Páginas

12/04/2016

Publicações Abr 12

Publicações Abr 12

São Josemaria – Textos

Filhos de Deus (Fancisco Fernández Carvajal e Pedro Betteta López),  Unidade de vida

AMA - Comentários ao Evangelho Jo 6 30-35

CIC – Compêndio

Bento XVI - Pensamentos espirituais

Celibato eclesiástico

Vida espiritual

AT - Génesis


Agenda Terça-Feira

C


INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

"Creio em Deus" – Hoje

SEGUNDA PARTE

JESUS CRISTO

CAPÍTULO SEGUNDO

Desenvolvimento da Fé em Cristo nos Artigos Cristológicos do Símbolo

2. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.

a)   Justiça e graça.

Qual é propriamente a posição que a cruz ocupa no contexto da fé em Jesus enquanto o Cristo? Eis a questão com que este artigo do Credo nos torna a confrontar. Nas considerações anteriores já foram reunidos os elementos essenciais para uma resposta, bastando-nos agora revocá-los. Nesta questão, a mentalidade cristã está condicionada por uma ideia bastante grosseira da teologia da satisfação de Anselmo de Cantuária, cujas linhas fundamentais foram objecto de análise noutro contexto. Para muitos cristãos, sobretudo para os que conhecem a fé assaz superficialmente, a cruz parece que deva ser compreendida dentro de um mecanismo do direito lesado e reabilitado. Seria a forma com que a justiça divina infinitamente ofendida se consideraria reabilitada por meio de um sacrifício infinito. Tem-se a impressão de se tratar de uma igualação exacta entre dever e haver; ao mesmo tempo perdura a impressão de uma tal igualdade se basear sobre uma ficção. Entrega-se, secretamente, com a esquerda, o que naturalmente se torna a receber com a direita. Deste modo fica envolvida por uma luz duplamente sinistra a "infinita satisfação" da qual Deus parece fazer questão. Observando certos textos de devocionários, não se pode escapar à ideia de que a fé cristã na cruz vê um Deus cuja justiça implacável exige uma vítima humana, o holocausto do seu próprio Filho. E recuamos horrorizados diante de uma justiça, cuja ira tenebrosa torna incrível a mensagem do amor.

Tão espalhada quanto falsa é esta ideia. Na Bíblia a cruz não surge como um episódio no mecanismo do direito ofendido, mas, muito pelo contrário, como expressão do radicalismo do amor que se doa totalmente, como o episódio no qual alguém é aquilo que faz e faz o que é; como expressão de uma vida que é completamente ser-para os outros. Para quem observar mais atentamente, a teologia da cruz da S. Escritura exprime verdadeiramente uma revolução em confronto com as ideias de reparação e salvação da história religiosa extra-cristã. Naturalmente não se pode negar que, na consciência cristã posterior, essa revolução foi largamente neutralizada e só poucas vezes foi reconhecida em toda a sua plenitude. Nas religiões do mundo, reparação denota geralmente a restauração do destruído relacionamento com Deus mediante acções dos homens. Quase todas as religiões giram em torno do problema da expiação. Elas nascem da consciência do homem quanto à sua culpa para com Deus e denotam a tentativa de sufocar a consciência da culpa, de vencer a culpa por meio de acções oferecidas a Deus. A obra reparadora com que os homens querem apaziguar a divindade e torná-la propícia, ocupa o centro da história das religiões.

No Novo Testamento a questão quase parece o oposto. Não é o homem que se dirige a Deus trazendo-lhe um dom propiciatório; é Deus que vem ao encontro do homem para lhe dar. Com a iniciativa do seu poder de amor Deus restaura o direito abalado, transformando em justo o homem pecador, tornando vivo o que fora morto, graças à sua misericórdia criadora. A sua justiça é graça; é justiça actuante que endireita o homem vergado, isto é, torna-o justo. Estamos na encruzilhada que o cristianismo traçou na história das religiões. O Novo Testamento não afirma que os homens aplacam a Deus, coisa que, aliás, deveríamos esperar, já que foram eles os que erraram e não Deus. O Novo Testamento diz que "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo" (2 Cor 5,19). Eis algo realmente inaudito, novo – o ponto de partida da existência cristã e o centro da teologia da cruz: Deus não espera que os culpados se apresentem e se reconciliem; vai-lhes ao encontro e reconcilia-os. Revela-se aí a verdadeira direcção da Encarnação e da Cruz.

