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24/04/2016

Publicações Abr 24

Publicações Abr 24

São Josemaria – Textos

Alma, O meu Anjo caminhará à tua frente - G Humbre

AMA - Comentários ao Evangelho Jo 13 21-23 36-38, Confissões - Santo Agostinho

Ideologias 2

CIC – Compêndio

Apostolado

AT – Génesis


Agenda Domingo

Os demónios do apostolado

1. O Messianismo

O demónio do messianismo induz o apóstolo a constituir-se no centro de toda actividade pastoral em que está engajado. É uma tentação que vai penetrando subtilmente sua vida, até levá-lo a sentir-se indispensável em tudo.

O messianismo constitui basicamente uma atitude deficiente em relação a Deus: eu sou o “piloto” e o Senhor é o “co-piloto” ajudante. Quem cai nesta tentação, não é que deixe de levar Deus em conta, de rezar e de recorrer a ele diante dos problemas, mas fá-lo para que Deus simplesmente o ajude no apostolado que ele próprio dirige e planeja. Em última análise, procura-se incorporar o Senhor no nosso trabalho e não de incorporarmo-nos no trabalho de Deus, que é o específico do apostolado: Deus é o “piloto”, e eu sou o “co-piloto” ajudante. Trata-se, inconscientemente, de substituir o messianismo de Cristo, o único evangelizador, pelo nosso messianismo pessoal.

Esta atitude diante de Deus, projecta-se numa atitude deficiente também para com os demais que colaboram connosco. Tornamo-nos incapazes de delegar responsabilidades ou tarefas: não confiamos verdadeiramente nas pessoas, com excepção de uns poucos, habitualmente réplica fiel de nós mesmos, acabando rodeados unicamente por eles. É uma tendência que costuma agravar-se no transcurso dos anos.

Existe sempre uma relação entre a atitude diante de Deus e a atitude frente aos outros e vice-versa. Assim, a desconfiança nos colaboradores do apostolado, reflecte uma desconfiança em Deus, que é justamente o que vai implícito no demónio do messianismo. Pois, confiar realmente em Deus, supõe uma confiança prudencial nos outros. E, por sua vez, a confiança nos outros também implica Deus, pois foi ele quem os foi chamando e colocando-os como nossos companheiros de trabalho.

O messianismo também tem consequências negativas nos resultados externos do apostolado, ao menos a longo prazo, além de comprometer o fruto profundo da evangelização. Em primeiro lugar, a atitude messiânica não deixa os outros crescerem, uma vez que a expansão e maturação da obra apostólica não caminham paralelamente, como devia ser, com a maturidade e crescimento daqueles que a levam a cabo. Em segundo lugar, sucede, então, que as iniciativas e criações do apostolado messiânico, não contribuem necessariamente para formar pessoas, nem para preparar sucessores. Normalmente, o apóstolo messiânico identifica-se a tal ponto com a sua obra que, quando ele desaparece ou se translada, ela acaba-se: era demasiadamente pessoal e não havia substitutos preparados.

O verdadeiro apostolado que constrói o Reino de Deus a partir da Igreja ali onde ela ainda não está, contribui sempre para fazer desabrochar a própria Igreja: os seus evangelizadores e comunidades. Também se aprende a ser cristão aprendendo a evangelizar, e isso não é possível sem realmente assumir responsabilidades. Um apóstolo maduro revela, entre outras coisas, que alguém confiou nele.

Fonte: prebíteros

(revisão da versão portuguesa por ama)


Este texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo galilea, Tentación y Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.

Pequena agenda do cristão


DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Antigo testamento / Génesis

Génesis 24

Isaac e Rebeca

1 Abraão já era velho, de idade bem avançada, e o Senhor em tudo o abençoara.

2 Disse ele ao servo mais velho da sua casa, que era o responsável por tudo quanto tinha: "Põe a mão debaixo da minha coxa e jura pelo Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra, que não procurarás mulher para o meu filho entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo, mas irás à minha terra e procurarás entre os meus parentes uma mulher para o meu filho Isaac".

