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20/02/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Fev 20


nunc coepi – Índice de publicações em Fev 20

São Josemaria – Textos

Falecimento da minha Mãe, Mãe

Doutrina – Eucaristia

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 5 43-48, Leit Espiritual - Ano Santo da Misericórdia - textos de São Josemaria

Ano jubilar da misericórdia

JMA – Quaresma

Bento XVI - Pensamentos espirituais

São Tomás de Aquino – Suma Teológica, Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do género de vida que Cristo levou - Quest 41 Art. 3

AT - Salmos – 110

Cultivar a interioridade na era digital, J C Vásconez, Notícias e outros temas - 18, R Valdés

Pequena agenda do cristão

Agenda Sábado

Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 9ª Reflexão

Senhor, pensava hoje de manhã como é fraca a minha confiança em Ti.

Os Teus olhos doces fixam-se em mim:
É verdade, meu filho! Quanto tudo Te corre bem, a tua confiança em Mim é inabalável, mas quando há uma provação um pouco maior, o teu íntimo estremece e enche-se de receio.
E, no entanto, alguma vez te faltei? Verdadeiramente, já alguma vez te faltei em alguma coisa que fosse realmente importante para a tua vida, para a tua felicidade?
Hoje em dia já reconheces que mesmo algumas - Eu sei - terríveis provações que permiti na tua vida, acabaram por te mostrar caminho novo, acabaram por te fazer discernir onde está a verdadeira felicidade. Não temas e confia, pois só quero a tua felicidade.

Ai, Senhor, como sou “duro de cerviz” e por isso preciso que me “proves no cadinho”, para reconhecer a Tua mão na minha vida.

Peço-Te, suplicante:
Ensina-me a confiar no Teu amor, Senhor!
Ensina-me a confiar que, se nos momentos bons estás comigo, nos momentos difíceis me carregas ao colo.
Ensina-me sobretudo, Senhor, a discernir que tudo quanto permites na minha vida tem um propósito, e esse propósito é a minha felicidade, fruto do Teu amor por mim.

Obrigado, Senhor!

joaquim mexia alves, Monte Real, 19 de Fevereiro de 2016 

Pequena agenda do cristão


SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Acções de graças

Minha Mãe comigo ao colo,
Monte Real, 1940
Hoje na Santa Missa em memória da minha Querida Mãe – partiu para o Céu faz precisamente dez anos – lembrei-me das acções acções graças da Comunhão que ela costumava rezar: ([1])

:::

“Após a Comunhão procurar fazer a acções de graças tendo em mim os sentimentos de Jesus Cristo, e em união com Ele:

- Adorarei o Pai no reconhecimento do meu nada e de TUDO que é Deus;
- Agradecerei tudo (defeitos para me humilhar, virtudes para O glorificar);
- Pedirei o necessário e útil para o desempenho perfeito da minha missão de esposa e mãe cristã;
- Repararei pelos meus pecados, pelos da minha família, da minha paróquia e do mundo todo.

Durante o dia viverei nestes sentimentos."

Fevereiro de 1948

:::

Não pedi por sua alma – não precisa! – pedi-lhe antes a ela que continuasse no Céu a interceder por mim.

ama, 2016.02.20




[1] Encontrei este escrito no seu Missal

Gerir os recursos informáticos

Cultivar a interioridade na era digital - 1

Chamadas, mensagens, tweets, alertas... telefones e computadores alteraram o nosso acesso à realidade. Como conseguir que sejam uma ajuda para a nossa vida normal ao serviço de Deus e dos outros?
As novas tecnologias aumentaram o volume de informação que recebemos em cada instante e talvez hoje já não nos surpreenda que nos cheguem em tempo real notícias de sítios longínquos. Estar informado e ter dados do que acontece é cada vez mais fácil. Surgem, no entanto, novos reptos, e em particular este: como gerir os recursos informáticos?

O aumento da informação disponível impõe a cada um de nós a necessidade de cultivar uma atitude reflexiva, o que quer dizer, ter a capacidade de discernir os dados que são valiosos, daqueles que o não são. Por vezes é complicado, pois «a velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma expressão equilibrada e correcta de si mesmo» [i]. Se ao que se referiu se juntar que as tecnologias de informação nos oferecem uma grande quantidade de estímulos que reclamam a nossa atenção (mensagens de texto, imagens, música), é evidente o risco de nos acostumarmos a responder-lhes imediatamente, sem ter em conta a atividade que estávamos a realizar nesse momento.

