Israel ficou sabendo disso.
Jacob teve doze filhos:

22 Estes foram os seus filhos com Lia: Rúben, o filho mais velho de Jacob, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom.

23 Estes foram os seus filhos com Raquel: José e Benjamim.

24 Estes foram seus filhos com Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali.

25 Estes foram os seus filhos com Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser.
Foram esses os filhos de Jacob, nascidos em Padã-Arã.

26 Depois Jacob foi visitar seu pai Isaac em Man­re, perto de Quiriate-Arba, que é Hebrom, onde Abraão e Isaac tinham morado.

27 Isaac viveu cento e oitenta anos.

28 Morreu em idade bem avançada e foi reunido aos seus antepassados. E os seus filhos, Esaú e Jacob, sepultaram-no.

(Revisão da versão portuguesa por ama)








Escrava do Senhor

Anunciação 

A mais bela mulher, a mais gentil alma, o coração mais puro, ali, estremecendo com aquelas palavras inusitadas, ditas por aquele homem, que de homem só tem a forma.

Todo ele é luz.

Uma luz que não se descreve e que a trespassa.

Nem por um momento se atemoriza a donzela.
«Não temas Maria, o Senhor enviou-me”.

Tão jovem e tão humilde, tão singela e desinteressada:

Que quer este homem de mim?

Quem é?

Que me vai acontecer?

Que mal fiz eu?

Nada disto se pergunta a Virgem.

Perguntas legítimas e naturalíssimas. «não temas. o Teu Deus, o Senhor, mandou-me»

Isto basta, chega perfeitamente.

Vem de Deus, vem do Senhor, só pode ser coisa boa, como tudo o que vem de Deus, mas, mesmo que não seja... isso não importa, vem de Deus, é com certeza para meu bem, mesmo que seja sofrimento, ainda que seja algo de tão estranho que pareça impossível.

Pois, para Deus, não há impossíveis, portanto, se Ele quer, pode fazer.

Mais tarde, dirá,

«Faça-se a Vontade do Senhor»

Toda a Vontade, de uma forma total e completa.

Eu, não sou mais que «A escrava do Senhor»!

A Escrava do Senhor!
Não um burro de carga, um pau mandado, uma coisa, um roto, não, uma escrava, um ser humano portanto, que pensa, que sente, que gosta, que tem sentimentos, mas que, tendo isso tudo, obedece e faz, sem hesitar, porque quem manda é o Senhor e o escravo deve obedecer prontamente.

Mais tarde dirá também, que as gerações futuras hão-de celebrá-la, louvá-la e engrandece-la.

Ela sabe, instantaneamente, isto tudo, mas nem por isso deixa de se considerar a escrava do Senhor.
Será Rainha dos Anjos e dos Santos, estará, no Céu, no degrau imediato a Deus que a ouvirá sempre complacentemente, nos seus rogos de intercessora dos homens e, sabendo isto, a Escrava do Senhor é como ela se considera.
Fundamentalmente, a Virgem sabe que é uma criatura de Deus, que Lhe pertence inteiramente, que Deus é senhor absoluto de todas as coisas, que dá e tira a vida quando, como e a quem quer, que efectivamente, todos os homens, são seus escravos, embora não se considerem assim.

Deus também não nos considera assim.

Preferiu antes chamar-nos filhos e irmãos, porque não Lhe interessam escravos, interessam-lhe homens com vontade própria, que saibam lutar contra os defeitos e os vícios e vencer-se  a si mesmo no caminho certo.

Mas, no fundo, o homem tem de se considerar escravo pois, o é efectivamente, no sentido de cumprir, sem hesitações ou desvios, a vontade do Senhor, sempre e em qualquer circunstância.

Ajuda-me, Senhor, a conhecer a Tua vontade e a ter a disposição que a nossa Santíssima Mãe nos ensinou.

ama

Cinco passos para vencer a depressão 1

Segundo passo



Foque-se no presente, porque o passado não pode ser mudado e o futuro não existe. 

Se a pessoa fica olhando para as dificuldades anteriores, frustra-se e, se pensa no que está por vir, angustia-se.


(saulo medina ferrer, psicólogo)


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Antigo testamento / Êxodo 15

Êxodo 15

O cântico de Moisés

1 Então Moisés e os israelitas entoaram este cântico ao Senhor:
"Cantarei ao Senhor, pois triunfou gloriosamente.
Lançou ao mar o cavalo e o seu cavaleiro!