3 O servo perguntou-lhe: "E se a mulher não quiser vir comigo a esta terra? Devo então levar o teu filho de volta à terra de onde vieste?"

4 "Cuidado!", disse Abraão, "Não deixes o meu filho voltar para lá.

5 "O Senhor, o Deus dos céus, que me tirou da casa de meu pai e da minha terra natal e que me prometeu sob juramento que à minha descendência daria esta terra, enviará o seu anjo diante de ti para que de lá tragas uma mulher para o meu filho.

6 Se a mulher não quiser vir, estarás livre do juramento. Mas não leves o meu filho de volta para lá."

7 Então o servo pôs a mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor, e jurou cumprir aquela palavra.

8 O servo partiu, com dez camelos do seu senhor, levando também do que o seu senhor tinha de melhor. Partiu para a Mesopotâmia, em direcção à cidade onde Naor tinha morado.

9 Ao cair da tarde, quando as mulheres costumam sair para buscar água, ele fez os camelos ajoelharem-se junto do poço que ficava fora da cidade.

10 Então orou: "Senhor, Deus do meu senhor Abraão, dá-me neste dia bom êxito e sê bondoso com o meu senhor Abraão.

11 Como vês, estou aqui ao lado desta fonte, e as jovens do povo desta cidade estão vindo para tirar água.

13 Concede que a jovem a quem eu disser: Por favor, incline o seu cântaro e dê-me de beber, e ela me responder: 'Bebe. Também darei água aos teus camelos', seja essa a que escolhes­te para o teu servo Isaac. Saberei assim que foste bondoso com o meu senhor".

14 Antes que ele terminasse de orar, surgiu Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, trazendo no ombro o seu cântaro.

15 A jovem era muito bonita e virgem; nenhum homem tivera relações com ela. Rebeca desceu à fonte, encheu o seu cântaro e voltou.

16 O servo apressou-se ao encontro dela e disse: "Por favor, dê-me um pouco de água do seu cântaro".

17 "Beba, meu senhor", disse ela, e tirou rapidamente dos ombros o cântaro e serviu-o.

18 Depois que lhe deu de beber, disse: "Tirarei água também para os seus camelos até saciá-los".

19 Assim ela esvaziou depressa o seu cântaro no bebedouro e correu de volta ao poço para tirar mais água para todos os camelos.

20 Sem dizer nada, o homem observava-a atentamente para saber se o Senhor tinha ou não coroado de êxito a sua missão.

21 Quando os camelos acabaram de beber, o homem deu à jovem um pendente de ouro de seis gramas e duas pulseiras de ouro de cento e vinte gramas, e perguntou: "De quem é filha? Diga-me, por favor, se há lugar na casa de seu pai para eu e os meus companheiros passarmos a noite".

22 "Sou filha de Betuel, o filho que Milca deu a Naor", respondeu ela; e acrescentou: "Temos bastante palha e forragem, e também temos lugar para passarem a noite".

23 Então o homem curvou-se em adoração ao Senhor, dizendo: "Bendito seja o Senhor, o Deus do meu senhor Abraão, que não retirou a sua bondade e a sua fidelidade ao meu senhor. Quanto a mim, o Senhor conduziu-me na jornada até a casa dos parentes do meu senhor".

24 A jovem correu para casa e contou tudo à família da sua mãe.

25 Rebeca tinha um irmão chamado Labão. Ele partiu apressado para fonte para conhecer o homem, pois tinha visto o pendente e as pulseiras no braço de sua irmã, e ouvira Rebeca contar o que o homem lhe dissera. Saiu, pois, e foi encontrá-lo parado junto à fonte, ao lado dos camelos.

26 E disse: "Venha, bendito do Senhor! Por que ficar aí fora? Já arramjei a casa e um lugar para os camelos".

27 Assim o homem dirigiu-se à casa, e os camelos foram descarregados. Deram palha e forragem aos camelos, e água ao homem e aos que estavam com ele para lavarem os pés.

