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14/02/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Fev 14

nunc coepi – Índice de publicações em Fev 14

São Josemaria – Textos

Angelus (Bento XVII), Bens, Bento XVI, Pobreza, Riqueza


JMA – Quaresma

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 4 1-13, Leit. Espiritual - Ano Santo da Misericórdia

Doutrina – Eucaristia

AT - Salmos – 104


Agenda Domingo

Pequena agenda do cristão


DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Reflexões quaresmais

Quaresma de 2016 – 3ª Reflexão

Obrigado, Senhor, porque vens ao meu encontro, para me fazer reflectir, sobretudo para me guiar e mostrar sempre mais caminho.


Cheio da Tua infinita paciência, perguntas-me:
Porque não assumes as tuas fraquezas, as tuas culpas, mas pretendes sempre diluí-las com as atitudes dos outros? Afinal, fizeste isto ou aquilo, porque o outro é que te provocou e tu apenas reagiste! A culpa, para ti, nunca é só tua, já percebeste?


Baixo a cabeça!


É verdade, Senhor, tantas vezes tento justificar as minhas fraquezas, tantas vezes tento diluir as minhas culpas, com as atitudes de outros, tentando passar para eles a razão das minhas faltas.
É mais fácil assim, Senhor! Parece que a culpa não é tanta!
Mas ninguém me obriga a proceder erradamente! Só assim procedo porque me deixo levar pelas minhas fraquezas. A fraqueza e a culpa são só minhas, Senhor!


Por isso o meu terceiro pedido nesta Quaresma:
Perdoa-me, Senhor, e ajuda-me a reconhecer a minha fraqueza e a minha culpa.
Afinal, Tu deste a vida por mim, deste a vida por nós, sabendo que a culpa era minha, era nossa, e só nossa, pois em Ti não havia qualquer culpa.
Que o reconhecimento da culpa em mim, me faça reconhecer melhor o Teu infinito perdão.

joaquim mexia alves, Marinha Grande, 13 de Fevereiro de 2016

Evangelho, comentário, L. espiritual


Quaresma
Semana I

Evangelho: Lc 4, 1-13

1 Jesus, cheio do Espírito Santo, partiu do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto, 2 onde esteve quarenta dias, e foi tentado pelo demónio. Não comeu nada nestes dias; passados eles, teve fome .3 Então o demónio disse-Lhe: «Se és filho de Deus, diz a esta pedra que se converta em pão».4 Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: “Nem só de pão vive o homem”». 5 O demónio conduziu-O então a um alto monte, mostrou-Lhe, num momento, todos os reinos da terra, 6 e disse-Lhe: «Dar-Te-ei o poder de tudo isto, e a glória destes reinos, porque eles foram-me dados, e eu dou-os a quem quiser. 7 Portanto, se Tu me adorares, todos eles serão Teus». 8 Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”». 9 Levou-O também a Jerusalém, pô-l'O sobre o pináculo do templo, e disse-Lhe: «Se és filho de Deus, lança-Te daqui abaixo; 10 porque está escrito que “Deus mandou aos Seus anjos que Te guardem, 11 e que Te sustenham em suas mãos, para não magoares o Teu pé em nenhuma pedra”». 12 Jesus respondeu-lhe: «Também foi dito: “Não tentarás o Senhor teu Deus”». 13 Terminada toda esta espécie de tentação, o demónio retirou-se d'Ele até outra ocasião.

Comentário:

Logo no início da Quaresma [i] a Liturgia apresenta-nos a figura do demónio para que não restem dúvidas a ninguém que realmente existe e – indo mais longe – o “trabalho” que tem por missão:

Tentar o homem!

E, a tentação, apresenta-se sempre mascarada e como que “natural”. O demónio sabe muito bem como aproveitar quer as ocasiões quer as disposições que se apresentam para insidiosamente tentar levar por diante o que se propôs.