2 O Senhor é a minha força e a minha canção; ele é a minha salvação!
Ele é o meu Deus, e eu o louvarei; é o Deus de meu pai, e eu o exaltarei!

3 O Senhor é guerreiro, o seu nome é Senhor.

4 Ele lançou ao mar os carros de guerra e o exército do faraó.
Os seus melhores oficiais afogaram-se no mar Vermelho.

5 Águas profundas os encobriram; omo pedra desceram ao fundo.

6 "Senhor, a tua mão direita foi majestosa em poder.
Senhor, a tua mão direita espedaçou o inimigo.

7 No teu triunfo grandioso, derrubaste os teus adversários.
Enviaste o teu furor flamejante, que os consumiu como palha.

8 Pelo forte sopro das tuas narinas as águas se amontoaram.
As águas turbulentas firmaram-se como muralha; as águas profundas
congelaram-se no coração do mar.

9 "O inimigo gloriava-se:
'Eu os perseguirei e os alcançarei, dividirei o despojo e os devorarei.
Com a espada na mão, eu os destruirei'.

10 Mas enviaste o teu sopro, e o mar os encobriu.
Afundaram como chumbo nas águas volumosas.

11 "Quem entre os deuses é semelhante a ti, Senhor?
Quem é semelhante a ti?
Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas?

12 Estendes a tua mão direita e a terra os engole.

13 Com o teu amor conduzes o povo que resgataste; com a tua força
tu o levas à tua santa habitação.

14 As nações ouvem e estremecem; angústia se apoderado povo da Filístia.

15 Os chefes de Edom ficam aterrorizados; os poderosos de Moabe são tomados de tremor; o povo de Canaã esmorece; terror e medo caem sobre eles;pelo poder do teu braço ficam paralisados como pedra, até que passe o teu povo, ó Senhor, até que passe o povo que tu compraste.

16 Tu o farás entrar e o plantarás no monte da tua herança, no lugar, ó Senhor, que fizeste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.

17 O Senhor reinará eternamente".

18 Quando os cavalos, os carros de guerra e os cavaleiros do faraó entraram no mar, o Senhor fez que as águas do mar se voltassem sobre eles, mas os israelitas atravessaram o mar pisando em terra seca.

19 Então Miriã, a profetisa, irmã de Arão, pegou um tamborim e todas as mulheres a seguiram, tocando tamborins e dançando.

20 E Miriã lhes respondia, cantando:
"Cantem ao Senhor, pois triunfou gloriosamente.
Lançou ao mar o cavaloe o seu cavaleiro".

As águas de Mara e Elim

21 Depois Moisés conduziu Israel desde o mar Vermelho até o deserto de Sur. Durante três dias caminharam no deserto sem encontrar água.

22 Então chegaram a Mara, mas não puderam beber das águas de lá porque eram amargas. Esta é a razão pela qual o lugar chama-se Mara.

23 E o povo começou a reclamar a Moisés, dizendo: "Que beberemos?"

24 Moisés clamou ao Senhor, e este indicou-lhe um arbusto. Ele lançou-o na água, e esta tornou-se boa.
Em Mara o Senhor lhes deu leis e ordenanças e os pôs à prova, dizendo-lhes: "Se derem atenção ao Senhor, o vosso Deus, e fizerem o que ele aprova, se derem ouvidos aos seus mandamentos e obedecerem a todos os seus decretos, não trarei sobre vós nenhuma das doenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois eu sou o Senhor que os cura".

25 Depois chegaram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e acamparam junto àquelas águas.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo Comum


Corpo de Deus

Evangelho: Lc 9, 11-17

11 Sabendo isto, as multidões foram-n'O seguindo. E as recebeu, falou-lhes do reino de Deus e curou os que necessitavam de cura. 12 Ora o dia começava a declinar. Aproximando-se d'Ele os doze, disseram-Lhe: «Despede as multidões, para que, indo pelas aldeias e herdades circunvizinhas, se alberguem e encontrem que comer, porque aqui estamos num lugar deserto». 13 Ele respondeu-lhes: «Dai-lhes vós de comer». Eles disseram: «Não temos mais do que cinco pães e dois peixes, a não ser que vamos comprar mantimento para toda esta multidão». 14 Pois eram quase cinco mil homens. Então disse aos discípulos: «Mandai-os sentar divididos em grupos de cinquenta». 15 Eles assim fizeram, e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tendo tomado os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e distribuiu-os aos Seus discípulos, para que os servissem à multidão. 17 Comeram todos e ficaram saciados. E recolheram do que sobrou doze cestos de fragmentos.