28 Depois trouxeram-lhe comida, mas ele disse: "Não comerei enquanto não disser o que tenho para dizer".
Disse Labão: "Então fale".

29 E ele disse: "Sou servo de Abraão.

30 O Senhor o abençoou muito, e ele se tornou muito rico. Deu-lhe ovelhas e bois, prata e ouro, servos e servas, camelos e jumentos.

31 Sara, mulher do meu senhor, na velhice deu-lhe um filho, que é o herdeiro de tudo o que Abraão possui.

32 E o meu senhor fez-me jurar, dizendo: 'Não buscarás mulher para o meu filho entre as filhas dos cananeus, em cuja terra estou vivendo, mas irás à família de meu pai, ao meu próprio clã, buscar uma mulher para o meu filho'.

33 "Então perguntei a meu senhor: E se a mulher não quiser acompanhar-me?

34 "Ele respondeu: 'O Senhor, a quem tenho servido, enviará o seu anjo contigo e coroará de êxito a tua missão, para que tragas para o meu filho uma mulher do meu próprio clã, da família de meu pai.

35 Quando chegar aos meus parentes, estarás livre do juramento se eles se recusarem a entregá-la a ti. Só então estarás livre do juramento'.

36 "Hoje, quando cheguei à fonte, eu disse: Ó Senhor, Deus do meu senhor Abraão, se assim desejares, dá êxito à missão de que fui incumbido.

37 Aqui estou em pé diante desta fonte; se uma moça vier tirar água e eu lhe disser: Por favor, dê-me de beber um pouco de seu cântaro, e ela me responder: 'Bebe. Também darei água aos teus camelos', seja essa a que o Senhor escolheu para o filho do meu senhor.

38 "Antes de terminar de orar em meu coração, surgiu Rebeca, com o cântaro ao ombro. Dirigiu-se à fonte e tirou água, e eu disse-lhe: Por favor, dê-me de beber.

39 "Ela apressou-se a tirar o cântaro do ombro e disse: 'Bebe. Também darei água aos teus camelos'. Eu bebi, e ela deu de beber também aos camelos.

40 "Depois perguntei-lhe: De quem és filha?
"Ela respondeu-me: 'De Betuel, filho de Naor e Milca'.
"Então coloquei o pendente no seu nariz e as pulseiras nos seus braços, e curvei-me em adoração ao Senhor. Bendisse ao Senhor, o Deus do meu senhor Abraão, que me guiou pelo caminho certo para procurar para o filho dele a neta do irmão do meu senhor.

41 Agora, se quiserem mostrar fidelidade e bondade ao meu senhor, digam-me; e, se não quiserem, digam-me também, para que eu decida o que fazer".

42 Labão e Betuel responderam: "Isso vem do Senhor; nada lhe podemos dizer, nem a favor, nem contra.

43 Aqui está Rebeca; leva-a contigo e que ela se torne a mulher do filho do seu senhor, como disse o Senhor".

44 Quando o servo de Abraão ouviu o que disseram, curvou-se até o chão diante do Senhor.

45 Então o servo deu joias de ouro e de prata e vestidos a Rebeca; deu também presentes valiosos ao irmão dela e à sua mãe.

46 Depois ele e os homens que o acompanhavam comeram, beberam e ali passaram a noite.
Ao levantarem-se na manhã seguinte, ele disse: "Deixem-me voltar para o meu senhor".

47 Mas o irmão e a mãe dela responderam: "Deixe a jovem ficar mais uns dez dias connosco; então poderás partir".

48 Mas ele disse: "Não me detenham, agora que o Senhor coroou de êxito a minha missão. Vamos despedir-nos, e voltarei para o meu senhor".

49 Então disseram-lhe: "Vamos chamar a jovem e ver o que ela diz".

50 Chamaram Rebeca e perguntaram-lhe: "Você quer ir com este homem?"
"Sim, quero", respondeu ela.

51 Despediram-se, pois, da sua irmã Rebeca, da sua ama, do servo de Abraão e dos que o acompanhavam.

52 E abençoaram Rebeca, dizendo-lhe: "Que você cresça, nossa irmã, até ser milhares de milhares; e que a sua descendência conquiste as cidades dos seus inimigos".