O silêncio faz parte do processo comunicativo, porque facilita momentos de reflexão que permitirão assimilar aquilo que se capta e dar uma resposta adequada ao interlocutor: «Escutamos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos; nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou o que esperamos do outro; escolhemos como expressar-nos» [ii].

Na vida cristã, o silêncio tem um papel importantíssimo, pois é condição para cultivar uma interioridade que permite ouvir a voz do Espírito Santo e secundar as suas moções. São Josemaria relacionava o silêncio, a fecundidade e a eficácia [iii], e o Papa Francisco pediu orações «para que os homens e mulheres do nosso tempo, tantas vezes mergulhados num ritmo frenético de vida, redescubram o valor do silêncio e saibam escutar Deus e os irmãos» [iv]. Como conseguir esta interioridade, num ambiente marcado pelas novas tecnologias?

j.c. vásconez ‒ r. valdés





[i] Francisco, Mensagem para a Jornada Mundial das comunicações sociais, 24-I-2014.
[ii] Bento XVI, Mensagem para Jornada Mundial das comunicações sociais, 24-I-2012.
[iii] Cfr. Sulco, nn. 300 e 530.
[iv] Francisco, Intenção geral para o apostolado da oração para Setembro de 2013.

Evangelho, comentário, L. espiritual


Quaresma
Semana I

Beatos Francisco e Jacinta Marto

Evangelho: Mt 5, 43-48

43 «Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. 44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. 45 Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? 4 7 E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? 48 Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.

Comentário:

Os caminhos de Deus não são fáceis?

Como responder?

Parece óbvio que não são e no entanto foi os que Jesus Cristo indicou.

Sendo assim podem não ser fáceis mas, decerto não serão impossíveis porque Ele jamais nos pediria algo que não estivesse ao nosso alcance obter.

O "segredo" está ajuda da Graça de Deus, na assistência do Espírito Santo que, se as solicitar-mos com Fé e Confiança nos conduzirão por onde, sozinhos, por nós próprios, só com as nossas forças e capacidades nada conseguiremos.

(ama, comentário sobre Mt 5, 43-48 2015.06.16)


Leitura espiritual


Ano Santo da Misericórdia

Textos de São Josemaria


Implora a misericórdia divina”

Realmente, a cada um de nós, como a Lázaro, foi um "veni foras", sai para fora, que nos pôs em movimento. Que pena dão aqueles que ainda estão mortos, e não conhecem o poder da misericórdia de Deus! Renova a tua alegria santa porque, face ao homem que se desintegra sem Cristo, se levanta o homem que ressuscitou com Ele. (Forja, 476)
É bom que tenhamos considerado as insídias destes inimigos da alma: a desordem da sensualidade e a leviandade; o desatino da razão que se opõe ao Senhor; a presunção altaneira, esterilizadora do amor a Deus e às criaturas.

Todas estas disposições de ânimo são obstáculos certos e o seu poder perturbador é grande. Por isso a liturgia faz-nos implorar a misericórdia divina: a ti elevo a minha alma, Senhor, meu Deus. E em ti confio; não seja eu confundido! Não riam de mim os meus inimigos, rezamos no intróito. E na antífona do ofertório iremos repetir: espero em ti,; que eu não seja confundido!

Agora que se aproxima o tempo da salvação, dá gosto ouvir dos lábios de S. Paulo: depois de Deus, Nosso Salvador, ter manifestado a sua benignidade e o seu amor para com os homens, libertou-nos, não pelas obras de justiça que tivéssemos feito, mas por sua misericórdia.

Se lerdes as Santas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da misericórdia de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos, antecede-nos, multiplica-se para nos ajudar e foi continuamente confirmada. Deus tem-nos presente na sua misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai amoroso. É uma misericórdia suave, agradável, como a nuvem que se desfaz em chuva no tempo da seca.

Jesus Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E, noutra ocasião: Sede pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. (Cristo que passa, 7)


Descobrir a misericórdia divina


Outra queda... e que queda!... Desesperar-te?... Não; humilhar-te e recorrer, por Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. — Um «miserere» e coração ao alto! — A começar de novo. (Caminho, 711)

Se lerdes as Santas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da misericórdia de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos, antecede-nos, multiplica-se para nos ajudar e foi continuamente confirmada. Deus tem-nos presente na sua misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai amoroso. É uma misericórdia suave, agradável, como a nuvem que se desfaz em chuva no tempo da seca.