Comentário:

Também hoje, as multidões seguem Jesus.
De muitas formas, peregrinações, caminhadas para santuários, cerimónias litúrgicas multitudinárias as pessoas procuram Jesus, querem estar o mais possível perto dele, não tendo em conta que, Ele está sempre ao pé de nós.

E porque O procuramos com tanta persistência?
O que queremos dele?
O que esperamos encontrar?

Todos e cada um de nós tem as respostas a estas perguntas, a sua resposta particular à sua própria pergunta.
Mas, nesta variedade imensa há sem dúvida algo que nos une a todos: a confiança, a esperança e o amor.
Sim!
Confiança nele, esperança que Ele nos atenda o que Lhe pedimos e, finalmente, retribuir-lhe o melhor que podermos o imenso amor que tem por nós.

(ama, comentário sobre Lc 9, 11-17, 2013.06.02)


Leitura espiritual



INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO

“CREIO – AMÉM”

«Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do céu e da terra"

CAPÍTULO QUARTO

"Creio em Deus" – Hoje
…/2

O jansenista Saint-Cyran, certa vez, exprimiu um pensamento memorável, afirmando que a fé consiste numa série de paradoxos que se conservam unidos pela graça. Exprimiu assim, no terreno da Teologia, uma ideia que, na Física hodierna, integra o pensamento científico, como lei da complementaridade. Torna-se mais e mais claro ao físico moderno que não podemos compreender as realidades dadas, por exemplo: a estrutura da luz ou da matéria em geral, numa única forma de experiência, nem, por conseguinte, podemos representá-los numa única forma de axioma, pois não conseguimos senão captar, focalizando de vários lados, e de cada vez, um aspecto, que não estamos em condições de reduzir a outro. Reunidos ambos – por exemplo, a estrutura corpuscular e a onda – hão de ser considerados como um avanço preliminar ao conjunto, sem que se possa descobrir um ponto de vista que abranja tudo, que, como tal, não nos é acessível globalmente por causa da limitação do nosso ponto de referência. O que se dá na esfera da Física, como consequência da limitação de nossa capacidade visual, vale em proporção incomparàvelmente maior, no que respeita às realidades espirituais e a Deus. Também neste terreno somos capazes apenas de focalizar um único lado e perceber de cada vez um único aspecto, que parece contradizer outros, mas que, apesar disto, poderá constituir uma indicação na direcção do todo, porém com a condição indispensável de ficar unido aos demais elementos que não podem ser compreendidos nem expressos. Somente por circunlóquios, por percepção e afirmação de diversos aspectos, aparentemente contraditórios, conseguimos apontar para a verdade que, não obstante, jamais se nos torna patente em sua totalidade.

Quiçá o pensamento da Física moderna nos forneça algum subsídio melhor do que a Filosofia aristotélica. A Física actual sabe que se pode falar sobre a estrutura da matéria apenas pela confrontação de variadas estimativas. Sabe que o resultado da pesquisa da natureza depende cada vez mais do respectivo ponto de vista do observador. Porque não poderíamos também nós compreender, de modo completamente novo, a partir daqui, que na pesquisa de Deus não cumpre buscar um conceito último do ser, envolvente da totalidade, mas deveríamos estar dispostos a enfrentar e aceitar uma multiplicidade de aspectos dependentes do ponto de observação, que, em última análise, não podemos contemplar, mas aceitar uns dos outros, sem contribuir com o elemento último para a expressão? Encontramos aqui a complementaridade oculta de fé e pensamento moderno. A Física moderna, ultrapassando a estrutura da Lógica aristotélica, pensa assim, e isto já é resultado da nova dimensão aberta pela Teologia cristã, da sua necessidade de pensar em complementaridade.

Quero ainda lembrar em poucas palavras dois outros subsídios da Física. E. Schrödinger definiu a estrutura da matéria como "embrulhos de ondas" (ou "pacotes de ondas"), apresentando assim a ideia de um ser não substancioso, mas puramente activo, cuja "substancialidade" aparente, de facto, resulta da estrutura móvel de ondas sobrepostas. No domínio da matéria uma proposta assim devia ser altamente vulnerável fisicamente e, em todo caso, filosoficamente. Mas, continua sendo um símile excitante da actualitas divina, do acto puro de Deus e do facto de o mais compacto dos seres – Deus – só poder afirmar-se numa pluralidade de relações que não são substância, não passando de "ondas", conseguindo Deus apresentar um todo completamente uno, formando totalmente a plenitude do ser. Mais tarde teremos de submeter a uma análise detalhada esta ideia, já apresentada, quanto ao sentido, por Agostinho ao desenvolver o conceito de Ato-Existência (do tal "pacote de ondas").

