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05/03/2016

Índice de publicações em Mar 05

nunc coepi – Índice de publicações em Mar 05

São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 18 9-14, Leit Espiritual - Confissões (Santo Agostinho)

JMA - Quaresma

Bento XVI - Pensamentos espirituais

São Tomás de Aquino – Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do género de vida que Cristo levou - Quest 42 Art. 3

Doutrina – Demónio

Pornografia

AT - Salmos – 124


Agenda Sábado

Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 23ª Reflexão

Hoje, Senhor, trazes a consciência à minha reflexão diária.

Docemente, como sempre fazes, dizes-me ao coração:
Sabes, meu filho, como se fala sempre de que a consciência está primeiro e deve reger a vida de cada um. E é verdade, mas a consciência deve ser formada, (embora ela esteja no coração do homem como uma lei escrita pelo próprio Deus), ou seja, deve ser uma recta consciência.
A consciência, sobretudo do cristão, deve ser formada no amor de Deus, no dom da Fé e na Doutrina da Igreja, porque só assim, a consciência nos pode guiar segundo a vontade de Deus. Por isso o homem deve procurar sempre a verdade e o bem.
E, meu filho, se tens que tomar uma decisão e pretendes iluminar a tua consciência segundo a verdade e o bem, procura conselho, mas não procures inúmeros conselhos até encontrares um coincidente com a tua vontade, porque então estarás a tentar enganar a tua consciência, procurando fazer a tua vontade e não a vontade de Deus escrita indelevelmente na tua consciência.

Fico a meditar no que me dizes, e peço-Te:
Leva-me, Senhor, a procurar formar a minha consciência segundo a verdade e o bem, segundo a Tua vontade.
Que eu não queira nunca manipular a minha consciência para fazer a minha vontade, mas sim que procure sempre o bom conselho e o siga, mesmo que me custe e não seja aquilo que eu julgo desejar para a minha vida.
Que eu deixe sempre o Espírito Santo iluminar a minha consciência para que em tudo eu faça apenas e só a Tua vontade.

Obrigado, Senhor, pela consciência que me dás e dás a cada um.

joaquim mexia alves, Monte Real, 04 de Março de 2016


Nota: Para melhor reflexão pelo menos um texto. O número 16 da Constituição Pastoral Gaudium et Spes

Pequena agenda do cristão


SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Evangelho, comentário, L. espiritual


Quaresma
Semana III

Evangelho: Lc 18, 9-14

9 Disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros: 10 «Subiram dois homens ao templo a fazer oração: um era fariseu e o outro publicano. 11 O fariseu, de pé, orava no seu interior desta forma: Graças Te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano. 12 Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo o que possuo. 13 O publicano, porém, conservando-se a distância, não ousava nem sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, pecador. 14 Digo-vos que este voltou justificado para sua casa e o outro não; porque quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

Comentário:

Parece haver pessoas que por um motivo qualquer - que não de saúde ou impossibilidade física - acham que não devem ajoelhar-se perante o Sacrário onde está presente Nosso Senhor e até durante a Santa Missa durante os momentos mais destacados como a Consagração permanecem de pé.

Estas mesmas pessoas curvam-se e fazem vénia aos “grandes” deste mundo, aos personagens que, no seu entender, ocupam lugares ou posições na escala social que merecem essa demonstração de respeito.

É, no mínimo, estranho…

(ama, comentário sobre Lc 18, 9-14, 2015.03.15)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO - CONFISSÕES

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO III

Cegueira do pai, cuidados da mãe

Nesse mesmo ano tive de interromper meus estudos, quando voltei de Madaura, cidade vizinha, onde fora estudar literatura e oratória, enquanto se faziam os preparativos necessários para minha viagem mais longa a Cartago, levado mais pela ambição de meu pai que pelos seus parcos bens, pois, era mui modesto cidadão de Tagaste.