Jesus Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E, noutra ocasião: Sede pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. Ficaram também muito gravadas em nós, entre muitas outras cenas do Evangelho, a clemência com a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, a da ovelha perdida, a do devedor perdoado, a ressurreição do filho da viúva de Naim. Quantas razões de justiça para explicar este grande prodígio! Era o filho único daquela pobre viúva; era ele quem dava sentido à sua vida; só ele poderia ajudá-la na sua velhice! Mas Cristo não faz o milagre por justiça; fá-lo por compaixão, porque interiormente se comove perante a dor humana.

Que segurança deve produzir-nos a comiseração do Senhor! Se ele clamar por mim, ouvi-lo-ei, porque sou misericordioso. É um convite, uma promessa que não deixará de cumprir. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça a fim de alcançar misericórdia e o auxílio da graça, no tempo oportuno. Os inimigos da nossa santificação nada poderão, porque essa misericórdia de Deus nos defende. E se caímos por nossa culpa e da nossa fraqueza, o Senhor socorre-nos e levanta-nos. Tinhas aprendido a afastar a negligência, a afastar de ti a arrogância, a adquirir piedade, a não ser prisioneiro das questões mundanas, a não preferir o caduco ao eterno. Mas, como a debilidade humana não pode manter o passo decidido num mundo resvaladiço, o bom médico indicou-te também os remédios contra a desorientação e o juiz misericordioso não te negou a esperança do perdão. (Cristo que passa, 7)

Repara que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! - Porque, nos julgamentos humanos, castiga-se quem confessa a culpa; e, no divino, perdoa-se.

Bendito seja o santo Sacramento da Penitência! (Caminho, 309)

- Sim, tens razão: que profundidade a da tua miséria! Por ti, onde estarias agora, até onde terias chegado?...

"Somente um Amor cheio de misericórdia pode continuar a amar-me" – reconhecias.

 – Consola-te: Ele não te negará nem o seu Amor nem a sua Misericórdia, se O procurares. (Forja, 897)

(...) É preciso pedir incessantemente à Santíssima Trindade que tenha compaixão de todos. Ao falar destas coisas fico perturbado se recorro à justiça de Deus. Apelo para a sua misericórdia, para a sua compaixão, a fim de que não olhe para os nossos pecados, mas para os méritos de Cristo e de sua Santa Mãe, e que é também nossa Mãe, para os do Patriarca S. José, que Lhe serviu de Pai, para os dos Santos. (Cristo que passa, 82)


Manifestações do amor


Agrada-me citar umas palavras que o Espírito Santo nos comunica pela boca do profeta Isaías: discite benefacere, aprendei a fazer o bem. Costumo aplicar este conselho aos diferentes aspectos da nossa luta interior, pois a vida cristã nunca se dá por terminada, visto que o crescimento nas virtudes se obtém como consequência de um empenho efectivo e quotidiano pela santidade.

Como aprendemos nós a realizar qualquer trabalho na sociedade? Primeiro examinamos o fim desejado e os meios para o alcançar. Depois perseveramos no uso desses recursos repetidamente até criarmos um hábito arraigado e firme. Quando aprendemos alguma coisa, descobrimos outras que ignorávamos e constituem um estímulo para continuarmos esse trabalho, sem nunca dizermos "basta".

A caridade para com o próximo é uma manifestação do amor a Deus. Por isso, ao esforçarmo-nos por melhorar nesta virtude, não podemos fixar nenhum limite. Com o Senhor, a única medida é amar sem medida, pois, por um lado jamais chegaremos a agradecer suficientemente o que Ele tem feito por nós e, por outro, assim se revela o mesmo amor de Deus às suas criaturas: com excesso, sem cálculo, sem fronteiras.

A todos os que estamos dispostos a abrir-lhe os ouvidos da alma, Jesus Cristo ensina no Sermão da Montanha o mandato divino da caridade. E, ao terminar, como resumo, explica: amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai sem esperardes nada em troca, e será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom, mesmo com os ingratos e os maus. Sede, pois, misericordiosos como também o vosso Pai é misericordioso.

A misericórdia não se limita a uma simples atitude de compaixão; a misericórdia identifica-se com a superabundância da caridade que, ao mesmo tempo, traz consigo a superabundância da justiça. Misericórdia significa manter o coração em carne viva, humana e divinamente repassado por um amor rijo, sacrificado e generoso. Assim glosa S. Paulo a caridade no seu canto a esta virtude: A caridade é paciente, é benéfica; a caridade não é invejosa, não actua precipitadamente; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não pensa mal dos outros, não folga com a injustiça, mas compraz-se na verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. (Amigos de Deus, 232)


Antigo testamento / Salmos

Salmo 110








1 O Senhor disse ao meu Senhor: "Senta-te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés".
2 O Senhor estenderá o cetro de teu poder desde Sião, e dominarás sobre os teus inimigos!
3 Quando convocares as tuas tropas, o teu povo se apresentará voluntariamente. Trajando vestes santas, desde o romper da alvorada os teus jovens virão como o orvalho.
4 O Senhor jurou e não se arrependerá: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque".
5 O Senhor está à tua direita; ele esmagará reis no dia da sua ira.
6 Julgará as nações, amontoando os mortos e esmagando governantes em toda a extensão da terra.