De acordo com isto, a Cruz aparece no Novo Testamento primariamente como um movimento de cima para baixo. Não é a obra expiatória oferecida pela humanidade à divindade ofendida, mas manifestação daquele insano amor de Deus que se esbanja, lançando-se na humilhação com o fito de salvar o homem; é asua aproximação de nós, não vice-versa. Com esta volta na ideia da expiação, ou seja, no eixo religioso em geral, o culto cristão e a existência inteira recebem novo rumo. Adoração realiza-se primeiro mediante a agradecida aceitação da acção salvadora de Deus. Por isso é com razão que denominamos Eucaristia, acção de graças, a forma essencial do culto cristão. Nele não se apresentam a Deus realizações humanas; consiste, antes, na circunstância de o homem se deixar presentear; não glorificamos a Deus oferecendo-lhe do que supostamente é nosso – como se já lhe não pertencesse desde sempre! – mas aceitando o que é dele, reconhecendo-o, assim, como Senhor único. Adoramo-lo fazendo cair a ficção de um domínio com que poderíamos apresentar-nos diante dele como sócios independentes, quando na realidade nele somente e por ele é que estamos em condições de existir. O oferecimento cristão não consiste em dar o que Deus não teria sem nós, mas em tornar-nos totalmente receptivos, deixando-nos levar completamente por ele. Deixar Deus agir em nós – eis o sacrifício cristão.

b)   A cruz como adoração e sacrifício.

Entretanto ainda não foi dito tudo. Lendo o Novo Testamento do começo ao fim não se pode abafar a pergunta: Não estaria ele descrevendo a acção expiatória de Jesus como holocausto ao Pai, representando a cruz como sacrifício oferecido em obediência ao Pai por Cristo? Em uma série de textos, tem-se a impressão de um movimento ascendente da humanidade a Deus, de modo a parecer que está retomando tudo o que acabamos de refutar. De facto, não é possível apreender o saldo do Novo Testamento exclusivamente com a linha descendente. Mas, então, como harmonizar a relação das duas linhas? Será necessário abrir mão de uma, em benefício da outra? E, em tal caso, que norma nos autorizaria a isto? Claro que não poderíamos agir assim sem erigir a nossa opinião pessoal em parâmetro da fé.

Para poder avançar é mister alargar a pergunta, tentando lançar luz sobre o ponto de partida do sentido neotestamentário da cruz. Primeiramente cumpre lembrar que a cruz de Jesus assumiu, aos olhos dos discípulos, o aspecto de ponto final, de fracasso de sua empresa. Crentes de terem encontrado nele o rei que jamais poderia ser destronado, viram-se, repentinamente, transformados em companheiros de um condenado. Certamente, pela ressurreição, alcançaram a certeza de que Jesus era rei, mas deviam passar por uma longa aprendizagem até compreender para que servia a cruz. A S. Escritura, isto é, o Antigo Testamento fornecera-lhes o meio de compreendê-lo; mediante as suas imagens e conceitos, tentaram analisar o acontecimento. Por isso, também lançaram mão dos seus textos litúrgicos e das suas prescrições, convencidos de que tudo o que ali se dizia, se havia realizado em Jesus e até que, a partir dele, seria possível entender o sentido exacto daqueles textos. Deste modo, encontramos no Novo Testamento a cruz esclarecida, entre outros, também através dos conceitos do culto do Antigo Testamento.