As “propostas” têm sempre uma finalidade:

Levar-nos a fazer o que ele deseja, rejeitando o cumprimento da Vontade de Deus que é o que devemos querer.


(ama, comentário sobre Lc 4, 1-13, 2015.12.21)


Leitura espiritual

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Ano da Misericórdia

Santos que nos ensinam a viver o Ano da Misericórdia
Inspire-se no exemplo dos que souberam amar a Deus com todo o coração:

são joão paulo ii (1920-2005)

Teve uma juventude muito dura pelo ambiente de ódio e destruição da Segunda Guerra Mundial. Durante mais de 25 anos de pontificado, São João Paulo II teve um espírito missionário. Realizou 104 viagens apostólicas fora da Itália e 146 no interior deste país.

O seu amor pelos jovens levou-o a iniciar as Jornadas Mundiais da Juventude. Promoveu o diálogo inter-religioso.

Um de seus gestos mais recordados foi pedir perdão pelos pecados da Igreja em toda sua história.

Perdoou ao turco Alí Agca, que o baleou na Praça de São Pedro, e inclusive visitou-o na prisão.


santa faustina kowalska (1905-1938)


A esta santa polonesa, Deus revelou o mistério de sua misericórdia conhecida como o Terço da Divina Misericórdia, cuja festa é celebrada no segundo domingo de Páscoa.

Irmã Faustina teve uma vida de piedade e caridade. No convento foi cozinheira, jardineira e porteira.

Também conseguiu um alto grau de união com Deus e lutou por vencer-se a si mesma e alcançar a santidade.

O Senhor concedeu à Irmã Faustina revelações, visões do céu, do purgatório e do inferno; o dom da profecia, a graça de ler as almas e os estigmas ocultos.


beata teresa da calcutá (1910-1997)

Esta beata albanesa, mas de coração indiano, fundou a pedido de Deus uma congregação religiosa ao serviço dos mais pobres entre os pobres da Índia.

Dedicou-se a percorrer os bairros pobres, visitou famílias, lavou as feridas das crianças e ajudou os necessitados, entre eles os leprosos e os chamados “intocáveis”, a mais baixa casta hindu.

Recebeu o prémio Nobel da Paz e antes de morrer deixou uma grande obra que continua acolhendo os mais pobres entre os pobres.


santa maria goretti (1890- 1902)


Esta “pequena e doce mártir da pureza”, como a definiu o Papa Pio XII, cresceu em uma família materialmente pobre, mas rica em bens espirituais.

Aos onze anos, Alessandro Serenelli, um jovem sócio de sua família, tentou estuprá-la e, ao ver que a menina resistia, o jovem esfaqueou-a 14 vezes.

Consciente de que não iria sobreviver, Maria recebeu os Sacramentos e antes de comungar perdoou de coração o seu assassino e pediu para estar com ele no paraíso.

Alguns anos depois Alessandro converteu-se e pediu perdão à mãe de Maria Goretti.


beato miguel pró (1891-1927)

Nasceu numa família rica e tinha um grande senso de humor. Foi ao estrangeiro para estudar no seminário e quando voltou ao México enfrentou a cruel perseguição do governo contra os cristãos.

Começou a celebrar Missas e Adorações ao Santíssimo clandestinas e andava disfarçado para escapar da polícia. Miguel transformou-se num dos líderes da resistência, a qual contribuiu de maneira pacífica, sempre sob o lema “Viva Cristo Rei”.

O presidente Calles prendeu-o, acusando-o falsamente. Antes de morrer negou as acusações que lhe foram feitas, ajoelhou-se para rezar e perdoou os seus inimigos.


são pio de pietrelcina (1887-1968)


Tinha o dom do discernimento, o qual lhe permitia ler os corações e as consciências. Por isso muitos fiéis se confessavam com ele, o santo dedicava à confissão muitas horas do seu tempo.

Também recebeu os estigmas.