7 No caminho beberá de um ribeiro, e então erguerá a cabeça.

Tratado da vida de Cristo 78

Questão 41: Da tentação de Cristo

Art. 3 — Se Cristo devia ser tentado depois do jejum.

O terceiro discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ser tentado depois do jejum

1. — Pois, como se disse Cristo não devia viver uma vida de austeridades. Ora, parece que nenhuma austeridade era maior que a de passar sem comer nada quarenta dias e quarenta noites; pois a expressão — jejuou quarenta dias e quarenta noites — entende-se como significando que durante esses dias não tomou absolutamente nenhum alimento, como diz Gregório. Logo, parece que não devia ter-se sujeitado a um tal jejum antes da tentação.

2. Demais. — O Evangelho diz que esteve no deserto quarenta dias e quarenta noites e ali foi tentado por Satanás. Ora, jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. Logo, parece que foi tentado pelo diabo, não depois do jejum, mas durante ele.

3. Demais. — No Evangelho não lemos que Cristo jejuasse, senão uma vez. Ora, não foi tentado pelo diabo só uma vez; assim, lemos que, acabada toda a tentação, se retirou dele o demónio até certo tempo. Logo, assim como a segunda tentação não foi precedida de jejum, nem a primeira devera tê-lo sido.

Mas, em contrário, o Evangelho: Tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e então chegou-se a ele o tentador.

Era conveniente que Cristo quisesse ser tentado depois do jejum. — Primeiro, para nos dar exemplo. Pois, como todos temos o dever de nos defender contra as tentações, o ter Cristo jejuado antes da tentação futura, adverte-nos que devemos armar-nos contra as tentações pelo jejum. Por isso, o Apóstolo enumera o jejum entre as armas da justiça. — Segundo, para nos mostrar que mesmo os que jejuam são atacados pelo diabo com as suas tentações, assim como o faz os que façam boas obras. Por isso, assim como tentou Cristo depois do baptismo; assim também depois do jejum. Donde o dizer Crisóstomo: Cristo jejuou, sem precisar de o fazer só para nos instruir quão grande bem é o jejum e que escudo é contra o diabo; e que, depois do batismo devemos nos entregar ao jejum e não à sensualidade. — Terceiro, porque ao jejum seguiu-se a fome, que deu ao diabo a audácia para atacá-la, como dissemos. Pois, diz Hilário, se o Senhor teve fome, não foi que a necessidade o surpreendesse, mas porque quis abandonar o homem à sua natureza. Também, como diz Crisóstomo, não prolongou o seu jejum mais do que o fizeram Moisés e Elias, para que se não duvidasse da realidade do seu corpo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A Cristo não convinha abraçar uma vida de austeridades, senão viver a mesma vida que aqueles a quem pregava. Ora, ninguém deve assumir o ofício de pregador, antes de ter-se purificado e aperfeiçoado na virtude, como de Cristo diz a Escritura, que começou a fazer e a ensinar. Por isso, Cristo, logo depois do baptismo assumiu uma vida de austeridades, para ensinar que os pregadores só devem exercer o seu ofício depois de terem dominado a carne, segundo diz o Apóstolo: Castigo o meu corpo e reduzo-o à servidão para que não suceda que, havendo pregado ao outros venha eu mesmo a ser reprovado.

RESPOSTA À SEGUNDA. — As palavras de Marcos podem entender-se no sentido que Cristo permaneceu no deserto quarenta dias e quarenta noites durante os quais jejuou. Quanto à expressão - foi tentado por Satanás — significa que Cristo o foi, não nesses quarenta dias e quarenta noites em que jejuou, mas depois deles; pois, na versão de Mateus, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome, o que ofereceu ocasião ao tentador de se aproximar dele. E o que se acrescenta — e eis que os anjos o serviam — deve entender-se como tendo sucedido depois da tentação, pelo que Mateus diz: Então o diabo deixou-o, isto é, depois da tentação, e eis que os anjos o serviam. Quando à interpolação de Marcos — e habitava com as feras — é para mostrar, segundo Crisóstomo, qual era o deserto, isto é, vazio de homens e cheio de animais selvagens. — Contudo, segundo a exposição de Beda, o Senhor foi tentado durante os quarenta dias e as quarenta noites. Mas isso entende-se, não daquelas tentações visíveis referidas por Mateus e Lucas, que tiveram lugar depois do jejum; mas de alguns outros ataques que talvez Cristo sofreu do diabo no tempo desse jejum.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como diz Ambrósio, o diabo retirou-se de Cristo, até certo tempo, porque depois se aproximou dele no tempo da paixão, não para tentá-lo, mas para combatê-la abertamente. - Porém, nessa segunda tentação Cristo foi tentado a cair em tristeza e no ódio dos próximos; assim como no deserto o foi pelo prazer da gula e pelo desprezo de Deus, mediante a idolatria.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Que vos saibais perdoar