A concretização mais coerente de tais tendências encontra-se na Carta aos Hebreus que traça um paralelo entre a morte de Jesus na cruz e rito e teologia da festa judaica da expiação, interpretando essa morte com a festa da expiação cósmica. Poderia resumir-se o seu pensamento mais ou menos assim: qualquer holocausto da humanidade, qualquer tentativa de aplacar a Deus mediante culto e rito, de que o mundo está cheio, deviam continuar sendo inócua obra humana, porque Deus não procura touros nem cabritos, nem o que quer que seja apresentado ritualmente. Podem-se oferecer a Deus hecatombes inteiras de animais; ele de nada precisa, pois tudo simplesmente lhe pertence, e ao Senhor do universo nada se lhe dá se queimam algo em sua honra. "Não tomarei o novilho da tua casa, nem os cabritos de teu rebanho; pois a mim pertence todo animal da floresta, as alimárias dos montes, aos milhares. Lembro-me de todas as aves do céu, e tenho ao meu alcance os animais do campo. Se tivesse fome, não o diria a ti, porque meu é o orbe e tudo o que ele encerra. Porventura como carne de touros ou bebo sangue de cabritos? Oferece a Deus sacrifício de louvor, e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo", reza uma palavra de Deus no Antigo Testamento (Sl 50 [49], 9-14). O autor da Carta aos Hebreus situa-se na linha espiritual deste texto e de outros semelhantes. Acentua a inutilidade do esforço ritual de modo mais veemente ainda. Deus não busca touros nem bodes, mas os homens; só o incondicional "sim" do homem a Deus poderia ser a autêntica adoração. Tudo pertence a Deus, enquanto que ao homem foi concedida a liberdade do "sim" e do "não", do amor e da recusa; o livre "sim" do amor é o único que Deus deve esperar – a adoração, e o único holocausto a ter sentido. Contudo, o "sim" a Deus, pelo qual o homem se restitui a Deus, não pode ser nem substituído nem representado pelo sangue de touros ou bodes. "Que pode dar o homem em troca de sua alma?" lemos em Marcos (8,37). A resposta só pode ser: não existe nada com que o homem se possa contrapesar.
Ora, todo o culto pré-cristão baseia-se na ideia da substituição, da representação, tentando substituir o insubstituível; portanto, este culto forçosamente tinha de permanecer inútil. À luz da fé em Cristo, foi possível à Carta aos Hebreus ousar fazer um balancete arrasador da história das religiões, balancete que devia soar como crime horrendo perante um mundo repleto de holocaustos. Pode a carta avançar a afirmação do completo fracasso das religiões, por saber que em Cristo a ideia da substituição e da representação recebeu sentido novo. Cristo, sob o ponto de vista da lei mosaica um simples membro do laicato, não ocupando cargo algum no serviço do culto de Israel – diz o texto – foi o único sacerdote verdadeiro do mundo. A Sua morte, sob o ponto de vista histórico, um acontecimento puramente profano – a execução de um sentenciado por razões políticas – realmente representa a única liturgia da história universal; liturgia cósmica, na qual, não em um ambiente fechado do rito litúrgico do templo, mas em público, diante do mundo, Jesus penetrou, através do véu da morte, no verdadeiro templo, isto é, diante da face do mesmo Deus, não para oferecer coisas, sangue de animais ou o que quer que seja, mas a si próprio.

Atendamos para esta inversão fundamental que é o próprio cerne da Carta: o acontecimento profano, sob o enfoque terreno, é o verdadeiro culto da humanidade, porque o seu protagonista rompeu o espaço da representação litúrgica e restabeleceu a verdade: doou-se a si mesmo. Retirou das mãos dos homens os objectos de holocausto, pondo em seu lugar a personalidade sacrificada, o seu próprio "eu". Se, não obstante, o texto afirma que Jesus realizou a reconciliação pelo seu sangue (9,12), este sangue não deve ser encarado materialmente, como um veículo expiatório a ser medido quantitativamente, mas apenas como concretização do amor, do qual se afirma que alcança até os derradeiros limites (Jo 13,1). É expressão da totalidade da sua entrega e do seu serviço; resumo do facto de Jesus não sacrificar nada mais e nada menos do que a si próprio. De acordo com a Carta aos Hebreus, só e exclusivamente o gesto do amor a doar tudo representa a reconciliação do mundo; por esta razão, a hora da cruz é o dia cósmico da reconciliação, a verdadeira e definitiva festa da reconciliação. Não há outro culto, não existe outro sacerdote que não o que realizou essa festa: Jesus Cristo.