Seja feita ainda uma referência a um subsídio mental das ciências naturais: sabemos que, na experiência física, o próprio observador se inclui na experiência, sendo este o único caminho para alcançar o conhecimento desejado. Isto significa que nem na própria Física existe objectividade em estado puro, que também aqui o resultado da experiência, a resposta da natureza, depende da pergunta que lhe é feita. Na resposta inclui-se sempre uma parcela da pergunta e do pesquisador; ela espelha não só a natureza no que ela é em si, em pura objectividade, mas reproduz também algo do homem, do que lhe é peculiar, uma parcela do sujeito humano. Com as respectivas modificações, esta norma vale aplicada ao problema religioso. Não existe o mero observador. Não há objectividade pura. Pode-se dizer: quanto mais elevada a posição de um objecto em relação ao homem, quanto mais tal objecto penetra no centro do que é nosso, comprometendo o próprio observador, tanto menos possível é o completo distanciar-se da objectividade pura. Portanto, onde quer que se apresente uma resposta como objectiva e desapaixonada, como declaração que, afinal, ultrapassa as piedosas prevenções, explicando tudo com científica objectividade: forçoso se torna dizer que o próprio sujeito se tornou vítima de um logro. Tal espécie de objectividade não é acessível ao homem. Ele não pode pesquisar e existir como simples observador. Quem tenta ser mero observador não descobre nada. Também a realidade "Deus" pode ser focalizada somente por quem se incluir na experiência com Deus – experiência que denominamos fé. Só entrando, consegue-se saber; só participando da experiência, se consegue perguntar; e só quem pergunta, recebe resposta.

Pascal exprimiu isto em seu famoso argumento da aposta, com uma clareza quase monstruosa e com uma agudeza que chega a roçar as raias do suportável. O debate com o parceiro incrédulo atingiu um ponto em que ele reconhece dever decidir-se por Deus. Mas gostaria de evitar o salto, de possuir uma clareza matemática: "Não existirá algum meio de iluminar a treva e suspender a incerteza do jogo?" "Sim, há um meio e mais de um: a Sagrada Escritura e todos os outros argumentos em favor da religião". "Mas, tenho as mãos atadas, os lábios mudos... O meu feitio é assim, não posso crer. Que fazer?" "'Então confessa que a impossibilidade de sua fé não se origina da razão; pelo contrário: a razão conduz à fé; portanto, a sua recusa tem outro motivo. Por isso não adianta convencê-lo mais ainda, mediante um amontoado de provas da existência de Deus; antes de tudo, impõe-se que combata as suas paixões. Deseja alcançar a fé e não conhece o caminho? Quer ficar curado da descrença e não conhece o remédio? Aprenda daqueles que, outrora, foram acossados por dúvidas, como no seu caso... Imite-lhes o proceder, faça tudo o que a fé exige, como se já fosse crente. Frequente a Missa, use água benta, etc. Isto, certamente, o fará humilde e o conduzirá à fé".
Em todo caso, neste texto singular há um elemento certo: a simples curiosidade neutra do espírito, que quer conservar-se fora do jogo, jamais deixará enxergar – já em relação a outro homem e muito mais em relação a Deus. A experiência com Deus não se realiza sem o homem.

Como na Física e até em grau maior, vale também para o nosso caso a norma: quem aceita a experiência da fé, recebe uma resposta que não é mero reflexo de Deus, mas a mesma pergunta, com e através da refracção do próprio homem, nos faz saber algo de Deus. Também as fórmulas dogmáticas – por exemplo: "uma natureza em três pessoas" – incluem essa refracção do humano. No nosso exemplo, elas espelham o homem dos fins da Idade Antiga, a pesquisar e a experimentar com as categorias do seu tempo, encontrando nelas a sua localização como interrogador. Aliás, temos ainda de dar um passo adiante: a possibilidade de perguntar e de experimentar é-nos concedida pelo facto de se ter introduzido na experiência o próprio Deus, de ter ele entrado nela como Homem. Pela refracção desse único Homem podemos captar mais do que o simples homem; nele, que é Homem e Deus, Deus revelou-se como homem, deixando-se experimentar no homem.