Com quanta insistência o Apóstolo S. João pregava o "mandatum novum"! "Amai-vos uns aos outros!". Pôr-me-ia de joelhos, sem fazer teatro – grita-mo o coração –, para vos pedir, por amor de Deus, que vos estimeis, que vos ajudeis, que vos deis a mão, que vos saibais perdoar. Portanto, vamos banir a soberba, ser compassivos, ter caridade; prestar-nos mutuamente o auxílio da oração e da amizade sincera. (Forja, 454)

Jesus Cristo, Nosso Senhor, encarnou e tomou a nossa natureza, para se mostrar à humanidade como modelo de todas as virtudes. Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, convida-nos Ele.

Mais tarde, quando explica aos Apóstolos o sinal pelo qual os reconhecerão como cristãos, não diz: porque sois humildes. Ele é a pureza mais sublime, o Cordeiro imaculado. Nada podia manchar a sua santidade perfeita, sem mácula. Mas também não diz: saberão que se encontram diante de discípulos meus, porque sois castos e limpos.

Passou por este mundo com o mais completo desprendimento dos bens da terra. Sendo Criador e Senhor de todo o universo, faltava-lhe até um sítio onde pudesse reclinar a cabeça. No entanto, não comenta: saberão que sois dos meus porque não vos apegastes às riquezas. Permanece quarenta dias e quarenta noites no deserto em jejum rigoroso, antes de se dedicar à pregação do Evangelho. E também não afirma aos seus: compreenderão que servis a Deus, porque não sois comilões nem bebedores.


A característica que distinguirá os apóstolos, os cristãos autênticos de todos os tempos, já a ouvimos: nisto – precisamente nisto – conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Amigos de Deus, 224)

Doutrina - 61

Eucaristia

…/18

3. A celebração litúrgica da Eucaristia

3.1. A estrutura fundamental da celebração

A assembleia eucarística

A constituição do signo sacramental

Os elementos essenciais e necessários para constituir o signo sacramental da Eucaristia são: por um lado, o pão de farinha de trigo [i] e o vinho [ii] de uvas; e, por outro lado, as palavras consecratórias, que o celebrante pronuncia in persona Christi, no contexto da «Oração Eucarística».

Graças à virtude das palavras do Senhor e à potência do Espírito Santo, o pão e o vinho convertem-se em signos eficazes, com plenitude ontológica e não apenas de significado, da presença do “Corpo entregue” e do “Sangue derramado” de Cristo, ou seja, da sua Pessoa e do seu sacrifício redentor [iii].

ángel garcia ibáñez

(Revisão da versão portuguesa por ama)

Bibliografia Básica:
Catecismo da Igreja Católica, 1322-1355.
João Paulo II II, Enc. Ecclesia de Eucharistia, 17-IV-2003, nn. 11-20; 47-52.
Bento XVI, Ex. ap. Sacramentum Caritatis, 22-II-2007, nn. 6-13; 16-29; 34-65.
Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 25-III-2004, nn. 48-79.



[i] Cf. Missal Romano, Instituto generalis, n. 320. No rito latino deve ser pão ázimo, isto é, não fermentado; cf. Ibidem.
[ii] Cf. Missal Romano, Instituto generalis, n. 319. Na Igreja latina, ao vinho acrescenta-se um pouco de água; cf. Ibidem. As palavras que o sacerdote pronuncia ao deitar água no vinho, manifestam o sentido deste rito: «Pelo mistério desta água e deste vinho sejamos participantes da divindade d’Aquele que assumiu a nossa humanidade» (missal Romano, Ofertório). Para os Padres da Igreja este rito significa também a união da Igreja com Cristo no sacrifício eucarístico; cf. S. Cipriano, Ep. 63, 13: CSEL 3, 711.
[iii] cf. Catecismo, 1333 e 1375