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.

(Revisão da versão portuguesa por ama)





Doutrina – 113

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»
CAPÍTULO SEGUNDO: DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?


A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente conexas com a Revelação.

2º Passo para uma vida espiritual cristã

Resultado de imagem para vida espiritualA EUCARISTIA

A Eucaristia é fonte e ápice de toda a vida cristã. Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, ligam-se à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa. Pela celebração Eucarística nós unimo-nos à liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando Deus será tudo em todos [1].

Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até à sua volta gloriosa, o que Ele fez na véspera de Sua paixão: “Tomou o pão…” “Tomou o cálice cheio de vinho…”

A presença do verdadeiro Corpo de Cristo e do verdadeiro Sangue de Cristo neste sacramento não se pode descobrir pelos sentidos, diz São Tomás, mas só com fé, baseada na autoridade de Deus.

O Senhor convida-nos insistentemente a recebê-lo no sacramento da Eucaristia: “Em verdade, em verdade, vos digo: ‘se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós’ [2].
Os frutos da Comunhão Eucarística são:

– Aumenta a nossa união com Cristo. Receber a Eucaristia na comunhão traz como fruto principal a união íntima com Cristo Jesus. Pois o Senhor diz: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e eu nele” [3].

– Separa-nos do pecado. Como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais. Pela mesma caridade que acende em nós, a Eucaristia preserva-nos dos pecados mortais futuros. Quanto mais participarmos da vida de Cristo e quanto mais progredirmos na sua amizade, tanto mais será difícil separar-nos dele pelo pecado mortal.

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[1] cf. I Cor 15,28
[2] Cfr. Jo 6, 53
[3] Cfr. Jo 6, 56

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Antigo testamento / Génesis

Génesis 12

A chamada de Abrão

1 Então o Senhor disse a Abrão: "Sai da tua terra, do meio dos teus parentes e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te mostrarei.

2 "Farei de ti um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o teu nome, e tu serás uma bênção.

3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e por meio de ti todos os povos da terra serão abençoados".

4 Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.

5 Levou a sua mulher Sarai, o seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos, comprados em Harã; partiram para a terra de Canaã e lá chegaram.

6 Abrão atravessou a terra até o lugar do carvalho de Moré, em Siquém. Naquela época, os cananeus habitavam essa terra.

7 O Senhor apareceu a Abrão e disse: "À tua descendência darei esta terra". Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe havia aparecido.

8 Dali prosseguiu em direcção às colinas a leste de Betel, onde armou acampamento, tendo Betel a oeste e Ai a leste. Construiu ali um altar dedicado ao Senhor e invocou o nome do Senhor.

9 Depois Abrão partiu e prosseguiu em direcção ao Neguebe.

Abrão no Egipto

10 Houve fome naquela terra, e Abrão desceu ao Egipto para ali viver algum tempo, pois a fome era rigorosa.

11 Quando estava chegando ao Egipto, disse a Sarai, sua mulher: "Bem sei que tu és é bonita.

12 Quando os egípcios a virem, dirão: 'Esta é a mulher dele'. E matar-me-ão, mas deixar-te-ão viva.

13 Diz que és minha irmã, para que me tratem bem por amor a ti e a minha vida seja poupada por tua causa".

14 Quando Abrão chegou ao Egipto, viram os egípcios que Sarai era uma mulher muito bonita.

15 Vendo-a, os homens da corte do faraó elogiaram-na diante do faraó, e ela foi levada ao seu palácio.

16 Ele tratou bem a Abrão por causa dela, e Abrão recebeu ovelhas e bois, jumentos e jumentas, servos e servas, e camelos.