Mas, a quem conto eu estes factos? Certamente, não a ti, meu Deus, mas em tua presença conto estas coisas aos da minha estirpe, ao gênero humano, ainda que estas páginas chegassem às mãos de poucos. E para que então? Para que eu, e quem me ler, pensemos na profundeza do abismo de onde temos de clamar por ti? E que há de mais próximo a teus ouvidos que o coração contrito e a vida que procede da fé?

Quem então não cumulava a meu pai de louvores, pois excedendo até seus deveres familiares, gastava com o filho o necessário para tão longa viagem por causa de seus estudos?

Porquê, muitos cidadãos, muito mais ricos do que ele, não mostravam para com os filhos igual cuidado?

Contudo, este mesmo pai não se importava de saber se eu crescia para ti, ou que fosse casto, contanto que fosse deserto; mas antes eu era deserto, por carecer de teu cultivo, ó Deus, único, verdadeiro e bom senhor de teu campo, o meu coração.

Porém, no meu décimo-sexto ano foi necessária uma interrupção nos meus estudos por falta de recursos familiares e, livre da escola, passei a viver com meus pais. Avassalaram então a minha cabeça os espinhos das minhas paixões, sem que houvesse mãos que os arrancassem.

Pelo contrário, meu pai, certo dia, percebendo no banho sinais da minha puberdade e vendo-me revestido de inquieta adolescência, como se já se alegrasse pensando nos netos, foi contá-lo alegre à minha mãe. Alegria esta gerada pela embriaguez com que este mundo esquece de ti, seu criador, e no teu lugar ama a tua criatura; embriaguez que nasce do vinho subtil da sua perversa e mal inclinada vontade para as coisas baixas.

Mas, nessa época, já tinhas começado a levantar, no coração da minha mãe, o teu templo e os alicerces da tua santa morada; meu pai não era mais que catecúmeno, recente ainda. Por isso a minha mãe perturbou-se com santo temor. Embora eu ainda não fosse baptizado, temia que eu seguisse as sendas tortuosas por onde andam os que te voltam as costas, e não o rosto.

Ai de mim! Como me atrevo a dizer que te calavas quando me afastava de ti? Seria verdade que então te calavas comigo? E de quem eram, senão tuas, aquelas palavras que pela boca de minha mãe, tua serva fiel, sussurraste em meus ouvidos, embora nenhuma delas penetrasse no meu coração, para que a cumprisse?

Lembro bem que um dia me admoestou em segredo, com grande solicitude, que me abstivesse da luxúria e, sobretudo, que não cometesse adultério com a mulher de ninguém.

Porém, esses conselhos pareciam-me próprios de mulheres, e eu envergonhar-me-ia segui-los.

Mas, na realidade, eram teus, embora eu não o soubesse, e por isso julgava que te calavas, e que era ela quem me falava; e eu desprezava-te na tua serva, eu, seu filho, filho de tua serva e servo teu, a ti que não cessavas de me falar pela sua boca.

Mas eu não o sabia, e precipitava-me com tanta cegueira, que me envergonhava entre os companheiros de minha idade, de ser menos torpe do que eles. Ouvia-os jactar-se das suas maldades, e gloriar-se tanto mais quanto mais infames eram; assim eu gostava de fazer o mal, não só pelo prazer, mas ainda por vaidade. O que há de mais digno de vitupério do que o vicio? E, contudo, para não ser escarnecido, tornava-me mais viciado e, quando não houvesse cometido pecado que me igualasse aos mais perdidos, fingia ter feito o que não cometera, para que não parecesse mais abjecto quanto mais inocente, e tanto mais vil quanto mais casto.

Eis com que companheiros eu andava pelas graças de Babilónia, revolvendo-me na lama, como em cinamomo e unguentos preciosos. E, para que todo esse lodo me agarrasse bem firme, subjugava-me o inimigo invisível, e seduzia-me, por ser eu presa fácil da sedução.