53 Então Rebeca e as suas servas aprontaram-se, montaram os seus camelos e partiram com o homem. E assim o servo partiu levando Rebeca.

54 Isaac tinha voltado de Beer-Laai-Roi, pois habitava no Neguebe.

55 Certa tarde, saiu ao campo para meditar. Ao erguer os olhos, viu que se aproximavam camelos.

56 Rebeca também ergueu os olhos e viu Isaac. Ela desceu do camelo e perguntou ao servo: "Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?"
"É o meu senhor", respondeu o servo. Então ela cobriu-se com o véu.

57 Depois o servo contou a Isaac tudo o que havia feito.

58 Isaac levou Rebeca para a tenda da sua mãe, Sara; fez dela sua mulher, e amou -a; assim Isaac foi consolado após a morte da sua mãe.

(Revisão da versão portuguesa por ama)








Doutrina – 123

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»
CAPÍTULO TERCEIRO: A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS

EU CREIO

29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?

Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé.

«Crê para compreender: compreende para crer» [1]




[1] Santo Agostinho

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Jo 13, 31-33. 34-35

21 Tendo Jesus dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam, pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25 Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe: «Quem é, Senhor?». 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa», ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora.».

Comentário:

Na economia da Salvação humana há um tempo para tudo, mesmo para seguir Jesus Cristo.

Mas não devemos segui-lo sempre?

Claro que sim mas seguir o Senhor implica muito mais que um simples acto da vontade; requer todo um verdadeiro empenho e perseverança mesmo quando as circunstâncias parecem ser absolutamente adversas.

Assim, seguir Jesus, obriga realmente a ter absoluta confiança nele e que tudo, absolutamente, que Ele possa pedir-nos é para bem.

(ama, Comentário a Jo 13, 21-33; 36-38, 2015.04.01)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO DÉCIMO-SEGUNDO

CAPÍTULO I

Prece

Inquieto está o meu coração, Senhor, quando, na miséria da minha vida é atingido pelas palavras da tua Escritura Sagrada. Por isso, geralmente, a abundância de palavras é testemunho da pobreza da inteligência humana. A busca usa mais palavras que a descoberta; é maior o pedir que o obter; a mão que bate cansa-se mais do que a mão que recebe. Mas nós temos a tua promessa: quem a destruirá? Se Deus está connosco, quem será contra nós? Pedi, e recebereis; procurai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede recebe, todo o que procura encontra, e a todo o que bate se lhe abrirá.

São promessas tuas. E quem temerá ser enganado, quando a promessa vem da Verdade?

CAPÍTULO II

O céu do céu

Que a humildade da minha língua confesse à tua grandeza que criaste o céu e a terra; este céu que vejo, esta terra que piso, e de onde tiraste a terra que trago em mim. Sim, criaste tudo isto.

Mas, Senhor, onde está o céu de que nos falou a voz do salmista: “O céu do céu pertence ao Senhor, mas ele deu a terra aos filhos dos homens?” – Onde está esse céu que não vemos, e diante do qual tudo o que vemos é apenas terra?

De facto, todo este mundo material, cuja base é a terra, embora não seja inteiramente belo em toda parte, recebeu até nos seus últimos elementos, uma aparência atraente. Mas, comparado com esse céu do céu, o céu da nossa terra também não passa de terra. Por isso, não é absurdo chamar terra esses dois grandes corpos visíveis, se os compararmos a esse céu misterioso que pertence ao Senhor, e não aos filhos dos homens.