17 Mas o Senhor puniu o faraó e a sua corte com graves doenças, por causa de Sarai, mulher de Abrão.

18 Por isso o faraó mandou chamar Abrão e disse: "O que fizeste comigo? Por que não me disseste que ela era sua mulher?

19 Por que disseste que era tua irmã? Foi por isso que eu a tomei para ser minha mulher. Aí está a tua mulher. Toma-a e vai!"

20 A seguir o faraó deu ordens para que providenciassem o necessário para que Abrão partisse com a sua mulher e com tudo o que possuía.


(Revisão da versão portuguesa por ama)










Que tal andas de presença de Deus?

Falta-te vida interior, porque não levas à oração as preocupações dos teus e o proselitismo; porque não te esforças por ver claro, por fazer propósitos concretos e por cumpri-los; porque não tens visão sobrenatural no estudo, no trabalho, nas tuas conversas, na tua relação com os outros... – Que tal andas de presença de Deus, consequência e manifestação da tua oração? (Sulco, 447)


Tenho muita pena sempre que sei que um católico – um filho de Deus que, pelo Baptismo, é chamado a ser outro Cristo – tranquiliza a consciência com uma simples piedade formalista, com uma religiosidade que o leva a rezar de vez em quando (só se acha que lhe convém!); a assistir à Santa Missa nos dias de preceito – e nem sequer em todos –, ao passo que se preocupa pontualmente por acalmar o estômago, com refeições a horas fixas; a ceder na fé, a trocá-la por um prato de lentilhas, desde que não renuncie à sua posição... E depois, com descaramento ou com espalhafato, utiliza a etiqueta de cristão para subir. Não! Não nos conformemos com as etiquetas: quero que sejam cristãos de corpo inteiro, íntegros; e, para o conseguirem, têm que procurar decididamente o alimento espiritual adequado.

Vocês sabem por experiência pessoal – e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos – que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente. Terão observado no vosso exame – a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma – que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza. Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz.

(...) Agora insisto em que se deixem ajudar e guiar por um director de almas, a quem confiem todos os entusiasmos santos, os problemas diários que afectarem a vida interior, as derrotas que sofrerem e as vitórias. (Amigos de Deus, nn. 13–15)

Bento XVI – Pensamentos espirituais 86


Proximidade


Quanto mais perto de Deus, mais perto dos homens.



Homilia da Missa da Imaculada Conceição, (8.Dez.05)


 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Jesus Cristo e a Igreja – 110

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos
III. Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina

O Celibato no direito canónico clássico.

Quase ao mesmo tempo que começou a vida e a actividade do direito da Igreja, o monge camaldulense, João Graciano, compôs, aproximadamente em 1142, em Bolonha, o seu “Concórdia discordantium canonum”, em seguida simplesmente chamado de “Decreto de Graciano”, no qual foi recolhido todo o material jurídico do primeiro milénio da Igreja e harmonizou, pelo menos tentou fazê-lo, as mais variadas normas. Com ele começava a escola do Direito da Igreja, associada à sua paralela do Direito Romano, e que será chamada de escola dos glossistas ou glossadores, ou seja, dos intérpretes das compilações do Direito Eclesiástico (e do Direito Romano) e dos seus textos legais.

O decreto de Graciano trata também, naturalmente, a questão e a obrigação da continência dos clérigos, especificamente, nas distinções 26 – 34 e mais adiante nas distinções 81 – 84, da primeira parte. O mesmo irá acontecer também em outras partes do Corpus Juris (Canonici), que desde então vai se formando com a promulgação das respectivas leis.


(revisão da versão portuguesa por ama)

Temas para meditar - 321

Unidade de vida


Mediante a unidade de vida, o cristão evidencia como Jesus Cristo é o foco de luz que ilumina todo o seu dia: a família, o trabalho, os negócios, os amigos, a doença, quando se deve viver a doutrina social da Igreja nos diferentes âmbitos da sua actividade, no cuidado com a natureza, que faz parte da Criação divina.