Nem então minha mãe carnal, que já fugira do meio da Babilónia, mas que em outras coisas caminhava mais devagar, cuidou – como fizera ao aconselhar-me a castidade – de conter com os laços do matrimónio aquilo de que seu marido lhe falara a meu respeito. Já percebera que me era pestilencial, e que mais adiante me seria perigoso – já que essa paixão não podia ser cortada pela raiz. Não pensou nisso, digo, por temer que o vínculo matrimonial frustrasse a esperança que sobre mim acalentava; não a esperança da vida futura, que ela já tinha posto em ti, mas a esperança das letras que ambos, meu pai e minha mãe, desejavam ardentemente; meu pai, porque não pensava quase nada de ti, mas apenas ambições vãs a meu respeito; minha mãe, porque considerava que tais tradicionais estudos das letras não só não me seriam de estorvo, sendo de não pouca ajuda para chegar a ti. Assim julgo eu, agora, enquanto me é possível pela lembrança, o carácter de meus pais.

Por isso, soltavam-me as rédeas para o jogo mais do que o permite uma moderada severidade, deixando-me cair na dissolução de várias paixões; e de todas surgia uma obscuridade que me toldava, ó meu Deus, a luz da tua verdade; e, por assim dizer, do meu corpo, brotava minha iniquidade.

CAPÍTULO IV

O furto das peras

É certo, Senhor, que a tua lei pune o furto, lei tão arraigada no coração dos homens que nem a própria iniquidade pode apagar. Que ladrão há que suporte com paciência que o roubem? Nem o rico tolera isto a quem o faz forçado pela indigência. Também eu quis roubar, e roubei não forçado pela necessidade, mas por penúria, fastio de justiça e abundância de maldade, pois roubei o que tinha em abundância, e muito melhor. Nem me atraía ao furto o gozo do seu resultado, mas atraía-me o furto em si, o pecado.

Nas imediações da nossa vinha, havia uma pereira carregada de frutos, que nem pelo aspecto, nem pelo sabor tinham algo de tentador. Alta noite – pois até então ficaríamos jogando nas eiras, de acordo com nosso mau costume – dirigimo-nos ao local, eu e alguns jovens malvados, com o fim de sacudi-la e colher-lhe os frutos. E levamos grande quantidade deles, não para saboreá-los, mas para jogá-los aos porcos, embora comêssemos alguns; o nosso deleite era fazer o que nos agradava justamente pelo facto de ser coisa proibida.

Aí está o meu coração, Senhor, o meu coração que olhaste com misericórdia quando se encontrava na profundeza do abismo. Que este meu coração te diga agora que era o que ali procurava, para fazer o mal gratuitamente, não tendo a minha maldade outra razão que a própria maldade. Era hedionda, e eu amei-a; amei a minha morte, amei o meu pecado; não o objecto que me fazia cair, mas a minha própria queda. Ó torpe alma minha, que saltando para fora do santo apoio, te lançavas na morte, não buscando na ignomínia senão a própria ignomínia?

CAPÍTULO V

A causa do pecado

Todos os corpos formosos, o ouro, a prata, e todos os demais têm, com efeito, o seu aspecto atraente. No contacto carnal intervém grandemente a congruência das partes, e cada um dos sentidos percebe nos corpos certa modalidade própria. Também a honra temporal e o poder de mandar e dominar têm seu atractivo, de onde nasce o desejo de vingança.

Todavia, para obtermos estas coisas, não é necessário abandonarmos a ti, nem nos desviar da tua lei. Também a vida que aqui vivemos tem os seus encantos, por certa beleza que lhe é própria, e pela harmonia que tem com as demais belezas terrenas. Cara é, finalmente, a amizade dos homens pela união que une muitas almas com o doce laço do amor.

Por todos estes motivos, e outros semelhantes, pecamos quando, por propensão imoderada para os bens ínfimos, são abandonados os melhores e mais altos, como tu, Senhor, nosso Deus, a tua verdade e a tua lei.