CAPÍTULO III

As trevas sobre o abismo

Mas esta terra era invisível e informe, era um profundo abismo acima do qual não pairava nenhuma luz, pois não tinha nenhuma forma. Por isso inspiraste estas palavras: “As trevas cobriam o abismo”. – Mas que são trevas, senão ausência da luz? De facto, se então existisse, onde estaria a luz senão sobre a terra, para iluminá-la? Mas como a luz ainda não existia, o que era a presença das trevas, senão a ausência da luz? As trevas reinavam sobre o abismo porque a luz não existia, do mesmo modo que onde não há ruído reina o silêncio. E que significa reinar o silêncio, senão falta de som?

Não ensinaste, Senhor, à alma que a ti se confessa? Não me ensinaste, Senhor, que antes de receber de ti forma e figura esta matéria informe, não existia nada, nem cor, nem figura, nem corpo, nem espírito? Não era um nada absoluto, mas massa informe, sem figura alguma.

CAPÍTULO IV

A matéria informe

Que nome darei a esta matéria, como sugerir a sua ideia às inteligências mais curtas, senão usando um termo de uso corrente? O que se pode encontrar no mundo que seja mais parecido com essa ausência total de forma, que a terra e o abismo? Colocados no mais baixo grau da criação, não têm a beleza dos corpos que no alto brilham de luz fulgurante.

Por que, então, não aceitar que essa matéria informe, que criaste sem beleza para com ela moldar um mundo cheio de beleza, fosse comodamente designada aos homens pelos termos de terra invisível e informe?

CAPÍTULO V

A sua natureza

Assim, quando o pensamento indaga o que nossos sentidos podem colher a respeito dessa matéria, responde a si mesmo: “Não é nem forma inteligível, como a vida, como a justiça, porque é a matéria corpórea, nem uma forma sensível, porque nada há que se possa ver ou perceber no que é invisível e sem forma”. – Quando o pensamento humano fala desse modo, procura conhecê-la ignorando-a, ou ignorá-la conhecendo-a?

CAPÍTULO VI

Em que consiste

Senhor, se pela boca e pela pena devo confessar-te o que me ensinaste sobre essa matéria, eu direi que outrora ouvi falar, sem nada compreender, a respeito desse nome por pessoas que também não entendiam. Tentei imaginá-la sob as formas mais diversas, e não o consegui. O meu espírito revolvia confusamente formas feias e horríveis, mas enfim sempre formas.

Chamava informe essa matéria, não porque a imaginasse sem forma, mas por tê-las tão estranhas e bizarras que, se a visse, afastaria os meus sentidos e confundiria a minha fraqueza de homem.

Por isso, o que eu concebia era informe, não por ausência de qualquer forma, mas por comparação com formas mais belas. A recta razão persuadia-me; se eu quisesse conceber algo absolutamente informe, a suprimir nele todo resquício de forma, mas eu não conseguia; parecia-me bem mais fácil negar a existência do que estava privado de toda forma, do que conceber um ser a meio termo entre a forma e o nada, e que não fosse nem forma, nem nada, um ser informe, um quase nada.

Então, a minha inteligência deixou de inquirir a minha imaginação, cheia de imagens de formas corpóreas, que ela variava e mudava a seu talante. Fixei a atenção nos próprios corpos, analisei mais profundamente essa mutabilidade pela qual eles cessam de ser o que eram e começam a ser o que não eram. Suspeitei que essa transição de uma forma para outra se fazia por meio de algo informe, e não do nada absoluto.

Mas o meu interesse era saber, e não apenas supor; e se a minha voz e minha pena que te confessassem em detalhes as soluções deste problema que me inspiraste, qual dos meus leitores teria paciência para me entender? Contudo, o meu coração não deixará de te honrar com cânticos de louvor por essas inspirações, por aquilo que não tem palavras capazes de exprimir.

É a própria mutabilidade das coisas que é susceptível de assumir todas as formas em que se transfiguram as coisas mutáveis. E o que é essa mutabilidade? É espírito? Será talvez corpo?

Seria uma espécie de espírito ou de corpo? Se pudéssemos dizer: um nada que é algo, ou o que é e não é, eu a chamaria assim. No entanto, era necessário que ela existisse de alguma maneira, para tomar essas formas visíveis e complexas.