(F. F. CARVAJAL & PEDRO BETTETA LÓPEZ, Filhos de Deus, DIEL, ISBN 972-8040-08-03, nr.125)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Jo 6, 30-35

30 Mas eles disseram-Lhe: «Que milagre fazes Tu, para que o vejamos e acreditemos em Ti? Que fazes Tu? 31 Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo está escrito: “Deu-lhes a comer o pão do céu”». 32 Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu. 33 Porque o Pão de Deus é Aquele que desceu do céu e dá a vida ao mundo». 34 Então disseram-Lhe: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». 35 Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida; aquele que vem a Mim não terá jamais fome, e aquele que crê em Mim não terá jamais sede.

Comentário:

«O Pão da Vida»!

Que extraordinário alimento, concreto, verdadeiro, sublime.

Porque alimenta de facto a nossa vida interior!
Porque é a própria Verdade!
Porque não existe outro que se lhe compare!

Sem ele não vivemos, sem o receber não nos convertemos, ainda que por breves momentos, no próprio Jesus Cristo que Se nos oferece.


(ama, comentário sobre Jo 6, 30-35, 2015.04.21)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO XVI

A memória do esquecimento

E quando falo do esquecimento, e reconheço do que falo, como poderia eu reconhecê-lo se dele não me lembrasse? Não falo do som da palavra, mas da realidade que ela exprime. Se eu a tivesse esquecido, não seria capaz de reconhecer o significado de tal som. Por isso, quando me lembro da memória é por ela própria que se me apresenta; mas quando me lembro do esquecimento, este e a memória estão presentes simultaneamente: a memória, com que me recordo, e o esquecimento, de que me recordo.


Mas, que é o esquecimento, senão falta de memória? E como pode ele estar presente na minha lembrança. Se a sua lembrança significa não lembrar? Mas se nos lembramos, o que guardamos na memória, e se nos é impossível reconhecer o que significa a palavra esquecimento, quando a ouvimos, a não ser que dele nos lembremos, logo a memória é a que retém o esquecimento. Ele está na memória, pois de contrário, nós o esqueceríamos; mas, ele presente, nós esquecemo-nos. Segue-se que ele não está presente na memória por si mesmo, quando nos lembramos dele, mas pela sua imagem. De contrário, o esquecimento não faria com que nos lembrássemos, mas com que nos esquecêssemos. Mas, enfim, quem poderá descobrir, quem poderá compreender o modo como isto se realiza?

Mas, Senhor, esgota-me esta busca e é, portanto, sobre mim mesmo que me canso; tornei-me para mim mesmo uma terra de dificuldades e árduos labores. Por que não exploro agora as regiões do firmamento, nem meço as distâncias dos astros, nem busco as leis do equilíbrio da terra. Sou eu que me lembro, eu, o meu espírito. Não é de admirar que esteja longe de mim quanto o que não sou eu. Todavia, que há mais perto de mim do que eu próprio? No entanto, é-me impossível compreender a natureza da minha memória, sem a qual nem poderia pronunciar meu próprio nome.

Que direi então, desde que tenho a certeza que lembro do esquecimento? Diria talvez que não está na minha memória o que recordo? Ou talvez direi que o esquecimento está na minha memória, para que não o esqueça? Ambas as hipóteses são grandes absurdos. Vejamos uma terceira hipótese: poderei eu afirmar que a minha memória retém a imagem do esquecimento, e não o esquecimento em si, quando dele me lembro? Com que fundamento, pois, poderei dizê-lo, se para que se grave na memória a imagem de um objecto, é necessário que este esteja presente antes, de onde emana a imagem a ser gravada? É assim que me lembro de Cartago, e assim de todos os outros lugares por onde passei; assim me lembro do rosto dos homens que vi e das coisas que os meus sentidos me deram a conhecer; assim me lembro ainda da dor física, coisas cujas imagens a memória fixou quando estavam presentes, para que eu as pudesse contemplar e repassar em espírito, quando eu as evocasse na sua ausência.