É verdade que também esses bens ínfimos têm seus deleites, porém, não como os de Deus, criador de todas as coisas, porque nele se deleita o justo, e nele acham suas delicias os rectos de coração.

Portanto, quando indagamos a causa de um crime, não descansamos até averiguar qual o apetite dos bens chamados ínfimos, ou que temor de perdê-los foi capaz de provocá-lo. Sem dúvida são belos e atraentes, embora, comparados com os bens superiores e beatíficos, sejam abjectos e desprezíveis. Alguém comete um homicídio. Por quê? Porque desejou a esposa do morto, ou suas terras, ou porque quis roubar alguma coisa, ou então, ferido, ardeu em desejos de vingança. Por acaso cometeria o crime sem motivo, apenas pelo gosto de matar? Quem pode acreditar em semelhante coisa?

Mesmo de Catilina, homem sem entranhas e muito cruel, de quem se disse que era mau e cruel sem razão, acrescenta o historiador um motivo: “Para que a ociosidade não embotasse as suas mãos e sentimento”.

Todavia, se indagares porque agia assim, dir-te-ei que mediante o exercício de crimes, depois de tomada a cidade, conseguisse honras, poderes e riquezas, libertando-se do medo das leis e das dificuldades da vida, causados pela pobreza de seu património e a consciência dos seus crimes. Logo, nem o próprio Catilina amava os seus crimes, mas aquilo por cujo motivo os cometia.

(cont)

(Revisão de versão portuguesa por ama)


Antigo testamento / Salmos

Salmo 124



  



1 Se o Senhor não estivesse do nosso lado; que Israel o repita:
2 Se o Senhor não estivesse do nosso lado quando os inimigos nos atacaram, eles já nos teriam engolido vivos, quando se enfureceram contra nós; as águas nos teriam arrastado e as torrentes nos teriam afogado; sim, as águas violentas nos teriam afogado!
3 Bendito seja o Senhor, que não nos entregou para sermos dilacerados pelos dentes deles.
4 Como um pássaro escapamos da armadilha do caçador; a armadilha foi quebrada, e nós escapamos.
5 O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez os céus e a terra.


Para servir, servir

Tu também tens uma vocação profissional, que te "espicaça". Sim, esse "aguilhão" é o anzol de pescar homens. Rectifica, portanto, a intenção, e não deixes de adquirir todo o prestígio profissional possível, em serviço de Deus e das almas. O Senhor conta também com isso. (Sulco, 491)

Assim, como lema para o vosso trabalho, posso indicar-vos este: para servir, servir. Porque para fazer as coisas, é necessário, em primeiro lugar, saber concluí-las. Não acredito na rectidão da intenção de quem não se esforça por conseguir a competência necessária para cumprir bem os trabalhos de que está encarregado. Não basta querer fazer o bem; é preciso saber fazê-lo. E, se queremos realmente, esse desejo traduzir-se-á no empenho por utilizar os meios adequados para fazer as coisas bem acabadas, com perfeição humana.


Além disso, esse serviço humano, essa capacidade a que poderíamos chamar técnica, saber realizar o nosso ofício, deve ter uma característica que foi fundamental no trabalho de S. José e que devia ser fundamental em todo o cristão: o espírito de serviço, o desejo de trabalhar para contribuir para o bem dos outros homens. O trabalho de S. José não foi um trabalho que visasse a auto-afirmação, embora a dedicação de uma vida laboriosa tenha forjado nele uma personalidade madura, bem delineada. O Santo Patriarca trabalhava com a consciência de cumprir a vontade de Deus, pensando no bem dos seus, Jesus e Maria, e tendo presente o bem de todos os habitantes da pequena Nazaré. (Cristo que passa, 50–51)

Vício sexual

Pornografia: qual é o dano? - 3

O vício sexual é uma dura realidade que pode surgir do uso da pornografia.