Como resposta aos estragos causados durante a Segunda Guerra Mundial, fundou os “Grupos de Oração do Padre Pio”. Quando morreu existiam 726 e os quais contavam com 68 mil membros.

Em 5 de Maio de 1956 fundou junto a seus amigos a “Casa Alivio do Sofrimento” com o fim de que os doentes se recuperem física e espiritualmente.

Os seus inimigos caluniaram-no e a Santa Sé tirou-lhe a administração da sua obra. O Padre Pio suportou com paciência esta perseguição até sua morte e manteve seu amor e fidelidade à Igreja.


são damião de molokai (1840- 1889)


Este santo, chamado “o leproso voluntário”, foi enviado como missionário ao Havai, onde quase a maioria dos habitantes eram protestantes. Começou a pregar com carinho e atendia pessoalmente as necessidades das pessoas. Desta forma, conseguiu que muitos se convertessem. Depois dirigiu-se à ilha de Molokai para atender os leprosos, sabendo que o contágio era praticamente inevitável.

Deu-lhes oportunidades de trabalho, foi enfermeiro dos mais abandonados, conseguiu doações, reconstruía as casas derrubadas pelos furacões e inclusive fabricava os ataúdes para os mortos.

Contagiou-se de lepra e morreu no meio da sua grande obra de caridade.


são oliver plunkett (1629-1681)


Este bispo irlandês dedicava-se a consolar aos aflitos, administrava os sacramentos e enviava um sacerdote quando uma paróquia estava abandonada a fim de que esta não caísse na pobreza ou a perseguição.

Foi acusado falsamente de ter contratado setenta mil irlandeses católicos para assassinar todos os protestantes.

Esteve preso na Torre de Londres, até ser declarado culpado e traidor. Assumiu a sua própria defesa e antes de ser enforcado perdoou os seus acusadores e assassinos. Morreu pronunciando o “Miserere”.


são paulo miki (1597)


E plena perseguição japonesa contra os missionários em 1597, São Paulo Miki e outros 26 católicos foram martirizados. Foi um dos missionários que não fugiu do país, esconderam-se, mas foram descobertos e massacrados em Nagasaki.

Antes do seu martírio, afirmou que era japonês, jesuíta e que morria com a honra de ter pregado o evangelho e a verdadeira religião de Deus.

Manifestou que perdoava o rei e todos os que contribuíam no seu martírio. Também pediu pela sua conversão.


beato carlos da áustria (1887-1922)


Desde jovem foi muito piedoso e teve um imenso amor pela Eucaristia.

Depois da morte do imperador Francisco José, em 21 de Novembro de 1916, Carlos foi nomeado imperador da Áustria e no dia 30 de Dezembro foi coroado Rei apostólico da Hungria.

Durante o seu reinado, procurou estabelecer a paz no contexto da Primeira Guerra Mundial e desenvolveu sua política interna baseada no ensinamento social cristão.

Além disso, foi o único líder político que apoiou o Papa Bento XV nos seus esforços por obter a paz. Graças a isso conseguiu estabelecer uma transição para uma nova ordem sem guerra civil. Apesar disso, foi trasladado para a Ilha da Madeira (Portugal).

Estando na ilha, ficou doente e ofereceu o seu sofrimento como um sacrifício pela paz e unidade dos povos. Antes de morrer, perdoou todos aqueles que não o ajudaram.