Se, pois, é a imagem do esquecimento que está na memória, e não ele próprio, é evidente que nalgum momento esteve presente para que a sua imagem fosse fixada. Mas, se estava presente, como podia gravar na memória a sua imagem, se o esquecimento apaga com a sua presença tudo o que lá está impresso? Contudo, seja qual for o mecanismo desse fenómeno, e por mais incompreensível e inexplicável que seja, estou certo de que me lembro do esquecimento, que apaga da memória, todas as nossas lembranças.

CAPÍTULO XVII

Deus e a memória

Grande é o poder da memória! E ela tem algo de terrível, meu Deus, na sua complexidade infinita e profunda. E isto é o espírito, e isto sou eu mesmo. Que sou, pois meu Deus? Qual a minha natureza? Vida vária e multiforme, de amplidão imensa. Eis-me na minha memória, nos seus campos, antros, inumeráveis cavernas, tudo isso infinitamente cheio de toda espécie de coisas, também inumeráveis. Umas gravadas em imagens, como os corpos; outras, estão sob a forma de não sei que noções e sinais, como os afectos da alma, que a memória conserva quando a alma já não os sente, embora tudo o que está na memória esteja também no espírito. Percorro em todas as direcções este mundo interior, vou de um lado para outro, e nele me aprofundo o mais possível, sem lhe encontrar os limites, tão grande é a vida que reside no homem mortal!

Que hei-de fazer, pois, meu Deus, minha verdadeira vida? Ultrapassarei também esta faculdade que se chama memória? Ultrapassá-la-ei para chegar a ti, doce luz? Que dizes?

Subindo em espírito a ti, que estás acima de mim, ultrapassarei também esta minha força, que se chama memória, pois quero atingir-te onde és acessível, e unir-me a ti por onde possa fazê-lo.

Também os animais e as aves têm memória, porque de outro modo não voltariam aos seus ninhos e tocas, nem fariam outras coisas habituais, e nem mesmo poderiam adquirir hábitos sem a memória. Passarei, pois, além da memória para chegar àquele que me separou dos animais e me fez mais sábio que as aves do céu. Passarei além da memória, mas onde te hei-de achar, ó Deus verdadeiramente bom, suavidade segura? Onde te hei-de encontrar? Se te encontro sem a minha memória, estou esquecido de ti, e se não me lembro de ti, como te poderei encontrar?

CAPÍTULO XVIII

A memória das coisas perdidas

Uma mulher perdeu uma dracma, e procurou-a com a sua lanterna. Mas se não se lembrasse dela, não haveria de encontra-la; de facto, se dela não lembrasse, como poderia saber, ao achá-la, que era aquela?

Lembro-me de ter procurado e achado muitas coisas perdidas, sei disso porque, estando eu à procura, me diziam: “Por acaso é esta?” “Por acaso é aquela?” – e eu sempre respondia que não, até encontrar o que procurava. Se não tivesse fixado a lembrança do objecto, fosse o que fosse, ainda que me fosse mostrado, não o encontraria, pois não o poderia reconhecer. E sempre que perdemos e achamos alguma coisa acontece o mesmo.

Se alguma coisa desaparece de nossa vista, e não da memória – como sucede com um corpo visível – conservamos interiormente a sua imagem e o procuramos até que apareça a nossos olhos. Quando for encontrado, será reconhecido de acordo com essa imagem interior. Não podemos dizer que encontramos um objecto perdido se não o reconhecemos; nem o podemos reconhecer se dele não nos lembramos. Tinha pois desaparecido da nossa vista, mas era conservado pela memória.