O vício em pornografia é tão grave quanto o vício em álcool ou drogas.

Pode levar à obsessão, ao insaciável uso, conduzindo o usuário a explorar mais e mais material explícito e perverso.

O vício em pornografia também pode levar a perda de sono e perda de produtividade, um declínio na satisfação com o relacionamento e com o trabalho, e até mesmo a actividades criminosas (como pornografia infantil, abusos, etc.)
Sexaholics Anonymous, um programa de 12 passos para quem sofre de vício sexual, afirma: "Muitos de nós viemos para o Sexaholics Anonymous (SA) levados ao desespero total pelos nossos pensamentos e comportamentos sexuais destrutivos.
Dentro das salas de reunião do SA descobrimos, para nossa surpresa, que a luxúria foi a força motriz por trás do nosso agir.
A luxúria é um pensamento ou sentimento desordenado que conduz a usar-nos a nós mesmos e os outros ou as coisas para propósitos destrutivos auto-centrados".
Para muitos homens e mulheres, o que começou como um prazer marcado pela culpa transformou-se em um vício a corroer a sua vida pessoal, casamento e vida profissional.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)

Doutrina - 75

O demónio realmente existe?

…/5

A Bíblia, particularmente os Evangelhos, bem como o Magistério e a vida dos santos, dão testemunho da existência do demónio.

O Antigo Testamento considera os anjos e os demónios como criaturas de Deus, Criador de tudo o que é visível e invisível.
Mas os textos que falam de Satanás no Antigo Testamento são muito raros.
É depois do exílio da Babilónia que se nota uma evolução: o mal entre os homens vem de Satanás (“satan”, em hebraico, significa “adversário”), devido ao pecado de Adão [i], quando, “pela inveja da serpente, a morte entrou no mundo[ii].
Satanás é o tentador, o acusador, o adversário de Deus [iii].
Quase dois séculos antes de Cristo, a comunidade monástica de Qumran, nas margens do Mar Morto, elaborou uma demonologia estruturada.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] Gn 3
[ii] Sb 2, 24
[iii] Zc 3, 1-7, Jó 1, 11

Tratado da vida de Cristo 82

Questão 42: Da doutrina de Cristo

Art. 3 — Se Cristo devia ensinar tudo publicamente.

O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ensinar tudo publicamente.

1. — Pois, como lemos no Evangelho, Cristo ensinou muitas coisas particularmente aos discípulos, como o demonstra o sermão da Ceia. Por isso refere o evangelista: O que se vos diz ao ouvido, publicai-o dos telhados. Logo, não devia ensinar tudo publicamente.

2. Demais. — As profundezas da sabedoria não devem ser transmitidas senão aos perfeitos, segundo o Apóstolo: Entre os perfeitos falamos da sabedoria. Ora, a doutrina de Cristo continha a profundíssima das sabedorias. Logo, não devia ser comunicada à multidão imperfeita.

3. Demais. — Ocultar uma verdade pelo silêncio é o mesmo que envolvê-la em palavras obscuras. Ora, Cristo ocultava a verdade que pregava às turbas, com a obscuridade das palavras; pois, não lhes falava sem parábolas, como diz o Evangelho. Logo, pela mesma razão, poderia ocultá-la com o silêncio.

Mas, em contrário, o próprio Cristo o proclamou: Eu nada disse em segredo.