2. Interpretação positiva

A delimitação da doutrina trinitária no sentido de uma Teologia negativa, que acreditamos ter exposto no que até agora se disse, não pode significar que as suas fórmulas permanecem como afirmações impenetráveis e como complexos verbais vazios de sentido. Podem e devem ser compreendidas como declarações que têm sentido, que, no entanto, representam indicações no rumo do indizível e não o seu encaixe, o seu entrosamento no nosso mundo conceitual. Este carácter indicativo das fórmulas da fé deve receber um derradeiro esclarecimento em três teses, à guisa de encerramento das considerações sobre a doutrina trinitária.

1ª.Tese: O paradoxo: "Una essentia tres personæ – uma natureza em três pessoas" está subordinado, como problema, ao proto-sentido de unidade e multiplicidade.

O que se pretende dizer tornar-se-á facilmente compreensível, se lançarmos um olhar atrás dos bastidores do pensamento grego anterior a Cristo, do qual a fé cristã no Deus uno e trino se destaca. Para a mentalidade antiga só a unidade é divina; a multiplicidade conota algo de secundário, sendo consequência do desmoronamento da unidade. A pluralidade origina-se na decomposição da unidade, e para ela tende. A confissão cristã de Deus como trino, como o que é, simultaneamente, a "monas" e a "trias", a unidade simplesmente e a plenitude, denota a convicção de que a divindade se localiza para além das nossas categorias de multiplicidade e unidade. Por mais que, para o não-divino, ela seja uma e única, representando com exclusividade o divino em oposição a tudo que não é divino, na mesma proporção ela é, em si mesma, plenitude e multiplicidade, de modo que a unidade e a pluralidade das criaturas, ambas, na mesma medida, são imagem e participação no divino. Não só a unidade é divina, também a multiplicidade é algo primitivo, tendo no próprio Deus o seu fundamento intrínseco. Multiplicidade não é apenas ruína originar-se fora da divindade; ela começa não só pela intervenção da "dyas", da rachadura, da fenda; não é resultado do dualismo de duas forças antagónicas, mas corresponde à plenitude criativa de Deus que, pairando acima da unidade e da pluralidade, a ambas envolve. Por conseguinte, só com a fé trinitária a reconhecer o plural na unidade de Deus se conseguiu eliminar definitivamente o dualismo como princípio esclarecedor da unidade ao lado da multiplicidade. Só por essa fé se fundamentou definitivamente a valorização positiva do plural. Deus está acima do singular e do plural. Ele ultrapassa a ambos.

Há uma consequência a tirar daqui. A unidade máxima para quem crê em Deus, como uno e trino, não é a unidade da rígida imobilidade monótona. Portanto, o modelo da unidade a ser visado como ideal não é a indivisibilidade do átomo, a menor das unidades, não susceptível de divisão; o protótipo mais elevado da unidade é a unidade que desabrocha do amor. A pluri-unidade que floresce no amor é mais radical, mais verdadeira do que a unidade do "átomo".

2ª. Tese: O paradoxo: "Una essentia tres personæ" existe em função do conceito de pessoa e deve ser interpretado como implicação interna da ideia de pessoa.

Reconhecendo a Deus, sentido criativo, como pessoa, a fé cristã vê nele inteligência, palavra, amor. A confissão de Deus como pessoa necessariamente inclui, a seguir, o reconhecimento de Deus como relação, como pronunciável, como fecundidade. Não poderia ser pessoa o que é simplesmente uno, irrelacionado e irrelacionável. Não existe pessoa na unidade absoluta. Aliás isto já se dá nos vocábulos com que o conceito de pessoa cresceu. O grego prósopon, literalmente: "olhar", com a partícula pros = para, inclui a relação como seu constitutivo. Dá-se o mesmo com o latim persona (e o português: pessoa): per-sonare: soar através, fazer-se ouvir através, a exprimir capacidade de falar, de dialogar, de manifestar-se. Por outras palavras: se o absoluto é pessoa, não é absoluta unidade, porquanto a ultrapassagem da unidade está incluída necessariamente no conceito de pessoa. Ao mesmo tempo, contudo, somos forçados a reconhecer que a confissão de que Deus é pessoa na modalidade da trindade, supera e vence qualquer conceito simplório e antropomórfico de pessoa. Revela-nos, como que em forma de sigla, que a personalidade divina supera infinitamente o modo humano de ser pessoa, de modo que a ideia de pessoa, por mais rico que seja o seu conteúdo revela-se como símile insuficiente.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

(Revisão da versão portuguesa por ama)