CAPÍTULO XIX

A memória das lembranças

E quando a própria memória perde uma lembrança, como acontece quando nos esquecemos de algo e procuramos recordá-la, o que se passa? Onde, afinal, a procuramos senão na própria memória? E se esta, por acaso, nos oferece uma coisa por outra, a repelimos até que apareça o que buscamos. E assim que aparece dizemos: “É isto”. E assim não diríamos se não a reconhecêssemos, e não a reconheceríamos se dela não houvesse registo. É certo, portanto, que já a havíamos esquecido. Ou será que ela não se apagara totalmente de nossa memória, por meio da parte que nos ficou impressa procuramos a outra? A memória, nesse caso, teria ciência de não poder, como de ordinário, fornecer a lembrança em seu conjunto e, mutilada, reclamaria e parte faltosa. É o que sucede quando vemos uma pessoa conhecida, ou nela pensamos sem poder recordar o seu nome. Se outro nome nos apresenta ao espírito, não o associamos à tal pessoa; por isso o afastamos, até que se apresenta um que concorde com nossa representação habitual da pessoa.

Mas donde nos vem este nome, senão da memória? Mesmo quando nos é sugerido por outrem, é pela memória que reconhecemos; não o aceitamos como um conhecimento novo, mas recordando-o, confirmamos ser esse o nome que nos disseram. Se fosse totalmente apagado da alma, nem mesmo avisados o reconheceríamos.

Não podemos pois, afirmar que nos esquecemos completamente daquilo de que nos lembramos ter esquecido. De nenhum modo poderíamos resgatar uma lembrança perdida se o seu esquecimento fosse total.

CAPÍTULO XX

A memória da felicidade

E como hei-de buscar-te, Senhor? Quando te procuro, meu Deus, estou à procura da felicidade. Procurar-te-ei para que a minha alma viva, porque o meu corpo vive da minha alma, e a minha alma vive de ti. Como então devo buscar a felicidade? Porque não a possuirei até que possa dizer “basta”. Como, pois, procurá-la? Talvez pela lembrança, como se a tivesse esquecido, guardando contudo a lembrança do esquecimento? Ou pelo desejo de conhecer algo desconhecido ou por nunca tê-lo vivido, ou por tê-lo esquecido a ponto de nem ter consciência do seu esquecimento?

Mas não será justamente a felicidade que todos querem, sem excepção? E onde a conheceram para a desejarem tanto? Onde a viram para assim a amarem? O que é certo é que está em nós a sua imagem. Mas não sei como isto se dá. E há diversos modos de ser feliz: quer possuindo realmente a felicidade, quer possuindo apenas a sua esperança. Este último modo é inferior ao dos que são realmente felizes, embora estejam melhor que os não felizes nem na realidade, nem na esperança. Mesmo estes, todavia, não desejariam tanto a felicidade se esta lhes fosse completamente estranha, e é certo que a desejam. Não sei como a conheceram, e portanto ignoro a noção que têm dela. O que me preocupa é saber se essa noção reside na memória, pois, se é lá que reside, é sinal de já fomos felizes alguma vez. Por ora não busco saber se todos fomos felizes individualmente, ou se o fomos naquele que pecou primeiro, e no qual todos morremos, e de quem nascemos na infelicidade. O que procuro saber é se a felicidade reside na memória, porque certamente não a amaríamos se não a conhecêssemos. Mal ouvimos esta palavra, e todos confessamos que desejamos a mesma coisa; e não é o som da palavra que nos deleita. Quando um grego a ouve pronunciar em latim, não se alegra, porque ignora o seu sentido. Mas nós alegramo-nos ao ouvi-la, como ele se a ouvisse em sua língua. A felicidade, com efeito, não é grega nem latina; mas gregos e latinos, assim como todos que falam outras línguas, desejam alcançá-la.

Logo, a felicidade é conhecida de todos; e se fosse possível perguntar-lhes a uma voz: ”Quereis ser felizes?” – todos, sem hesitar, responderiam que sim. E isso não aconteceria se a memória não tivesse em si a realidade, expressa por essa palavra.

(Revisão de versão portuguesa por ama)