Quem ensina uma doutrina pode ocultá-la de três modos. — Primeiro, intencionalmente, quando tem a intenção não de a manifestar a muitos, mas antes, de ocultá-la. O que pode dar-se de dois modos. — Às vezes, por inveja do docente, que querendo ser excelente pela sua ciência, não quer comunica-la aos outros. O que não se dava com Cristo, de cuja pessoa diz a Escritura: Eu a aprendi sem fingimento e a reparto com os outros sem inveja e não escondo as riquezas que ela encerra. — Outras vezes tal se dá por causa da desonestidade das coisas ensinadas, como o diz Agostinho: Há certas coisas tão más que nenhum pudor humano pode suportá-las. Por isso, da doutrina dos heréticos diz a Escritura: As águas furtivas são mais doces. Ora, a doutrina de Cristo, como diz o Apóstolo, não foi de erro nem de imundície. Donde o Senhor dizer: Porventura vem a lucerna, isto é, a doutrina verdadeira e honesta, para a meterem debaixo do alqueire? De outro modo, uma doutrina fica oculta quando exposta a poucos. E, nesse sentido, Cristo também nada ensinou ocultamente, porque propunha toda a sua doutrina ou a todo o povo ou a todos os seus discípulos em comum. Donde o dizer Agostinho: Falará ocultamente quem fala na presença de todos? Sobretudo que, se o faz a poucos, é que quer por meio desses ensinar a todos. Em terceiro lugar uma doutrina pode ser oculta quanto ao modo de ensinar. Assim, Cristo expunha certas coisas às turbas, ocultamente, usando de parábolas a fim de anunciar os mistérios espirituais, para cuja compreensão não eram idóneos nem dignos. E contudo era-lhes melhor, mesmo assim, oculta em parábolas, ouvir a doutrina espiritual, do que ficarem de todo privadas dela. Mas a verdade patente e nua dessas parábolas o Senhor expunha-a aos seus discípulos, por meio dos quais pudessem chegar a outros, que delas fossem capazes, segundo o Apóstolo: O que ouviste da minha boca diante de muitas testemunhas, entrega-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir também a outros. E é o que significa aquele lugar da Escritura, onde se manda aos filhos de Aarão envolver os vasos do Santuário, que os Levitas assim haveriam de levar.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Como diz Hilário, não lemos no Evangelho, que o Senhor costumasse pregar à noite ou ensinar a sua doutrina nas trevas; e quando diz isso significa que todas as suas pregações eram trevas para os homens carnais e sua palavra, a noite para os infiéis. Por isso, o que disse quer que entre os infiéis, seja publicado entenda com a liberdade da fé e da pregação. - Ou, segundo Jerónimo, falava em sentido comparativo, porque os ensinava no país da Judeia, pequeno relativamente a todo o mundo, no qual deveria publicar-se a doutrina de Cristo, pela pregação dos Apóstolos.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O Senhor não manifestou, com a sua doutrina, toda a profundeza da sua sabedoria, nem às multidões nem ainda aos seus discípulos, a quem disse: Eu tenho ainda muitas coisas que vos dizer, mas vós não nas podeis suportar agora. Contudo, da sua sabedoria, o que julgou digno de transmitir aos outros não o propôs às ocultas, mas publicamente, embora não fosse entendido por todos. Donde o dizer Agostinho: Quando o Senhor disse - falei publicamente ao mundo, é como se tivesse dito - muitos me ouviram. Mas não era público o seu ensino para quem não o entendesse.

RESPOSTA À TERCEIRA. — O Senhor falava à multidão em parábolas, como se disse, porque ela não era digna nem capaz de receber a verdade plena, que expunha aos discípulos. — Quanto ao dito do Evangelho - não lhes falava senão em parábolas - ele refere-se, segundo Crisóstomo, ao que pregava nessa ocasião; pois em outras ocasiões muitas outras coisas ensinou às turbas, sem parábolas. — Ou, segundo Agostinho, esse dito não significa que não explicasse nada com expressões apropriadas, mas que quase não deu nenhum ensinamento em que não se servisse de alguma parábola, embora empregasse então expressões claras.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


E

Bento XVI – Pensamentos espirituais 83

Anuência


Tal como Deus é soberanamente livre para Se revelar e para Se dar, porque apenas o amor O move, assim também o ser humano é livre de cumprir o dever de dar a sua anuência: Deus espera uma resposta de amor.

Angelus, (4.Dez.05)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)