Expirou olhando o Santíssimo Sacramento.

jeff smith 

(Revisão da versão portuguesa por ama)






[i] 2016

Antigo testamento / Salmos

Salmo 104








1 Bendiga o Senhor a minha alma! Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso! Estás vestido de majestade e esplendor!
2 Envolto em luz como numa veste, ele estende os céus como uma tenda, e põe sobre as águas dos céus as vigas dos seus aposentos. Faz das nuvens a sua carruagem e cavalga nas asas do vento.
4 Faz dos ventos seus mensageiros e dos clarões reluzentes seus servos.
5 Firmaste a terra sobre os seus fundamentos para que jamais se abale; com as torrentes do abismo a cobriste, como se fossem uma veste; as águas subiram acima dos montes.
6 Diante das tuas ameaças as águas fugiram, puseram-se em fuga ao som do teu trovão; subiram pelos montes e escorreram pelos vales, para os lugares que tu lhes designaste.
7 Estabeleceste um limite que não podem ultrapassar; jamais tornarão a cobrir a terra.
8 Fazes jorrar as nascentes nos vales e correrem as águas entre os montes; delas bebem todos os animais selvagens, e os jumentos selvagens saciam a sua sede.
9 As aves do céu fazem ninho junto às águas e entre os galhos põem-se a cantar.
10 Dos teus aposentos celestes regas os montes; sacia-se a terra com o fruto das tuas obras!
11 É o Senhor que faz crescer o pasto para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra tirar o alimento: o vinho, que alegra o coração do homem; o azeite, que lhe faz brilhar o rosto, e o pão, que sustenta o seu vigor.
12 As árvores do Senhor são bem regadas, os cedros do Líbano que ele plantou; nelas os pássaros fazem ninho, e nos pinheiros a cegonha tem o seu lar.
18 Os montes elevados pertencem aos bodes selvagens, e os penhascos são um refúgio para os coelhos.
13 Ele fez a lua para marcar estações; o sol sabe quando deve se pôr.
14 Trazes trevas, e cai a noite, quando os animais da floresta vagueiam.
15 Os leões rugem à procura da presa, buscando de Deus o alimento, mas ao nascer do sol eles se vão e voltam a deitar-se em suas tocas.
16 Então o homem sai para o seu trabalho, para o seu labor até o entardecer.
17 Quantas são as tuas obras, Senhor! Fizeste todas elas com sabedoria! A terra está cheia de seres que criaste.
18 Eis o mar, imenso e vasto. Nele vivem inúmeras criaturas, seres vivos, pequenos e grandes.
19 Nele passam os navios, e também o Leviatã, que formaste para com ele brincar.
20 Todos eles dirigem seu olhar a ti, esperando que lhes dês o alimento no tempo certo; tu lhes dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e saciam-se de coisas boas.
21 Quando escondes o rosto, entram em pânico; quando lhes retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó.
22 Quando sopras o teu fôlego, eles são criados, e renovas a face da terra.
23 Perdure para sempre a glória do Senhor! Alegre-se o Senhor em seus feitos!
24 Ele olha para a terra, e ela treme; toca os montes, e eles fumegam.
25 Cantarei ao Senhor toda a minha vida; louvarei ao meu Deus enquanto eu viver.
26 Seja-lhe agradável a minha meditação, pois no Senhor tenho alegria.

27 Sejam os pecadores eliminados da terra e deixem de existir os ímpios. Bendiga o Senhor a minha alma! Aleluia!

Os filhos de Deus têm de ser contemplativos

Nunca compartilharei a opinião – ainda que a respeite – dos que separam a oração da vida activa, como se fossem incompatíveis. Os filhos de Deus têm de ser contemplativos: pessoas que, no meio do fragor da multidão, sabem encontrar o silêncio da alma em colóquio permanente com Nosso Senhor: e olhá-lo como se olha um Pai, como se olha um Amigo, a quem se quer com loucura. (Forja, 738)

Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.

Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas.

Não, meus filhos! Não pode haver uma vida dupla; se queremos ser cristãos, não podemos ser esquizofrénicos. Há uma única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser – na alma e no corpo – santa e cheia de Deus, deste Deus invisível que encontramos nas coisas mais visíveis e materiais.


Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos Por isso posso dizer-vos que a nossa época precisa de restituir à matéria e às situações que parecem mais vulgares o seu sentido nobre e original, colocá-las ao serviço do Reino de Deus, espiritualizá-las, fazendo delas o meio e a ocasião do nosso encontro permanente com Jesus Cristo. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114)

Doutrina - 55

Eucaristia

…/12

2.3. Significado e conteúdo do mandato do Senhor

Deste modo, Cristo ordenou aos Apóstolos (e neles aos seus sucessores no sacerdócio), que celebrassem um novo “memorial”, que substituísse o da Antiga Páscoa.
Este rito memorial tem uma particular eficácia: não só ajuda a “recordar” à comunidade crente o amor redentor de Cristo, as suas palavras e gestos durante a Última Ceia, mas que, além disso, como sacramento da Nova Lei, torna objectivamente presente a realidade significada: Cristo “Nossa Páscoa” [i], e o seu sacrifício redentor.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] 1 Cor 5, 7

Temas para meditar - 581

Riqueza


Esta manhã visitei a diocese de Velletri, da qual fui cardeal titular durante vários anos. Foi um encontro familiar que me permitiu reviver momentos do passado, ricos de experiências espirituais e pastorais.
No curso da solene celebração eucarística, comentando os textos litúrgicos, detive-me a reflectir sobre o recto uso dos bens terrenos, um tema que este domingo o evangelista Lucas, de vários modos, volta a propor à nossa atenção.
Contando a parábola de um administrador desonesto, e também astuto, Cristo ensina a seus discípulos qual é a melhor maneira de utilizar o dinheiro e as riquezas materiais, isto é, compartilhá-las com os pobres, procurando assim sua amizade, em vista do Reino dos Céus. «Usem as riquezas deste mundo – afirma Jesus – para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno» (Lc 16, 9).
O dinheiro não é «desonesto» em si mesmo, mas, mais que qualquer outra coisa, pode fechar o homem em um cego egoísmo. Trata-se portanto de realizar uma espécie de «conversão» dos bens económicos: em lugar de usá-los só por interesse próprio, há que pensar também na necessidade dos pobres, imitando o próprio Cristo, o qual – escreve Paulo – «sendo rico se fez pobre para enriquecer a nós com sua pobreza» (2 Co 8, 9).
Parece um paradoxo: Cristo não nos enriqueceu com sua riqueza, mas com sua pobreza, isto é, com seu amor que o impulsionou a dar-se totalmente a nós.
Aqui poderia abrir-se um vasto e complexo campo de reflexão sobre o tema da riqueza e da pobreza, também no âmbito mundial, onde se confrontam duas lógicas económicas: a lógica do lucro e a da equitativa distribuição dos bens, que não estão em contradição uma com a outra, com tal que sua relação esteja bem ordenada.
A doutrina social católica sempre sustentou que a distribuição equitativa dos bens é prioritária.
O lucro é naturalmente legítimo e, na justa medida, necessário para o desenvolvimento económico.
São João Paulo II escreveu na Encíclica Centesimus annus: «A moderna economia de empresa comporta aspectos positivos, cuja raiz é a liberdade da pessoa, que se expressa no campo económico e em outros campos» (n. 32). Contudo, acrescenta, o capitalismo não deve ser considerado como o único modelo válido de organização económica (n. 35).
A emergência da fome e a ecologia denunciam, com crescente evidência, que a lógica do lucro, se é predominante, quando aumenta a desproporção entre ricos e pobres de compartilhar e da solidariedade, é possível endereçar a rota e orientá-la para um desenvolvimento equitativo e sustentável.
Que Maria Santíssima, que no Magnificat proclama: o Senhor «aos famintos cumula de bens, aos ricos os despede vazios» (Lc 1, 53), ajude os cristãos a usar com sabedoria evangélica, isto é, com generosa solidariedade, os bens terrenos, e inspire aos governos e aos economistas estratégias de vistas amplas que favoreçam o autêntico progresso dos povos.

(bento xvi, Angelus, Castel Gandolfo,23.09.2007)