CAPÍTULO VII

A criação do nada

Mas de onde essa matéria tirava o seu ser, senão de ti, por quem existe toda e qualquer coisa? Quanto mais difere de ti uma coisa, mais longe de ti está – e não se trata de distância espacial.

Portanto, és tu, Senhor que não mudas ao sabor das circunstâncias, mas que és sempre o mesmo, o mesmo e o mesmo, santo e santo e santo, Senhor, Deus Todo-Poderoso, és tu, Senhor, que no princípio, que vem de ti, na tua Sabedoria, nascida da tua substância, fizeste algo do nada. Criaste o céu e a terra, e isso não com a tua substância, pois nesse caso, a tua criação seria igual ao teu Filho unigénito e, por isso, iguais a ti mesmo. E não seria justo que o que não é da tua substância, fosse igual a ti.

Mas fora de ti nada existia com que pudesses fazer o céu e a terra, ó Trindade una, Unidade trina. Por isso criaste do nada o céu e a terra; duas realidades, uma imensa e outra pequena. Porque és Todo-Poderoso e bom, e só podes criar coisas boas: o grande céu e a pequena terra.

Fora de ti nada havia, e desse nada fizeste o céu e a terra, as tuas duas obras: uma próxima de ti, a outra próxima do nada. Uma que tem acima de si apenas Tu próprio, e outra que nada tem inferior a ela.

(Revisão de versão portuguesa por ama)


Espírito de mortificação e penitência

O espírito de mortificação, mais do que manifestação de Amor, brota como uma das suas consequências. Se falhas nessas pequenas provas, reconhece-o, fraqueja o teu amor ao Amor. (Sulco, 981)

Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão de dirigir ou de educar é corrigir quando é necessário fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita dessa ajuda, superando subjectivismos néscios e sentimentais.


O espírito de penitência leva a não nos apegarmos desordenadamente a esse esboço monumental dos projectos futuros, no qual já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos renunciar aos nossos gatafunhos e pinceladas, e permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e cores que mais lhe agradam! (Amigos de Deus, 138)

O que são as religiões?

IDEOLOGIAS


2. O que são as religiões?



Uma religião é um conjunto de ideias e práticas que conduzem o até Deus.

Temas para meditar - 621

Alma espiritual

Ainda que a vida do homem se pareça, em muitos aspectos, com a vida animal, é evidente que apresenta diferenças profundíssimas. A sua conduta não obedece sempre a um estímulo externo, como afirmam, por exemplo, alguns psicólogos conductistas. Isto sucede nos animais, mas não no homem que pode pensar e querer livremente: quer dizer, que tem uma actividade interior que transcende o ambiente que o rodeia e com a qual adquire consciência do seu próprio eu.
Esta actividade interior, deve-se a que o homem não é só matéria dotada de vida - como pretende o materialismo mas a possuir uma alma espiritual que, certamente, não se pode ver, porque é invisível, mas que existe realmente e informa todo o corpo. Nela residem a inteligência e a vontade.
Por ser espiritual, a alma humana, não pode dividir-se nem corromper-se: é imortal. Pelo contrário, o corpo, por ser material, pode corromper-se e deixar de ser um corpo humano. Quando isto sucede, sobrevém a morte, que é a separação da alma do corpo, mas não morre todo o homem, pois a alma continua vivendo, separada temporalmente do corpo. Esta verdade fundamental sobre o homem - a imortalidade da sua alma - é-nos revelada pela fé, e, de alguma maneira, é intuída por muitos homens, que experimentam no mais fundo do seu ser, a aspiração de viver sempre, de uma vida eterna.
De qualquer modo, o corpo é também parte essencial do homem, contrariamente ao que afirmarão certos espiritualismos.
Na vida presente, a alma entende e quer sempre em união com o corpo, porque ambos, enquanto estão unidos, formam uma única substância, concretamente, para exercitar o entendimento espiritual, a alma utiliza os sentidos, o cérebro, etc.

(g. humberO Meu Anjo Caminhará à Tua Frente, nr. 43)